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Os sambas de 2011

Os sambas de 2011 pelo internauta Leo Albuquerque



A GRAVAÇÃO DO CD: Muito embora haja uma flagrante diferença de qualidade na produção de uma escola para outra, o disco atende bem ao seu propósito que é o de divulgar o produto. Em linhas gerais, o resultado é melhor do que o do último ano, com ressalva negativa, na minha opinião, para a desnecessária chamada das faixas seguintes. Não gostei da solução. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,7 (Leo Albuquerque).


UNIDOS DA TIJUCA – Um dos piores sambas do ano. A Escola conseguiu produzir um samba ainda pior, em relação ao de 2010. Não é um samba-enredo, já que nada ou muito pouco fala do enredo. Sua letra apresenta soluções pobres e inexplicáveis, tais como “Pavor me abraça, isso não se faz”, “Meu medo não teme ninguém”, “Morrer de amar faz o povo gargalhar”. Nesta era de sambas “funcionais”, onde pouco se exige do conteúdo em termos de letra e variações melódicas, tem grandes chances de acontecer na avenida, já que sua melodia é animadinha. Ainda assim, é um samba que dependerá de efeitos de impacto externo (como no ano passado), para não ser punido pelos jurados. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Leo Albuquerque).

GRANDE RIO – A Escola de Caxias apresenta um samba que agrada nas primeiras audições, mas que depois de algum tempo se torna cansativo. Em termos de letra conta bem o enredo. Nos dois refrões, sinto falta de um momento de explosão capaz de contagiar. A melodia tem algumas caídas bruscas que podem atrapalhar. Me parece haver uma falha de métrica na parte “Eu também sou carijóóóóó”, além de uma cacofonia em “Essa ponte...”. Incomoda aos ouvidos o “É saponte...”. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Leo Albuquerque).

BEIJA-FLOR – Sambaço-aço-aço. Mesmo com os ajustes promovidos pela harmonia da Escola, não perdeu sua qualidade. Suas linhas tem melodia encadeada e agradável. A letra é de fácil entendimento pelo público, sem perder a poesia. É um dos sambas que possui uma das melhores sacadas poéticas, com destaque para “O beijo na flor é só pra dizer, como é grande o meu amor por você” e “De todas as Marias vêm as bênçãos lá do céu...”. Belíssima associação entre a fé do Roberto, com uma singela homenagem à Maria Rita, seu grande amor. NOTA DO SAMBA: 10 (Leo Albuquerque).

VILA ISABEL – Ao contrário do que aconteceu com a Grande Rio, o samba da Vila não agradava nas primeiras audições. Talvez pela flagrante sensação de já ter ouvido parte da melodia em sambas passados, de autoria do mesmo compositor para a mesma Escola. Graças à belíssima segunda parte do samba, que deságua em um belo e contagiante refrão-exaltação, a opinião mudou. Acho uma pena que seja um samba de partes distintas, onde a primeira é satura de clices Isabelenses, como “a coroa em meu pavilhão...”, “a desfilar na avenida...”, “É a minha vida, é a Vila...”. Nossos ouvidos também não merecem o grito de “Sansão, (pára um pouquinho, respira um pouquinho), forte, se apaixonou...”, para abrir o primeiro refrão. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Leo Albuquerque).

SALGUEIRO – O Salgueiro foi a Escola que mais ousou. Entendeu que mudar o estilo era preciso e conseguiu. A começar pela ausência de refrões-exaltação, onde só se via “nem melhor, nem pior..., ou “Salgueiro é....”. Se a letra não prima pela poesia, é porque o enredo não permite. Porém, dentro do que se propõe para o desfile, o samba descreve muito bem. É samba-enredo. Na melodia, preocupa a caída brusca na passagem do primeiro refrão para a segunda parte. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Leo Albuquerque).

MANGUEIRA – Outro sambaço. Mangueira e Beija-Flor sobram na turma, com destaque para a Manga, que nesta safra apresentou a obra mais fiel ao gênero samba-enredo. O canto e a audição são agradabilíssimos, já que a obra é toda encadeada na melodia e na letra. Aos mais novos ou aos leigos, Nelson está devidamente apresentado. E não só no conjunto da obra, mas na brilhante sacada “Prazer... me chamam Nelson Cavaquinho”.  “Sonhei que "folhas secas" cobriam meu chão...”. Poesia pura. NOTA DO SAMBA: 10 (Leo Albuquerque).

MOCIDADE – Com a devida licença da Grande Rio, mas “será que no terceiro milênio haverá festa baiana na avenida?”. Se depender da Mocidade sim. Nada contra o carnaval da Bahia, que eu adoro também. Mas aqui é Rio de Janeiro. Aqui é samba. “Tá todo mundo aí, levante a mão”, se não é micareta é uma marchinha sem-vergonha, como já diria Fernando Pamplona. Na letra há uma rápida tentativa de falar do enredo. No mais é oba-oba e exaltação à Escola. Disputa com a Tijuca o título de pior do ano. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Leo Albuquerque).

IMPERATRIZ – A Imperatriz poderia ganhar o título de “herói da resistência”. É uma das poucas, se não a única, que ainda resiste à era da funcionalidade. Com um enredo difícil, o pessoal de Ramos de um show. Só pode ser o “DNA”. De se lamentar, apenas o fato de o grande Dominguinhos conseguir mais sustentar um samba. Mesmo um como este, feito com a melodia à sua feição. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Leo Albuquerque).

PORTELA – Grande samba-enredo. Não era o melhor da disputa, mas a grandiosa Portela está muito bem representada. Sem dúvida foi a obra que mais cresceu no CD. Na melodia, a ressalva fica apenas para uma parada que me parece longa demais, na passagem da segunda parte para o segundo refrão. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Leo Albuquerque).

PORTO DA PEDRA – A Porto da Pedra está de parabéns. Conseguiu produzir um samba que atende a “gregos e troianos”. Funcional, como pede o estilo da moda, sem ser apelativo ou “oba-oba”. E o melhor é conta muito bem o enredo. NOTA DO SAMBA: 10 (Leo Albuquerque).

UNIÂO DA ILHA – Outro enredo complicadíssimo, que produziu uma boa obra. Um samba que só faz crescer, muito pela melodia valente. Investir na melodia, deixando-a pra cima e mantendo o encadeamento, não deixa de ser uma boa solução. Na letra, dá pra se ter uma idéia do que a escola vai apresentar, mesmo sem grandes momentos de inspiração. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Leo Albuquerque).

SÃO CLEMENTE – A Escola de Botafogo apresenta um samba que se não é brilhante, promete cumprir bem o seu papel. O enredo está muito bem contado, mas a melodia carece de variações. Daí surge o risco, de que se torne cansativo na avenida. O refrão principal, por exemplo, embora simpático, é bem cansativo. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Leo Albuquerque).