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Os sambas de 2009
Os sambas de 2009



A GRAVAÇÃO DO CD –
Como já era de se esperar, o bamba terá à disposição mais um CD com gravações artificiais, muito diferente da execução do samba-enredo na avenida, estilo marcante dos álbuns desta década. Melhor dizendo: é um disco de samba que não é feito para sambistas. A bateria é praticamente toda sintetizada, a grande maioria dos instrumentos que compõem o coração da escola de samba não são notados... Características já presentes nos álbuns anteriores, o que faz nós nos sentirmos mais saudosistas quando colocamos um disco de samba-enredo de até 11 anos atrás, quando ainda ouvíamos bateria de verdade. Pelo menos, com relação ao ano passado, os efeitos desnecessários nas faixas foram dispensados. O intérprete canta as duas passadas do samba sempre acompanhado pelo coral, com a voz do puxador se sobressaindo. Sobre o andamento dos sambas no CD, foram totais os acertos da equipe de produção, que colocaram em todas as faixas as cadências mais adequadas (com exceção da faixa da Vila). Até há quem reclame que o samba do Império Serrano ficou acelerado, mas o andamento serviu para aumentar ainda mais a emoção que o samba proporciona. Sobre a safra, é evidente que a reedição imperiana é o melhor samba-enredo do ano com sobras. Os 11 demais formam aquela que, na minha opinião, é a safra mais nivelada em termos de qualidade de todos os tempos no Grupo Especial, além de também ser uma safra discreta, com obras que estão a anos-luz de serem obras-primas. Resumindo: o nível é similar a 2008. Pelo menos, não há nenhum boi-com-abóbora. Geralmente, antes mesmo do lançamento do CD, já há um consenso sobre um determinado samba que se destaca com relação aos outros. Mas, em 2009, se você quiser dar um nó na cabeça de seu amigo, pergunte a ele qual é o melhor samba-enredo para o próximo carnaval. Nem eu cheguei ainda a um consenso definitivo. Os meus destaques da safra, pela ordem do disco, são Grande Rio, Portela, Unidos da Tijuca, Viradouro e Mocidade, com esses cinco ainda que só um pouquinho à frente dos demais. Assim sendo, o samba imperiano pode ser considerado hours-concours. Na capa, aparece com total destaque a primeira dama da Beija-Flor, Fabíola Oliveira David, que também figura nas capas de 2005 e 2006. NOTA DA GRAVAÇÃO: 6 (Marco Maciel).

A produção do CD de 2009 vem sendo extremamente criticada nos fóruns de internet. Os ouvintes comparam as versões do CD com as das Eliminatórias, com as quais já estão mais do que familiarizados, e o estranhamento com as mudanças acaba dando uma impressão geral negativa. Na verdade, a produção do CD errou em algumas faixas e acertou em outras, nada fora do normal. Sambas como Império Serrano e Beija-Flor, mais conhecidos pelos produtores, acabaram bem gravados. Outros, principalmente aqueles cuja voz do intérprete oficial é muito diferente da de quem defendeu o samba nas Eliminatórias e que, por isso, precisavam de ajustes de tom e andamento, acabaram sendo prejudicados pelo curto espaço de tempo entre o fim dos concursos e o começo das gravações. No final das contas, porém, tudo isso é irrelevante. Por mais banho de loja que pudesse ser dado em algumas faixas, nada poderia apagar a falta de qualidade dos sambas. O CD de 2009 é um verdadeiro festival de horror e chega a causar agonia aos ouvidos mais sensíveis. A safra talvez seja a mais medíocre da história - tanto que um samba razoável de 1976 é o melhor de todos com léguas de distância. O CD é tão ruim que você tem dificuldade de dizer, dentre as 'coisas' novas que apareceram, qual é o melhor e o pior samba. Critica-se a pirataria pela má-vendagem. Sinceramente, esse CD merece ficar encalhado até no camelô. Os sambas desrespeitam a nossa inteligência, com suas letras incompreensíveis e melodias desconjuntadas e mal resolvidas. Enfim, muito ruim. NOTA DA GRAVAÇÃO: 3,2 (João Marcos). 

Considero esta gravação melhor do que as dos últimos anos, todo ano ela vem melhorando. A safra de sambas desse ano é um pouco inferior que a do ano passado (na minha opinião), com poucos sambas se destacando... Tanto que até hoje eu nunca consegui escolher o melhor samba. O maior problema dos sambas, na minha opinião, é a letra, muitas escolas estão com versos toscos, excesso de rimas com a mesma terminação, repetição de palavras... Todos as obras estão quase no mesmo nível. Apenas o Império (covardia), Mangueira, Unidos da Tijuca, Vila e Viradouro melhoraram seus sambas. Pouco, mas melhoraram. Grande Rio e Portela mantiveram o mesmo nível. Beija-Flor, Imperatriz, Mocidade, Porto da Pedra e Salgueiro estão com um nível inferior. Claro, todos eles se melhoraram ou pioraram, foi muito pouco. Outra curiosidade desse ano é que muitos sambas que foram escolhidos não eram os preferidos de muitas pessoas, causando, assim, uma antipatia à safra de sambas desse ano. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,4 (Vitor Pedrassi). 

A safra de sambas do Grupo Especial 2009 é absolutamente insatisfatória, burocrática até o talo. Tudo bem que não há um samba horroroso como nos anos 70, mas também não há uma obra antológica como nos próprios anos 70. As obras são similares uma com as outras. Praticamente todas se equivalem. A bem da verdade, a MAIORIA desses sambas são sem EMOÇÃO DE VERDADE. São sambas feitos pra ROBÔS curtirem o carnaval. E qual das obras é a melhor??? Evidentemente aponto para o razoável e empolgante samba imperiano - reedição do longínquo ano de 1976 - que nem é uma obra antológica, vide meus comentários de sambas daquele ano. Já das obras inéditas foi uma tarefa difícil, digna de Indiana Jones pra tentar desvendar quais os sambas que mais se destacam. Grande Rio, Mangueira, Viradouro e Tijuca - esta ultima o melhor dos sambas inéditos - são os destaques de um ano muito sem graça em sambas. Quanto à gravação do CD, é a mesma ladainha de sempre e por muito pouco não copiei e colei as minhas análises de 2008 sobre as mesmas. Artificializaram tudo: bateria, arranjos... só faltam os intérpretes. Ao menos esse ano não teremos os famosos fru-frus. E os sambas da Viradouro e Império foram muitos bem gravados, ao contrário da Vila. Assim como o bolachão de 1986, a capa do CD de 2009 é exclusiva a uma destaque de escola de samba, ao invés de um abre-alas da bicampeã de 2007/08, Beija-Flor de Nilópolis. Total desrespeito ao sambista! Lamentável!!! NOTA DA GRAVAÇÃO: 5 (Luiz Carlos Rosa). 

Chegou a hora de mudar. Desde que tiraram o formato de gravações ao vivo, o CD vem caindo de qualidade a cada ano. Os arranjos são feitos por gente da melhor qualidade e competência, como Jorge Cardoso e Alceu Maia, mas esse formato artificial de estúdio não valoriza o trabalho de ambos. É um trabalho distante do que o sambista quer, ele não se identifica nos desenhos rítmicos ou nas introduções. E a falta dos alusivos também deixa mais distantes ainda. Aliás, uma pergunta, se o Grupo Especial não pode fazer alusivo por causa de direitos autorais, como o Grupo de Acesso, que tem menos verba, consegue? NOTA DA GRAVAÇÃO: 6 (Bruno Guedes).

Autêntico disco do século XXI, em todos os sentidos. A gravação das faixas, no geral, tem altos e baixos. Talvez o ponto forte seja a ausência de previsíveis efeitos sonoros abundantes nos dois CDs anteriores, os quais eram indiscutivelmente irrelevantes, não engrandecendo os sambas em nada. Além disso, salienta-se a grande liberdade de canto dos intérpretes, fazendo alterações no canto das obras e jogando-as em tonalidades distintas das presentes nas versões das eliminatórias. Isso fica evidente na faixa da Vila Isabel, por exemplo, na qual Tinga entoa o samba em um tom bem abaixo do de Wander Pires na gravação-demo. De negativo, estão as baterias, todas completamente indiferentes umas das outras, tornando os sambas ainda mais semelhantes do que eles verdadeiramente já são. Até porque a safra é um fiasco, digna de ser esquecida para sempre. Existe uma necessidade incessante de as escolas de samba se tornarem cada vez mais parecidas, chutando para o alto suas próprias personalidades (se é que elas ainda existem). A Liesa, apesar de todos seus defeitos, já marcava presença nos carnavais em que vieram “Kizomba, a festa da raça” ou “Liberdade, liberdade” e usa-la como desculpa para a baixa qualidade dos desfiles é sinônimo de fraqueza. As escolas de samba são fracas, tem medo, acima de tudo, de si mesmas. Se isso não fosse verdade, o carnaval atual não seria tachado como “chato” pela maioria dos próprios brasileiros e a comercialização dos CDs não seria tão baixa. Prova disto é o fato de os dois melhores sambas-enredo do ano serem compostos por compositores tradicionais, sendo o segundo uma reedição de 32 anos antes. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (Gabriel Carin). 

Para começo de conversa, eu quero deixar uma coisa bem clara: eu vou julgar o samba pelo que o meu ouvido escutou e compreendeu. Um samba que nem “Heróis da Liberdade” não necessita de sinopses estapafúrdias ou explicações mirabolantes de compositores e torcedores fanáticos para que se possa tentar entender a sua letra ou melodia. Não vou me alongar nos comentários sobre a produção do CD. Pessoal, vamos deixar bem explicado uma coisa: a produção pode ter vários defeitos, mas ela não pode ser culpada pela horrorosa qualidade dos sambas escolhidos para o carnaval de 2009. Infelizmente, os sambas dos “10, 30, 40 mil reais” (investimento médio que os fazedores de samba gastaram) venceram mais uma vez. Para ser mais claro, os onze sambas inéditos não são dignos das histórias das escolas. As letras são incompreensíveis e as melodias desconjuntadas e mal resolvidas. O pior disso é que eu li as sinopses e elas seguiram o mesmo nível (péssimo). Enfim, o caro leitor deve chorar de tristeza ao constatar o nível de mediocridade que o carnaval chegou em termos de samba. O João Marcos disse que talvez seja a pior da história e eu concordo com ele. Isso se reflete claramente na escolha do melhor samba escolhido que é de 1976. Numa comparação futebolística, ele seria o Corinthians da Série B ou Atlético Goianiense da Série C de 2008 (muito superiores aos demais e com léguas de distância). O preço cobrado pelo CD é muito alto pelo nível apresentado e essa safra não vale nem o valor cobrado pelo camelô. Para mudar esse triste cenário, os jurados poderiam descontar muitos, mas muitos décimos dos sambas escolhidos. Quem sabe com isso, as escolas criem vergonha na cara e façam escolhas melhores e mais dignas do amante desse grande espetáculo. Para um gênero que já apresentou diversas obras excepcionais, isso apresentado em 2009 é digno de vergonha. NOTA DA GRAVAÇÃO: 3 (Daniel Benfica).

A safra é bem melhor que a de 2008. Nesse ano não tem sambas ruins: são de médio para bons, e pelo equilíbrio é superior à safra do ano anterior. Apesar de em 2008 termos um samba nota 10, a safra não era equilibrada como essa. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,5 (Luiz Henrique).

Ridículo! É uma mistura de Velório e Marcha Fúnebre. O disco foi mal-produzido por Laíla, Zacarias e Jorge Bruno. Se fosse produzido por Ivo Meirelles, que deu um banho de produção no CD do Acesso (que falaremos em breve) não teria esse velório que teve. NOTA DA GRAVAÇÃO: 0 (Igor Munarim).

A gravação do CD não foi uma das melhores, mas não teve erros drásticos. 2009 foi o último em que as gravações foram feitas daquela maneira (bateria fraquinha, somente com alguns instrumentos) passando, então, a ser ao vivo desde 2010. Antes, as gravações eram ao vivo (de 1993 à 1998), somente a partir de 1999 que ela deixou de ser gravada ao vivo, acabando de certa forma com a credibilidade dos CDs. Destaco os sambas da Mangueira, Mocidade, Império Serrano, Imperatriz e Salgueiro. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (João Vitor Pereira Lima).

1 - BEIJA-FLOR - "Embala eu, babá". Como já era esperado, a gravação de Neguinho da Beija-Flor deu mais força à faixa da atual bicampeã. O samba-enredo nilopolitano tem uma melodia um pouco pesada, não tanto quanto os sambas anteriores da escola, mas já é uma obra mais alegre, não carregando aquela melancolia melódica de outrora, que vinha sendo a marca dos últimos sambas da Beija-Flor. A faixa, muito bem produzida, tornou-se bastante envolvente, muito boa de ouvir, em contrapartida à versão demo, que passaria despercebida se o samba não tivesse ganho a disputa. Os dois refrões são fortes, principalmente o principal, com o contagiante verso "Embala eu, babá". A primeira parte é a mais pesada em termos melódicos e a segunda já é mais descontraída, ao citar os diversos tipos de banhos que serão vistos na Marquês de Sapucaí, com direito à grito de alegria na citação ao "banho de chuva" e ao "banho de cheiro". A melhor parte da obra está nos cinco últimos versos, a partir do trecho "Orum, a deusa do encanto", com excelente melodia. Como havia previsto no Editorial Sambario, o samba-enredo da Beija-Flor ganhou um belo banho de estúdio. E tem tudo para dar banho também na avenida. Só achei um pouco desnecessário o discurso de Neguinho no começo da faixa, pois ele sabe que todos nós estamos orando por sua recuperação, que se Deus quiser renderá a ele muitos carnavais ainda pela frente. NOTA DO SAMBA: 9 (Marco Maciel).

O criticadíssimo samba de Tom-Tom acaba mostrando a sua verdadeira face após a gravação com o espetacular Neguinho da Beija-Flor. É a melhor melodia do ano. Não existe nada mais bonito que o casamento da letra e da melodia em "Oxum: a deusa do encanto / Estende o seu manto / Aos orixás, a nossa fé (...)". O refrão de cabeça é forte e gruda no ouvido, que era o que Laíla queria - com exceção de duas ou três parcerias, as demais acharam que a Beija-Flor queria um samba "moderno", com características de outras escolas. O samba de Tom-Tom e cia. tem a marca nilopolitana e não possui uma letra embolada, característica que vinha marcando os últimos sambas da escola. Se a letra peca, é por ser direta demais - a qualidade da obra poderia ter sido elevada com alguns momentos mais sutis na construção poética (que fique claro que eu não quero os malditos "sambas aspas" com sua falsa poesia). P.ex., não era necessário falar que o banho 'evoluiu' ou foi 'excomungado'. A preocupação em detalhar a sinopse produziu uma letra muito longa. Além disso, o refrão do meio não tem grande força. É um bom samba e um dos destaques de uma safra horrenda e está no nível dos dois últimos sambas da escola. Porém, o banho de Tom-Tom está abaixo do Padrão Beija-Flor de Qualidade, estabelecido com "Caruanas", em 1998. NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos). 

