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TOP-10 CONCORRENTES DERROTADOS - PARTE 1: ESCOLAS DE DOMINGO
21 de outubro de 2019, nº 29 Saudações,
caríssimos, estimados e nobre leitores fieis deste Sambario.
Passadas as disputas de samba da temporada 2020, é hora de
lembrarmos daquelas obras que, embora não indo para a
Sapucaí, merecem o seu destaque. E é por isso que a
coluna repete o expediente feito no ano passado, baseado no mesmo modo
que o editor-chefe Marco Maciel costuma fazer anualmente no site. Como
este ano a demanda foi um pouco maior, o Top Five foi dobrado e virou
um Top 10 de concorrentes derrotados, que será dividido em duas
partes. Este ano, porém, apenas os concorrentes de dez das onze
disputas do Grupo Especial serão destacados na série. Os
"derrotados" na Série A ficarão de fora por conta das
poucas disputas realizadas no grupo.
Disputa de samba-enredo na Viradouro (Foto: Carlos Fonseca)
Explicação
feita, começamos pelas obras derrotadas dentre as sete escolas
que desfilarão no domingo de carnaval - a exceção
é a Paraíso do Tuiuti, que novamente optou por encomendar
seu samba. Admito que o coração deu uma apertada por ter
que deixar de fora da lista belos sambas como o de Cláudio
Mattos para a Viradouro e o de Noca da Portela para a azul e branca de
Oswaldo Cruz e Madureira, por exemplo.
A lista abaixo obedece a ordem de desfile. 1
- "Voltei porque a saudade apertou" - Estácio de Sá (Parceria de
Daniel Gonzaga) O
ponto fora da curva da irregular safra estaciana. Zé Paulo Sierra e Igor Vianna
defenderam uma obra que, mesmo com um probleminha aqui e ali na letra - muito
proveniente da complicada sinopse -, possui uma melodia forte e envolvente. O
melhor momento são os versos finais da segunda estrofe "Clareia a
caminhada Lua de Ogum / Olhe pela nossa terra sob sua proteção / Tantas pedras
no caminho e aqui estou / Voltei porque a saudade apertou". O samba
foi cortado na semifinal, ficando de fora daquele que viria ser o show de
horrores da final, quando a escola anunciou uma junção que não aconteceu.
O veterano intérprete voltou à disputa viradourense após mais de uma década nos brindando com samba magnífico. A obra defendida pelo próprio Dominguinhos e por Grazzi Brasil é de uma força transcendental. Uma melodia belíssima e uma letra inspirada do começo ao fim. Há de se destacar os dois fortes refrães (o central poderia virar um falso refrão caso fosse pra avenida) e passagens como "Menina bonita de Itapuã / Baiana da saia rendada e colar / Papai pescador e mamãe lavadeira / Acorda cedinho pra ir trabalhar". O melhor momento do samba é a partir do trecho "No balanço das marés (das marés) / A bênção meu protetor (Kaô)" que é qualquer coisa de lindo. Inacreditavelmente,
o samba de Dominguinhos e parceiros foi cortado na semifinal da disputa que
terminou ensaboando geral...
Outro sambaço aço da qualificada safra viradourense. Uma melodia leve e uma letra que, na contramão dos demais, adotou um tom mais político. Versos como "Morrer sem dignidade / Sofrer na mão do patrão / Cadê minha carta de alforria? / Roda baiana, Maria / Ao som do tambor Malê" foram um acerto e tanto. O grande momento talvez seja os versos finais da segunda estrofe: "O Treze de Maio não chegou / As “lavadera” agora vão pregar / Nos varais do reprimido Brasil / Flores em vida calam o fuzil". O refrão principal não é bem um refrão: trata-se da repetição de três versos: "Viradouro lava a alma nas águas de Iemanjá" "Abraça mamãe Oxum, reina nesse conga", "Justiça de Xangô Kao pedra rolou". A
obra defendida por Bruno Ribas e Nina Rosa foi surpreendentemente cortada nas
quartas de final.
Mesmo não sendo tão arrebatador como a obra-prima de 2019, Deivid Domênico e parceiros outra vez fizeram um agradabilíssimo samba. A obra toda em tom menor defendida por Leandro Santos apresenta uma letra mais pesada no tom crítico ao fazer uma analogia da proposta do enredo (o retorno de Jesus nos tempos atuais) com casos famosos de violência no trecho "Chorou... Ao ser Kailanes apedrejadas / Galdinos queimados nas calçadas / Meninos amarrados em postes da cidade / Chorou... Foi milhões de Chicos nas florestas / Por Amarildos nas favelas / Teu sangue derramado em Carajás". Estes versos, aliás, dividiram opiniões entre os sambistas, já que muitos acharam que as citações soaram inconvenientes. Há outras passagens de destaque como "Transcende, transgride, transforma / A cruz já não pesa, pois é carnaval / Nas ruas malandros, meninas / És imortal em pierrôs e colombinas" na segunda estrofe e "Mesmo sendo um Cristo condenado / A verdade vos fará um povo livre" no refrão principal. A
obra foi cortada antes da terceira eliminatória devido ao vazamento de uma
versão alternativa cantada por Cacá Nascimento nas redes sociais, o que
infrigia o novo regulamento da disputa mangueirense, adotado este ano.
