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Os sambas de 2020 por Luiz Carlos Rosa As avaliações e notas referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile ANÁLISE
DO CD: Depois de algum tempo
mostrando um trabalho com os integrantes das Escolas na Cidade do Samba, a
produção buscou o recurso de gravarem as faixas em estúdio. E na minha opinião
fez o certo, porque já não aguentava mais as faixas com o coro bastante barulhento.
E aproveito pra dar uma sugestão: que tal a LIESA produzir e comercializar um
DVD com os sambas sendo cantados ao vivo e com os respectivos carnavalescos
explanando os enredos e os compositores contando como foram feito suas obras?
Seria muito interessante! Com relação aos sambas de 2020, a safra é razoável,
com destaque maior para a Grande Rio. NOTA DO CD : 8 MANGUEIRA: A direção musical da escola teve a péssima ideia
de retirar do refrão principal os versos "Se alguém por acaso despreza / teme a força que ele
tem" que era de um impacto
absurdo. Com isso, o samba perdeu um dos grandes momentos do Carnaval de 2020.
Se o enredo é critico, e contra o conservadorismo, estes versos tinham que
estar presentes. Mas num todo, o samba é bom, pesado e extremamente valente. A
melodia, mesmo com alguns ajustes que foram realizados antes da gravação, ainda
tem problemas, principalmente nos atropelamentos de palavras como por
exemplo "Meu pai carpinteiro
desempregado / Minha mãe é Maria das Dores Brasil". Destaco a parte "Favela pega a visão / Não tem futuro sem
partilha / Nem Messias de arma na mão" que é uma das melhores sacadas desta safra. É um samba
bonito, com uma ótima letra e que poderia ter sido ainda mais arrebatadora se
aqueles versos citados no inicio deste comentário não fossem
CRUCIFICADOS. NOTA 9 VIRADOURO: O samba da Viradouro, como a maioria das outras
agremiações, tem lampejos, ou seja, tem partes que SALVAM a obra num todo. E
esse "Ensaboa Mãe", que é um BIS e foi colocado antes do refrão
principal, foi um verdadeiro GOL DE PLACA. Tanto que, na virada pro refrão, a
bateria dá um show. Méritos totais pro "Ensaboa" que
é chiclete demais. Assim, o refrão principal ganhou "músculos", melodicamente
falando. Mas o "É Viradouro/ É
Viradouro" é forçado. Poderiam ter
achado uma outra solução de verso. O refrão central é genérico, do tipo,
"pergunto que te respondo" que praticamente todo ano aparece em alguma safra de
samba. E claro... A parte final onde se encontra a mudança da variação melódica
entre os versos "Nas escadas da fé é a voz
da mulher / Xangô ilumina a caminhada..." já se tornou batidinha. Qualquer ouvinte de sambas
enredos sabe como vai terminar a segunda parte. Samba apenas razoável e que só
será lembrado pelo "Ensaboa". NOTA 8,2 VILA
ISABEL: O enredo chapa branca sobre Brasília,
na visão de um índio, alterna bons e maus momentos principalmente melódicos. Os
dois refrães são bons, com destaque maior para o do meio. A segunda parte
apresenta alguns versos bem alongados e o samba se arrasta de forma retumbante.