Gosto muito desse samba. Ele é um pouco inferior aos últimos da agremiação, porém me agrada muito. Sua escolha gerou muitas discussões e questionamentos em sites, já que o samba de Cláudio Russo era o mais querido pelos internautas. Porém, este não me agradava muito. A letra é uma parte do samba bem questionável, longa, com excessos de terminação em “ou” e em alguns momentos apelativa e muito pouco poética, principalmente no trecho em que fala que o banho foi excomungado. A melodia é, com certeza absoluta, o ponto forte da obra, predominantemente em tom menor, com algumas partes mais alegres (meio da segunda parte e refrão principal). O mais estranho nisso tudo é que tinham pedido uma obra pequena e em tom maior, vai entender... O refrão principal, tão tachado de trash por algumas pessoas, é uma das melhores partes da obra, na minha opinião. A primeira parte é um pouco longa demais, o que acaba a deixando cansativa. Sua letra também não é das melhores, com os problemas de rimas já citados. O refrão central tem apenas como função ligar as duas partes, sem grandes momentos. A segunda parte do samba é a que mais me agrada, porém, como nada é perfeito, contém sete vezes a palavra banho (ela aparece nove vezes no samba inteiro, fora as palavras derivadas, como banhar, banhando.... assim se contariam 12 palavras). Este samba da Beija-Flor é, com certeza, um dos melhores do ano, apesar de divergirem opiniões. Isso, claro, na minha opinião. Boa sorte ao Neguinho, que fez um depoimento muito emocionante no início da faixa, agradecendo a Deus e a todos que rezaram, rezam e rezarão por ele. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi). 

A campeoníssima da primeira década no novo milênio abre a bolacha digital do Grupo Especial 2009 com um sambinha muito aquém de sua magnitude. A letra é descritiva??? Conta bem o enredo??? Evidente!!! Ponto para a comissão carnavalesca da escola nilopolitana!!! Mas é tudo resuminho de sinopse!!! A primeira parte possui uma sequência irritante de rimas terminadas em ou (começou/imperou/expulsou/inovou/acabou), não há um grande momento poético. Sem falar no verso mais trash do ano: "...o banho foi excomungado" - soa estranho num samba enredo. A melodia é razoável em alguns momentos como na parte ""Oxum, a deusa do encanto". O refrão central "As águas rolaram..." é fraquíssimo, só serve de ponte para as duas partes do sambinha. Já o refrão principal, o famoso "embala eu babá" gruda na cabeça e com toda certeza do planeta é a melhor parte da obra. Pra se ter uma idéia de como o sambinha é irregular e não se sustenta sozinho, o interprete Neguinho valorizou uma obra perdida igual agulha no palheiro! Curiosidade: teve um internauta que achou que o "embala eu babá" fazia referência a uma babá que tinha "embalado" um bebê pra dormir, logo após o mesmo ter tomado um BANHO!!! Esse não leu a sinopse!!! NOTA DO SAMBA: 7 (Luiz Carlos Rosa). 

Falando em mudança, o CD começa com uma. Deixando de lado o estilo de sambas pesados, a escola nilopolitana levará para a Avenida uma obra mais leve, mais animada. O refrão que foi muito questionado durante a eliminatória, cresce a cada dia e será um dos pontos altos da bicampeã. A letra é extensa, porém contêm o enredo inteiro. A melodia é um pouco fora do comum, mas tem uma subida de tonalidade interessante a partir de “Oxum, a deusa do encanto...”. Só há um excesso da palavra “banho” e do uso do Pretérito Perfeito no refrão do meio. Em se tratando de Beija-Flor, esperava-se mais, mas mesmo assim ainda é uma boa obra. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Guedes).

A bicampeã de 2008, sob sempre a impetuosa intervenção do diretor de harmonia Laíla, decidiu apostar em um samba um pouco mais distante daquilo que vinha habituado a levar à avenida. “Chuveiro da alegria” deixou certamente de lado a obsessão permanente da Beija-Flor pela perfeição técnica e investe em uma espécie de animação há-qualquer-custo, remetendo bastante às corriqueiras marchinhas que a agremiação, volta e meia, apresentava na década de 80. A melodia consegue cativar o ouvinte com facilidade, especialmente durante o ótimo refrão de cabeça. A letra resume o enredo com coesão, aproveitando-se bem de assonâncias e, principalmente, de anáforas, em especial na segunda parte da obra, com a palavra “banho”. Talvez a simplicidade excessiva da letra seja seu maior pecado. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Gabriel Carin).

Esse samba da Beija-Flor está muito abaixo de outras obras da escola como “A criação do mundo na tradição Nagô”, “Manoa”, etc. O refrão de cabeça é forte e gruda no ouvido. A melodia é muito bonita na parte do "Oxum: a deusa do encanto / Estende o seu manto / Aos orixás, a nossa fé (...)". O problema desse samba é mesmo a letra. É a tal história, não é porque Jairzinho fez gols em todos os jogos da Copa de 70 que eu preciso colocar isso no samba. Esse exemplo se aplica perfeitamente a obra: expressões como “o banho foi excomungado” não precisam figurar num samba. A letra é direta demais e a obra poderia ter momentos mais poéticos (não quero aquela falsa poesia e versos embolados que não dizem nada). Do jeito que ficou a obra, nada mais é que um resuminho de sinopse. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Daniel Benfica).

O samba é bom, não passa disso. Um pouco abaixo dos sambas passados da escola. A letra tem boas passadas como no verso “Oxum... a deusa do encanto”, o melhor trecho do samba. Os refrões são bons, com destaque pro principal. A primeira parte é media, não tem a boa qualidade da segunda. Pra terminar: por que a Beija-Flor não escolheu o samba de Cláudio Russo? Cantado pelo Wander Pires, era muito bom. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Henrique).

Começo as análises com uma frase do grande Haroldo Costa, publicada recentemente em outro site de carnaval: "Normalmente, temos uma reação contrária quando ouvimos os sambas pela primeira vez. Depois, com o hábito, vamos formando opinião”. Quem sou eu pra discordar de um cara com o conhecimento do Haroldo, mas acrescentaria um pequeno porém a esta reflexão: o samba bom, o clássico, o que fica pro ano inteiro, esse nos vicia na primeira audição. O samba "japonês", como diria o João Marcos outro dia, é que a gente tem que ouvir 10, 30, 257 vezes pra se "acostumar" e ficar menos pior. Infelizmente, no modelo samba-enredo do ano 2000, tem casos que nem ouvindo o dia inteiro.
Reflexões á parte, carimbo japonês pro hino de Nilópolis, perderam uma grande oportunidade de consagrar (um pouco mais) o Cláudio Russo.
A gravação vale só pelo Neguinho, que consegui melhorar o samba, mas também nem sempre dá pra fazer milagres com tão pouco.
NOTA DO SAMBA: 8,3 (Matheus Ávila).

Foi um dos que se salvaram da malfadada produção do disco. Neguinho da Beija-Flor mostra que, mesmo com problemas de saúde, sabe dar vida a um samba que a comunidade não queria por causa do verso “embala eu babá”. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Igor Munarim).

A Era Cláudio Russo chega ao fim na azul e branco de Nilópolis, e justo no momento em que Neguinho estará combalido à frente do microfone principal da escola, o que é preocupante. O samba em si não é ruim, mas pobre em letra se comparado aos de anos anteriores. A melodia segue em tom menor, como já é marca registrada da escola. Há, porém, uma discrepância de qualidade entre os dois refrões, sendo o primeiro infinitamente superior ao segundo. NOTA DO SAMBA: 9 (Cláudio Carvalho).

Na minha opinião, o pior samba da escola nos últimos 12 anos. O samba do Cláudio Russo era bem melhor que este aqui, mas Laíla e sua equipe resolveram se contradizer e escolheram o samba de Tom Tom, seguindo a mesma fórmula dos anos anteriores com sambas longos de melodia mais pesada, embora este ainda tente ser alegrinho. Antes das eliminatórias, havia sido informado aos compositores que o samba deveria ser curto e de melodia mais leve... E mesmo que não fosse pra escolher o do Russo, havia ainda vários outros sambas melhores do que esse nas eliminatórias. O samba de 2009 possui vários problemas como a grande repetiçao de palavras terminadas em "ou" na primeira parte, um refrão central completamente inexpressivo e o uso da palavra "banho" e variáveis diversas vezes. O criticado refrão principal me agrada, é animado e "gruda". Gosto também do trecho "Águas do tempo/ Fonte da vida, purificação/ No azul da fantasia mergulhei/ Nas ondas da emoção". O trecho que fala de Oxum também agrada, mas no todo o samba não é bom. NOTA DO SAMBA: 8,2 (André Mariz).

O samba da escola de Nilópolis é mediano na melodia, que por sua vez não tira o brilho do bom samba da Beija-Flor em 2009. A letra aborda bem o enredo, mas, não tem muita empolgação. Eu não entendo a parte: "Embala eu babá". Enfim, é um samba bem legal. 
NOTA DO SAMBA: 9,7 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

2 - SALGUEIRO - "Salve o mestre do Salgueiro". A Academia do Samba aposta numa obra mais funcional para embalar o enredo "Tambor", o tema que mais promete no Grupo Especial de 2009. Na minha opinião, o samba poderia ser um pouco mais emocionante para servir de fundo musical para o enredo, mas enfim... Já é uma tradição na era pré-carnaval nos depararmos com uma nova surpresa proporcionada pela irreverência de Quinho na faixa. E ele a abre com um "ei, psiu psiu", cujo som lembra mais um mata-moscas em ação. Hilariante... Sobre o samba-enredo salgueirense, o refrão principal é daqueles que promete levantar a Sapucaí abaixo. A primeira parte é envolvente, bem como o refrão central, com a animação prevalecendo. Já na segunda do samba, os trechos em tom menor aparecem com mais constância, com destaque para a bossa da bateria na segunda passada. A letra não é tão descritiva, havendo assim ausência poética na obra, baseando-se mais em citações. Na gravação, Quinho teve uma atuação correta. Mestre Louro é homenageado na letra e também no reforço do verso "Salve o mestre do Salgueiro" no final da faixa. Nada mais justo! E ficaremos na torcida para que a opção do Salgueiro por um samba mais descontraído honre o excelente enredo que a agremiação levará para o desfile em 2009. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Marco Maciel).

A equivocada escolha do Salgueiro, na minha opinião fruto de um trauma chamado "Candaces", revela-se trágica logo no primeiro verso do samba, quando a escola manda o sambista ir... no tambor! Sim, é exatamente isso - vem no tambor da Academia. Quando um instrumento musical se transforma em lugar, todo o resto se torna irrelevante. O resto da letra tem até uma simplicidade positiva, que seria melhor explorada se passasse a mensagem geral do enredo, sem ficar apenas citando os setores da sinopse de forma desconexa. Com uma ou outra adaptação, a letra genérica poderia ser usada tranquilamente em vários outros enredos (fé, carnaval, etc.). A melodia, que faz da obra uma marcha simpática, com bons momentos, tem o mesmo estilo e reutiliza muitas das soluções do samba de 2005, apesar do resultado ser mais irregular. A escola deve prestar atenção principalmente na segunda parte, que tende a cair de rendimento. NOTA DO SAMBA: 7,4 (João Marcos).

Não gosto. Este samba é praticamente uma reedição da obra de 2005, alguns compassos são exatamente iguais. Mas o samba não é de todo ruim, tem uma melodia muito boa, porém sempre surge o medo de voltarmos a uns três, quatro anos atrás até 15... o Efeito Ita. Refrões feitos para explodirem, outras partes do samba alegrinhas, letras oba-oba, clichês.... Bom, agora vamos tentar parar de malhar um pouco... Sua letra é a pior deste ano, contém muita pouca coisa do enredo, o espírito do tema não está presente, porém, em relação aos sambas do Efeito Ita, já está um pouco superior, sem grande oba-oba, como “vou sacudir, vou balançar”, “o Salgueiro é alegria”, “explode coração”... A melodia também não cai muito bem, já que o enredo pedia um samba com uma melodia mais em forma de ritual, misteriosa... porém o que ouvimos é uma melodia alegre, boa, mas sem grandes nuances e sem grande criatividade. O refrão principal é bem alegre, representa bem o espírito do samba, o “Vem no tambor da academia” é bem contagiante. A primeira parte do samba não me agrada, temos o “O som do meu tambor 'ecoa'... 'ecoa' pelo ar” e o “Vai meu 'Salgueiro'... 'Salgueiro'!”, o que acaba empobrecendo o samba, nela é onde está as maiores lembranças do samba de 2005. O refrão central é bem legal, mas é bem parecido com o refrão central de 2005. A segunda parte é a que mais me agrada, principalmente seus primeiros versos. Porém, como já disse, é um samba empolgante e dá prá escutar na boa. Existiam três sambas melhores na final, infelizmente a diretoria escolheu um samba bem criticado. Em comparação aos últimos da escola tijucana, é inferior. Agora, cá entre nós... alguém conseguiu entender o que o Quinho cantava? Algumas palavras estão bem complicadas. NOTA DO SAMBA: 9 (Vitor Pedrassi).

Quando o carnavalesco Renato Lage divulgou o enredo "Tambor" para 2009, ele pediu aos compositores que fizessem uma obra emocionante. A maioria das parcerias seguiu as regras do jogo e o Salgueiro obteve a melhor safra de sambas entre as co-irmãs do Grupo Especial. A escola tinha ótimas opções (uma delas revolucionaria o carnaval), mas acabou optando por uma obra funcional e que se encaixa perfeitamente na voz do irreverente Quinho. É um samba de maravilhosos refrões e só. O principal  "Vem no tambor da academia..." é delicioso e faz uma justíssima homenagem a todos os mestres da escola tijucana. O central "Tem batuque, tem magia/tem axé..." é de quebrar as janelas, evidentemente a melhor parte da obra. A partir da segunda parte, o samba cai assustadoramente de produção, principalmente na melodia. A letra é tecnicamente burocrática, não tem um momento de poesia marcante. É um samba que só serve mesmo pra desfilar e ficar gravado na mente até o Desfile das Campeãs. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Luiz Carlos Rosa).

Uma disputa polêmica, três sambas que marcaram a disputa e muita discussão. Ganhou o menos cotado pelos palpiteiros. O refrão é muito marcheado e, a meu ver, não tem a poesia necessária que o enredo pede. A melodia é repetitiva, mas tem uma passagem bonita no refrão do meio e no início da segunda parte. Algumas palavras estão soltas pelo samba, devido à lindíssima sinopse do Renato Lage. Faltou imaginação para encaixá-las dentro da obra... Não me contagiou a gravação. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Bruno Guedes).

Marchinha oba-oba, semelhante a quase tudo que a escola insistia em trazer após o título de 1993. Inclusive, eu particularmente considero este samba um atentado contra nossa inteligência. O Salgueiro, um dos pilares do samba de raiz, levando em conta as belas obras que apresentou durante as eliminatórias de 2009, tinha perfeitas condições de trazer um hino excepcional a seu desfile – aliás, a própria agremiação, diga-se de passagem, sabe disso. Indiferentemente, acabou optando por uma marcha insossa, cuja letra amontoa clichê atrás de clichê, preocupando-se mais em fazer vagas citações a trechos da sinopse em detrimento de uma poesia mais coerente. Provas: “Invade a alma, alucina/É vida, força e vibração!”, “Nas civilizações, cultura/Arte, mito, crença e cura”, “Tem batuque, tem magia, tem axé!”, “No canto, na dança, é festa, é popular!” ou “É show, é samba, é carnaval!”. A melodia até tenta se utilizar de algumas variações interessantes, porém estas são quebradas em função de segundos por mudanças de tons desnecessárias, voltando sempre à estaca zero. Os refrões são quase vazios em matéria de conteúdo. Fraco! NOTA DO SAMBA: 6,4 (Gabriel Carin).

