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Os sambas de 2009
A GRAVAÇÃO DO CD – Como já era de se esperar, o bamba terá à disposição mais um CD com gravações artificiais, muito diferente da execução do samba-enredo na avenida, estilo marcante dos álbuns desta década. Melhor dizendo: é um disco de samba que não é feito para sambistas. A bateria é praticamente toda sintetizada, a grande maioria dos instrumentos que compõem o coração da escola de samba não são notados... Características já presentes nos álbuns anteriores, o que faz nós nos sentirmos mais saudosistas quando colocamos um disco de samba-enredo de até 11 anos atrás, quando ainda ouvíamos bateria de verdade. Pelo menos, com relação ao ano passado, os efeitos desnecessários nas faixas foram dispensados. O intérprete canta as duas passadas do samba sempre acompanhado pelo coral, com a voz do puxador se sobressaindo. Sobre o andamento dos sambas no CD, foram totais os acertos da equipe de produção, que colocaram em todas as faixas as cadências mais adequadas (com exceção da faixa da Vila). Até há quem reclame que o samba do Império Serrano ficou acelerado, mas o andamento serviu para aumentar ainda mais a emoção que o samba proporciona. Sobre a safra, é evidente que a reedição imperiana é o melhor samba-enredo do ano com sobras. Os 11 demais formam aquela que, na minha opinião, é a safra mais nivelada em termos de qualidade de todos os tempos no Grupo Especial, além de também ser uma safra discreta, com obras que estão a anos-luz de serem obras-primas. Resumindo: o nível é similar a 2008. Pelo menos, não há nenhum boi-com-abóbora. Geralmente, antes mesmo do lançamento do CD, já há um consenso sobre um determinado samba que se destaca com relação aos outros. Mas, em 2009, se você quiser dar um nó na cabeça de seu amigo, pergunte a ele qual é o melhor samba-enredo para o próximo carnaval. Nem eu cheguei ainda a um consenso definitivo. Os meus destaques da safra, pela ordem do disco, são Grande Rio, Portela, Unidos da Tijuca, Viradouro e Mocidade, com esses cinco ainda que só um pouquinho à frente dos demais. Assim sendo, o samba imperiano pode ser considerado hours-concours. Na capa, aparece com total destaque a primeira dama da Beija-Flor, Fabíola Oliveira David, que também figura nas capas de 2005 e 2006. NOTA DA GRAVAÇÃO: 6 (Marco Maciel). A produção do CD de 2009 vem
sendo extremamente criticada nos fóruns de internet. Os ouvintes comparam as
versões do CD com as das Eliminatórias, com as quais já estão mais do que
familiarizados, e o estranhamento com as mudanças acaba dando uma impressão geral
negativa. Na verdade, a produção do CD errou em algumas faixas e acertou em
outras, nada fora do normal. Sambas como Império Serrano e Beija-Flor, mais
conhecidos pelos produtores, acabaram bem gravados. Outros, principalmente
aqueles cuja voz do intérprete oficial é muito diferente da de quem defendeu o
samba nas Eliminatórias e que, por isso, precisavam de ajustes de tom e
andamento, acabaram sendo prejudicados pelo curto espaço de tempo entre o fim
dos concursos e o começo das gravações. No final das contas, porém, tudo isso é
irrelevante. Por mais banho de loja que pudesse ser dado em algumas faixas,
nada poderia apagar a falta de qualidade dos sambas. O CD de 2009 é um
verdadeiro festival de horror e chega a causar agonia aos ouvidos mais sensíveis.
A safra talvez seja a mais medíocre da história - tanto que um samba razoável
de 1976 é o melhor de todos com léguas de distância. O CD é tão ruim que você
tem dificuldade de dizer, dentre as 'coisas' novas que apareceram, qual é o
melhor e o pior samba. Critica-se a pirataria pela má-vendagem. Sinceramente,
esse CD merece ficar encalhado até no camelô. Os sambas desrespeitam a nossa
inteligência, com suas letras incompreensíveis e melodias desconjuntadas e mal
resolvidas. Enfim, muito ruim. NOTA DA GRAVAÇÃO: 3,2 (João Marcos). Considero esta gravação melhor
do que as dos últimos anos, todo ano ela vem melhorando. A safra de sambas
desse ano é um pouco inferior que a do ano passado (na minha opinião), com
poucos sambas se destacando... Tanto que até hoje eu nunca consegui escolher o
melhor samba. O maior problema dos sambas, na minha opinião, é a letra, muitas
escolas estão com versos toscos, excesso de rimas com a mesma terminação,
repetição de palavras... Todos as obras estão quase no mesmo nível. Apenas o
Império (covardia), Mangueira, Unidos da Tijuca, Vila e Viradouro melhoraram
seus sambas. Pouco, mas melhoraram. Grande Rio e Portela mantiveram o mesmo
nível. Beija-Flor, Imperatriz, Mocidade, Porto da Pedra e Salgueiro estão com
um nível inferior. Claro, todos eles se melhoraram ou pioraram, foi muito
pouco. Outra curiosidade desse ano é que muitos sambas que foram escolhidos não
eram os preferidos de muitas pessoas, causando, assim, uma antipatia à safra de
sambas desse ano. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,4 (Vitor Pedrassi). A safra de sambas do Grupo Especial 2009 é
absolutamente insatisfatória, burocrática até o talo. Tudo bem que não há um
samba horroroso como nos anos 70, mas também não há uma obra antológica como
nos próprios anos 70. As obras são similares uma com as outras. Praticamente
todas se equivalem. A bem da verdade, a MAIORIA desses sambas são sem EMOÇÃO DE
VERDADE. São sambas feitos pra ROBÔS curtirem o carnaval. E qual das
obras é a melhor??? Evidentemente aponto para o razoável e empolgante samba
imperiano - reedição do longínquo ano de 1976 - que nem é uma obra antológica,
vide meus comentários de sambas daquele ano. Já das obras inéditas foi uma
tarefa difícil, digna de Indiana Jones pra tentar desvendar quais os sambas
que mais se destacam. Grande Rio, Mangueira, Viradouro e Tijuca
- esta ultima o melhor dos sambas inéditos - são os destaques de um ano muito
sem graça em sambas. Quanto à gravação do CD, é a mesma ladainha de
sempre e por muito pouco não copiei e colei as minhas análises de
2008 sobre as mesmas. Artificializaram tudo: bateria,
arranjos... só faltam os intérpretes. Ao menos esse ano não teremos os famosos
fru-frus. E os sambas da Viradouro e Império foram muitos bem
gravados, ao contrário da Vila. Assim como o bolachão de 1986, a capa do
CD de 2009 é exclusiva a uma destaque de escola de samba, ao invés de um
abre-alas da bicampeã de 2007/08, Beija-Flor de Nilópolis. Total
desrespeito ao sambista! Lamentável!!! NOTA DA GRAVAÇÃO: 5 (Luiz Carlos Rosa). Chegou a hora de mudar. Desde que tiraram o formato de gravações ao vivo, o CD vem caindo de qualidade a cada ano. Os arranjos são feitos por gente da melhor qualidade e competência, como Jorge Cardoso e Alceu Maia, mas esse formato artificial de estúdio não valoriza o trabalho de ambos. É um trabalho distante do que o sambista quer, ele não se identifica nos desenhos rítmicos ou nas introduções. E a falta dos alusivos também deixa mais distantes ainda. Aliás, uma pergunta, se o Grupo Especial não pode fazer alusivo por causa de direitos autorais, como o Grupo de Acesso, que tem menos verba, consegue? NOTA DA GRAVAÇÃO: 6 (Bruno Guedes). Autêntico disco do século XXI, em
todos os sentidos. A gravação das faixas, no geral, tem altos e baixos. Talvez
o ponto forte seja a ausência de previsíveis efeitos sonoros abundantes nos
dois CDs anteriores, os quais eram indiscutivelmente irrelevantes, não
engrandecendo os sambas Para começo de conversa, eu
quero deixar uma coisa bem clara: eu vou julgar o samba pelo que o meu ouvido
escutou e compreendeu. Um samba que nem “Heróis da Liberdade” não necessita de
sinopses estapafúrdias ou explicações mirabolantes de compositores e torcedores
fanáticos para que se possa tentar entender a sua letra ou melodia. Não vou me
alongar nos comentários sobre a produção do CD. Pessoal, vamos deixar bem
explicado uma coisa: a produção pode ter vários defeitos, mas ela não pode ser
culpada pela horrorosa qualidade dos sambas escolhidos para o carnaval de 2009.
