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Os sambas de 2010 por Cláudio Carvalho
. A Gravação do CD:
Fazia tempo que eu não avaliava a qualidade do CD de sambas enredo como um
todo, talvez por não ter muito o que dizer, talvez por achar que tudo havia
caido numa insossa mesmice. Como a gravação desse ano melhorou
siginificativamente em relaçao às anteriores, principalmente no que diz
respeito ao andamento e à nitidez, resolvi retomar essa difícil tarefa.
Destaque para as faixas de Beija-Flor (a maior), e União da Ilha, com a música
flamenca no início e os gritos de "A União Voltou" no final. NOTA DA
GRAVAÇÃO: 9,5 (Cláudio Carvalho). Salgueiro: Samba no
estilo da escola, com letra de regular a ruim e melodia algo marcheada que se
segura nos refrões. Como em time que está ganhando não se mexe, a vermelho e
branco resolveu se agarrar novamente à velha formula que vem "dando
certo" há anos e lhe garantiu o título do último carnaval. NOTA DO SAMBA:
8,5 (Cláudio Carvalho) Beija-Flor: A despeito do
carnaval passado, quando resolveu mudar de tática e adotar um samba mais irreverente,
a Beija volta ao estilo sóbrio de sempre: melodia em tom predominantemente menor e letra bem elaborada, embora um tanto
quanto grande, o que não chega a comprometer o desfecho desse samba que
desponta como um dos melhores do CD e coloca a escola como favorita a mais um
troféu. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho) Portela: Como nos outros
casos, mais do mesmo. O samba da azul e branco de Oswaldo Cruz não é ruim, mas
abusa de clichês como "Minha Águia Guerreira", "Sou Portela"
e "Portela...". Aproveitando-se da falta de ousadia que reina no
carnaval, Diogo Nogueira segue os passos de Gustavo Clarão na Viradouro e vai
fazendo sua parte. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Cláudio Carvalho) Vila Isabel: O samba do
ano. Depois de vários desencontros, Martinho volta em grande estilo à sua
escola de coração. A escolha feita pela Vila nos faz crer que nem tudo está
perdido em termos de samba-enredo no carnaval carioca. Há quem diga que Tinga
não dará conta de cantar um samba tão cadenciado, mas ele que se vire para fazê-lo.
O lirismo da letra e a variante melódica dessa verdadeira poesia feita por um
poeta para o outro falam por si só e não nos fazem pensar em outra
possibilidade que não 40.4 e Estandarte de Ouro. NOTA DO SAMBA: 10 (Cláudio
Carvalho) Grande Rio: Samba misturando
camarote da Brahma e enredos escolhidos aleatoriamente, como num processo de randomização, não poderiam
dar em boa coisa. O resultado é uma marchinha onde Joãozinho Trinta, que foi
mandado embora da escola, é supostamente homenageado, e Jamelão se diz cantor
pra fazer rima. Faixa pra pular no cd. NOTA DO SAMBA: 8,0 (Cláudio Carvalho) Mangueira: Samba irreconhecível em
se tratando de Mangueira, seja pela cadência em excesso, pela equivocada
mistura de intérpretes ou pela presença maciça de aspas na letra. NOTA DO
SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho) Imperatriz: Muito bom ouvir esse
samba lírico, que fala a respeito de um tema tão caro ao povo brasileiro. O
hino da escola de Ramos é um achado. Refrões empolgantes, melodia valente e
letra que emociona fazem dele um dos melhores da safra. As convenções da
bateria, sobretudo na segunda passada, enriquecem e muito o resultado final da
obra. O detalhe engraçado fica por conta de Dominguinhos imitando a águia da
Portela no caco "guiai, guiai", ao fim da faixa. NOTA DO
SAMBA: 10 (Cláudio Carvalho) Viradouro: México tinha tudo pra
não dar bom samba, sobretudo na faixa de uma Viradouro descaracterizada após as
saídas de Dominguinhos e, mais recentemente, Mestre Ciça. O que se ouve,
entretanto, é um hino cheio de variações melódicas interessantíssimas e com uma
letra repleta de sacadas inteligentes, como "olhos vidrados em busca do
ouro" e "A fé que desata os nós une a gente de novo". Grata
surpresa. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho) Unidos da Tijuca: Tirando o refrão de cima,
esse samba passa despercebido no CD, o que também deve acontecer na avenida. A
melodia é reta e a letra por demais simplória. A escola do Borel já teve dias
melhores em termos de samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho) Porto da Pedra: A crítica feita ao
samba anterior serve para este, com a ressalva de que um enredo sobre moda pede
qualquer coisa, menos essa letra pobre e melodia sóbria igual a dos anos
anteriores. Já disse mais de uma vez que, na minha opinião, o estilo "tenor"
de Luizinho Andanças acaba prejudicando a escola na escolha do samba. NOTA DO
SAMBA: 8,0 (Cláudio Carvalho) Mocidade: A faixa mais animada do CD, seja pelas tiradas de David do Pandeiro, seja pela melodia "pra
cima". A letra não é nenhuma Brastemp, mas por ser fácil, vai ajudar o
samba a dar liga. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Cláudio Carvalho) União da Ilha: Letra simples e emocionante, combinada com melodia redondinha. Essa é a receita da Ilha na sua volta em busca de um sonho impossível, tal qual o engenhoso fidalgo imortalizado por Miguel de Cervantes. Como disse anteriormente, a introdução e o desfecho realçam ainda mais a qualidade da faixa, minha preferida no CD. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho) |
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