O Salgueiro escolheu mais uma vez um samba equivocado para o carnaval. É um absurdo você constatar que a escola tinha sambas superiores na safra e escolheu isso. Como foi dito pelo João Marcos, a letra até tem uma simplicidade positiva, mas peca por citar os setores da sinopse de forma desconexa. A melodia tem bons momentos, mas infelizmente reutiliza muitas soluções do samba de 2005 e o resultado final é irregular. Um samba funcional que só serve para o desfile e nada mais que isso. Uma pena! NOTA DO SAMBA: 7,5 (Daniel Benfica).

Mediano! Quinho se destaca mais que o samba, o refrão principal é a melhor parte, a primeira parte é fraca, mas tem o bom verso “Ressoou da natureza... primitiva comunicação!”. O refrão do meio é morno, não tendo muita beleza, idem à segunda parte em que falta algo na letra. A melodia é reta e não tem muitas variações. A paradinha da bateria no começo da segunda passada do samba é maravilhosa. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Henrique).

Não me empolga, creio que a escola tinha melhores obras na disputa. Muitos "lugares comuns", versos muito manjados... Cadê a poesia? Cadê o lirismo? Um samba comum pra um excelente enredo. NOTA DO SAMBA: 8 (Matheus Ávila).

Em vez do samba do Edgar Filho, eles novamente escolhem uma marchinha composta por Moisés Santiago, Paulo Shell, Leandro Costa e Tatiana Leite. Ou seja, foi feita para o Quinho (que na gravação soltou um psiu, psiu) e não para a comunidade. Fernando Pamplona tinha razão: o Salgueiro vem decepcionando há muito tempo. NOTA DO SAMBA: 4 (Igor Munarim).

Segue a velha tendência de se segurar nos refrões estilo “me chama que eu vou”, e deve funcionar na avenida. A letra e a melodia, porém, são paupérrimas, e provavelmente o samba será gritado no desfile. O triste é constatar que, diante de uma sinopse confusa, não havia opção melhor pra o Sal. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho). 

Esse samba já sofre um certo preconceito por ter vencido o aclamado samba de Edgar Filho, considerado por muitos um dos melhores de todos os tempos mesmo sem ter ido para a avenida. O que é verdade! Mas este aqui também não é de se jogar fora. Tá certo que segue a mesma linha de sambas oba-oba que o Salgueiro vem usando desde 1993, visando um novo "Ita". Além disso, certos trechos fazem você se lembrar da melodia do samba de 2005 da Academia. Mas é um bom samba, que conta bem o enredo e embalou o campeonato salgueirense depois de um jejum de 16 anos. NOTA DO SAMBA: 8,8 (André Mariz).

A escola de samba do Andaraí não apresenta uma rica letra, porém a animação na melodia é irresistível, até a pessoa mas calma do mundo se agita com "Vem no tambor da Academia/ que a furiosa bateria vai se arrepiar"! Muito bom o samba do Salgueiro de 2009. NOTA DO SAMBA: (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

3 - GRANDE RIO - "Minha alma é tricolor". Felizmente, meu temor não se confirmou, pois achei que Wantuir - que não havia tido bons desempenhos nos últimos discos - mandou muito bem na gravação. Há quem reclame de alguns vibratos do intérprete na gravação, mas que pra mim passam despercebidos. O samba-enredo da agremiação de Duque de Caxias me entusiasma a cada dia, pois é muito superior aos últimos apresentados pela escola, com melodia inspiradíssima e um resultado final bárbaro. Eu, pelo menos, não canso de ouvir essa bela obra da Grande Rio com dois refrões arrasa-quarteirão e duas partes formidáveis em termos melódicos. A primeira mescla com maestria versos cantados rapidamente e outros de notas mais alongadas. Já a segunda parte apresenta soluções melódicas de encher o tricolor da Grande Rio de orgulho. A letra não chega a ser tão descritiva, mas as expressões em francês, felizmente, soam bem adequadas. E Mestre Odilon deverá deitar e rolar com as bossas de sua fantástica bateria que a melodia do samba-enredo permitirá. O samba de 2009 já briga com o de 2001 pelo posto de melhor da década na escola. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel).

A escola tem um bom samba, apesar de muito inferior ao de 2008. A escolha causou certa surpresa na Grande Rio e parece que Wantuir ainda não conseguiu se encontrar totalmente com o samba. Em algumas partes, a melodia, em relação à versão original, foi simplificada, como em "E foi saindo 'a francesa' Villegagnon" e no terceiro verso do refrão central. A modificação da melodia no final do samba foi a mais radical, porém o melhorou, dando melhor definição ao trecho. A letra é boa e a melodia tem variações interessantes, em especial no refrão do meio que, no entanto, tem muita semelhança melódica com o refrão do meio do samba da Leandro de Itaquera, de 2004, que cantava "A força, a cultura, o negro é arte (ô, ô) / O bravo imigrante, fiel sonhador, que idealizou / Gigante de pedra, que encanta e seduz, é muita emoção / Meu samba é raça e vem nas garras do leão". A simplificação da melodia na versão do CD fez com que a semelhança aumentasse ainda mais. NOTA DO SAMBA: 8,5 (João Marcos). 

Muito bom este samba, gosto muito, conseguiram tirar leite de pedra. A Grande Rio, tão criticada em sambas nos últimos tempos, vem, em dois anos seguidos, com excelentes sambas. Mingau é com certeza um dos melhores compositores da atualidade: quando ganha, ganha, e quando não ganha, merecia ganhar... foi assim em todos os anos que conheço os sambas campeões da Grande Rio e os sambas que ele inscreveu. Tudo isso, claro, sem desmerecer as outras parcerias... Agora falando do samba... A melodia é muito boa, porém o problema é a letra... digo, as rimas... nove  versos com rimas em “ar” (contando com o “Oui, Voilá!”) e 8 em “ão” (contando com o “Vilegagnon”), fora os “er” que também irritam um pouco. O refrão principal é de excelente qualidade, há também de se dizer a forma que o Wantuir mudou o pronuncia do “Oui, Voilá”. A primeira parte, apesar de ser, na minha opinião, muito cadenciada, me agrada bastante. O refrão central é o ponto forte da obra, mas há de se falar também da semelhança com o refrão central do samba da Leandro de Itaquera do ano de 2004, quando falava de São Paulo: “A força, a cultura, o negro é arte... ôô / Um povo imigrante fiel sonhador, que idealizou! / Gigante de pedra que encanta e seduz, é muita emoção / Meu samba é raça e vem nas garras do leão”, principalmente nos dois primeiros versos. A segunda parte deste samba é muito boa também, apesar da repetição de rimas. Este samba é com certeza um dos melhores do ano e um dos três melhores sambas da escola no Séc. XXI. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Pedrassi). 

Pela segunda vez consecutiva a agremiação de Caxias apresenta um belíssimo samba enredo que exalta o ano da França no Brasil (2009). O ponto forte da obra de Mingau e parceiros é sua inspiradíssima melodia, principalmente na segunda parte. O refrão principal "Minha alma é tricolor..." é fortíssimo, chama a comunidade caxiense a cantar de joelhos. De negativo apenas o excesso de rimas terminadas em ar na primeira parte e os desnecessários vocábulos franceses ao longo do samba, o que dificulta o canto do componente. Mesmo assim é evidente a qualidade desse samba, um dos melhores de 2009. Fiquei apenas decepcionado com a interpretação de Wantuir, que não parecia estar muito seguro na faixa. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Carlos Rosa). 

Um dos grandes sambas do ano. Ainda não me acostumei com a voz do Wantuir na escola Caxiense, mas ele começou com o pé direito. O samba tem uma melodia que parece triste, mas na verdade é emotiva. No final da segunda parte ela sobe, troca o foco e se torna mais “pra cima”. A letra tem boas soluções, como no refrão do meio, onde fala do Iluminismo. O refrão final pegou de primeira nos ouvidos. Muito bom o samba. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Bruno Guedes).

O enredo sobre a França gerou um samba com a marca registrada de Derê, Mingau e Emerson Dias, gostoso de cantar. A letra possui adornos poéticos de primeira linha. A melodia tem como destaque aos refrões, ambos de muito bom gosto. O de cabeça, incrementado com expressões em francês, passa uma empolgação indiscutível ao ouvinte. Já o central, caindo para tom menor e sendo entoado de forma mais rápida que as demais partes do samba, demonstra claramente a intenção dos compositores em fazer uma obra original e diferenciada, o que já seria um fator relevante. Sem grandes explosões de genialidade, às vezes, sua audição torna-se um tanto cansativa, porém ainda se trata de um dos melhores hinos do ano, o que infelizmente não quer dizer grande coisa. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Gabriel Carin).

Um bom samba, mas nada de excepcional. A letra é boa e a melodia tem variações interessantes. Como foi dito pelo Sambario, o refrão do meio tem muita semelhança melódica com o samba da Leandro de Itaquera de 2004. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Daniel Benfica).

Belo samba! A letra divide versos grandes e pequenos, o refrão principal é bacana e gostoso de cantar. O “Oui. Voilá!!” até quebra a melodia, mas nada que estrague. A primeira parte é boa, o refrão do meio é mediano, e a segunda parte é sensacional com passagens brilhantes. Esse samba é o segundo melhor samba-enredo da escola nessa década, perdendo apenas pro brilhante samba de 2001. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Luiz Henrique).

Pra mim é dos melhores da safra, mas confesso que ainda me soa estranho esse samba na voz do Wantuir. Ainda assim, o samba tem força, boa letra e melodia, especialmente na segunda parte. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Matheus Ávila).


Um dos grandes sambas inéditos do ano, Wantuir começou com pé direito na escola de Caxias. NOTA DO SAMBA: 10 (Igor Munarim).

A letra é até bonita, mas a melodia se arrasta e encaixou-se muito mal na voz de Wantuir. Não digo que a escola de Caxias terá que sambar muito para alçar um lugar entre as grandes, pois todos sabem que ela é incapaz de fazer isso e mesmo assim tem cadeira cativa no desfile de sábado. NOTA DO SAMBA: 9 (Cláudio Carvalho).

Um dos melhores do ano! Na minha opinião, a voz de Wantuir não se encaixa muito com o samba, que era melhor cantado pelo Bruno Ribas. Mas mesmo assim é muito bom. O trecho "Eu vi nascer/ Um novo dia florescer/ Sonhei com as cores de Debret/ Emoldurando o amanhecer" é um dos melhores do ano. O samba porém apresenta dois "senãos": O fato do trecho "Le mon amour é a França" estar gramaticalmente errado e a melodia do refrão central que é simplesmente igual ao do samba da Leandro de Itaquera de 2004. Mas no geral é um ótimo samba. NOTA DO SAMBA: 9,2 (André Mariz).

O samba não é nenhuma obra prima, mas é muito bom. Aliás o que faz ele não ter melhores elogios aqui em minha cidade é sua melodia, que se torna cansativa em alguns momentos, mas sua letra é muito boa e o enredo é bem mostrado no samba. A escola mesmo assim está de parabéns. 
NOTA DO SAMBA: 9,6 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

4 - PORTELA - "São 21 estrelas que brilham no meu olhar". É um samba que, além de trazer a marca portelense, que é o lirismo melódico, também é valente, embora esta qualidade tenha sido um pouco ofuscada com as subidas nos tons dos dois primeiros versos do refrão central, além do trecho "Lendas do povo europeu". É uma tendência que infelizmente contagia as escolas nos dias de hoje, que procuram evitar de todas as maneiras esses versos de tons baixíssimos que muitas vezes contribuem de forma gigantesca para o crescimento de qualidade de um samba-enredo. O hino portelense de 2006, exemplificando, decaiu muito em qualidade em função disso. O samba foi gravado numa bela cadência, com atuação segura de Gilsinho. No refrão principal, é naturalmente realizada uma declaração de amor à Portela, indiretamente adequada ao enredo. Já o central teve uma queda de qualidade com a já referida subida de tom nos dois primeiros versos. As duas demais partes têm estrutura similar poética e melodicamente, com o tradicional lirismo portelense prevalecendo e os compositores conseguindo, de forma adequada, citar os setores do enredo por toda a letra, como o povo europeu, Índia, cinema, ciência e os antigos carnavais. Os cinco últimos versos, a partir da citação às 21 estrelas (referência ao número de títulos conquistados pela Portela no carnaval), dispensam comentários em termos melódicos. Simplesmente fantástico! A esperança dos portelenses é que, a partir da Quarta-feira de Cinzas, o folião brade que são 22 estrelas que brilham no nosso olhar. Vamos aguardar! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel).

A letra é prejudicada pelo enredo confuso - o tema é simples, mas a falta de foco fez com que um monte de coisas diferentes seja conectada por um "amor" mais genérico, quase como Paulo Barros fez no "É de arrepiar". E, neste momento, a mensagem do samba fica quase incompreensível. A coisa melhora na segunda parte, que é o que o samba tem de melhor, principalmente quando fala de carnaval e da própria Portela. A melodia é bem construída, mas a tonalidade utilizada na gravação dá um aspecto morno à faixa - fato que, aliás, vem acontecendo com todos os sambas da escola desde 2005. NOTA DO SAMBA: 7,9 (João Marcos). 

Um dos melhores sambas do ano, quem sabe o melhor. Quando disponibilizada a versão concorrente do samba, não gostei, o achei chato e cansativo, mas o samba foi me conquistando aos poucos. Sua melodia é dotada de lirismo e sua letra, apesar de muito didática, é de intenso agrado. Tentando comparar dois sambas sobre o amor, o da Portela e do Arranco, sinceramente declaro empate, são dois sambas de estilos distintos, e apesar do tema ser igual, a abordagem do enredo é muito diferente. O refrão principal deste samba é muito bom, mesmo com a bendita rima “Oswaldo Cruz e Madureira” com “bandeira”. A primeira parte deste samba é maravilhosa, mesmo sendo muito didática. Chegamos ao momento mais complicado do samba inteiro, o refrão central... o que fizeram com ele??? Pelo amor de Deus... Era um momento diferente, de rara inspiração dos compositores... agora... caiu na mesmice, pra cima, como sempre... É mais uma coisa quase inexplicável! Mas, vamos lá... A segunda parte deste samba é a que mais agrada a todos, mas, sinceramente, prefiro a primeira. Possui, com certeza, a parte mais lírica de toda a obra. O “São vinte e uma estrelas que brilham no meu olhar / Se eu for falar da Portela não vou terminar” é muito emocionante. Em comparação aos últimos sambas da Portela, é do mesmo nível. Gilsinho mais uma vez tem atuação apagada no CD, mas acredito que deva arrebentar na avenida de novo. Está aí um grande candidato ao Estandarte de Ouro e os 40 pontos. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Vitor Pedrassi). 

O que mais temia aconteceu: mudaram o excelente tom melódico do refrão central  "Meu coração... guerreiro", na minha opinião, o ponto alto do samba portelense. Era gostoso cantar o samba, principalmente quando chegava no maravilhoso verso final da primeira parte "Mãe Africa Negra/o amor cruza o mar/liberdade..." atingindo ao ápice no ex-valente refrão central, em tom baixo, diferenciado: "Meu coração... guerreiro". Mas infelizmente a diretoria resolveu colocar um tom mais pra cima... Uma pena!!! No geral, agora falando da versão original, a obra é bem simples, conta bem o enredo apesar de forçações de barra como no verso "Doze cavaleiros se uniram..." e lógico, não poderia faltar os clichês batidos da parceria campeã "Minha Portela", "Minha Águia", "Osvaldo Cruz e Madureira", e "O homem...”. Destaque para a última estofe da segunda parte do samba "São 21 estrelas que brilham no meu olhar..." de letra e melodia esplendorosa. Mas a bem da verdade, o samba é bonzinho, mas muito inferior aos dos anos anteriores. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Luiz Carlos Rosa). 