Infelizmente, os sambas dos “10, 30, 40 mil reais” (investimento médio que os
fazedores de samba gastaram) venceram mais uma vez. Para ser mais claro, os
onze sambas inéditos não são dignos das histórias das escolas. As letras são
incompreensíveis e as melodias desconjuntadas e mal resolvidas. O pior disso é
que eu li as sinopses e elas seguiram o mesmo nível (péssimo). Enfim, o caro
leitor deve chorar de tristeza ao constatar o nível de mediocridade que o
carnaval chegou em termos de samba. O João Marcos disse que talvez seja a pior da
história e eu concordo com ele. Isso se reflete claramente na escolha do melhor
samba escolhido que é de 1976. Numa comparação futebolística, ele seria o
Corinthians da Série B ou Atlético Goianiense da Série C de 2008 (muito
superiores aos demais e com léguas de distância). O preço
cobrado pelo CD é muito alto pelo nível apresentado e essa safra não vale nem o
valor cobrado pelo camelô. Para mudar esse triste cenário, os jurados
poderiam descontar muitos, mas muitos décimos dos sambas escolhidos. Quem sabe
com isso, as escolas criem vergonha na cara e façam escolhas melhores e mais
dignas do amante desse grande espetáculo. Para um gênero que já apresentou
diversas obras excepcionais, isso apresentado em 2009 é digno de vergonha. NOTA DA GRAVAÇÃO:
3 (Daniel Benfica). A safra é bem melhor que a de 2008. Nesse ano não tem
sambas ruins: são de médio para bons, e pelo equilíbrio é superior à safra do
ano anterior. Apesar de em 2008 termos um samba nota A
gravação do CD não foi uma das melhores, mas
não teve erros drásticos. 2009 foi o último em que
as gravações foram feitas daquela maneira (bateria
fraquinha, somente com alguns instrumentos) passando, então, a
ser ao vivo desde 2010. Antes, as gravações eram ao vivo
(de 1993 à 1998), somente a partir de 1999 que ela deixou de ser
gravada ao vivo, acabando de certa forma com a credibilidade dos CDs.
Destaco os sambas da Mangueira, Mocidade, Império Serrano,
Imperatriz e Salgueiro. NOTA DA
GRAVAÇÃO: 8 (João Vitor Pereira Lima). O criticadíssimo samba de
Tom-Tom acaba mostrando a sua verdadeira face após a gravação com o espetacular
Neguinho da Beija-Flor. É a melhor melodia do ano. Não existe nada mais bonito
que o casamento da letra e da melodia em "Oxum: a deusa do encanto /
Estende o seu manto / Aos orixás, a nossa fé (...)". O refrão de cabeça é
forte e gruda no ouvido, que era o que Laíla queria - com exceção de duas ou
três parcerias, as demais acharam que a Beija-Flor queria um samba
"moderno", com características de outras escolas. O samba de Tom-Tom
e cia. tem a marca nilopolitana e não possui uma letra embolada, característica
que vinha marcando os últimos sambas da escola. Se a letra peca, é por ser
direta demais - a qualidade da obra poderia ter sido elevada com alguns
momentos mais sutis na construção poética (que fique claro que eu não quero os
malditos "sambas aspas" com sua falsa poesia). P.ex., não era
necessário falar que o banho 'evoluiu' ou foi 'excomungado'. A preocupação em
detalhar a sinopse produziu uma letra muito longa. Além disso, o refrão do meio
não tem grande força. É um bom samba e um dos destaques de uma safra horrenda e
está no nível dos dois últimos sambas da escola. Porém, o banho de Tom-Tom está
abaixo do Padrão Beija-Flor de Qualidade, estabelecido com
"Caruanas", em 1998. NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos). Gosto muito desse samba. Ele é
um pouco inferior aos últimos da agremiação, porém me agrada muito. Sua escolha
gerou muitas discussões e questionamentos em sites, já que o samba de Cláudio
Russo era o mais querido pelos internautas. Porém, este não me agradava muito.
A letra é uma parte do samba bem questionável, longa, com excessos de
terminação em “ou” e em alguns momentos apelativa e muito pouco poética,
principalmente no trecho em que fala que o banho foi excomungado. A melodia é,
com certeza absoluta, o ponto forte da obra, predominantemente em tom menor,
com algumas partes mais alegres (meio da segunda parte e refrão principal). O
mais estranho nisso tudo é que tinham pedido uma obra pequena e em tom maior,
vai entender... O refrão principal, tão tachado de trash por algumas pessoas, é
uma das melhores partes da obra, na minha opinião. A primeira parte é um pouco
longa demais, o que acaba a deixando cansativa. Sua letra também não é das
melhores, com os problemas de rimas já citados. O refrão central tem apenas
como função ligar as duas partes, sem grandes momentos. A segunda parte do
samba é a que mais me agrada, porém, como nada é perfeito, contém sete vezes a
palavra banho (ela aparece nove vezes no samba inteiro, fora as palavras
derivadas, como banhar, banhando.... assim se contariam 12 palavras). Este
samba da Beija-Flor é, com certeza, um dos melhores do ano, apesar de divergirem
opiniões. Isso, claro, na minha opinião. Boa sorte ao Neguinho, que fez um
depoimento muito emocionante no início da faixa, agradecendo a Deus e a todos
que rezaram, rezam e rezarão por ele. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi). A
campeoníssima da primeira década no novo
milênio abre a bolacha digital do Grupo Especial 2009 com um
sambinha muito aquém de sua magnitude. A letra é
descritiva??? Conta bem o enredo???