A famosa corridinha que acaba atropelando as palavras, transformando o verso num
amontoado, está presente, em "Olhou
pro futuro e mandou construir...". Faltou
aquele momento explosivo, em que o ouvinte fica o tempo inteiro
esperando mas
que não aparece. É uma obra que não compromete a
safra de 2020, embora a Vila esteja caído de
produção neste quesito desde 2016. NOTA 8 PORTELA: Se não é o melhor do ano, a Portela apresenta o
samba mais gostoso de se ouvir, disparado. E para alguns ouvintes, este samba
nada mais é do que uma toada, o que discordo completamente. A escola recebeu um
BANHO DE ARRANJOS que deixou o samba ainda mais viciante. O maravilhoso refrão
principal é muito valente. A palavra "índio" aparece
quatro vezes. Não acho que seja exagero ou cansativo e sim um efeito que deixou
o refrão ainda mais grudento. Entretanto, a mesma palavra aparece mais duas
vezes durante o samba. Aí sim, os compositores, a meu ver, poderiam criar uma
outra solução. O refrão do meio é excelente. A melodia é um caso à parte. Tem
variações de extremo bom gosto. E esse é o diferencial. A letra descreve bem o
enredo e tem uma sacada bem interessante no verso "Nossa aldeia é
sem partido e facção / Não tem bispo, nem se curva a capitão". A Portela
termina a década com a MELHOR SAFRA de sambas dentre todas as agremiações do
Grupo Especial. NOTA 9,4 SALGUEIRO: Depois
da avalanche portelense, ouvir o samba do
Salgueiro não é uma tarefa tão fácil pra
quem ouve o CD faixa por faixa, da 1 a 13. O samba até
começa animado graças ao refrão principal. A
partir daí, a
obra se torna burocrática devido à melodia ser
completamente reta. Não
tem um momento em que o samba apresente uma variação, uma
nuance que chama
atenção do ouvinte. Depois do refrão do meio, que
de bom só tem o verso "Fazer sorrir quando a tinta insiste em
manchar", a obra ganha sobrevida até
chegar na parte final, no verso "A luta me faz majestade". Aí
tudo se torna previsível em questão melódica, como forma simples de terminar o
samba. Surpreendentemente no CD, a atuação de Emerson Dias, que é um ótimo
interprete, não foi das melhores, enquanto a de Quinho foi mais segura. Sem
dúvidas o pior samba da escola na década. NOTA 7,5 MOCIDADE: O samba da Mocidade é de forte apelo emocional,
principalmente para seus torcedores. A homenageada Elza Soares, merecidamente,
ganhou um samba belíssimo, e que é um dos melhores do ano. A obra já começa
arrasadora, tudo por causa do seu refrão principal que é encantador. A
repetição do verso "Para
a preta não chorar" é uma
solução muito interessante. O refrão do meio é muito bom mais pelos seus versos
brilhantes. Destaco também a parte final o casamento perfeito entre letra e
melodia. É uma obra que você não precisa ter trabalho de ler a sinopse. Tudo
está na letra do samba. A escola está numa das suas melhores fases neste
quesito. NOTA 9,5 TIJUCA: O ponto forte deste belíssimo samba (que fora
encomendado) é a melodia. Os compositores foram muitos felizes em variar
diversas variações melódicas nesta obra. Do refrão central ao final da segunda
parte, é muito bom de se ouvir. Destaco a parte "Como é lindo a vista lá no meu Borel..." que funciona como um falso refrão. Já o refrão
principal destoa um pouco do resto do samba com o seu esticado verso "Eu sou faveeeeeeeeeela". A letra é de boa qualidade, mas na segunda parte
foge um pouquinho do enredo. No geral, é um samba redondinho,
mas inferior ao do "Pão" de 2019. NOTA 8,8 TUIUTI: A escola encomendou seu terceiro samba seguido desde que voltou ao Especial em 2018. Afinal, em time que está ganhando não se mexe. O samba tem uma peculiaridade: é à moda antiga. Por que já começa mostrando a data de celebração de São Sebastião no verso "Todo 20 de janeiro..." . Era comum nos anos 50 e 60 as obras apresentarem datas de algum fato histórico na letra. Refrão na teoria só mesmo o central com o seu "Poeira" que é razoável, porem batidinho. Por que ao longo do samba temos três BIS, tendo em vista que os da parte final grudam na mente. Tem quem ache ruim esta repetição, mas me agradou bastante, causando um efeito legal e essa estrutura é nostálgica. A letra descreve o enredo de forma direta. Ponto negativo apenas para o excesso