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Os sambas de 2010 por Weinny Eirado
A GRAVAÇÃO DO CD – Depois de anos (e muitos anos mesmo), temos um CD feito
para amantes de samba-enredo. Faz muito tempo que eu não ouvia um repinique no
meio das caixas... Simplesmente é uma delícia poder sentir esse batuque gravado
ao vivo. O som da comunidade atrás da voz do interprete também é um ótimo
recurso, aprendido com o belo álbum do Acesso do ano passado. Enfim, a safra
também ajuda. Vila, Imperatriz e Beija-Flor entram com registros fonográficos
que ficam para a eternidade do carnaval. Grande Rio, Salgueiro e Mangueira
também fazem bonito. Estamos bem perto de ver o melhor carnaval desse milênio,
até agora. Leva uma nota dez, por corrigir todos os erros que nós tanto
reclamávamos. E isso inclui a Globo, que ouviu nossas sugestões, e transformará
a transmissão numa coisa muito mais agradável. Começando pelas vinhetas ao
vivo, e terminando nos esquentas de bateria televisionados novamente. NOTA
DA GRAVAÇÃO: 10 (Weinny Eirado) 1 – SALGUEIRO – Academia
do Samba é Salgueiro! Com a bateria ao vivo, temos a oportunidade de ouvir a
força do tão falado surdo de 3° do Salgueiro, que é extremamente respeitado
pelos bambas. O samba é mais um filho da família do Ita, tendo o seu primeiro
refrão como um verdadeiro arrasa-quarteirão. Achei muito bom, um samba incrível,
com um showzaço da bateria Furiosa. A segunda parte é um pouco melhor que a
primeira. Quinho é um show à parte. Porém, em alguns momentos sua dicção
atrapalha o entendimento da letra. NOTA DO SAMBA:
9,4 (Weinny Eirado) 2 – BEIJA-FLOR – Frigideiras.... que toque
especial! A bateria de Nilópolis faz uma belíssima atuação. Mas quem merece o
“estandarte” dessa faixa é o grande Neguinho, que atua perfeitamente na faixa.
Alias, é uma letra sensacional! Fala de Brasília com um romantismo muito
grande, muito diferente do que a Tom Maior esta fazendo aqui 3 – PORTELA – Passando um pouco de vergonha em relação à faixa
anterior, a Portela possui um samba fraco sobre a informática. Porém, a
animação de Gilsinho, e a melodia pra cima acabam fazendo com que aquele que
ouve ache interessante. O que me incomoda é essa mania de “merchandising-enredo”
das escolas, que no caso da Portela esta no verso “Positivo pra nação”. Adivinha quem esta pagando 700 mil de patrocínio
para a escola? NOTA DO SAMBA: 7,5 (Weinny Eirado) 4 – VILA ISABEL – Sambaço... aço... aço! Depois de
tantos anos assistindo à decadência dos sambas de enredo no mundo do carnaval,
Martinho dá um baita presente para os bambas. Incrível a variação melódica do
samba, sem contar a magnífica letra. E a bateria de Átila, que traz algumas características
do Império para a Vila, dá um show nos surdos. É simplesmente o melhor mestre
da atualidade. NOTA DO SAMBA: 10 (Weinny Eirado) 5 – GRANDE RIO – Outro merchandising-enredo, só
que esse pelo menos é bom. Usar termos como “guerreiro” e “numero um” lembram
uma cerveja... Mas a chegada de Ciça é o ponto alto desse samba. A bateria dá
um showzaço, incluindo o momento mais emocionante do CD, quando a bateria vira
a da Mangueira para falar de Jamelão. Aparentemente vai ser um belo desfile,
homenageando alguns momentos importantíssimos da historia do carnaval, como “No
Ita salgueirando lá vou eu” (Salgueiro 1993), “Ouvindo a sereia cantar”
(Império 2009), “Festa da raça, Kizomba a liberdade no ar” (Vila 1989) e
“Daqui pra lá, de lá pra cá de Braguinha” (Mangueira 1984). Provável que
arrume uma das vagas do desfile das campeãs. NOTA
DO SAMBA: 9,5 (Weinny Eirado) 6 - MANGUEIRA – Quem esta achando esse samba uma
obra prima, não ouviu a versão original. As mudanças feitas por Ivo tiraram
aquele ar romântico do samba, principalmente no refrão central. Acabou por
transformar um dos melhores sambas do ano em um samba bom apenas. Além do fato
do samba ficar mais lento, acabando por quase se arrastar na voz dos três
tenores mangueirenses. E ainda teve alguém que disse nos comentários que a
bateria estava muito acelerada. Dá próxima vez, faremos uma versão em partido
alto pra agradar... Ainda sim, é um samba bom. NOTA
DO SAMBA: 9,6 (Weinny Eirado) 7 – IMPERATRIZ – Dominguinhos, quanta saudade!