Evidente!!! Ponto para a comissão carnavalesca da escola
nilopolitana!!! Mas é
tudo resuminho de sinopse!!! A primeira parte possui uma
sequência irritante de
rimas terminadas em ou
(começou/imperou/expulsou/inovou/acabou),
não há um grande momento poético. Sem falar no verso mais trash do ano: "...o banho foi excomungado"
- soa estranho num samba enredo. A melodia é razoável em alguns momentos como
na parte ""Oxum, a deusa do encanto". O refrão central "As águas rolaram..." é
fraquíssimo, só serve de ponte para as duas partes do sambinha. Já o refrão
principal, o famoso "embala eu babá" gruda na cabeça e com toda
certeza do planeta é a melhor parte da obra. Pra se ter uma idéia de como o
sambinha é irregular e não se sustenta sozinho, o interprete Neguinho valorizou
uma obra perdida igual agulha no palheiro! Curiosidade: teve um internauta
que achou que o "embala eu babá" fazia referência a uma babá que
tinha "embalado" um bebê pra dormir, logo após o mesmo ter tomado um
BANHO!!! Esse não leu a sinopse!!! NOTA DO SAMBA: 7 (Luiz Carlos Rosa). Falando em mudança, o CD começa com uma. Deixando de lado o estilo de sambas pesados, a escola nilopolitana levará para a Avenida uma obra mais leve, mais animada. O refrão que foi muito questionado durante a eliminatória, cresce a cada dia e será um dos pontos altos da bicampeã. A letra é extensa, porém contêm o enredo inteiro. A melodia é um pouco fora do comum, mas tem uma subida de tonalidade interessante a partir de “Oxum, a deusa do encanto...”. Só há um excesso da palavra “banho” e do uso do Pretérito Perfeito no refrão do meio. Em se tratando de Beija-Flor, esperava-se mais, mas mesmo assim ainda é uma boa obra. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Guedes). A bicampeã de 2008, sob sempre a impetuosa intervenção do
diretor de harmonia Laíla, decidiu apostar em um samba um pouco mais distante daquilo
que vinha habituado a levar à avenida. “Chuveiro da alegria” deixou certamente
de lado a obsessão permanente da Beija-Flor pela perfeição técnica e investe em
uma espécie de animação há-qualquer-custo, remetendo bastante às corriqueiras
marchinhas que a agremiação, volta e meia, apresentava na década de Esse samba da Beija-Flor está muito abaixo de outras obras
da escola como “A
criação do mundo na
tradição Nagô”, “Manoa”, etc. O
refrão de cabeça é forte e gruda no ouvido. A
melodia é muito bonita na parte do "Oxum: a deusa do
encanto / Estende o seu manto / Aos orixás, a nossa fé (...)". O
problema desse samba é mesmo a letra. É a tal história, não é porque Jairzinho
fez gols em todos os jogos da Copa de 70 que eu preciso colocar isso no samba.
Esse exemplo se aplica perfeitamente a obra: expressões como “o banho foi excomungado” não precisam
figurar num samba. A letra é direta demais e a obra poderia ter momentos mais
poéticos (não quero aquela falsa poesia e versos embolados que não dizem nada).
Do jeito que ficou a obra, nada mais é que um resuminho de sinopse. NOTA DO SAMBA:
8,8 (Daniel Benfica). O samba é bom, não passa disso. Um pouco abaixo dos sambas
passados da escola. A letra tem boas passadas como no verso “Oxum... a deusa do encanto”, o melhor trecho
do samba. Os refrões são bons, com destaque pro principal. A primeira parte é
media, não tem a boa qualidade da segunda. Pra terminar: por que a Beija-Flor
não escolheu o samba de Cláudio Russo? Cantado pelo Wander Pires, era muito
bom. NOTA DO
SAMBA: 9 (Luiz Henrique). Começo as análises com uma
frase do grande Haroldo Costa, publicada recentemente em outro site de
carnaval: "Normalmente, temos uma reação contrária quando ouvimos os
sambas pela primeira vez. Depois, com o hábito, vamos formando opinião”. Quem
sou eu pra discordar de um cara com o conhecimento do Haroldo, mas
acrescentaria um pequeno porém a esta reflexão: o samba bom, o clássico, o que
fica pro ano inteiro, esse nos vicia na primeira audição. O samba
"japonês", como diria o João Marcos outro dia, é que a gente tem que
ouvir 10, 30, 257 vezes pra se "acostumar" e ficar menos pior.
Infelizmente, no modelo samba-enredo do ano 2000, tem casos que nem ouvindo o
dia inteiro. A Era Cláudio Russo chega ao fim na azul e branco de Nilópolis, e justo no momento Na minha opinião, o pior samba da escola nos últimos 12 anos. O samba do Cláudio Russo era bem melhor que este aqui, mas Laíla e sua equipe resolveram se contradizer e escolheram o samba de Tom Tom, seguindo a mesma fórmula dos anos anteriores com sambas longos de melodia mais pesada, embora este ainda tente ser alegrinho. Antes das eliminatórias, havia sido informado aos compositores que o samba deveria ser curto e de melodia mais leve... E mesmo que não fosse pra escolher o do Russo, havia ainda vários outros sambas melhores do que esse nas eliminatórias. O samba de 2009 possui vários problemas como a grande repetiçao de palavras terminadas em "ou" na primeira parte, um refrão central completamente inexpressivo e o uso da palavra "banho" e variáveis diversas vezes. O criticado refrão principal me agrada, é animado e "gruda". Gosto também do trecho "Águas do tempo/ Fonte da vida, purificação/ No azul da fantasia mergulhei/ Nas ondas da emoção". O trecho que fala de Oxum também agrada, mas no todo o samba não é bom. NOTA DO SAMBA: 8,2 (André Mariz). O samba da escola de Nilópolis é mediano na melodia, que por sua vez não tira o brilho do bom samba da Beija-Flor em 2009. A letra aborda bem o enredo, mas, não tem muita empolgação. Eu não entendo a parte: "Embala eu babá". Enfim, é um samba bem legal. NOTA DO SAMBA: 9,7 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 2 - SALGUEIRO - "Salve o mestre do Salgueiro". A Academia do Samba aposta numa obra mais funcional para embalar o enredo "Tambor", o tema que mais promete no Grupo Especial de 2009. Na minha opinião, o samba poderia ser um pouco mais emocionante para servir de fundo musical para o enredo, mas enfim... Já é uma tradição na era pré-carnaval nos depararmos com uma nova surpresa proporcionada pela irreverência de Quinho na faixa. E ele a abre com um "ei, psiu psiu", cujo som lembra mais um mata-moscas em ação. Hilariante... Sobre o samba-enredo salgueirense, o refrão principal é daqueles que promete levantar a Sapucaí abaixo. A primeira parte é envolvente, bem como o refrão central, com a animação prevalecendo. Já na segunda do samba, os trechos em tom menor aparecem com mais constância, com destaque para a bossa da bateria na segunda passada. A letra não é tão descritiva, havendo assim ausência poética na obra, baseando-se mais em citações. Na gravação, Quinho teve uma atuação correta. Mestre Louro é homenageado na letra e também no reforço do verso "Salve o mestre do Salgueiro" no final da faixa. Nada mais justo! E ficaremos na torcida para que a opção do Salgueiro por um samba mais descontraído honre o excelente enredo que a agremiação levará para o desfile em 2009. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Marco Maciel). A equivocada escolha do
Salgueiro, na minha opinião fruto de um trauma chamado "Candaces",
revela-se trágica logo no primeiro verso do samba, quando a escola manda o
sambista ir... no tambor! Sim, é exatamente isso - vem no tambor da Academia.