de rimas terminadas em "ado". Num todo é um samba bom, porém inferior ao de 2018 e 2019. NOTA 8,6 GRANDE RIO: Que me perdoe a Estácio, mas esse sambaço da Grande Rio é uma PEDRADA. Aliás ganhou até um codinome: é o samba da PEDRA PRETA. Pena que faltou aquele famoso banho de arranjos, pra deixar a faixa mais arrojada e carregada, como eram nos anos 70 e 80 as gravações de sambas de enredos afros. Pegue como exemplos as obras primas da Beija-Flor de 1978 e Cabuçu de 1983. Com relação ao samba de 2020, possui uma letra de difícil assimilação, o que é absolutamente normal em obras dessa temática. O ouvinte tem que pesquisar mesmo, não tem jeito. Entretanto, a melodia é excelente, tem um balanço irresistível e uma pegada muito contundente. O refrão do meio é empolgante, gostoso de cantar. Mas o ponto alto é o refrão principal com os dois últimos versos mais inspirados do CD. É um sambaço que é digno de Estandarte de Ouro e de escola campeã. NOTA 9,7 ILHA: É impressionante como alguns sambas da Ilha nesta década
foram etiquetados com o selo de qualidade extremamente duvidosa. Esse de
2020 peca por ser chato e melancólico. Em termos de melodia é uma verdadeira
SONILHA. Realmente é de dar sono! Não há um momento em que as variações
melódicas chamem a atenção do ouvinte. A letra é bastante razoável
principalmente na segunda parte, onde destaco os versos "Eu sei que todo o mal que vem do homem / Traz a
miséria e causa a fome / Será justiça de quem esperou". Mas é muito pouco pra uma escola que tem um
histórico de belíssimos sambas de enredo. O mais fraco do CD. NOTA 7 BEIJA-FLOR: Quem diria encontrar a faixa da Beija-Flor como a
antepenultima do CD, hein? Confesso que é estranho, curioso, mas são as regras
do jogo. O samba é bom, um dos melhores do Grupo Especial, entretanto, é
incrivelmente superestimado, tanto que alguns ouvintes o colocaram como melhor
do ano. No meu entendimento, não é essa BRASTEMP que estão pregoando por aí não.
A obra começa a todo vapor com um refrão principal totalmente avassalador,
explosivo. A bem da verdade, é o ultimo grande momento do CD. Talvez se não fosse
pelo sacode desse refrão, o samba num todo seria apenas razoável. A letra na
primeira parte é longa e, quando chega no verso "Moleque de pé no chão", a impressão é que vai encerrar, mas continua, até
chegar ao BIS que faz papel de refrão central "Nilopolitano em romaria / a fé me guia". Da segunda parte em diante, o samba tem um ar de
requentado, dando a nítida sensação que já ouvimos as variações melódicas em
outros sambas da própria escola. Mesmo assim, possui uma letra que tem linguagem
poética sem ter lugares comuns. Volto a frisar... é um samba bom, agradável de
cantar e ouvir. Só não é a Oitava Maravilha. NOTA 8,9 SÃO
CLEMENTE: O samba clementiano é
irreverente por que o enredo é irreverente, não tem o que fugir disso. A
bem da verdade, é um samba bem mediano. O refrão principal é genérico, além de
constar com um "ôôô" e "lalaiá" bem
forçados, como se o samba fosse classudo. A primeira parte possui a letra muito
simplória e é, sem sombra de duvidas, o ponto negativo do samba. O refrão do meio
é bom. Aqui evidencia a marca da escola e, no meu entender, o único momento em
que ganha o sinal de JOINHA. É a partir daí que a obra dá uma pequena melhorada
no aspecto geral, até chegar ao BIS que tem versos interessantes, mas
melodicamente não é do meu agrado. Só é melhor que o samba da Ilha por ser mais
audível. NOTA 7,2 ESTÁCIO: Fechando o CD, a Estácio apresenta um samba que
não tem muito pra oferecer em termos de letra, pelo fato do enredo ser
totalmente abstrato. Imaginem como seria se realmente fosse realizada a fusão
que fora prometida e que, dias depois, não foi concretizada. Que TITITI NO
SAPOTI é esse, hein! Mas voltando ao samba, tem poucos momentos em que você
levanta da cadeira. A entrada do refrão principal é boa, porém, infelizmente o
verso "Tirando pedras no meu caminho" na segunda
passada ficou estranho demais. O refrão do meio é bem agradável. A
parte "Vem peneirar" remete a sambas antigos. No
mais, o restante da obra passa meio que despercebido. Num todo, é um samba
bastante mediano. NOTA 7,4 |
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