Depois de assistirmos um intérprete rouco na avenida, a Imperatriz percebeu que
precisava de um dos bons para dar a volta por cima. E o samba, é magnífico. Um
dos melhores desse disco, sem dúvida. A bateria vem retinha, dando um show nos
breques. Suficiente para o Dudu Nobre não reclamar que está em andamento de
marcha (como ele afirmou em 2008). Os pratos são o molho dessa batucada. NOTA DO SAMBA: 10 (Weinny
Eirado) 8 – VIRADOURO – É um samba bom. A atuação de
Wander Pires é a grande atração da faixa. Possui uma letra interessante e um
refrão animadinho. Pode contagiar a Sapucaí no desfile, assim como pode colocar
a escola no desfile das campeãs... ou também pode rebaixar a escola (já ouviram
a historia do projeto com a Cubango?). Podemos ouvir uma belíssima participação
do agogô na bateria nessa faixa. NOTA DO SAMBA:
9,1 (Weinny Eirado) 9 – UNIDOS DA TIJUCA – Tá bem melhor que o do ano
passado! O estilo lembra um pouco aquele enredo da arte de colecionar de 2008.
É um samba bom, mas está muito longe de ser obra-prima. Passa quase
despercebido pelo CD. Engraçado que Bruno Ribas manda a sua última escola fazer
silêncio logo na abertura da Tijuca. NOTA DO
SAMBA: 8,6 (Weinny Eirado) 10 – PORTO DA PEDRA – Graças a Deus, a escola saiu
daquela linha de sambas para baixo, onde tendiam a se arrastar na avenida. Não
consigo assistir um desfile da Porto da Pedra inteiro desde 2005, na reedição
da Ilha de 1989. Não é um baita de um samba. Possui algumas limitações, mas a
abertura e o encerramento são sensacionais. Melhor um samba pra cima do que uma
melodia pra baixo, se arrastando. Deve ficar no Grupo Especial, mesmo levando
aquela garota da Uniban pro desfile. NOTA DO SAMBA
8,9 (Weinny Eirado) 11 – MOCIDADE INDEPENDENTE – Depois de um samba meio fraco, a
Mocidade traz um samba totalmente pra cima, que facilitará o canto dos
componentes. Tem tudo pra dar certo, e ainda dar a volta por cima. São muitos
carnavais ficando pra trás. Não estou falando em titulo, mas em sair desses
anos atrás de todas as tradicionais, e disputando pra não cair no ultimo
carnaval. A única ressalva é que David não me agrada como intérprete. Mas a
diretoria já cuidou disso... Trouxe Nêgo para reforçar o carro de som na
avenida. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Weinny Eirado) 12 – UNIÃO DA ILHA – É... Bom. A abertura possui uma bossa muito boa, lembrando em muito a cultura espanhola. É um casamento de sambas perceptível, porem não estragou a harmonia. Apesar de bom, fica um ofuscado por outros sambas desse grupo. E ainda está muito longe dos clássicos insulanos. O primeiro verso “voltou a ilha” é extremamente válido na comemoração desse retorno tão esperado. Ainda acho corajosa a volta da escola sem usar uma reedição. Chegou-se a falar de reedição do enredo de 1977 (“Domingo”) no mundo do samba. Apenas boatos. O final da faixa, que possui os gritos de “ôôô, a União voltou”, é emocionante, apesar de lembrar os gritos dos times de São Paulo. Acredito que possa permanecer na elite. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Weinny Eirado) |
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