Quando um instrumento musical se transforma em lugar, todo o resto se torna
irrelevante. O resto da letra tem até uma simplicidade positiva, que seria
melhor explorada se passasse a mensagem geral do enredo, sem ficar apenas
citando os setores da sinopse de forma desconexa. Com uma ou outra adaptação, a
letra genérica poderia ser usada tranquilamente em vários outros enredos (fé,
carnaval, etc.). A melodia, que faz da obra uma marcha simpática, com bons
momentos, tem o mesmo estilo e reutiliza muitas das soluções do samba de 2005,
apesar do resultado ser mais irregular. A escola deve prestar atenção
principalmente na segunda parte, que tende a cair de rendimento. NOTA DO SAMBA: 7,4
(João Marcos). Quando o carnavalesco Renato Lage divulgou o
enredo "Tambor" para 2009, ele pediu aos compositores que fizessem
uma obra emocionante. A maioria das parcerias seguiu as regras do jogo e o
Salgueiro obteve a melhor safra de sambas entre as co-irmãs do Grupo Especial.
A escola tinha ótimas opções (uma delas revolucionaria o carnaval), mas
acabou optando por uma obra funcional e que se encaixa perfeitamente na
voz do irreverente Quinho. É um samba de maravilhosos refrões e só. O
principal "Vem no tambor da
academia..." é delicioso e faz uma justíssima homenagem a
todos os mestres da escola tijucana. O central "Tem batuque, tem magia/tem axé..." é de quebrar
as janelas, evidentemente a melhor parte da obra. A partir da segunda parte, o
samba cai assustadoramente de produção, principalmente na melodia. A letra é
tecnicamente burocrática, não tem um momento de poesia marcante. É um samba que
só serve mesmo pra desfilar e ficar gravado na mente até o Desfile das Campeãs.
NOTA DO SAMBA: 7,9
(Luiz Carlos Rosa). Marchinha
oba-oba, semelhante a quase tudo que a escola insistia em trazer após o título
de 1993. Inclusive, eu particularmente considero este samba um atentado contra
nossa inteligência. O Salgueiro, um dos pilares do samba de raiz, levando em
conta as belas obras que apresentou durante as eliminatórias de 2009, tinha
perfeitas condições de trazer um hino excepcional a seu desfile – aliás, a
própria agremiação, diga-se de passagem, sabe disso. Indiferentemente, acabou
optando por uma marcha insossa, cuja letra amontoa clichê atrás de clichê,
preocupando-se mais em fazer vagas citações a trechos da sinopse em detrimento
de uma poesia mais coerente. Provas: “Invade a alma,
alucina/É vida, força e vibração!”, “Nas civilizações,
cultura/Arte, mito, crença e cura”, “Tem batuque, tem
magia, tem axé!”,
“No canto, na dança, é festa, é popular!”
ou “É show, é samba, é carnaval!”. A
melodia até tenta se utilizar de algumas variações interessantes, porém estas
são quebradas em função de segundos por mudanças de tons desnecessárias,
voltando sempre à estaca zero. Os refrões são quase vazios em matéria de
conteúdo. Fraco! NOTA DO
SAMBA: 6,4 (Gabriel Carin). O Salgueiro escolheu mais uma vez um samba equivocado para
o carnaval. É um absurdo você constatar que a escola tinha sambas superiores na
safra e escolheu isso. Como foi dito pelo João Marcos, a letra até tem uma
simplicidade positiva, mas peca por citar os setores da sinopse de forma
desconexa. A melodia tem bons momentos, mas infelizmente reutiliza muitas
soluções do samba de 2005 e o resultado final é irregular. Um samba funcional
que só serve para o desfile e nada mais que isso. Uma pena! NOTA DO SAMBA: 7,5
(Daniel Benfica). Não me empolga, creio que a
escola tinha melhores obras na disputa. Muitos "lugares comuns",
versos muito manjados... Cadê a poesia? Cadê o lirismo? Um samba comum pra um
excelente enredo. NOTA DO SAMBA: 8 (Matheus
Ávila). Segue a velha tendência de se segurar nos refrões estilo “me chama que eu vou”, e deve funcionar na avenida. A letra e a melodia, porém, são paupérrimas, e provavelmente o samba será gritado no desfile. O triste é constatar que, diante de uma sinopse confusa, não havia opção melhor pra o Sal. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho). Esse samba já sofre um certo preconceito por ter vencido o aclamado samba de Edgar Filho, considerado por muitos um dos melhores de todos os tempos mesmo sem ter ido para a avenida. O que é verdade! Mas este aqui também não é de se jogar fora. Tá certo que segue a mesma linha de sambas oba-oba que o Salgueiro vem usando desde 1993, visando um novo "Ita". Além disso, certos trechos fazem você se lembrar da melodia do samba de 2005 da Academia. Mas é um bom samba, que conta bem o enredo e embalou o campeonato salgueirense depois de um jejum de 16 anos. NOTA DO SAMBA: 8,8 (André Mariz). A escola de samba do Andaraí não apresenta uma rica letra, porém a animação na melodia é irresistível, até a pessoa mas calma do mundo se agita com "Vem no tambor da Academia/ que a furiosa bateria vai se arrepiar"! Muito bom o samba do Salgueiro de 2009. NOTA DO SAMBA: (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 3 - GRANDE RIO - "Minha alma é tricolor". Felizmente, meu temor não se confirmou, pois achei que Wantuir - que não havia tido bons desempenhos nos últimos discos - mandou muito bem na gravação. Há quem reclame de alguns vibratos do intérprete na gravação, mas que pra mim passam despercebidos. O samba-enredo da agremiação de Duque de Caxias me entusiasma a cada dia, pois é muito superior aos últimos apresentados pela escola, com melodia inspiradíssima e um resultado final bárbaro. Eu, pelo menos, não canso de ouvir essa bela obra da Grande Rio com dois refrões arrasa-quarteirão e duas partes formidáveis em termos melódicos. A primeira mescla com maestria versos cantados rapidamente e outros de notas mais alongadas. Já a segunda parte apresenta soluções melódicas de encher o tricolor da Grande Rio de orgulho. A letra não chega a ser tão descritiva, mas as expressões em francês, felizmente, soam bem adequadas. E Mestre Odilon deverá deitar e rolar com as bossas de sua fantástica bateria que a melodia do samba-enredo permitirá. O samba de 2009 já briga com o de 2001 pelo posto de melhor da década na escola. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel).A escola tem um bom samba,
apesar de muito inferior ao de Muito bom este samba, gosto
muito, conseguiram tirar leite de pedra. A Grande Rio, tão criticada em sambas
nos últimos tempos, vem, em dois anos seguidos, com excelentes sambas. Mingau é
com certeza um dos melhores compositores da atualidade: quando ganha, ganha, e quando
não ganha, merecia ganhar... foi assim em todos os anos que conheço os sambas
campeões da Grande Rio e os sambas que ele inscreveu. Tudo isso, claro, sem
desmerecer as outras parcerias... Agora falando do samba... A melodia é muito
boa, porém o problema é a letra... digo, as rimas... nove versos
com rimas em “ar” (contando com o
“Oui, Voilá!”) e 8 em “ão”
(contando com o “Vilegagnon”), fora os “er” que
também irritam um pouco. O refrão principal é de
excelente qualidade, há também
de se dizer a forma que o Wantuir mudou o pronuncia do “Oui,
Voilá”. A primeira
parte, apesar de ser, na minha opinião, muito cadenciada, me
agrada bastante. O
refrão central é o ponto forte da obra, mas há de
se falar também da semelhança
com o refrão central do samba da Leandro de Itaquera do ano de
2004, quando
falava de São Paulo: “A força, a cultura, o negro
é arte... ôô / Um povo
imigrante fiel sonhador, que idealizou! / Gigante de pedra que encanta
e seduz,
é muita emoção / Meu samba é raça e
vem nas garras do leão”, principalmente nos
dois primeiros versos. A segunda parte deste samba é muito boa
também, apesar
da repetição de rimas. Este samba é com certeza um
dos melhores do ano e um dos
três melhores sambas da escola no Séc. XXI. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Pedrassi). Pela segunda vez consecutiva a
agremiação de Caxias apresenta um belíssimo samba enredo que exalta o ano da
França no Brasil (2009). O ponto forte da obra de Mingau e parceiros é sua
inspiradíssima melodia, principalmente na segunda parte. O refrão principal "Minha alma é tricolor..." é
fortíssimo, chama a comunidade caxiense a cantar de joelhos. De negativo apenas
o excesso de rimas terminadas em ar
na primeira parte e os desnecessários vocábulos franceses ao longo do samba, o
que dificulta o canto do componente. Mesmo assim é evidente a qualidade desse
samba, um dos melhores de 2009. Fiquei apenas decepcionado com a
interpretação de Wantuir, que não parecia estar muito seguro na faixa. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Carlos
Rosa). O enredo sobre a França gerou um
samba com a marca registrada de Derê, Mingau e Emerson Dias, gostoso de cantar.