Sambaço. E olha que não era o meu preferido, nem o que eu considerava melhor. A letra é bonita, sem exageros... Tem um refrão principal de matar qualquer portelense de emoção. A melodia é linda, mas no refrão do meio se perde. Sem dúvidas, o momento mais bonito do samba e das obras inéditas para 2009, é na parte que cita as 21 estrelas que brilham no olhar do torcedor da escola. Mesmo quem é apaixonado por outra agremiação se comove com a beleza dessa passagem. Um samba com padrão “Portela” de qualidade. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Bruno Guedes).

O que será que me dá? Que me bole por dentro, será que me dá?”. Eu sinceramente tenho pena dos autores deste samba, que, apesar de terem pego um tema sobre o amor, presente em tantas obras-primas da MPB, tiveram que ser submetidos a uma abordagem tão complicada de uma sinopse árida, na qual a construção do Taj Mahal talvez seja mais importante que todo o lado emocional do enredo existente em todos nós – exceto apenas nos carnavalescos, quem sabe. De qualquer maneira, Diogo Nogueira se afastou completamente da simplicidade presente em seus sambas anteriores. A fim de aludir a todos os tópicos do enredo, a letra tornou-se de difícil canto, dando voltas demais para falar de algo simples. A melodia acaba perdendo força em meio a tantos detalhismos minuciosos. NOTA DO SAMBA: 7,7 (Gabriel Carin).

Esse samba da Portela é um belo exemplo do que uma sinopse muito ruim pode gerar num enredo simples que nem esse. Um “amor” mais genérico na definição da palavra. A primeira parte do samba é quase incompreensível com um monte de citações que tornam essa parte muito forçada. A segunda parte é a melhor do samba, principalmente naquela que fala da própria Portela e do carnaval. A melodia é bem construída, mas sinceramente, a escola tinha coisa melhor na disputa de samba e essa obra é razoável, nada mais do que isso. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Daniel Benfica).

Outro grande samba! A obra da Portela é a melhor da escola nessa década. O samba, apesar de grande, é lindo e tem refrões bons. O principal é uma declaração de amor à escola e é formidável. O do meio é médio, a pior parte do samba. A primeira parte é bacana, a segunda parte é muito bonita e a melhor passagem  do samba é o final a partir do verso “São vinte e uma estrelas que brilham no meu olhar”, em que o samba vira nostalgia pura. O segundo melhor samba do ano. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Luiz Henrique).

Mantém o padrão dos dois carnavais anteriores, mas sinceramente tenho profunda aversão a estes enredos batidos, e mais ainda a jargões repetitivos. Depois da Mangueira padecer com o "sou Mangueira" agora a Portela é saraivada de "Osvaldo Cruz e Madureira". Claro que é imprescindível exaltar a comunidade da agremiação, mas existem outras maneiras de se colocar isto numa letra, ou não?
NOTA DO SAMBA: 9 (Matheus Ávila).

Um samba muito bem escolhido e muito bem cantado pelo Gilsinho. NOTA DO SAMBA: 9.9 (Igor Munarim).

Junior Scafura e cia vem dando mostra de desgaste enquanto campeões na escola. O samba do ano que vem é inferior ao de 2008, que por sua vez é inferior ao do ano passado. A letra é por demais grandiosa, e contém uma série de lugares comuns. Ninguém agüenta mais a referência a Oswaldo Cruz e Madureira. Além disso,os “ranchos, blocos e cordões” já tiveram passagem no samba de 1995. A melodia, por sua vez, é morosa e se arrasta em alguns momentos. A Portela precisa rever alguns conceitos no quesito samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 9 (Cláudio Carvalho).

O grande pecado deste samba é amontoar todo o enredo na primeira parte pra se tornar lírico na segunda. Outro detalhe foi a mudança drástica que fizeram na melodia do refrão central, que na versão dos compositores era "pra baixo" e no CD ficou "pra cima", ganhando funcionalidade e perdendo beleza. Fora isso é um samba pra fazer qualquer portelense cantar a plenos pulmões! A escola conseguiu um terceiro lugar, sua melhor colocação nos últimos 14 anos. NOTA DO SAMBA: 9,1 (André Mariz).

O samba não me agrada muito. Mas este ano não teve samba ruim. O samba não parece ser da gloriosa Portela, mas não é ruim. NOTA DO SAMBA: 8,9 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

5 - UNIDOS DA TIJUCA  - "O meu Borel visto de cima é mais bonito". Um dos destaques da safra, o samba tijucano, apontado por alguns como o melhor do ano, se destaca por não ser tão funcional como os anteriores da escola. A primeira parte é, de longe, a melhor da obra. Tanto pela qualidade dos versos quanto pela belíssima melodia. Não é um exagero salientar que a primeira do samba já vale por toda a obra, tamanha é a sua beleza em todos os sentidos. O restante do samba-enredo já se enquadra no estilo da funcionalidade que vem sendo corriqueira na Unidos da Tijuca desde 2004, principalmente pela segunda parte em termos melódicos e com letra mais descritiva (em contrapartida à poesia da primeira). O refrão principal também é mais funcional. O central não deixa de ser, embora apresente uma melodia fantástica nos dois últimos versos "Luar que embala meus sonhos/luar de qualquer estação". Infelizmente, achei que Bruno Ribas ficou devendo, pois o intérprete tem apenas uma atuação discreta no álbum. Mas ele terá a honra de defender o melhor samba tijucano desde o histórico "Agudás", de 2003. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel).

Muita gente boa vem me apontando, seja por e-mail, seja amigos compositores, este como sendo o melhor samba da safra. A impressão que eu tenho, no entanto, é de que a obra tem mais estilo do que substância, semelhante à Mocidade 2007. Parece-me um samba mais fácil de se admirar do que amar. A letra tem momentos interessantes, justamente por ser mais interpretativa que a média, porém a melodia parece um tanto quanto "travada", com poucos momentos de diferencial. O ótimo refrão do meio é o grande destaque da obra, mas não consegue "soltar" o samba. Aliando isto a uma performance burocrática de Bruno Ribas, acabamos tendo mais uma faixa morna no CD. NOTA DO SAMBA: 8,4 (João Marcos). 

Bom samba, porém com um tempo se torna cansativo. Apontado por alguns como o melhor samba do ano, ele me agrada. Bruno Ribas, na minha opinião, não gravou o samba muito bem, pois considero a versão dos compositores superior a esta. A letra é bem qualificada e poética, sem grandes criatividades e deixa o enredo meio complicado de entender, mas ainda sim consegue sair um pouco da característica que os sambas da Tijuca tinham tomado. A melodia é lírica, bem diferente dos últimos anos, mistura alguns momentos alegres e outros mais pra baixo. O refrão principal é de muita qualidade, porém, como quase todo o samba, é cansativo. A primeira parte é boa, principalmente os primeiros versos, que gosto muito. Pessoalmente, não gosto muito do final, por achar que o “Oxalá” sai um pouco forçado, não pela letra, mas pela melodia, que é atrasada um pouco pra caber, e acaba tirando um pouco da explosão. O refrão central é muito bom também, principalmente os dois últimos versos, que, no caso, a repetição da palavra “luar” dá mais poesia aos versos. Eu, pessoalmente, acho que o verso: “Da ciência à navegação” ficou meio solto na melodia, mas pode ser só impressão minha. Ah, o primeiro verso (“Vai Tijuca, me faz delirar”) bem que dá uma margem prá um duplo sentido, né? A segunda parte é a que mais me agrada, principalmente os seis primeiros versos (“Eu vi brilhar, em seu olhar, a devoção / A lenda do guerreiro e o dragão / O despertar da fantasia / Vi também, a criança em seu carrossel / De heróis das estrelas, um céu / De mistérios e magia”). Como já disse, considero um bom samba, porém um pouco cansativo. Comparando com os últimos da escola, é superior. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Vitor Pedrassi). 

Taí o samba que mais me agradou no Grupo Especial de 2009. É um samba muito bem construído. A letra é simplesmente maravilhosa num casamento perfeito com a melodia em sua fantástica primeira parte! Embora com clichêzinho básico, o refrão central "Vai Tijuca, me faz delirar" é bastante gostoso de cantar e os versos do mesmo "Luar que embala meus sonhos/luar de qualquer estação" tem um efeito fantástico. A segunda parte em termos melódicos também é fascinante, principalmente a partir do verso "Na tela/tantas jornadas pelos astros...". Já o levíssimo refrão principal "A nave vai pousar/e conquistar seu coração..." lembra aqueles feitos nas décadas de 80 e 90. Num todo é uma obra belíssima, é claro que não está entre as melhores da escola, mas é destaque de uma safra burocrática. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Luiz Carlos Rosa). 

Outro grande samba de 2009. A interpretação do Bruno Ribas está perfeita. A letra do samba é muito inspirada, com uma poesia simples, mas de efeito. A melodia também é simples e superior aos últimos três anos. Tem dois refrões fortes, com cara de Tijuca. Primeira parte de tirar garra até de onde não se pode imaginar. Uma das melhores gravações, se não a melhor, do CD. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Bruno Guedes).

Bom samba, cumprindo coerentemente seu papel de narrador de um enredo inteiramente visual. A letra, escrita toda em primeira pessoa, possui algumas imagens poéticas interessantes, comparando o morro do Borel a todo o momento com as diversas passagens do enredo. A melodia, do mesmo modo, tem como ponto alto sua funcionalidade. Entretanto, a obra carece de um pouco mais de sentimento, haja vista que o fascínio pelos céus, sem dúvida, mexe com os brios de cada um de nós, o que poderia ser explorado com maior aprofundamento. Falta-lhe um quê de ousadia, o que difere obviamente um samba exuberante de um mero mais-do-mesmo. Mas é ainda uma bela obra. NOTA DO SAMBA: 8 (Gabriel Carin). 

Numa safra horrível que nem essa, o samba da Tijuca é considerado por muitos o melhor do ano do lado B (o Império é o melhor, mas é reedição de 1976). A letra tem momentos interessantes e é mais interpretativa que as demais. O refrão do meio é ótimo. A melodia tem alguns momentos de diferencial. Está muito longe dos grandes sambas que a escola produziu, mas tem certo destaque nessa safra deprimente de 2009. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Daniel Benfica).

Samba bom, tem na melodia seu ponto forte como na primeira parte onde a melodia é brilhante. A melhor parte do samba são os versos “Cruzou o céu no limiar do infinito/O meu Borel visto de cima é mais bonito”. Os refrões são médios, o melhor é o do meio, e a segunda parte é fraca. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Luiz Henrique).

Também entre os melhores do ano. Esse rapaz, o Sr. Bruno Ribas, é um fenômeno pra transformar um samba (pra quem não ouviu, escutem a gravação da Mocidade do carnaval passado e vejam o que é uma interpretação E S P E T A C U L A R de um samba-enredo). E o da Tijuca é muito bem feito, tem uma letra interessante e boa melodia, apesar do refrão ser meio manjado. Mas no geral, o samba é bom, e com esse cidadão no microfone, é brincadeira. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Matheus Ávila).

Um samba muito bem escolhido e muito bem cantado belo Bruno Ribas, mas foi prejudicado pela precária produção do disco. NOTA DO SAMBA: 9.5 (Igor Munarim).

Um dos melhores sambas do ano. Letra bem elaborada, com boa métrica e melodia correta. A escola do Borel, que tem uma belíssima e pouco comentada safra de sambas-enredo, nos brinda com mais essa bela obra. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho).

Diferente dos anos anteriores, a escola escolheu um samba mais lírico, de melodia poética e que na minha opinião ficaria melhor ainda na voz do Wantuir. Eu particularmente gosto muito do samba, principalmente no trecho: "Eu vi brilhar/ Em seu olhar a sedução/ A lenda do guerreiro e o dragão/ O despertar da fantasia". Infelizmente não livrou a escola do Borel de uma pífia nona posição. NOTA DO SAMBA: 9,7 (André Mariz).

É um samba muito bacana, e é melhor que o de 2006. Destaco o refrão do meio e a primeira parte inteirinha. A bateria estava muito boa e o Bruno Ribas deu um show! NOTA DO SAMBA: 9,5 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

6 - IMPERATRIZ  - "Se você fala de mim, não sabe o que diz". Paulinho Mocidade, na sua volta à agremiação leopoldinense, se mostrou um tanto desentrosado com o samba, pelo menos na gravação. O veterano intérprete tem atuação opaca, fazendo o bom samba da Imperatriz cair bastante de produção com relação à gravação demo de Luizinho Andanças. Mas com um pouco mais de ensaio, Paulinho, que já puxou tantos desfiles campeões na Sapucaí, pode devolver a qualidade do hino gresilense. Ainda tenho curiosidade de, em um dia, ouvir esse samba na voz do ex-intérprete Preto Jóia (hoje na porto-alegrense Praiana), que certamente deitaria e rolaria com um samba-enredo feito com a sua cara. Falando do samba, a Imperatriz, para comemorar os seus 50 anos de história, optou pela obra mais descritiva, que chega a relatar com detalhes as origens e as maiores glórias da verde-e-branco de Ramos. A extensão da letra permite uma melodia mais complexa, gerando um produto final com diversas variações que infelizmente ficaram enfraquecidas com a fraca gravação de Paulinho. O refrão principal é viciante, ainda que eu considere polêmico o verso "Se você fala de mim, não sabe o que diz". Já o central acabou sendo prejudicado no CD pelo fato de Paulinho ter baixado o tom na sílaba "bas" no vocábulo "bambas" no segundo verso, não dando assim o gancho correto para a conclusão do estribilho, proporcionando a impressão de semitonação no trecho. Vale a comparação com a gravação de Luizinho, que cresce o tom na última sílaba de "bambas", fazendo com que o refrão central funcione perfeitamente. Mesmo com o registro irregular no álbum, a Imperatriz contará seus 50 anos de história com um belo samba. Bacana a participação do Grupo Fundo de Quintal, citado na letra do samba-enredo, no início da faixa. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel).

O samba é de audição estranha. A primeira parte tenta ser ousada, com variações complexas, mas falta o "gancho", um tema melódico que faça com que todas aquelas "experiências" façam sentido dentro do todo. Fica desconjuntado demais, diferentemente dos sambas de Eduardo Medrado. E aí, eu não consigo entender - se a escola escolhe um samba desses, dificílimo, com partes complicadas de cantar e encaixar na métrica, porque não escolhe um samba com a marca Medrado, que costuma ser muito mais técnico, bem construído e talvez fosse até mais simples para o componente entender? E o que falar do refrão do meio, que está claramente sem qualquer definição? - No trecho "Villa-Lobos, Pixinguinha e outros bambas", a melodia é simplesmente inexistente. Evidentemente, o samba tem bons momentos, que justificam o carinho que ele recebeu durante as eliminatórias da escola, como em "E pra cantar o nosso orgulho a nossa emoção" em diante. Mas é tecnicamente imperfeito demais e causa até certa agonia nos momentos em que os equívocos estéticos ficam expostos. NOTA DO SAMBA: 7 (João Marcos).

