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ÁGUIA DO ESTÁCIO

ÁGUIA DO ESTÁCIO

PRESIDENTE Marcus Vinícius
VICE-PRESIDENTE Thiago Morganti
CARNAVALESCO  Marcus Vinícius
INTÉRPRETE  Preto Jóia
DIRETOR DE CARNAVAL  Naiara Duarte
CORES Vermelho e Branco
FUNDAÇÃO 13/4/2006
CIDADE-SEDE Rio de Janeiro-RJ

Participante do primeiro desfile do Grupo de Avaliação (CAESV) da LIESV em 2006, a Águia do Estácio, depois de enfrentar muitos problemas de maneira a não conseguir se apresentar ao longo dos anos, desfilou de forma brilhante na mesma chave em 2012, obtendo o título e a vaga nos principais grupos da LIESV. Seu fundador e presidente, Marcus Vinícius, também é o carnavalesco da escola, que contou com a voz de Preto Jóia.

Ano

Enredo

Colocação

2012 A liberdade de expressão jamais irá largar a minha fantasia!   1º (CAESV)
2006 Muito prazer Estácio - Eu sou a Águia

não divulgado


ENREDO 2012

A liberdade de expressão jamais irá largar a minha fantasia!

Autores do Enredo: Marcus Vinicius, Naiara Duarte e Thiago Morganti

Sinopse: Introdução ao enredo

Penso, logo... Me expresso! Sou artista dessa vida e vim ao mundo para realizar coisas boas e a fim de passar algo de importante às outras pessoas. Respiro as emoções do que sinto e vivo intensamente tudo aquilo que crio! Faço a minha parte com a minha arte! Danço o ritmo das músicas que cantam o meu dia a dia, sem pudores de falar o que penso, sem medo de retaliações. Quero ter respeitada a minha vontade de manifestar ideias, opiniões e pensamentos! Exijo e faço valer a liberdade de expressão! Essa é a missão nossa de cada dia! Nesse carnaval viajaremos pela história do mundo e encontraremos verdadeiros guerreiros, pessoas comuns como você e eu, que jamais se calaram diante da intolerância de uns ou dos interesses de outros.  Alguns não resistiram à tamanha tirania, mas suas conquistas serão eternas. Devemos honrar a esses bravos e gritar aos quatro cantos: Suas batalhas não foram em vão!

Primeiro setor: "Απαρχές της δημοκρατίας - Origens da democracia"

Em busca das origens da ideia democrática e da liberdade de expressão, rompo as barreiras do tempo e chego à Grécia antiga. Em Atenas encontro um povo valente, exausto de regimes políticos tiranos, que fez prevalecer a sua vontade ao escolher diretamente o seu novo líder. Nasceu a democracia! Foi lá que surgiram as Ágoras, praças públicas onde os grandes pensadores e filósofos discursavam sobre politica em intensos e acalorados debates. No local, ergueram monumentos para comemorar seus triunfos e no entorno foram sendo construídos edifícios públicos, tornando-se o centro da Pólis (Cidade-Estado). A ágora grega foi precursora do fórum imperial romano, uma praça monumental, de propaganda política e de culto ao imperador. Já na época da República Romana, ditadores assumiam o poder em situações emergenciais, podendo fazer a guerra ou a paz, até que tudo voltasse a normalidade. Com o passar do tempo essa prática foi perdendo o caráter de legalidade.

Segundo setor: "O pavor da ditadura se propaga pelo mundo"

Antiga província romana, a Líbia viu a revolta popular pelo fim da ditatura de Muammar al-Gaddafi. O continente africano é um território marcado por guerras, miséria e preconceitos que dividiram seu povo, como na época da segregação racial da África do Sul, o Apartheid. Opressões também são comuns na Ásia. Há muita semelhança entre a falta de liberdade dos tempos da China de Mao Tse Tung com a política atual da Coréia do Norte. A atual ditadura Iraniana é disfarçada pelo governo de Mahmoud Ahmadinejad. Lideres caudilhos criaram políticas para serem encarados como salvadores de vários países do continente americano. Por aqui a história é recheada de ditaduras, golpes e contragolpes. No final da Primeira Guerra mundial, a Europa passou por uma série de instabilidades políticas. Ideologias autoritárias colocaram a sociedade e os cidadãos subordinados ao Estado. Stalin na União Soviética, Mussolini na Itália e Adolf Hitler na Alemanha se instalaram no poder, sem admitirem oposições. Suas ideias geraram o embrião da Segunda Guerra Mundial que trouxe caos para o mundo e mostrou o lado negro do ser humano. Medo e ódio consumiam os que antes tinham esperança na vida e amor ao próximo. Interesses pessoais e o preconceito em relação a credos ou sexualidade distanciavam as pessoas, como a muralha que dividiu famílias e impediu o direito de ir e vir. Milhões de pessoas foram condenadas a morte nas câmaras de gás. Será que os maiores tiranos do mundo se arrependeriam de suas crueldades se fossem julgados e castigados como seus opositores?