A letra possui adornos poéticos de primeira linha. A melodia tem como destaque aos
refrões, ambos de muito bom gosto. O de cabeça, incrementado com expressões em
francês, passa uma empolgação indiscutível ao ouvinte. Já o central, caindo
para tom menor e sendo entoado de forma mais rápida que as demais partes do
samba, demonstra claramente a intenção dos compositores em fazer uma obra original
e diferenciada, o que já seria um fator relevante. Sem grandes explosões de
genialidade, às vezes, sua audição torna-se um tanto cansativa, porém ainda se
trata de um dos melhores hinos do ano, o que infelizmente não quer dizer grande
coisa. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Gabriel Carin). Pra mim
é dos melhores da safra, mas confesso que ainda me soa estranho esse samba na
voz do Wantuir. Ainda assim, o samba tem força, boa letra e melodia,
especialmente na segunda parte. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Matheus
Ávila). Um dos grandes sambas inéditos do ano, Wantuir começou com pé direito na escola de Caxias. NOTA DO SAMBA: 10 (Igor Munarim). A letra é até bonita, mas a melodia se arrasta e encaixou-se muito mal na voz de Wantuir. Não digo que a escola de Caxias terá que sambar muito para alçar um lugar entre as grandes, pois todos sabem que ela é incapaz de fazer isso e mesmo assim tem cadeira cativa no desfile de sábado. NOTA DO SAMBA: 9 (Cláudio Carvalho). Um dos melhores do ano! Na minha opinião, a voz de Wantuir não se encaixa muito com o samba, que era melhor cantado pelo Bruno Ribas. Mas mesmo assim é muito bom. O trecho "Eu vi nascer/ Um novo dia florescer/ Sonhei com as cores de Debret/ Emoldurando o amanhecer" é um dos melhores do ano. O samba porém apresenta dois "senãos": O fato do trecho "Le mon amour é a França" estar gramaticalmente errado e a melodia do refrão central que é simplesmente igual ao do samba da Leandro de Itaquera de 2004. Mas no geral é um ótimo samba. NOTA DO SAMBA: 9,2 (André Mariz). O samba não é nenhuma obra prima, mas é muito bom. Aliás o que faz ele não ter melhores elogios aqui em minha cidade é sua melodia, que se torna cansativa em alguns momentos, mas sua letra é muito boa e o enredo é bem mostrado no samba. A escola mesmo assim está de parabéns. NOTA DO SAMBA: 9,6 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 4 - PORTELA - "São 21 estrelas que brilham no meu olhar". É um samba que, além de trazer a marca portelense, que é o lirismo melódico, também é valente, embora esta qualidade tenha sido um pouco ofuscada com as subidas nos tons dos dois primeiros versos do refrão central, além do trecho "Lendas do povo europeu". É uma tendência que infelizmente contagia as escolas nos dias de hoje, que procuram evitar de todas as maneiras esses versos de tons baixíssimos que muitas vezes contribuem de forma gigantesca para o crescimento de qualidade de um samba-enredo. O hino portelense de 2006, exemplificando, decaiu muito em qualidade em função disso. O samba foi gravado numa bela cadência, com atuação segura de Gilsinho. No refrão principal, é naturalmente realizada uma declaração de amor à Portela, indiretamente adequada ao enredo. Já o central teve uma queda de qualidade com a já referida subida de tom nos dois primeiros versos. As duas demais partes têm estrutura similar poética e melodicamente, com o tradicional lirismo portelense prevalecendo e os compositores conseguindo, de forma adequada, citar os setores do enredo por toda a letra, como o povo europeu, Índia, cinema, ciência e os antigos carnavais. Os cinco últimos versos, a partir da citação às 21 estrelas (referência ao número de títulos conquistados pela Portela no carnaval), dispensam comentários em termos melódicos. Simplesmente fantástico! A esperança dos portelenses é que, a partir da Quarta-feira de Cinzas, o folião brade que são 22 estrelas que brilham no nosso olhar. Vamos aguardar! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel). A letra é prejudicada pelo
enredo confuso - o tema é simples, mas a falta de foco fez com que um monte de
coisas diferentes seja conectada por um "amor" mais genérico, quase
como Paulo Barros fez no "É de arrepiar". E, neste momento, a
mensagem do samba fica quase incompreensível. A coisa melhora na segunda parte,
que é o que o samba tem de melhor, principalmente quando fala de carnaval e da
própria Portela. A melodia é bem construída, mas a tonalidade utilizada na
gravação dá um aspecto morno à faixa - fato que, aliás, vem acontecendo com
todos os sambas da escola desde 2005. NOTA DO SAMBA: 7,9 (João Marcos). Um dos melhores sambas do ano,
quem sabe o melhor. Quando disponibilizada a versão concorrente do samba, não
gostei, o achei chato e cansativo, mas o samba foi me conquistando aos poucos.
Sua melodia é dotada de lirismo e sua letra, apesar de muito didática, é de intenso
agrado. Tentando comparar dois sambas sobre o amor, o da Portela e do Arranco,
sinceramente declaro empate, são dois sambas de estilos distintos, e apesar do
tema ser igual, a abordagem do enredo é muito diferente. O refrão principal
deste samba é muito bom, mesmo com a bendita rima “Oswaldo Cruz e Madureira”
com “bandeira”. A primeira parte deste samba é maravilhosa, mesmo sendo muito didática.