Bom samba também. Paulinho colocou um novo ritmo, um novo balanço ao samba...  semelhante ao que aconteceu em 2008 com o Preto Jóia. Aliás, lá estão os pratos de novo estragando a faixa. Esse ano nem tanto, mas no ano passado estava quase insuportável. Este samba tem uma melodia bem diferente, bem variada durante todo o samba, e além do mais é bem complicada pra cantar. A letra é boa, apesar de alguns trechos bem esquisitos. O começo da faixa é muito bom, com o Grupo Fundo de Quintal cantando o refrão principal. Ele (o refrão principal) é um dos melhores trechos em relação à melodia. Já em matéria de letra, existem dois equívocos: 1º: “A festa vai começar”, pense na situação: toda a escola já desfilou e lá tá o Paulinho cantando que a festa vai começar??? Deviam ter pensado nisso... 2º: “Se você fala de mim, não sabe o que diz”, e quem fala bem, defende a Imperatriz também não sabe o que diz??? Perguntas sem respostas... A primeira parte começa muito bem, com os primeiros versos de grande qualidade, em estilo diferente. A parte seguinte também é muito boa, bem cadenciada. O problema do samba, na minha opinião, é o refrão central que eu considero bem chato. A segunda parte é bem esquisita, praticamente feita de dois em dois versos, cada hora uma melodia diferente. Gostei bastante da força que deram pra palavra “Cererê”. Enfim, é um bom samba, porém é bem inferior ao do ano passado e superior aos do Séc. XXI da escola. Ah, e andam falando por aí que essa faixa é cantada por um ex-intérprete em atuação. Não sou eu que estou dizendo, porque gosto bastante do Paulinho. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Pedrassi).

2009 marca o cinqüentenário de uma das agremiações mais gloriosas do nosso carnaval interplanetário: a Imperatriz Leopoldinense. E o enredo não só exalta a escola como também a comunidade de Ramos. Quanto ao samba, acho que a escola escolheu um samba pra desfile. Tudo bem que conta o enredo com competência, mas isso é muito pouco. Pelo menos a parceria de Josimar sabe fazer refrões contagiantes como ninguém. O refrão principal "A festa vai começar/eu vou mostrar..." é muito forte. Já o central "Vão se encontrar/Villa-Lobos, Pixinguinha e outros bambas..." é simplesmente fantástico, gruda como "superbonder". As demais partes a meu ver passam despercebidas. O ponto negativo da obra apenas razoável é a repetição da palavra "campeão" por duas vezes na segunda parte. Infelizmente o interprete Paulinho Mocidade não gravou bem a faixa da escola. Mesmo assim é um ótimo intérprete. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Luiz Carlos Rosa).

Gosto muito do Paulinho Mocidade. E quando canta um samba com a cara dele, mais ainda. O samba tem certa revolta na letra, explícita no refrão principal, onde os compositores colocaram todo o questionamento dos últimos cinco títulos gresilenses em forma de poesia. A melodia é muito gostosa de ouvir e na parte que cita os campeonatos da escola, fica linda nessa segunda parte... Samba valente, com jeitão de que vai levantar a Sapucaí. A sinopse e, conseqüentemente, a história da escola, estão bem resolvidas na obra. Ótimo samba. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Guedes).

Salvo de uma maneira espetacular pela interpretação de Paulinho Mocidade, o cinqüentenário da Imperatriz foi lamentavelmente desmerecido por um samba enjoativo, abaixo das expectativas. A obra tem até algumas belas sacadas, como os versos “Nos carnavais ranchos e blocos vão mostrar/Que em nossas veias correm notas musicais” ou “Vão se encontrar/Villa-Lobos, Pixinguinha e outros bambas”, no entanto ouvi-la várias vezes acaba se tornando, de fato, uma experiência intragável. Repleta de versos longos, a letra tem seu canto muito mal dividido, embolando rebuscamentos acerbados, ilusoriamente poéticos, na tentativa de enganar o ouvinte com um aparente romantismo. A melodia se arrasta interminavelmente, mudando de tonalidade de modo abrupto e exaustivo. Em resumo, o hino se aproxima muito mais dos pagodinhos do Cacique de Ramos que de qualquer um dos grandes sambas-enredo citados no enredo. NOTA DO SAMBA: 6,9 (Gabriel Carin). 

O samba tem bons momentos e diferentemente de outras coisas que passaram nas eliminatórias, esse hino justifica a atenção que recebeu na disputa. O problema dessa obra é que ela é muito difícil de cantar e é tecnicamente imperfeita demais. O hino de 2005 do mesmo Josimar e do mesmo Jorge Arthur também era imperfeito, mas sua inocência encantadora me encantava mais do que esse de 2009. O samba é razoável e, para quem já teve hinos que nem “Brasil, Flor Amorosa de Três Raças”, “Liberdade, Liberdade”, etc., isso é muito pouco. NOTA DO SAMBA: 7,1 (Daniel Benfica). 

Mediano o samba, e a gravação é muito ruim, sendo melhor na versão dos compositores. Paulinho Mocidade, assim como falou o Marco Maciel, estava desentrosado com o samba. O refrão inicial é muito bom, melhor passagem do samba, a primeira parte é bacana, principalmente quando fala dos carnavais, ranchos e blocos. O refrão do meio é fraco, a segunda parte tem versos forçados assim como “O grito de campeão vem” e “Imperatriz, traz o Fundo de Quintal”, muito ruins. Como leopoldinense, acho que a escola merecia muito mais que esse samba. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Luiz Henrique). 

O melhor. Baita samba, e uma bela homenagem pra Imperatriz. Achei que o samba cresceu na gravação do CD, até pela interpretação do grande Paulinho Mocidade, que pra mim não pode ficar de fora do Grupo Especial de jeito nenhum. Porém (e sempre um porém) esse samba era pro Preto Jóia, pela identificação com a Leopoldinense. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Matheus Ávila). 

Bom samba que não rendeu o esperado no disco. Nem Paulinho Mocidade, nem o Grupo Fundo de Quintal conseguiram dar vida a esse samba.  NOTA DO SAMBA: 8.9 (Igor Munarim).

Como já disse anteriormente, auto-homenagem não costuma dar certo em lugar nenhum. O bairro de Ramos e a Imperatriz, no entanto, tem muita história pra contar. Tal fato deveria render um bom samba, o que acabou não sendo o caso. A letra até descreve razoavelmente bem a sinopse do enredo, mas “Se você fala de mim, não sabe o que diz” remete mais à Vila Isabel do que ao subúrbio da Leopoldina. A melodia é dolente e marcheada. Eu diria até sonolenta. Será difícil para a escola fazer bom papel diante disso tudo. Mais ainda se levarmos em consideração que Paulinho Mocidade já deu o que tinha de dar enquanto interprete do Grupo Especial. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho).

Péssimo, o pior do ano! O samba, que já era horrível no CD, conseguiu se superar na avenida, ficando pior ainda na voz de um Paulinho Mocidade rouco e desafinado. Boi com abóbora da Rainha de Ramos no seu cinquentenário. A primeira parte ainda consegue ser boazinha, com uma boa melodia, mas o resto é tenebroso, a segunda parte então é trash e sem criatividade. Havia sambas melhores nas eliminatórias! Depois do lindo samba de 2008, esta pisada na bola em 2009. NOTA DO SAMBA: 7,2 (André Mariz).

A Imperatriz mais uma vez deu um show. O refrão é bem empolgante e o samba possui letra e melodia igualados em relação a riqueza do samba. NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 

7 - VIRADOURO  - "A Viradouro pede axé". O samba-enredo já marcou polêmica pelo trecho que sugere a proteção do biocombustível por parte de Olorum. Lembrando que o enredo não fala da cultura baiana, e sim da energia proporcionada industrialmente pelo Estado, além de defender, entre outros projetos, o Protocolo de Kyoto (o dito "acordo do bem"). É claro que o patrocínio da Petrobrás interferiu nos polêmicos versos presentes na primeira parte da obra. Mas tudo isso é de menos! O samba-enredo da Viradouro para 2009 compensa por possuir uma deliciosa melodia, valorizada pela excelente interpretação de David do Pandeiro, proporcionando um daqueles sambas que você não se cansa de ouvir. O refrão principal é maravilhoso. A primeira parte e o refrão central são de uma leveza descomunal. Destaque para a passagem ao estribilho, em que os acordes fazem uma apoteótica preparação do verso "Dendê, meu dengo, óleo de cheiro" para "Um dia Oxalá iluminou". Particularmente, achei fantástico. A segunda parte é mais inspirada ainda melodicamente, com destaque também para os três últimos versos. Que o bom samba da Viradouro embale da melhor forma possível o complexo enredo que Milton Cunha pretende trazer para a Marquês. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel).

O melhor samba, dentre os novos do ano. Dois refrões possantes, uma melodia extremamente variada e bem construída, um samba super gostoso de cantar, coisa de quem é craque e sabe o que está fazendo. É um samba que resgata as características das ótimas obras da Viradouro do início dos anos 90 - que, por sinal, possuem a assinatura de Heraldo Faria e Flavinho Machado, como este aqui. A melodia só não flui com perfeição no meio da segunda parte, nada, no entanto, que apague as qualidades da obra. Além disso, pela confusão que é o enredo, até que a letra é bonita. Só quem é bom mesmo consegue colocar a palavra "biocombustível" num samba e não parecer forçado. Infelizmente, pode ser prejudicado na avaliação dos jurados justamente por causa do enredo, que é confuso demais e resume a Bahia à mamona e cultura negra. NOTA DO SAMBA: 9,2 (João Marcos). 

Faixa simpática. A Viradouro, ao contrário dos últimos anos, traz um ótimo samba. Não é uma obra-prima, mas é bom. David do Pandeiro consegue melhorar bastante a sua atuação em relação à gravação dos compositores, que na época em que foi escolhido, não gostava. Falando do samba, é dos compositores multi-campeões da Viradouro, Heraldo Faria (que também é compositor do samba da Cubango) e Flavinho Machado, dois ótimos compositores. No que se diz em melodia, é muito bem feita, mas acredito que o final da primeira parte ficou um pouco esquisita. A letra não é das melhores, com alguns versos esquisitos, como o que diz que Olorum mandou buscar na mata a proteção. A introdução da faixa é bem dispensável e chata. O refrão principal é bem forte, já começando a impor respeito. A primeira parte é boa em melodia, mas peca um pouco em letra, por exemplo: “Quando Orum se encontra com Ayê”, o que acontece??? A letra parece um pouco um pouco difícil de entender. O seu final, como já disse, é um pouco esquisito em melodia, principalmente pelo refrão que está por vir. O refrão central começa em tom menor, pra baixo, e, nesse caso, não é nada bom. Por isso, o considero a pior parte da obra. Aliás, a letra é meio confusa, ao que parece, os dois primeiros versos não tem nada a ver com os dois últimos. Mas, pode ser só impressão, pois não li a sinopse. A segunda parte do samba é, com certeza, a melhor em termos de melodia e letra. A parte mais empolgante e bonita do samba são os três últimos versos: “A água deixa o céu e se abraça com o chão / Renova a energia sob as bençãos de um trovão / Vermelho e branco, que paixão!”. Enfim, é um bom samba, bem melhor que os últimos da agremiação. Prá mim, é a síntese da safra: letra fraca e confusa em alguns momentos e uma melodia boa, com alguns problemas. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Vitor Pedrassi). 

Particularmente achava o samba da Viradouro muito irregular. Entretanto, com o tempo - principalmente com a versão original - o samba me conquistou de vez. É um dos destaques de 2009. Heraldo Faria e Flavinho Machado conseguiram "driblar" a sinopse e fizeram um bom samba, apesar do enredo que fala sobre o biocombustível inconcebível. Destaco o refrão principal "A Viradouro pede axé/Caô, Xangô, Iansã, Yalodé" arrebatador, de uma pegada extraordinária. A melodia é dotada de variações fantásticas principalmente na segunda parte. E David do Pandeiro interpretou com extrema competência na sua volta a bolacha digital do Grupo Especial e estreando na Viradouro. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Carlos Rosa). 

David do Pandeiro de casa nova, mas com a velha garra de sempre. O samba não é ruim, mas é diferente. Tem uma melodia cansativa. Talvez precisasse de uma letra melhor, pois é simples ao extremo. E tem algumas passagens de gosto duvidoso, como na que Olorum manda buscar o biocombustível (????). A solução poderia ter sido outra. O refrão de baixo é valente, tem garra e combustível (com trocadilho, por favor) pra fazer bonito. Um samba que não compromete a escola. NOTA DO SAMBA: 9 (Bruno Guedes).

Embora todas as menções ao candomblé baiano serem apenas um conjunto de rodeios espalhafatosos a fim de disfarçar o patrocínio bancado pela Petrobrás, Heraldo Faria e Flavinho Machado conseguiram a proeza de encontrar algum nicho de samba no pé em meio toda a superficialidade do enredo e dele lançaram mão ao compor sua obra. O resultado é um sucesso evidente: o hino viradourense é o melhor samba do ano. Interessante notar que “Vira-Bahia, pura energia” não é somente um bom afro-samba. Trata-se de um hino com a cara dos compositores, que resgata claramente o estilo da escola na década de 70, quando ainda desfilava no carnaval de Niterói, e que veio se perdendo aos poucos após o campeonato de 1997. A letra descreve os recursos naturais citados no enredo de forma leve e sutil, sem apelação ou pieguice. A melodia é valente e empolgante, sobretudo no excelente refrão de cabeça. Ótimo! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

Os compositores estão isentos de qualquer culpa nesse samba. O enredo (muito confuso) é o grande culpado disso. Uma palavra que nem biocombustível jamais deveria existir num samba. Os craques Heraldo Faria e Flavinho Machado (Edu, Rafael e Floriano completam o time) conseguiram um verdadeiro milagre. Não é um hino antológico e a dupla já compôs sambas de qualidade muito superiores, mas a melodia flui com perfeição durante a maior parte da obra, os refrões são muito bons e a letra até que é bonita para esse confuso enredo. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Daniel Benfica).

Samba bom, melodia inspiradíssima, refrão inicial fantástico. Não gosto muito da primeira parte, o refrão principal é bom, tendo o belo verso “O mar não pode invadir o meu sertão”. A segunda parte é muito boa. Muito melhor que o samba de 2008. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Luiz Henrique).

Bom refrão, bem interpretado, mas fraquinho no resto. É um carnaval muito conturbado pra Viradouro, pelo que acompanhamos ao longo do ano. Troca cantor, troca tema, troca carnavalesco, troca diretor, troca rainha de bateria... só não troca a ruindade dos últimos sambas da vermelho e branco. Aí é danado! NOTA DO SAMBA: 8 (Matheus Ávila).

Samba mal escolhido e mal cantado pelo David do Pandeiro, e bateria mal conduzida pelo Mestre Ciça. NOTA DO SAMBA: 5 (Igor Munarim).

A meu ver, o melhor dentre os inéditos. Em que pese a relação Olorum-biocombustivel, muito criticada nos sites e blogs carnavalescos, trata-se de um samba rico em letra e melodia, que remete aos melhores tempos da dupla Heraldo Faria e Flavinho Machado na co-irmã Acadêmicos do Cubango. Quando os dois se põem a falar de macumba, sai de baixo... Enfim, essa obra é a prova viva de que a Viradouro não precisa buscar algo fora de Niterói para fazer bonito. A escola soube valorizar os compositores da casa e merece ser parabenizada por isso. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho).

O confuso enredo gerou um samba agradável, de excelentes variações melódicas! Minhas partes preferidas da obra são o refrão central e o trecho "Eu quero caminhar com a natureza/ Me ensina a desvendar toda essa riqueza/ Recebo do seu chão a energia" Mas o samba não tem nenhuma parte ruim. Bela obra da escola, que passou meio despercebida encerrando os desfiles de 2009. NOTA DO SAMBA: 9,5 (André Mariz).

