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Os sambas de 2012 por Cláudio Carvalho

Os sambas de 2012 por Cláudio Carvalho


As avaliações referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile

Beija-Flor: Depois de dois ou três anos tentando modificar o perfil de seu hino, a escola de Nilópolis volta à boa e velha estratégia de samba comprido, em tom menor e com letra rebuscada. O desse ano também destoa em qualidade dos anteriores e remete à época de ouro da escola, que se deu na década passada. Na avenida, Neguinho mostrou que é como vinho: quanto mais velho, melhor. Ao contrário do esperado, no entanto, o samba não rendeu tanto e acabou se perdendo em meio à sucessão de equívocos que caracterizou o desfile da escola esse ano. Nota: 9,8

Tijuca: Uma das seis escolas a falar sobre Nordeste esse ano, a Tijuca veio com um samba valente, de letra fácil e funcional, que rendeu bastante e ajudou na conquista de seu terceiro título. Destaque para os refrãos, sobretudo o do meio, acompanhado pela bela paradinha do Mestre Casagrande. Nota: 9,8

Mangueira: Na faixa do CD, um samba cuja letra parecia colcha de retalhos dos versos  caciqueanos, cantado por tanta gente que você não conseguia distinguir quem era quem. Na avenida, um samba que rendeu bastante em virtude da garra da escola e da tal paradona, que levantou o público na arquibancada. O saldo final é bom, mas em se tratando de Mangueira, sempre se espera mais. Mesmo com um enredo que não colaborava muito. Nota: 9,6

Vila: Um dos melhores sambas do ano. Apesar do tamanho e da letra difícil, gostoso de cantar e repleto de momentos de genialidade. Lembra Kizomba, e justamente por trazer esse espírito, ajudou a escola a riscar o chão da Sapucaí naquele que considero seu melhor desfile desde 88. Considero a Vila campeã moral de 2012. Nota: 10

Salgueiro: Sou suspeito ao falar desse samba, pela amizade que tenho com um de seus autores. Devo dizer, no entanto, que se trata de um dos melhores sambas da história recente do Salgueiro. Valente, como pede o enredo, não deixa o ritmo cair em momento nenhum. Se na avenida não rendeu o que dele se esperava, devemos isso ao intérprete principal e aos problemas que a escola enfrentou durante o desfile. Nota: 9,8

Imperatriz: Outro sambaço, que junto aos de Vila e Portela se afirma como um dos melhores do ano. Remete ao épico "O que é que a Bahia tem", de 1980, que foi cantado junto a "Oxumaré, a lenda do arco-íris" (outra obra prima) no esquenta da escola. Se na avenida não correspondeu às expectativas, coloquemos na conta de um equivocado desfile, cujo resultado deve servir de alerta aos dirigentes da escola. Dominguinhos, após o infarto sofrido em 2011, voltou em grande estilo. Nota: 10

Mocidade: Melodia interessante e letra nem tanto. O refrão do meio é um dos mais fracos do Grupo Especial em 2012. Na avenida até deu um caldo, mas nada que impressionasse. A Mocidade é outra escola que precisa rever urgentemente seus fundamentos para voltar a ser aquela escola dos anos 90. Nota: 9,4

Porto da Pedra: Diante de um enredo estapafúrdio, os compositores tentaram em vão tirar leite (ou seria iogurte?) de pedra, sem sucesso. Deu no que deu... A escola de São Gonçalo, que vinha pedindo pra cair e entrando na fila desde meados da última década, não resistiu e foi rebaixada. Muito disso deve-se a esse samba de letra e melodia confusas e à performance de Wander Pires que, desde o atraso na Grande Rio em 2008, só vem dando bola fora. Nota: 9,2

São Clemente: Tudo bem: "Tem bububu no bobobó" é de doer. O samba é um boizinho com abóbora, marchinha disfarçada, mas funcionou naquele que pode ser considerado o melhor desfile da escola de Botafogo e que, como disse exageradamente o prefeito Eduardo Paes, deixou a Beija-Flor com vergonha. Destaque para o excelente desempenho do intérprete Igor Sorriso, que ajudou a levantar o Sambódromo. Nota: 9,4

Grande Rio: Faixa pra pular no CD e pano de fundo para um desfile sonolento na avenida. A Grande Rio entrou na onda furada de tirar proveito do próprio sofrimento (o que a psicanálise chama de gozo) e o resultado foi lastimável. Até hoje não se engole a volta da escola no desfile das campeãs. Chegou a hora dela ser como no início dos anos 90. Aliás, passou da hora. Nota: 9,0

Portela: O samba do ano. Aclamado desde as eliminatórias na quadra, foi premiado e ajudou na aclamação de Gilsinho como grande intérprete de 2012. De cabo a rabo, não deixa o ritmo cair em nenhum verso e foi o grande responsável pelo sacode que a Portela deu na avenida. Digno de entrar para a galeria dos melhores de todos os tempos, não só da escola, como da história do samba. Inesquecível!  Nota: 10

Ilha: Samba que destoa do "padrão Ilha de qualidade" e cuja letra não soube aproveitar a riqueza temática proporcionada pelo enredo. O refrão do meio, com "Vou botar molho inglês na feijoada, misturar chá com cachaça", literalmente embrulha o estômago. Na avenida, morreu junto com o modorrento desfile da escola. Dessa vez não houve Ito Melodia que salvasse. Nota: 9,2

Renascer: Tá certo que a obra de Romero Brito não dá muito samba, mas isso não exime a Renascer de uma avaliação negativa quanto a seu samba, que não empolgou em nenhum momento. Nota: 9,2