Chegamos ao momento mais complicado do samba inteiro, o refrão central... o que
fizeram com ele??? Pelo amor de Deus... Era um momento diferente, de rara
inspiração dos compositores... agora... caiu na mesmice, pra cima, como
sempre... É mais uma coisa quase inexplicável! Mas, vamos lá... A segunda parte
deste samba é a que mais agrada a todos, mas, sinceramente, prefiro a primeira.
Possui, com certeza, a parte mais lírica de toda a obra. O “São vinte e uma
estrelas que brilham no meu olhar / Se eu for falar da Portela não vou
terminar” é muito emocionante. Em comparação aos últimos sambas da Portela, é
do mesmo nível. Gilsinho mais uma vez tem atuação apagada no CD, mas acredito
que deva arrebentar na avenida de novo. Está aí um grande candidato ao
Estandarte de Ouro e os 40 pontos. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Vitor Pedrassi). O que mais temia aconteceu: mudaram o
excelente tom melódico do refrão central "Meu coração... guerreiro", na minha opinião, o
ponto alto do samba portelense. Era gostoso cantar o samba, principalmente
quando chegava no maravilhoso verso final da primeira parte "Mãe Africa Negra/o amor cruza o
mar/liberdade..." atingindo ao ápice no ex-valente refrão
central, em tom baixo, diferenciado: "Meu
coração... guerreiro". Mas infelizmente a diretoria resolveu
colocar um tom mais pra cima... Uma pena!!! No geral, agora falando da versão
original, a obra é bem simples, conta bem o enredo apesar de forçações de barra
como no verso "Doze cavaleiros se
uniram..." e lógico, não poderia faltar os clichês batidos da
parceria campeã "Minha
Portela", "Minha Águia", "Osvaldo Cruz e Madureira",
e "O homem...”. Destaque
para a última estofe da segunda parte do samba "São 21 estrelas que brilham no meu olhar..." de
letra e melodia esplendorosa. Mas a bem da verdade, o samba é bonzinho, mas
muito inferior aos dos anos anteriores. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Luiz Carlos Rosa). “O que será que me dá? Que me bole por dentro, será que me dá?”. Eu
sinceramente tenho pena dos autores deste samba, que, apesar de terem pego um tema
sobre o amor, presente em tantas obras-primas da MPB, tiveram que ser
submetidos a uma abordagem tão complicada de uma sinopse árida, na qual a
construção do Taj Mahal talvez seja mais importante que todo o lado emocional do
enredo existente em todos nós – exceto apenas nos carnavalescos, quem sabe. De
qualquer maneira, Diogo Nogueira se afastou completamente da simplicidade presente
em seus sambas anteriores. A fim de aludir a todos os tópicos do enredo, a
letra tornou-se de difícil canto, dando voltas demais para falar de algo
simples. A melodia acaba perdendo força em meio a tantos detalhismos minuciosos. NOTA DO
SAMBA: 7,7 (Gabriel Carin). Esse samba da Portela é um belo exemplo do que uma sinopse
muito ruim pode gerar num enredo simples que nem esse. Um “amor” mais genérico
na definição da palavra. A primeira parte do samba é quase incompreensível com
um monte de citações que tornam essa parte muito forçada. A segunda parte é a
melhor do samba, principalmente naquela que fala da própria Portela e do
carnaval. A melodia é bem construída, mas sinceramente, a escola tinha coisa
melhor na disputa de samba e essa obra é razoável, nada mais do que isso. NOTA DO SAMBA: 7,9
(Daniel Benfica). Outro
grande samba! A obra da Portela é a melhor da escola
nessa década. O samba, apesar de grande, é lindo e tem
refrões bons. O
principal é uma declaração de amor à escola
e é formidável. O do meio é médio,
a pior parte do samba. A primeira parte é bacana, a segunda
parte é muito
bonita e a melhor passagem do samba é o final a partir do
verso “São vinte e uma estrelas que brilham no meu
olhar”, em que o samba vira nostalgia pura. O segundo melhor samba do ano. NOTA DO SAMBA: 9,5
(Luiz Henrique).
Junior Scafura e cia vem dando mostra de desgaste enquanto
campeões na escola. O samba do ano que vem é inferior ao de 2008, que por sua
vez é inferior ao do ano passado. A letra é por demais grandiosa, e contém uma
série de lugares comuns. Ninguém agüenta mais a referência a Oswaldo Cruz e
Madureira. Além disso,os “ranchos, blocos e cordões” já tiveram passagem no
samba de O grande pecado deste samba é amontoar todo o enredo na primeira parte pra se tornar lírico na segunda. Outro detalhe foi a mudança drástica que fizeram na melodia do refrão central, que na versão dos compositores era "pra baixo" e no CD ficou "pra cima", ganhando funcionalidade e perdendo beleza. Fora isso é um samba pra fazer qualquer portelense cantar a plenos pulmões! A escola conseguiu um terceiro lugar, sua melhor colocação nos últimos 14 anos. NOTA DO SAMBA: 9,1 (André Mariz). O samba não me agrada muito. Mas este ano não teve samba ruim. O samba não parece ser da gloriosa Portela, mas não é ruim. NOTA DO SAMBA: 8,9 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 5 - UNIDOS DA TIJUCA - "O meu Borel visto de cima é mais bonito". Um dos destaques da safra, o samba tijucano, apontado por alguns como o melhor do ano, se destaca por não ser tão funcional como os anteriores da escola. A primeira parte é, de longe, a melhor da obra. Tanto pela qualidade dos versos quanto pela belíssima melodia. Não é um exagero salientar que a primeira do samba já vale por toda a obra, tamanha é a sua beleza em todos os sentidos. O restante do samba-enredo já se enquadra no estilo da funcionalidade que vem sendo corriqueira na Unidos da Tijuca desde 2004, principalmente pela segunda parte em termos melódicos e com letra mais descritiva (em contrapartida à poesia da primeira). O refrão principal também é mais funcional. O central não deixa de ser, embora apresente uma melodia fantástica nos dois últimos versos "Luar que embala meus sonhos/luar de qualquer estação". Infelizmente, achei que Bruno Ribas ficou devendo, pois o intérprete tem apenas uma atuação discreta no álbum. Mas ele terá a honra de defender o melhor samba tijucano desde o histórico "Agudás", de 2003. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel).Muita gente boa vem me
apontando, seja por e-mail, seja amigos compositores, este como sendo o melhor
samba da safra. A impressão que eu tenho, no entanto, é de que a obra tem mais
estilo do que substância, semelhante à Mocidade 2007. Parece-me um samba mais
fácil de se admirar do que amar. A letra tem momentos interessantes, justamente
por ser mais interpretativa que a média, porém a melodia parece um tanto quanto
"travada", com poucos momentos de diferencial. O ótimo refrão do meio
é o grande destaque da obra, mas não consegue "soltar" o samba.