Eu gosto bastante deste samba, pois ele fala sobre um tema sempre bem vindo o carnaval do Rio. O refrão principal é muito bom. NOTA DO SAMBA: 9,7 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba


8 - MOCIDADE  - "A sua estrela sempre vai brilhar". Na minha opinião, o melhor samba-enredo do ano no Especial, fora a reedição do Império Serrano e mesmo empatado com Grande Rio e Portela em termos de notas. Embalado por mais uma fantástica atuação de Wander Pires (em sua terceira passagem pela escola), a Mocidade levará para a Sapucaí um samba que honra as suas características de emocionar os bambas, graças à formidável melodia da obra, além da bela letra que homenageia os escritores Machado de Assis e Guimarães Rosa. O refrão principal é daqueles que fazem chorar de emoção até quem não gosta de carnaval. A primeira parte é primorosa, principalmente nos quatro últimos versos, a partir de "Nos olhos da arte, reflete o legado". No refrão central, mais beleza poética e melódica ao falar do adormecer de Machado de Assis, ao mesmo tempo em que nascia Guimarães Rosa. A segunda parte mantém o mesmo nível, com destaque para a citação à obra "Grande Sertão: Veredas". Aliada a uma envolvente produção, a faixa da Mocidade é mais uma daquelas que podem proporcionar diversas repetições. E que sua estrela sempre brilhe, como sugere o refrão principal. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel).

Com um Wander Pires inspirado, a Mocidade também resgata um pouco das características dos seus sambas dos anos 90. A melodia é bem leve e classuda. O samba todo é bem simples, sem rebuscamentos desnecessários. A letra conta o enredo em termos gerais. Apenas não gosto do refrão de cabeça, que acho um tanto quanto genérico. No mais, um dos melhores sambas da escola na década. NOTA DO SAMBA: 8,9 (João Marcos). 

Outro bom samba, mas que foi muito prejudicado, já que o samba mais querido, de Diego Nicolau e cia, acabou não ganhando. O samba era melhor que este que foi escolhido, mas que também não é de se desprezar. Tem uma boa letra, mas que, claro, também é confusa. Por exemplo: “Que deu ao jornal, um tom verdadeiro”, este verso é bem esquisito, mas nada que não dê pra ler e ouvir. Sua melodia é muito boa, bem cadenciada... mas de vez em quando acaba ficando chata. O ponto forte dela é, na minha opinião, o final da primeira parte e o começo da segunda. Ambas me agradam muito. O refrão principal é uma das partes fracas e chatas do samba, mas tem uma boa letra. A primeira parte é de intenso agrado, principalmente o seu final, a partir do verso: “Nos olhos da arte, reflete o legado”, mas a parte que antecede também é muito boa. O refrão central é um bom refrão, mas o verso “A canção do meu sarau, te faz sonhar” não caiu muito bem. Aliás, a sua melodia foi um pouco modificada da versão dos compositores, em que se ouvia a palavra “te” claramente, agora não tanto, tendo assim, que prestar muita atenção para conseguir escutar. A segunda parte é muito bonita, principalmente o seu começo. É um bom samba, mas que, em minha opinião, peca um pouco nos dois refrões. Em comparação aos últimos da Mocidade é superior, bem superior, mas inferior ao do ano passado. Boa sorte à Mocidade, que ela encontre o caminho do sucesso, que volte no Desfile das Campeãs... Ano passado já fez um belo carnaval, mas este ano fica a dúvida, já que tem um carnavalesco um pouco duvidoso (se ele fizer um bom carnaval, vai firmar seu nome, já se fizer um carnaval ruim, é perigoso não pisar mais no Rio de Janeiro), muitas mudanças de uma hora pra outra... mas boa sorte a co-irmã! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi). 

O enredo que exalta a dupla de escritores Machado de Assis e Guimarães Rosa é extremamente confuso, mas gerou um bom samba pra agremiação de Padre Miguel. A letra é totalmente poética e a melodia possui variações sensacionais principalmente no trecho "Nos olhos da arte/reflete o legado..." até chegar ao fantástico refrão central "A canção do meu sarau te faz sonhar..." . A segunda parte também é do mesmo nível da primeira, melodicamente falando. E como o Wander Pires tá cantando?!?! Deixou de lado o seu "wanderpirismo" barato e tá cantando muito, dando mais emoção a faixa. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Luiz Carlos Rosa). 

Emocionante. Talvez essa seja a palavra pra descrever a interpretação do Wander Pires. De longe, a melhor do CD. A melodia do samba é linda, mas pede um refrão mais forte. A letra é meio confusa para quem não conhece a sinopse, mas tem uma poesia rara para os dias de hoje. Primeira e segunda parte de emocionar. Espero que funcione muito bem na Avenida e que a escola da Vintém volte aos tempos áureos. Tempos esses, que me fizeram apaixonar pelo carnaval carioca devido aos grandes sambas da Mocidade. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Bruno Guedes).

A dupla homenagem a Machado de Assis e Guimarães Rosa nos propiciou um bom samba da escola da Vila Vintém, muito superior aos dois anteriores. A letra tem como ponto forte a boa exposição do enredo, contando de modo linear e coeso a vida e obra dos escritores, aliada a alguns recursos poéticos interessantes e bem estruturados, fugindo brevemente dos clichês vazios presentes nos demais sambas. A melodia é agradável de cantar, com alguns ótimos momentos de inspiração, como, por exemplo, a entrada do refrão central e o trecho “Mistérios na vida desse escritor/Revelam histórias de um sonhador...”. O samba não chega a ser espetacular, porém é destaque absoluto em uma péssima safra. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Gabriel Carin).

Os comentaristas João Marcos e Rixxa Jr já deram o recado e eu apenas vou assinar: não tem qualquer lógica a reclamação do pessoal da internet. Os outros sambas não tinham nada tão diferente desse ao ponto de merecer tanto choro. Realmente, o samba é um dos melhores da escola na década, tão repleta de obras ruins ou trashes. Sobre o hino em si, o samba tem uma melodia muito leve e classuda e a obra não tem rebuscamentos idiotas. Para completar, Wander Pires tem uma interpretação fantástica e muito inspirada. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Daniel Benfica).

Demorei pra gostar desse samba, acho ele muito mediano na primeira parte. Wander Pires parece que lê a letra, ele briga pra conseguir cantar, pra mim essa é a pior parte do samba. Já o refrão do meio é muito bom e tem sacadas inteligentes. A segunda parte é a melhor do samba, com os versos “O vento traz Rosa de Minas” até “Pedindo a santa em romaria, pra chover em nosso chão” e  muito bonito. Se a primeira parte fosse bonita, seria o samba mais completo do ano. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Henrique).

É bom ouvir o Wander na sua escola de origem. Ele tem a voz da Mocidade, e é do time do Ribas, ou seja, faz milagre! Embora inferior ao de 2008, o samba tem trechos muito bons, e outros nem tanto, mas na média é uma boa obra. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Matheus Ávila).

Um dos grandes sambas. Wander Pires tratou de dar vida a esse samba-enredo que não teve o apoio da comunidade. NOTA DO SAMBA: 9.8 (Igor Munarim).

Ouvir o samba da Mocidade para o próximo carnaval é sentir no peito uma nostalgia dos hinos da escola nas décadas de 1980 e 1990. Atualmente, a tendência da verde e branco de Padre Miguel parece ser a de valorizar letras com versos por demais extensos, que geram melodias cansativas e muito pouco ou quase nada rentáveis. Um enredo sobre dois gênios da Academia Brasileira de Letras poderia ter sido bem melhor aproveitado do que foi. 
NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho).

Outro samba fruto de uma "injustiça" nas eliminatórias, já que todos já davam como certa a vitória do samba da parceria de Igor Leal (que era mesmo superior)! Mas este aqui não é ruim não. Infelizmente foi a trilha do talvez pior desfile da história da Mocidade Independente de Padre Miguel, que há algum tempo luta para se reerguer. Gosto muito do refrão central e do trecho "Pelas veredas do sertão, a fé, o povo em oração/ Pedindo a santa em romaria pra chover em nosso chão". A Mocidade acabaria em décimo primeiro lugar após o desfile, não sendo rebaixada por pouco! 
NOTA DO SAMBA: 9,6 (André Mariz).

O samba da Mocidade é muito bom. Não entendo as críticas feitas até hoje ao samba da escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A escola tem um samba muito melódico e rico na parte literal. 
NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

9 - VILA ISABEL  - "Encontra o som dos violinos". Os violinos acabam roubando a cena na faixa da Vila Isabel, aparecendo com constância na segunda parte do samba que fala sobre o centenário do Theatro Municipal. O samba-enredo ficou cadenciado demais no álbum, o que acabou por lhe tirar um pouco do brilho, proporcionando apenas uma interpretação correta de Tinga. Há a repetição de recursos já utilizados anteriormente pela escola, como a repetição da palavra "sede" em seus dois sentidos no refrão principal (de modo forçado) e o "vi lá" do central. A melodia do samba-enredo é muito bonita, sendo mais lírica, com o refrão principal destoando desta característica por ser do estilo "sacode arquibancada" através do "Segura a Vila que eu quero ver". A letra possui pequenas irregularidades, pois o verso "no alto da sede, coroa hoje brilha a centenária maravilha" não parece ter muito sentido. Em compensação, o verso "com a ida, a platéia vibra" foi um achado, por revelar um duplo sentido em "a ida", em referência a uma das óperas mais célebres encenadas no palco do Municipal: "Aída". Mesmo com alguns percalços, a obra da Vila me agrada bastante. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Marco Maciel).

Este samba é um compêndio do que existe de errado nos sambas-enredo atuais - é uma marcha-enredo com letra embolada - no estilo "samba aspas", com aquilo que muitos chamam de 'sacadas inteligentes', mas que só servem para alienar o público e enganar jurado metido a intelectual. Para falar a verdade, de todas as características de um samba 'moderno' ruim, só faltou o refrão pseudo-afro. Peguem a primeira parte - a melodia e a letra em "Imortal! Com o povo que me conquistou / E a aura do Municipal / Hei de emanar a luz / No palco do meu carnaval" não fazem qualquer sentido. Com o povo que me conquistou o que? E a aura do Municipal o que? Quem emana a luz é a aura do Municipal, é o João do Rio, é o povo ou é um eu indeterminado que não condiz com o discurso poético do samba? Enfim, que diabos quer dizer isso tudo? E o que dizer do verso " "passos" (olha as aspas, sempre elas) para um novo país". Será que o povo da Vila não cansou desse joguinho de palavras (para quem não sabe, ele está fazendo aquele jogo de palavras com Pereira Passos)? Aí vem o refrão e mais umas aspas geniais em "vi... lá" (oooohh!) e "a ida" (ou será Aida?). A segunda parte é razoável, mas o refrão volta ao sistema - uma citação desnecessária ao sede e sede, do samba de 88, sem a mesma força; um "coroa" que, sinceramente, não sei se tá chamando o Municipal de velho ou está exaltando o símbolo da escola (aliás, aquele 'coroa' sem artigo soa mal a beça no ouvido). Enfim, mais uma catástrofe da Vila, que pode ser o hit do carnaval e tomar quatro notas dez, mas é um gigantesco fracasso artístico de um compositor de qualidade que está preso a uma fórmula batida. NOTA DO SAMBA: 6,4 (João Marcos). 

Gosto um pouco, porém ele me parece um pouco confuso em melodia. As eliminatórias na Vila foi, com certeza, a mais fácil (junto com a Mangueira) de sabermos o campeão, com a eliminação do samba de Mart'nália e cia, o caminho ficou aberto pra turma de André Diniz, multi-campeão na Vila. Ao contrário da maioria das pessoas, este samba só me conquistou agora, tanto que acho a gravação oficial bem superior a dos compositores. A letra é uma das mais qualificadas do Grupo Especial, só há um senão no refrão principal, que a considero um pouco apelativa. A melodia não é das mais fáceis, mas é muito boa. A primeira parte considero uma confusão só, principalmente no começo. Os versos “Imortal! Com o povo que me conquistou e a aura do Municipal / Hei de emanar a luz no palco do meu carnaval” não são dos mais fáceis de cantar, muita confusão melódica, depois deles, o resto da primeira parte melhora. O refrão central considero meio chato, no mesmo caso do principal da Mocidade, com melodia meio chata e letra muito boa, principalmente por dois pontos: “Vi lá” e “A ida (ou seria “Aída???)”. A segunda parte tem uma melhora significativa, os violinos são muito bonitos (claro que são dispensáveis, mas ficaram bonitos). A partir de “O pranto e o riso, paixões mascaradas / Até o astro-rei brilhar no céu” o samba ganha maior empolgação. O refrão principal é muito bom, mas considero a letra um pouco apelativa demais, o verso “Segura a Vila que eu quero ver” é dispensável, dá um certo oba-oba, que pelo menos não é acompanhado pela melodia. Bom samba, como a média do ano. Em comparações aos sambas da Vila do Séc. XXI, é superior. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi). 

A produção do CD deve ter colocado sonífero no samba da Vila. Se a obra já tinha um andamento lento, ficou ainda mais mórbida, devagar quase parando. Quanto ao samba, possui letra correta, poética em alguns momentos e interpretativa feita em primeira pessoa - o personagem João do Rio. A melodia é dotada de variações surpreendentes principalmente na primeira parte. O grande pecado da obra são os refrões. Tanto o central "Vi...lá" e o final "Segura a Vila/que eu quero ver" são apelativos. Mesmo assim é uma obra muito, mas muito, superior ao sambinha de 2008. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Luiz Carlos Rosa). 

Mais um samba de André Diniz. Mais uma obra que servirá ao desfile. Sem grandes novidades, mas com uma melodia forte e refrão principal que tem a marca do compositor e sua parceria. Não gostei dessa solução do refrão do meio, ao citar o nome da escola em ambigüidade com o verbo “ver”. A sinopse se faz representada na boa letra. NOTA DO SAMBA: 9 (Bruno Guedes).

Outra marchinha nonsense, feita meramente para funcionar em desfile, o que é típico das fórmulas antiquadas de André Diniz. Em se tratando de Vila Isabel, não é de se esperar a consagração de sambas-enredos neste estilo, o que é lastimável. A letra, inteiramente repleta de um palavreado complicado, simplesmente possui versos que não fazem muito sentido. Nem explicitamente por seu conteúdo, porém ela não casa com perfeição com a melodia, resultando em versos entoados de forma confusa, distintos daquilo que eles realmente desejam dizer. Aliás, o samba é muito insosso melodicamente, com pouquíssimos trechos interessantes. Os “refrões explosivos” se utilizam de artifícios já explorados em obras anteriores. No geral, o hino da Vila Isabel não passa de mais um “Já vi esse filme” chatíssimo. NOTA DO SAMBA: 6,7 (Gabriel Carin).