Um dos sambaços protagonistas da polarização na disputa caxiense junto ao "Pedra Preta", que saiu vencedor. A obra defendida por Leléu e Freddy Vianna une uma bela melodia com uma letra fantástica cujo destaque são seus refrães, como o principal "Firma o ponto no terreiro pra Kizomba começar: / Vai ter samba de caboclo! Xetruê, Xetruá! / No poder do Ofá, na magia do Afefé: / Hoje cada caxiense é o Rei do Candomblé!". Outra passagem de destaque é no começo da primeira estrofe: "Pintei o corpo de urucum / Vesti o Tricolor-cocar / Eu vim da macaia, lá do Juremá / Sou filho da flecha certeira / O meu caminho Dindinha clareia". Quando
11 entre 10 sambistas esperavam que o Xetruê fizesse frente ao Pedra Preta numa
das finais mais esperadas do ano, a obra foi cortada antes da semifinal de
forma surpreendente. A queda do Xetruê foi muito lamentada no mundo do
samba e nas redes sociais - até mesmo Marcelo Adnet, que ainda estava em meio a
disputa na São Clemente, protestou contrário ao corte da obra.
A verdade é uma: fosse este ou o que irá pra Sapucaí, a tricolor caxiense
estaria muito bem servida de samba. Poderiam ser outras obras, como veremos em
seguida.
Foi
um dos finalistas da disputa.
A excelente safra da Grande Rio em louvação à Joãozinho da Goméia credencia outro samba nesta lista. O melhor momento da obra é o refrão central "Okê Arô... Tata Londirá / Clareia, dindinha lua / O Xirê vai começar / O batuque do tambor fez a gira girar / Caxias no coração / Orgulho do meu lugar". O outro refrão ("Toca viola, "Pedra Preta" quer sambar") é muito forte e não teria dúvidas do povo caxiense o berrando caso fosse este o samba campeão. A título de curiosidade: o ator Oscar Magrini está entre os autores, em expediente já feito em 2018, quando assinou a simpática obra (finalista daquele ano) sobre Chacrinha junto ao próprio Elias Bililico e ao falecido Márcio das Camisas. Um destaque especial para os interessantes efeitos especiais do videoclipe da obra. Foi
um dos cinco finalistas da disputa.
Foi
o samba que conseguiu extrair algo melhor do enredo sem sinopse insulano. O
destaque principal é a melodia em tom lírico, que cativa o ouvinte. A letra,
apesar de cair em algumas obviedades e clichês, tem belas passagens como "Sou
eu... Espelho de fato / Brasil... eu sou teu retrato / De luta, paixão e
resistência / Ó pátria amada, tão desigual..." e "Na fé, do
meu santo que me guia / Vou vivento o dia a dia / Sem nunca deixar de
sonhar". Outra parte que me agradou são os versos finais do refrão
principal "Ela não sai de mim, eu não saio dela / Seu nome vai ecoar...
Favela!". Foi um dos finalistas da disputa, sendo preterida pela obra
de Márcio André e cia.
Uma letra que, apesar de extensa, casou bem com a melodia. Há passagens muito boas como nos versos iniciais "Resplandeceu, povo da mata em Guaraci / Pra saudar curumim, Raoni / Alvoreceu, vou colorir linda manhã / Sob as bênçãos de monã / Da Guanabara reviver Guajupiá" e o bis "Okara êêê , taba jara êêê...", mas o melhor momento da obra defendida por Tinga e Diego Nicolau é a partir do verso "Portela, fiz de você o meu Guajupiá / Tuas raízes meu melhor lugar / Um karioca em paz". A única falha deste samba foi o bizarro "A tribo de Monarco e flecha" no refrão principal, que certamente seria mexido caso fosse o escolhido. A registrar: mesmo o escriba não sendo entusiasta dessas "versões acústicas" de sambas concorrentes, vale dar uma escutada na versão cantada por Grazzi Brasil. A
obra de Samir e flecha (com o perdão do trocadilho) foi uma das finalistas,
sendo preterida pela composição de Valtinho Botafogo e parceiros.
Foi um samba que me surpreendeu positivamente logo na primeira audição. E talvez seja a obra mais bonita feita pelo tradicional grupo de compositores que já concorre na escola há alguns anos - tendo chegado na final em 2019. A primeira parte não me chama tanto a atenção, mas a segunda é muito bonita, tanto é que o melhor momento do samba é a partir do verso "Ah, minha Portela! Tu és nosso talismã / O sonho de um amanhã / A esperança, a nossa voz". A se destacar também o refrão principal que traz uma citação ao "Lendas e Mistérios da Amazônia" (1970/2004). Defendida
por Emerson Dias, a obra foi cortada na semifinal.
Carlos Fonseca
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