Aliando isto a uma performance burocrática de Bruno Ribas, acabamos tendo mais
uma faixa morna no CD. NOTA DO SAMBA: 8,4 (João Marcos). Bom samba, porém com um tempo
se torna cansativo. Apontado por alguns como o melhor samba do ano, ele me
agrada. Bruno Ribas, na minha opinião, não gravou o samba muito bem, pois considero
a versão dos compositores superior a esta. A letra é bem qualificada e poética,
sem grandes criatividades e deixa o enredo meio complicado de entender, mas
ainda sim consegue sair um pouco da característica que os sambas da Tijuca tinham
tomado. A melodia é lírica, bem diferente dos últimos anos, mistura alguns
momentos alegres e outros mais pra baixo. O refrão principal é de muita
qualidade, porém, como quase todo o samba, é cansativo. A primeira parte é boa,
principalmente os primeiros versos, que gosto muito. Pessoalmente, não gosto
muito do final, por achar que o “Oxalá” sai um pouco forçado, não pela letra,
mas pela melodia, que é atrasada um pouco pra caber, e acaba tirando um pouco
da explosão. O refrão central é muito bom também, principalmente os dois
últimos versos, que, no caso, a repetição da palavra “luar” dá mais poesia aos
versos. Eu, pessoalmente, acho que o verso: “Da ciência à navegação” ficou meio
solto na melodia, mas pode ser só impressão minha. Ah, o primeiro verso (“Vai
Tijuca, me faz delirar”) bem que dá uma margem prá um duplo sentido, né? A
segunda parte é a que mais me agrada, principalmente os seis primeiros versos
(“Eu vi brilhar, em seu olhar, a devoção / A lenda do guerreiro e o dragão / O
despertar da fantasia / Vi também, a criança em seu carrossel / De heróis das
estrelas, um céu / De mistérios e magia”). Como já disse, considero um bom
samba, porém um pouco cansativo. Comparando com os últimos da escola, é
superior. NOTA
DO SAMBA: 9,4 (Vitor Pedrassi). Taí o samba que mais me agradou no Grupo
Especial de 2009. É um samba muito bem construído. A letra é simplesmente
maravilhosa num casamento perfeito com a melodia em sua fantástica primeira
parte! Embora com clichêzinho básico, o refrão central "Vai Tijuca, me faz delirar"
é bastante gostoso de cantar e os versos do mesmo "Luar que
embala meus sonhos/luar de qualquer estação" tem um efeito
fantástico. A segunda parte em termos melódicos também é fascinante,
principalmente a partir do verso "Na
tela/tantas jornadas pelos astros...". Já o levíssimo refrão
principal "A nave vai pousar/e
conquistar seu coração..." lembra aqueles feitos nas décadas
de 80 e 90. Num todo é uma obra belíssima, é claro que não está entre as
melhores da escola, mas é destaque de uma safra burocrática. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Luiz Carlos
Rosa). Bom samba, cumprindo coerentemente seu papel de narrador de um
enredo inteiramente visual. A letra, escrita toda em primeira pessoa, possui
algumas imagens poéticas interessantes, comparando o morro do Borel a todo o
momento com as diversas passagens do enredo. A melodia, do mesmo modo,
tem como ponto alto sua funcionalidade. Entretanto, a obra carece de um pouco
mais de sentimento, haja vista que o fascínio pelos céus, sem dúvida, mexe com
os brios de cada um de nós, o que poderia ser explorado com maior
aprofundamento. Falta-lhe um quê de ousadia, o que difere obviamente um samba exuberante
de um mero mais-do-mesmo. Mas é ainda uma bela obra. NOTA DO
SAMBA: 8 (Gabriel Carin). Numa safra horrível que nem essa, o samba da Tijuca é
considerado por muitos o melhor do ano do lado B (o Império é o melhor, mas é
reedição de 1976). A letra tem momentos interessantes e é mais interpretativa
que as demais. O refrão do meio é ótimo. A melodia tem alguns momentos de
diferencial. Está muito longe dos grandes sambas que a escola produziu, mas tem
certo destaque nessa safra deprimente de 2009. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Daniel Benfica). Samba bom, tem na melodia seu ponto forte como na primeira
parte onde a melodia é brilhante. A melhor parte do samba são os versos “Cruzou o céu no limiar do infinito/O meu
Borel visto de cima é mais bonito”. Os refrões são médios, o melhor é o do
meio, e a segunda parte é fraca. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Luiz Henrique). Também entre os melhores do
ano. Esse rapaz, o Sr. Bruno Ribas, é um fenômeno pra transformar um samba (pra
quem não ouviu, escutem a gravação da Mocidade do carnaval passado e vejam o
que é uma interpretação E S P E T A C U L A R de um samba-enredo). E o da
Tijuca é muito bem feito, tem uma letra interessante e boa melodia, apesar do
refrão ser meio manjado. Mas no geral, o samba é bom, e com esse cidadão no
microfone, é brincadeira. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Matheus
Ávila). Um samba muito bem escolhido e muito bem cantado belo Bruno Ribas, mas foi prejudicado pela precária produção do disco. NOTA DO SAMBA: 9.5 (Igor Munarim). Um dos melhores sambas do ano. Letra bem elaborada, com boa métrica e melodia correta. A escola do Borel, que tem uma belíssima e pouco comentada safra de sambas-enredo, nos brinda com mais essa bela obra. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho). Diferente dos anos anteriores, a escola escolheu um samba mais lírico, de melodia poética e que na minha opinião ficaria melhor ainda na voz do Wantuir. Eu particularmente gosto muito do samba, principalmente no trecho: "Eu vi brilhar/ Em seu olhar a sedução/ A lenda do guerreiro e o dragão/ O despertar da fantasia". Infelizmente não livrou a escola do Borel de uma pífia nona posição. NOTA DO SAMBA: 9,7 (André Mariz). É um samba muito bacana, e é melhor que o de 2006. Destaco o refrão do meio e a primeira parte inteirinha. A bateria estava muito boa e o Bruno Ribas deu um show! NOTA DO SAMBA: 9,5 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 6 - IMPERATRIZ - "Se você fala de mim, não sabe o que diz". Paulinho Mocidade, na sua volta à agremiação leopoldinense, se mostrou um tanto desentrosado com o samba, pelo menos na gravação. O veterano intérprete tem atuação opaca, fazendo o bom samba da Imperatriz cair bastante de produção com relação à gravação demo de Luizinho Andanças. Mas com um pouco mais de ensaio, Paulinho, que já puxou tantos desfiles campeões na Sapucaí, pode devolver a qualidade do hino gresilense. Ainda tenho curiosidade de, em um dia, ouvir esse samba na voz do ex-intérprete Preto Jóia (hoje na porto-alegrense Praiana), que certamente deitaria e rolaria com um samba-enredo feito com a sua cara. Falando do samba, a Imperatriz, para comemorar os seus 50 anos de história, optou pela obra mais descritiva, que chega a relatar com detalhes as origens e as maiores glórias da verde-e-branco de Ramos. A extensão da letra permite uma melodia mais complexa, gerando um produto final com diversas variações que infelizmente ficaram enfraquecidas com a fraca gravação de Paulinho. O refrão principal é viciante, ainda que eu considere polêmico o verso "Se você fala de mim, não sabe o que diz". Já o central acabou sendo prejudicado no CD pelo fato de Paulinho ter baixado o tom na sílaba "bas" no vocábulo "bambas" no segundo verso, não dando assim o gancho correto para a conclusão do estribilho, proporcionando a impressão de semitonação no trecho. Vale a comparação com a gravação de Luizinho, que cresce o tom na última sílaba de "bambas", fazendo com que o refrão central funcione perfeitamente. Mesmo com o registro irregular no álbum, a Imperatriz contará seus 50 anos de história com um belo samba. Bacana a participação do Grupo Fundo de Quintal, citado na letra do samba-enredo, no início da faixa. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel).O samba é de audição estranha.