Para quem já teve obras espetaculares de Martinho da Vila, Paulo Brasão e do próprio André Diniz (1994 e o bom samba de 2005), é decepcionante mais uma vez ver o hino escolhido pela escola em 2009. André Diniz é um compositor que tem muito talento e pode muito bem fazer obras muito, mas muito melhores que essa. Infelizmente, ele e tantos outros estão presos nas mesmas fórmulas de sempre. Isso pode ser bom para vencer uns quarentas sambas, mas é péssimo para o ouvinte e o próprio carnaval. Eu sou mais um que não gosto do estilo “samba aspas”. O público costuma chamar isso de sacada inteligente, mas no fundo, só serve para alienar o ouvinte e para os intelectuais. Será que o pessoal não cansa desse recurso? Qual é a graça disso feito de forma repetitiva e maçante? Isso começa logo na primeira parte com aquele trecho "passos" para um novo país. Essa coisa ruim continua no refrão com vi... lá (nossa!) e “a ida” (ou Aida). Um ouvinte que pega o samba e não tem conhecimento da sinopse como entenderia isso? Depois da segunda parte, o refrão foi muito bem definido pelo Marco Maciel: é muito forçada e desnecessária a citação das duas sedes. Enfim, os dois refrões são muito apelativos. A letra é embolada e muito ruim. O João Marcos falou de forma bem clara sobre isso no comentário dele. Mais uma catástrofe dessa Vila comercial, que nem o carnaval de hoje. Esse ano marcou a morte de Luis Carlos da Vila e talvez a melhor coisa seja pegar um samba dele que nem Kizomba e escutar no LP. Outra opção é pegar o samba de 1994 do André Diniz e colocar para escutar. O samba até pode ser um hit do carnaval e levar quarenta pontos, o que não é muito difícil dos jurados de hoje, mas é um gigantesco e inacreditável fracasso artístico da Vila e dos compositores. Para completar, um recado: os sambas de 2009 tem uma fórmula muito batida e esse é um dos grandes exemplos. NOTA DO SAMBA: 6,3 (Daniel Benfica).

Tinga, assim como Paulinho na Imperatriz, derrubou esse samba, que era o melhor do ano entre os inéditos (covardia comparar os sambas desse ano com o do Império). Os violinos estragam a segunda parte, a primeira é muito bonita: a melhor do samba. E o refrão principal promete sacudir a Sapucaí. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Luiz Henrique).

Infinitamente superior ao do ano carnaval passado, mas ainda assim é meio cansativo. Não sei se pela interpretação do Tinga (que não esta tão bem esse ano) ou pela própria gravação, daqueles que não dá vontade de escutar a segunda passada. Em resumo, André Diniz já fez melhores! NOTA DO SAMBA: 8,8 (Matheus Ávila).

A Vila precisa trocar de intérprete urgente. O Tinga solta um show de erros de ortografia no samba que, por sinal, era bom se o Tinga não soltasse esses erros. NOTA DO SAMBA: 6.1 (Igor Munarim).

Samba cheio de versos oba-oba, como “Segura a Vila que eu quero ver” e de lugares comuns, tais quais  “vi lá” e “sede x sede”. Desde 2005, a escola deve um bom samba a sua comunidade, e parece que tão cedo não irá quitar sua divida. Martinho da Vila que o diga! NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho).

Nas eliminatórias, o achava o melhor do ano. Na gravação do CD, ele morreu, mas na avenida deu a volta por cima. A melodia é muito boa e a segunda parte é linda, mas a primeira é completamente enrolada e não diz coisa com coisa. O refrão principal (que utiliza o trocadilho com a palavra "sede" também usado no samba de 1988) traz um problema estético, quando os autores resolveram omitir o artigo "a" antes da palavra "coroa". Isso gera ainda uma ambiguidade pois pode-se entender que estão chamando a centenária maravilha de coroa e ela que brilha no alto da sede. Mas o samba me agrada. NOTA DO SAMBA: 9,3 (André Mariz).

O samba da Vila é muito bom. Destaco a última estrofe da segunda parte e o refrão principal. O samba inteiro é bom, mas a letra podia ser mais caprichada.
NOTA DO SAMBA: 9,8 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

10 - MANGUEIRA  - "A Voz do Samba é verde-e-rosa". A gravação é memorável, pois enfatiza a garra descomunal de Luizito ao defender a obra verde-e-rosa no primeiro carnaval sem a eterna voz de samba Jamelão, homenageado de forma brilhante no refrão principal e também com um "Minha Mangueira" em sua voz (do CD de 2003) aparecendo na faixa de forma póstuma, antes do grito de guerra de Luizito. Minha torcida é para que Luizito, um intérprete que se identificou mais do que nunca com os mangueirenses, tenha uma carreira tão longa como a do saudoso Mestre no microfone principal da escola, pois ele conseguiu algo que muitos achavam impossível: emocionar os bambas com o microfone que foi por mais de 50 anos de José Bispo Clementino dos Santos. Até 2006, ninguém imaginava um outro cantor puxando a Mangueira na Sapucaí que não fosse Jamelão, possivelmente sendo acusado de afrontar à voz do samba caso algum outro nome fosse indicado para substitui-lo. E não é que Luizito está obtendo esta unanimidade? Afinal, quem vai puxar uma Mangueira na avenida mesmo sofrendo problemas cardíacos dias antes e o fazer com tanta garra e primor merece o respeito de todos nós. Por isso, parabéns, Luizito! Sobre o samba-enredo, que cresceu de forma gigantesca com a nova voz do samba mangueirense, possui alguns bons momentos melódicos, mas em outros a melodia parece genérica, até marcheada em alguns trechos. Os dois refrões são bons, e as demais partes possui boa qualidade, principalmente a segunda. É um samba que está longe de ser um primor, mas ele pode ter o potencial de fazer explodir a Sapucaí como poucas vezes foi visto. Belíssima a participação de Alcione no início da faixa cantando o refrão central. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Marco Maciel).

Sem sombra de dúvidas, a faixa que possui a melhor produção. Além disso, Luizito cantou com tanta garra que sua performance é arrepiante, coisa que há muito tempo não se via num CD de sambas-enredo do grupo especial.  No entanto, o samba da Mangueira não me convence. Tem melodia linear, sem momentos diferenciados. A letra repousa em clichês e, dos dois refrões, apenas o do meio me agrada. O começo da segunda parte também é interessante, mas em poucos segundos, a melodia volta a ficar com um ar forçado e requentado. É um samba burocrático para um enredo burocrático. NOTA DO SAMBA: 8 (João Marcos). 

Ótimo samba. Pela primeira vez gostei do Luizito cantando um samba da Mangueira, considero esta gravação superior a dos compositores. A eliminatória, junto com a da Vila, foi a mais fácil do ano, pois a diretoria cortou prematuramente o único samba que poderia fazer frente a este, o do Renan e cia. A introdução, apesar de ser meio longa, é muito boa e emocionante, com a Alcione cantando o refrão central do samba. Acho que poderiam ter feito uma homenagem maior a Jamelão, achei que só o “Minha Mangueira”, que aliás não é uma marca dele, ficou muito pouco pela carreira do Jamelão e pelo que ele representava e representa à nação verde-e-rosa. A melodia deste samba é bem animada, assim como os últimos da agremiação, e bem qualificada. A letra é boa também, não tanto quanto a melodia, mas é agradável. O refrão principal é muito bom, a melhor parte da obra, chama o povo pra cantar. A primeira parte começa muito bem e termina bem também, só acho que o “lutou” do verso “Índio valente, guerreiro / Não se deixou escravizar... lutou!” ficou um pouco solto em relação a melodia. O refrão central também é muito bom, mas acredito que deveria ser um pouco menos alegre, mas aí já é pedir demais. A segunda parte é um pouco confusa, mas é muito bonita, principalmente o final, preparando pro refrão. Em comparação aos sambas da agremiação deste século, é superior, pelo menos na minha opinião. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Pedrassi). 

O enredo manjadíssimo sobre a formação do povo brasileiro e a gigantesca sinopse gerou uma safra de sambas muito fraca na Manga. Mesmo assim, a obra da superparceria de Lequinho, Bernini, Fionda e Clarão rendeu um ótimo samba. Apesar de marcheado em alguns momentos, a obra é valentíssima. Destaque absoluto para os refrões, principalmente o central "É sangue, é suor... religião.." de melodia fantástica, extraordinária. Mas mesmo sendo um dos grandes sambas de 2009, faltou um pouquinho mais de ousadia da superparceria. Infelizmente, 2008 marca o ano em que o eterno Mestre Jamelão se foi. Descanse em paz e obrigado Mestre!!! NOTA DO SAMBA: 8,9 (Luiz Carlos Rosa). 

Outra obra de emocionar. A homenagem encontrada para o Mestre Jamelão foi jogada de craque. A melodia é lindíssima e tem uma letra simples, mas que tem boas soluções para um enredo batido e de complicado desenvolvimento. A primeira parte do samba é algo raro de se ver, melodia e letra casadinha. E que segunda parte... Faltam-me adjetivos para descrever os últimos seis versos! Ao ouvir pela primeira vez a versão do CD, me veio à cabeça o samba de 2007. Espero que as notas também sejam as mesmas e o carnaval, idem. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Bruno Guedes).

O enredo sobre a miscigenação brasileira, enredo este que já nos rendeu alguns dos melhores sambas-enredos de todos os tempos, foi submetido a uma leitura moderna, demasiadamente complexa. Roberto Szaniecki errou. Nota-se obviamente a desnecessária insistência do samba de falar que a miscigenação foi importante para o Brasil, símbolo da união e de integração, que todo o sofrimento valeu a pena, etc., porém é lógico que tudo isso não passa de um mero ufanismo apelativo. A letra, como de praxe, narra a história do Brasil, a qual todos nós já conhecemos de cor. Não sou leviano e sei que os compositores são obrigados a seguir uma sinopse quadrada, contudo a forma como ela foi resumida, somada aos velhos clichês de sempre, é realmente um equivoco. A melodia é correta, tem bons momentos, mas não tem a força que é esperada de um samba mangueirense. Gusttavo, Lequinho e Bernini já tiveram dias melhores. NOTA DO SAMBA: 7,6 (Gabriel Carin).

Antes de falar do samba, uma coisa que foi dita pelo Sambario e eu assino embaixo: o desempenho de Luizito é tão arrepiante e memorável que contagia qualquer um. A garra do cantor é de emocionar qualquer ouvinte. Essa é a parte boa, mas agora é necessário falar do samba em si: o enredo burocrático gerou um hino burocrático. O refrão me agrada bastante. Já a letra é clichê atrás de clichê. A melodia é linear. Jamelão costumava gritar o slogan “Muda Mangueira” em determinados tempos. Uma sugestão: isso poderia voltar a ser usado e eu iria além, que tal: “Muda samba-enredo” ou “Muda carnaval”. Quem sabe frutos melhores surgiriam e os nossos ouvidos agradeceriam. O desempenho de Luizito é inesquecível, mas o samba é esquecível. O quarteto não fez jus à condição de parceria de craques. A Mangueira do saudoso e eterno Jamelão merecia coisa muito, mas muito melhor. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Daniel Benfica).

O pior do ano, a Mangueira adotou um estilo marcheado que não leva a nada. O refrão principal tem um apelo pra balançar a Sapucaí. Já o resto do samba é mediano, a primeira parte promete explodir e não explode, o refrão do meio é a melhor parte do samba, mas não é grande coisa, e a segunda parte é fraquíssima. A parte “valeu a pena” é muito trash. Eu não acho o samba-enredo ruim, mas faltou mais inspiração. NOTA DO SAMBA: 8 (Luiz Henrique).

O primeiro pula-faixa do disco. Pra não ser cruel, vá lá, a introdução ficou legal, com a Alcione e o caco do mestre Jamelão (que falta, parceiro!), mas depois... NOTA DO SAMBA: 7,8 (Matheus Ávila).

Excelente samba, Luizito mostra que aos poucos está suprindo a ausência do mestre Jamelão. NOTA DO SAMBA: 10 (Igor Munarim).

Samba com a cara da escola. Letra fácil, com dois refrões empolgantes. Melodia valente, que se encaixa perfeitamente bem na voz de Luizito, melhor a cada ano que passa. A nota negativa fica por conta da pluralização do nome de nosso país, presente duas vezes ao longo da faixa e no título do enredo. No mais, é um samba pra levantar campeonato. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho).

Samba estandarte de ouro com todos os méritos! Apesar do enredo manjadííííssimo sobre a formação do povo brasileiro, a Manga trouxe um excelente samba, pra mexer com os brios do mangueirense! Talvez seu único defeito seja que ele é acelerado demais, bem ao estilo dos sambas contemporâneos mesmo! Mas não deixa de ser um ótimo samba. Apesar disso, a escola trouxe alegorias mal acabadas para o desfile e acabou na sexta colocação.
 
NOTA DO SAMBA: 9,8 (André Mariz).

Quando se fala em samba da Mangueira, sempre se pensa em samba auto astral e bonito em letra e melodia. O fato repete em 2009 sem deixar a desejar em nenhuma parte. Parabéns! 
NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

11 - PORTO DA PEDRA  - "Sou Porto da Pedra e não vou me calar". Antes de mais nada, "curiar" é o ato de olhar com curiosidade para alguém ou para algo. O vocábulo é mais comum no Nordeste. Sobre o bonito samba da agremiação de São Gonçalo, por incrível que pareça, acabou por gerar uma gravação discreta de Luizinho Andanças, intérprete que costuma arrebentar no estúdio. O hino possui a mesma característica dos dois anteriores cantados pela escola, em que a melodia é o ponto forte. O refrão principal é bastante semelhante em termos de estilo ao estribilho do ano passado. A melhor parte, na minha opinião, é o refrão central, também de melodia muito bonita. As demais partes possuem o mesmo nível melódico, sendo de intenso agrado. O hino é bom, mas tachado de "samba chato" e sem sal por muitos, até de forma injusta. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Marco Maciel).

Mais um "samba-aspas", com sua letra repleta de expressões com duplo sentido e joguinhos de palavras que tornam totalmente incompreensível a idéia geral do enredo. E tome "  'Renascimento' da inspiração", " 'Alquimia' do meu ser", e outros versos para intelectuais e jurados. A melodia não combina com a letra, tentando passar um sentimento ou uma dor ou sei lá o que que não existe nos versos e torna tudo artificial, forçado, sem a mesma beleza que coloriu os dois últimos sambas da escola. Até a performance de Luizinho Andanças, que costuma ser muito boa em estúdio, mesmo não tendo a mesma força na avenida, mostra-se exagerada e afetada. NOTA DO SAMBA: 6,6 (João Marcos). 

Bom samba, que perdeu muita força com a gravação do CD. A gravação dos compositores era mais vibrante, mais legal. A voz de Marquinhos Art'Samba (puxador que cantou nas eliminatórias) caiu melhor do que a de Luizinho Andanças, apesar das semelhanças. Antes, o considerava o melhor do ano, hoje, já caiu um pouco no meu conceito. A melodia é um dos pontos fortes, alegre, bem feita... A letra nem tanto, ela é boa, mas seguiu o mal da sinopse, ficou um pouco confusa no que diz em respeito ao enredo. O refrão principal é um dos mais fortes do ano, chama o componente pra cantar, impulsiona a escola. A primeira parte é muito bonita, principalmente o final sobre a Caixa de Pandora, mas a parte do fogo também é maravilhosa. O refrão central é bem montado no que diz a respeito das rimas, mas a melodia não fica atrás. A segunda parte é a que mais sofreu com a gravação do CD, o começo nem tanto, mas o final... A explosão que existia no verso “O homem sonhou e um dia voou / Do gênio indomável uma nova invenção” praticamente caiu pela metade. Os compositores do samba estão de parabéns: terceira vitória consecutiva não é prá qualquer um, não, e principalmente por serem três sambaços. Em comparação aos dois últimos sambas da escola é inferior, mas em comparação com os sambas do Séc. XXI é superior. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Vitor Pedrassi). 

