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COMEMORAR O QUÊ? Carnaval se foi, e o que tinha de ser acabou sendo, de um jeito ou de outro. A Vila ganhou, a Estácio subiu, Portela e Império fizeram desfiles para lavar a alma de Madureira, e Caprichosos e Rocinha acabaram pagando o pato. Ano que vem, teremos 13 escolas no Especial, e a briga promete ser de cachorro grande, porque ninguém está de bobeira. Ninguém mesmo! Sim, porque mesmo aquelas escolas que não se caracterizam exatamente por possuir um grande chão estão no páreo, cada vez mais. Analisemos os resultados da última apuração e chegaremos a tal conclusão sem pestanejar. Vivemos tempos bicudos, havemos de admitir. Forças ocultas se fazem cada vez mais presentes, e quem não está dentro do esquema enfrenta uma verdadeira briga de Davi contra Golias. A Tijuca que o diga... Pra começar, recomendo darmos uma rápida passada de olhos nas seis primeiras colocadas. A exceção da escola do Borel, visivelmente prejudicada, todas as outras possuem conchavo dentro da LIESA, e furar esse bloqueio tem se revelado tarefa inglória. Vila Isabel e Viradouro são ''apadrinhadas'' pelo presidente da entidade. Grande Rio e Beija-Flor são escolas de bicheiro, e a Mangueira só voltou às paradas depois que se rendeu aos caprichos da pseudo-modernidade. No ''pelotão de baixo'', Portela e Império vem fazendo valer seus nomes, mostrando que, mesmo diante de tal realidade, não estão comendo mosca. O susto do ano passado serviu de lição, e as duas mostraram que de acomodadas não tem nada. Outro dia escreveram no Espaço Aberto (lista de discussão do site Galeria do Samba) que a Águia é uma escola decadente. Ora, como pode ser assim, se é uma das únicas, ao lado do Império, que se mantém fiel as suas raízes, não abrindo mão de seus princípios? Dizem que falta ousadia a essas duas escolas, mas pode haver ousadia maior do que adotar tal filosofia diante do atual contexto? Acho, ou melhor, tenho certeza que não. Não é qualquer escola que se recupera de um desastre, e faz o que a Portela fez na avenida, com chuva e tudo. E o que dizer do Império? Também vivia dias conturbados, mas, após a mudança da diretoria, recuperou a auto-estima e fez um belo desfile. A bateria, que no ano passado se arrastou, ganhou quatro notas máximas e um décimo extra. Os dois melhores sambas-enredo de 2006 saíram de Madureira e isso nos prova que, no que diz respeito a chão, essas dupla, quando quer, é insuperável. Mais abaixo temos as ''orfãs'' da hora: escolas que, por terem possuído patronos que faziam valer sua força, chegaram a garantir títulos ou ao menos presença no famigerado desfile das campeãs, que virou programa de gringo. Mocidade, Imperatriz e Salgueiro, 9ª, 10ª e 11ª colocadas, são elas. A Porto da Pedra não caiu sabe Deus porquê. Sobrou para a Caprichosos, cujo presidente é desafeto do Capitão Guimarães e já prometeu entrar na justiça para modificar o resultado. Por fim, temos a Rocinha, que não mostrou nada que justificasse uma eventual permanência no pelotão de elite (já não tinha mostrado nada que justificasse sua ascensão ao GE, diga-se de passagem). No Acesso, tivemos a subida da Estácio que, embora contestada, achei uma das poucas justiças do carnaval. Justiça que, aliás, se faz tardia, e vem corrigir a sacanagem que fizeram com a escola em 2004, quando ela foi parar no Grupo B. Mas tudo isso é pouco, diante do caos que se instalou em nossa maior festa popular, onde cada escola vale não pelo que representa em termos culturais, mas sim por quem está a frente dela, direta ou indiretamente. Até quando? Cláudio Carvalho |
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