Terceiro setor: "No Brasil, luta cravada contra a ditadura e seus horrores"

Choques elétricos da "Cadeira do Dragão", o "Pau-de-Arara" e afogamentos criminosos mostravam a fúria da tortura na época do regime militar brasileiro. Anos de chumbo, tempos difíceis de esquecer! De 1964 a 1985, a democracia brasileira foi obrigada a se calar e a liberdade de um povo foi cerceada! O governo decretou repressão, censura e perseguição política aos que fossem de oposição. Agrediram a nossa liberdade, torturaram as nossas expressões... Tormentos que ecoam até hojee nos fazem lembrar a tela "Gritando" de Roberto Magalhães. O rosto angustiado desenhado na obra anunciou o terror que iria se instalar no Brasil. A boca que parecia gritar desesperadamente de dor também trazia o desejo, em forma de arte, de bradar contra a opressão. Arte que denunciou a tortura e assassinato ao jornalista Vladimir Herzog. Em notas de Cruzeiro Cildo Meireles carimbou a frase "Quem matou Vladimir Herzog" e fez o seu protesto circular pelo país, alcançando uma grande quantidade de pessoas. Silenciosamente um movimento de oposição se lançava contra a nova Constituição e contra as medidas violentas impostas pelo golpe militar. A censura atingia o povo e aqueles que deveriam nos defender se voltavam contra a massa. Grupos de policiais e militares invadiam as casas e locais de trabalho, agredindo as pessoas já no momento da prisão. A coisa piorava nas salas de interrogatório de delegacias e quartéis. Os suplícios dos presos eram duradouros e atos covardes eram praticados repetidamente por dias. Em meio a esse clima, surgem no Brasil cerca de 150 periódicos de oposição ao regime militar, denunciando a tortura, violações dos direitos humanos e falta de liberdade. O tablóide semanal carioca "O Pasquim" se destacou e passou a ser o porta-voz da indignação social brasileira, "Os heróis da resistência". Alguns de seus integrantes foram presos e as bancas que vendiam jornais alternativos passaram a ser alvo de atentados a bomba, mas a pressão popular foi fazendo a repressão diminuir.

Quarto setor: "Vitórias do povo brasileiro... Essa gente batuqueira!"

Militares de linha dura foram afastados e começaram a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Com a aprovação da Lei da Anistia, políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos tiveram direito de retorno ao país. A Passeata dos Cem Mil e as greves de operários em fábricas revelaram que a oposição ao regime militar só crescia. A guerrilha urbana começou a se organizar e os sindicatos se fortaleceram. O povo foi às ruas e exigiu "Diretas já", o direito de votar para presidente. A vitória da "Aliança Democrática" encerra o regime militar e uma nova constituição para o Brasil é aprovada. Lutamos e vencemos! Nas batalhas da democracia fomos verdadeiros "soldados da liberdade de expressão"! Criamos a Tropicália, contestamos com a energia do "iê-iê-iê" nos festivais da Record. Plateias empolgadas se dividiam entre seus ídolos e sonhos distintos. Usamos nossos talentos na música, no teatro e nas telas do cinema para denunciar a miséria de um povo sem direitos mínimos. Alguns filhos desse chão ainda sofrem, mas trazem no sangue a força das origens africanas. São herdeiros de outros guerreiros da resistência, escravos que por aqui chegaram e sonhavam com o direito a vida e a liberdade. Deixaram como herança a sua rica cultura e religiosidade, misturando seus hábitos com os costumes adquiridos na nova terra. Criaram o samba, perseguido e marginalizado, que encontrou o seu lugar nas casas das tias Baianas da Praça XI. A proteção que fortaleceu a resistência veio no axé das rezadeiras, mães de santo, jongueiras e caxambuzeiras. Até hoje se vê, em cada escola de samba, a reverência do folião ao sobrenatural e o respeito à religiosidade no próprio Barracão, onde peças sagradas não serão desmontadas após o espetáculo.

Quinto setor: "Minha fé e meu cantar ninguém pode calar! Hipocrisia, largue a minha fantasia!"

O que pra uns é profano, pra outros se torna sagrado! Vejo Ogun cortejar Iansã com sua dança, e girar no ritual que abençoa a "procissão afro-brasileira". Mas a censura das autoridades ainda percorre os barracões. Decretos proíbem a utilização de algumas imagens religiosas e definem o que serão consideradas "imagens impróprias", como aconteceu no carnaval da Grande Rio, em 2004. O saudoso e consagrado carnavalesco Joãozinho Trinta viu serem vetadas as esculturas que criou e que representariam o Kama Sutra, manual sexual indiano. E olha que no carnaval de 1989 o mestre já havia varrido a hipocrisia da censura com a Beija-Flor de Nilópolis. Simples mendigos viraram personagens principais da avenida, mas o grande trunfo do enredo "Ratos e urubus, larguem a minha fantasia" foi proibido de se apresentar. A escultura de um Cristo em farrapos teve que ser coberta por plásticos pretos e recebeu uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós!". Não foi preciso ver para crer que o verdadeiro Cristo, mendigo ou belo, sempre irá nos abençoar! O povo não largou a fantasia e mostrou qual era a verdade que deveria prevalecer. Ainda assim insistem em tentar impedir que se enxergue o que realmente nos afeta. Em 2008 a justiça impediu o carro alegórico "Holocausto", da Unidos do Viradouro, de atravessar a passarela em seu formato original. Como protesto, o carnavalesco Paulo barros refez a alegoria que seria a representação de uma montanha de corpos sem vida, vítimas de massacres nos campos de concentração da segunda guerra mundial. A nova obra ganhou o nome de "Execução ao direito de liberdade" e uma faixa onde se lia "Não se constrói futuro enterrando a história".

Mensagem final do enredo

Também não se constrói o futuro repetindo erros do passado, nem se constrói uma sociedade forte impedindo-a de pensar, de falar e de agir. Quem se corrompe por estar no poder pensa que pode tudo e quer mandar em todos. Não dá pra viver em um mundo virtual só nosso, onde seremos os "reis de nada" achando que somos "tudo", satisfazendo apena o nosso próprio ego. Portanto, não se cale e critique o que for errado pelo bem comum e da democracia! Pra você que ainda não sabe quem sou eu, muito prazer! Sou a Águia do Estácio e a liberdade de expressão jamais irá largar a minha fantasia!