E o samba "me engana que eu gosto" 2009 vai para a agremiação de São Gonçalo. É uma obra que, realmente, tem uma melodia bonitinha na primeira parte e no refrão principal "Sou Porto da Pedra e não vou me calar..." que é bastante grudento. No mais, a letra é bastante confusa, talvez culpa da sinopse... muito blábláblá mas pouco conteúdo. O samba não tem variações melódicas tão interessantes e acabou deixando a obra reta e chata. Malandramente, a parceria tricampeã na escola (Fabio Costa e David de Souza junto com André Felix) vem fazendo sambas ao "espelho" do seu interprete Luizinho Andanças, que, na minha opinião, tentou salvar o samba mais acabou morrendo na praia junto com ele. Acho que desta vez a curiosidade acabou matando o Tigre e não o gato. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Luiz Carlos Rosa). 

O Luizinho Andanças, que é um craque, parece estar cantando num tom muito alto. Talvez pelo arranjo elaborado pelos produtores. A letra é um resumozinho da sinopse, com algumas passagens interessantes como no refrão principal. Sobre a melodia, não gosto. Talvez a mais fraca entre as doze. Acho que a escola precisava de uma melodia mais forte, porque abrir o segundo dia de desfile é complicado. Mas quem tem Luizinho como intérprete, tem meio caminho andado. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Bruno Guedes).

Típico boi-com-abóbora do novo milênio, conseqüência de um tema que não passa de uma grande bobagem, elaborado a fim de somente servir de pretexto para unir inúmeros elementos visuais completamente desconjuntados. O samba não passa de um amontoado de termos esdrúxulos, disfarçados com um falso sentimentalismo, os quais, na verdade, não querem dizer absolutamente nada. A melodia é genérica, gritada com objetivo de transmitir algum clamor ou lamento por tudo aquilo que consta na sinopse. A obra beira a monotonia. Desta vez, a parceria de David de Souza errou feio. NOTA DO SAMBA: 6,2 (Gabriel Carin). 

A mesma coisa do samba da Vila: um samba que utiliza aquele batido joguinho de palavras e expressões de duplo sentido. É mais um samba para intelectuais e jurados e não para o povo. Esse recurso do enredo torna totalmente incompreensível a idéia do enredo. Uma pergunta: um enredo simples que nem esse precisa de expressões tão estapafúrdias como “‘Renascimento da inspiração”, “Alquimia do meu ser”, “Redenção na folia” e tantos outros versos sem sentido? Até Luizinho Andanças, que costuma fazer chover no estúdio, não conseguiu salvar essa obra da escola, que voltou a fazer samba ruim depois de dois anos (2007 e 2008 são bons sambas). É mais um samba esquecível dessa safra péssima e horripilante de 2009. NOTA DO SAMBA: 6,4 (Daniel Benfica). 

Olha, podem falar o que quiserem, mas esse pra mim é o melhor samba do ano. Versos fortes, passa bem o confuso enredo da escola. A primeira parte é boa, mas tem alguns versos ruins. O refrão do meio é muito bom, a segunda parte também, com destaque para o verso “O homem sonhou e um dia voou”. Luizinho Andanças não faz uma boa gravação, mas não estraga o samba. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Luiz Henrique). 

Sei lá o que fizeram com a música, mas conseguiram a proeza de deixar o excelente Luizinho Andanças irreconhecível. Parece que puseram um tom errado na gravação do CD. Pula-faixa dois! NOTA DO SAMBA: 8 (Matheus Ávila). 

Bom samba que perdeu força no disco. Luizinho Andanças não mostrou o mesmo vigor quando defendia os sambas concorrentes das outras agremiações. NOTA DO SAMBA: 8.7 (Igor Munarim).

O pior de 2009. Letra com "ô ô ô ô", refrões pobres e lugar comum de outra escola (“Como será o amanhã”). Melodia gritada por Luizinho Andanças, que ao contrário de Luizito, piora a cada ano por querer dar uma de tenor ao invés de cantar samba. O que vinha segurando a escola de São Gonçalo no GE era a qualidade de seus hinos, e dessa vez parece que será difícil evitar o rebaixamento. NOTA DO SAMBA: 8 (Cláudio Carvalho).

A guerreira do grupo Especial!!! Com menos nome no grupo, a escola luta ano a ano para se manter na elite! Esse ano veio lindíssima, mas novamente teve problemas com alegorias e por pouco não estoura o tempo. Sobre o samba, é bom, mas não tem nada demais. Passa meio despercebido entre os outros. Destaque para o trecho "Pandora, a esperança e o amor ôôôô"/ Alquimia do meu ser/ Na imagem do meu criador". O refrão principal poderia ser mais explosivo. É um samba que não fede nem cheira. NOTA DO SAMBA: 9,2 (André Mariz).

O samba não é excelente, mas é muito bom e não deixa fugir o contexto do enredo. NOTA DO SAMBA: 9,6 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba

12 - IMPÉRIO SERRANO  - "Ela mora no mar, ela brinca na areia". O maior pecado dos produtores do álbum está na faixa do Império Serrano. Por que não promoveram uma terceira passada do samba? Seria uma dádiva para nós, bambas! Tanto que a faixa tem apenas três minutos e 38 segundos. O clássico samba-enredo está bem acelerado no CD, similar ao andamento previsto na avenida. Tal aceleração foi fundamental para desencadear ainda mais a emoção que esta obra-prima imperiana proporciona até a quem não é fã de carnaval. E aliada a uma interpretação ímpar de Nêgo, que regressa em grande estilo à Serrinha. Os agogôs figuram em toda a faixa, ainda que de forma discreta. O samba, que desfilou pela primeira vez em 1976, está no mínimo um nível acima dos 11 demais, com um estilo leve, letra curta e totalmente diferenciado com relação aos atuais sambas-enredo levados para a Sapucaí. É evidente que, se essa obra fosse disputar uma eliminatória nos dias de hoje, figuraria nos primeiros cortes. Tal emoção levada por "Lendas da Sereias" com um andamento acelerado é a prova de que obras-primas podem desfilar perfeitamente no carnaval atual. "Aquarela Brasileira" em 2004 é outro claro exemplo. Falta convencer os atuais dirigentes das escolas de samba, que costumam premiar quem tem mais dinheiro, preterindo assim o talento. NOTA DO SAMBA: 10 (Marco Maciel).

O samba do ano. E é triste dizer isso, tendo em vista que trata-se de uma obra menor do Império, cantada há mais de 30 anos. A escola escolheu um samba popular, que se tornou 'cult' com a regravação da Marisa Monte, mas que não tem a mesma qualidade de dezenas de obras-primas da escola. Mesmo se não incluíssemos os sambas de Silas de Oliveira, a Serrinha tinha sambas melhores - no ano seguinte ao de 1976, p.ex., a escola apresentou "Brasil, Berço dos Imigrantes", que é muito superior a este. Nos anos 80, Beto Sem Braço cansou de fazer sambas melhores do que este. Porém, no meio de tanta mediocridade, "Lenda das Sereias" é um alívio, uma benção encerrando o CD. Ainda mais com a exuberante performance de Nego, que conseguiu superar a gravação original do excelente Sobrinho. O samba ganhou uma ginga e uma pegada ausentes na versão do LP de 1976. A faixa é o único incentivo para se comprar o CD. O samba é tão superior aos demais que chega a ser covardia a comparação. NOTA DO SAMBA: 9,5 (João Marcos). 

Quando anunciado que este samba embalaria o desfile do Império desanimei, nunca gostei dele, o Império tem pelo menos 10 sambas superiores, bem superiores. Com a regravação de Gonzaguinha já comecei a gostar deste samba. Agora com a gravação do CD, me apaixonei. O que é a bateria do Império Serrano??? O que é o samba do Império Serrano??? 1ª resposta: sem comentários. 2ª resposta: excelente, mas não é uma obra-prima. A pergunta que fica é se ele vai se dar bem no carnaval atual... tomara que sim, sinto que sim. Se o samba se der bem na avenida e levar a escola pro Desfile das Campeãs, poderá mudar um pouco os sambas atuais, pouco, mas poderá mudar, sim! A melodia é alegre, muito boa, porém alguns momentos me parece desconexada. A mesma coisa sinto no samba da Cubango, que ainda nem foi regravado para o CD Oficial de Grupo 1 do Rio de Janeiro (o famoso Grupo B). A letra é pequena, simples e não conta o enredo em detalhes, isso me preocupa um pouco. O refrão principal é um dos pontos fortes da obra, a bossa do Mestre Átila é maravilhosa. A primeira parte é muito boa, mas é aí, que, em alguns momentos, a melodia me parece desconexada. O refrão central é, pra mim, a melhor parte do samba desde que ouvi este samba pela primeira vez, ainda na gravação de 1976. A segunda parte, com apenas quatro versos, me agrada bastante. Samba maravilhoso, bem superior aos últimos do Império (que também não são de se jogar fora). NOTA DO SAMBA: 9,8 (Vitor Pedrassi). 

Retornando ao Grupo Especial após ter sido a Campeã do Acesso 2008, o Império aposta mais uma vez na reedição, assim como em 2004. "Lenda Das Sereias" é um bom samba, mas, particularmente, preferia a reedição de duas antologias que não foram campeãs: "Mãe Baiana Mãe" de 1983 ou "Eu Quero" de 1986. O samba -originalmente de 1976 - tem suas qualidades: é de fácil memorização e praticamente todo mundo já conhece. Na gravação de 2009, ganhou um swing irresistível, além do interprete Nêgo, que valorizou a obra de forma brilhante. A letra é simples, a melodia é gostosa, empolgante, porém seu pecado é justamente no seu refrão principal "Ogunte, Marabô, Caiala e Sobá..." que é muito complicado pra cantar. Mesmo assim é um samba delicioso, mas que em 1976, devido a uma safra fantástica, não era dos melhores. Tanto que nos comentários daquele ano dei uma nota 8,9. Evidentemente, como disse "lá em riba", é o melhor samba de 2009 e seria covardia compará-los aos outros inéditos. Como não é uma reedição antológica digna de NOTA 10 como "Aquarela Brasileira", prefiro não dar nota. "Lendas Das Sereias", obra de Vicente Mattos, Dinoel e Arlindo Velloso, é HOURS-CONCURS no carnaval 2009. (Luiz Carlos Rosa). 

Graças a Deus a Serrinha está de volta ao seu lugar, no Grupo Especial. E mais forte que quando caiu. A começar pela obra-prima que levará para a Avenida. O que falar de um samba que tem um refrão inesquecível, uma melodia perfeita e uma interpretação mágica? Sinceramente, acho covardia uma escola como o Império reeditar samba-enredo, porque nenhuma escola tem uma discografia superior. Em 2009 estará à prova novamente, porque essa obra já foi reeditada pela Inocentes de Belford Roxo em 2006. NOTA DO SAMBA: 10 (Bruno Guedes).

Uma reedição. Eu sinceramente não sei se apontaria “Lendas das sereias” como o melhor samba-enredo de 2009, pois, de fato, não é. Composta, em 1976, para o enredo do genial Fernando Pinto, a obra sofre um erro de métrica em seu refrão de cabeça, fazendo com que suas sílabas se atropelem e dificultando, por fim, a compreensão da letra. Entretanto, a atuação magistral de Nêgo fez com que a divisão do canto fosse muito mais organizada. O resultado é um hino com energia sobre-humana, divertidíssimo de ouvir e cantarolar. A melodia possui uma leveza imprescindível e a letra é de uma singeleza inexistente em qualquer outra faixa do CD. Enfim, uma aula de como compor samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Gabriel Carin). 

Antes de qualquer coisa, eu vou fazer que nem o Luiz Carlos Rosa e não darei nota ao samba do Império Serrano de 2009. É muito superior a todos os demais e é o hino do ano. Esse samba é tão superior aos demais que qualquer comparação chega a ser covardia. Ele é HOURS-CONCOURS.  Sinceramente, eu preferia a reedição de um “Heróis da Liberdade” ou “"Bumbum Paticumbum Prugurundum", mas esse hino é uma bênção desse cd, tão repleto de obras medíocres, com letras estapafúrdias, insossas e cheias de falsa poesia e melodias repetitivas, mal resolvidas e desconjuntadas. O samba é tudo aquilo que os demais hinos não chegaram nem perto em 2009: é de fácil memorização, a letra é simples, a melodia é gostosa de se cantar e é de fácil comunicação com o público. Como foi dito pelo João Marcos, o único alento para comprar o CD de 2009 é essa faixa. A interpretação de Nêgo é fantástica e o samba ganhou mais ginga e pegada. O Mestre Maciel foi perfeito no seu comentário final: “obras que nem Aquarela Brasileira podem desfilar perfeitamente no carnaval atual. Falta convencer os atuais dirigentes das escolas de samba, que costumam premiar quem tem mais dinheiro, preterindo assim o talento”. Comentário perfeito que ilustra bem essa safra deprimente do carnaval 2009, um verdadeiro festival de horrores. (Daniel Benfica).     

Sambão, apesar de não ter a magia de “Aquarela Brasileira”. A segunda parte do samba é pequenininha, mas é a melhor parte. É um excelente samba e não tenho mais nada a falar. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Henrique). 

Embora não seja dos melhores do Império, embora seja reedição (o cúmulo dos cúmulos), embora tudo que possa haver de ruim nestas condições, ficou muuuito boa a gravação. Com correria e tudo. Só me recuso a dar nota maior por ser reedição. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Matheus Ávila). 

Nêgo voltou ao Império Serrano na hora certa, o mesmo que em 2004 deu uma nova roupagem ao consagrado "Aquarela Brasileira" de 1969 mostrou que está disposto a dar uma nova cara ao samba de 1976 “Lenda das Sereias. Rainha do Mar” (que em 2009 será reeditado com o nome “Lendas das Sereias. Mistérios do Mar”). Anos mais tarde, a obra seria sucesso na voz de Marisa Monte (deixando de lado o verso da letra que cita o nome do Império Serrano, devido a fidelidade à Portela). NOTA DO SAMBA: 10 (Igor Munarim).

A reedição do samba de Vicente Mattos, Dinoel, e Velloso faz parte da homenagem que a escola de Serrinha presta ao povo das águas pela ajuda no desfile de 2008, que redundou no título do Grupo A. É evidente que numa safra relativamente pobre, a obra se destaca e pode ser apontada como a melhor do ano. Cabe ressaltar, porém, que ela já sofreu uma releitura por parte da Inocentes de Belford Roxo em 2006, o que dificulta a justificativa pela escolha do enredo. Na condição de compositor do Império, todavia, posso dizer que será uma honra desfilar ao som dessa relíquia. Por fim, uma curiosidade: a qualidade de Yemanjá mencionada no refrão de baixo não se chama Marabô, e sim Arabô. Marabô, na verdade, é uma qualidade de Exu que faz parte da falange de Xangô, orixá da justiça e padroeiro salgueirense. NOTA DO SAMBA: 10 (Cláudio Carvalho).

A reedição do ano. Samba clássico que a maioria das pessoas conhece. É até covardia compará-lo com os sambas atuais, já que ele foi feito em moldes completamentes diferentes, inclusive não se atende muito a contar o enredo. É muito bonito, mas não está entre os melhores da escola da Serrinha. O refrão central, pronunciado bem depressa, dificulta um pouco o canto dos componentes. Mesmo assim, é uma obra que se sobressai perante as demais, mostrando o nível decadente dos sambas atuais quando postos lado a lado com sambas mais antigos. Infelizmente não ajudou o Império, que foi rebaixado na quarta-feira de cinzas. 
NOTA DO SAMBA: 9 (André Mariz).

O samba é curto, mas não deixa de ter um toque especial de sedução exaltando as Sereias (O samba é reedição da escola do carnaval de 1976).
NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima).
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