A primeira parte tenta ser ousada, com variações complexas, mas falta o
"gancho", um tema melódico que faça com que todas aquelas
"experiências" façam sentido dentro do todo. Fica desconjuntado
demais, diferentemente dos sambas de Eduardo Medrado. E aí, eu não consigo
entender - se a escola escolhe um samba desses, dificílimo, com partes
complicadas de cantar e encaixar na métrica, porque não escolhe um samba com a
marca Medrado, que costuma ser muito mais técnico, bem construído e talvez
fosse até mais simples para o componente entender? E o que falar do refrão do
meio, que está claramente sem qualquer definição? - No trecho "Villa-Lobos,
Pixinguinha e outros bambas", a melodia é simplesmente inexistente.
Evidentemente, o samba tem bons momentos, que justificam o carinho que ele
recebeu durante as eliminatórias da escola, como em "E pra cantar o nosso
orgulho a nossa emoção" Bom samba também. Paulinho
colocou um novo ritmo, um novo balanço ao samba... semelhante ao que aconteceu em 2008 com o
Preto Jóia. Aliás, lá estão os pratos de novo estragando a faixa. Esse ano nem
tanto, mas no ano passado estava quase insuportável. Este samba tem uma melodia
bem diferente, bem variada durante todo o samba, e além do mais é bem
complicada pra cantar. A letra é boa, apesar de alguns trechos bem esquisitos.
O começo da faixa é muito bom, com o Grupo Fundo de Quintal cantando o refrão
principal. Ele (o refrão principal) é um dos melhores trechos em relação à
melodia. Já em matéria de letra, existem dois equívocos: 1º: “A festa vai
começar”, pense na situação: toda a escola já desfilou e lá tá o Paulinho
cantando que a festa vai começar??? Deviam ter pensado nisso... 2º: “Se você
fala de mim, não sabe o que diz”, e quem fala bem, defende a Imperatriz também
não sabe o que diz??? Perguntas sem respostas... A primeira parte começa muito
bem, com os primeiros versos de grande qualidade, em estilo diferente. A parte
seguinte também é muito boa, bem cadenciada. O problema do samba, na minha
opinião, é o refrão central que eu considero bem chato. A segunda parte é bem
esquisita, praticamente feita de dois em dois versos, cada hora uma melodia
diferente. Gostei bastante da força que deram pra palavra “Cererê”. Enfim, é um
bom samba, porém é bem inferior ao do ano passado e superior aos do Séc. XXI da
escola. Ah, e andam falando por aí que essa faixa é cantada por um
ex-intérprete 2009 marca o cinqüentenário de uma das
agremiações mais gloriosas do nosso carnaval interplanetário: a Imperatriz
Leopoldinense. E o enredo não só exalta a escola como também a comunidade de
Ramos. Quanto ao samba, acho que a escola escolheu um samba pra desfile. Tudo
bem que conta o enredo com competência, mas isso é muito pouco. Pelo menos a
parceria de Josimar sabe fazer refrões contagiantes como ninguém. O refrão
principal "A festa vai começar/eu
vou mostrar..." é muito forte. Já o central "Vão se encontrar/Villa-Lobos, Pixinguinha e outros
bambas..." é simplesmente fantástico, gruda como
"superbonder". As demais partes a meu ver passam despercebidas. O
ponto negativo da obra apenas razoável é a repetição da palavra
"campeão" por duas vezes na segunda parte. Infelizmente o interprete
Paulinho Mocidade não gravou bem a faixa da escola. Mesmo assim é um ótimo intérprete.
NOTA DO SAMBA: 8,1
(Luiz Carlos Rosa). Salvo de uma maneira espetacular
pela interpretação de Paulinho Mocidade, o cinqüentenário da Imperatriz foi
lamentavelmente desmerecido por um samba enjoativo, abaixo das expectativas. A
obra tem até algumas belas sacadas, como os versos “Nos carnavais
ranchos e blocos vão mostrar/Que em nossas veias correm notas musicais” ou “Vão se encontrar/Villa-Lobos, Pixinguinha e outros bambas”, no
entanto ouvi-la várias vezes acaba se tornando, de fato, uma experiência
intragável. Repleta de versos longos, a letra tem seu canto muito mal dividido,
embolando rebuscamentos acerbados, ilusoriamente poéticos, na tentativa de
enganar o ouvinte com um aparente romantismo. A melodia se arrasta
interminavelmente, mudando de tonalidade de modo abrupto e exaustivo. Em
resumo, o hino se aproxima muito mais dos pagodinhos do Cacique de Ramos que de
qualquer um dos grandes sambas-enredo citados no enredo. NOTA DO SAMBA: 6,9 (Gabriel Carin). O samba tem bons momentos e diferentemente de outras
coisas que passaram nas eliminatórias, esse hino justifica a atenção que
recebeu na disputa. O problema dessa obra é que ela é muito difícil de cantar e
é tecnicamente imperfeita demais. O hino de 2005 do mesmo Josimar e do mesmo
Jorge Arthur também era imperfeito, mas sua inocência encantadora me encantava
mais do que esse de 2009. O samba é razoável e, para quem já teve hinos que nem
“Brasil, Flor Amorosa de Três Raças”, “Liberdade, Liberdade”, etc., isso é
muito pouco. NOTA
DO SAMBA: 7,1 (Daniel Benfica). Mediano o samba, e a gravação é muito ruim, sendo melhor
na versão dos compositores. Paulinho Mocidade, assim como falou o Marco Maciel,
estava desentrosado com o samba. O refrão inicial é muito bom, melhor passagem
do samba, a primeira parte é bacana, principalmente quando fala dos carnavais,
ranchos e blocos. O refrão do meio é fraco, a segunda parte tem versos forçados
assim como “O grito de campeão vem” e
“Imperatriz, traz o Fundo de Quintal”,
muito ruins. Como leopoldinense, acho que a escola merecia muito mais que esse
samba. NOTA DO
SAMBA: 8,5 (Luiz Henrique). O
melhor. Baita samba, e uma
bela homenagem pra Imperatriz. Achei que o samba cresceu na
gravação do CD, até
pela interpretação do grande Paulinho Mocidade, que pra
mim não pode ficar de
fora do Grupo Especial de jeito nenhum. Porém (e sempre um
porém) esse samba era pro Preto Jóia, pela
identificação com
a Leopoldinense. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Matheus
Ávila). Como já disse anteriormente, auto-homenagem não costuma dar certo em lugar nenhum. O bairro de Ramos e a Imperatriz, no entanto, tem muita história pra contar. Tal fato deveria render um bom samba, o que acabou não sendo o caso. A letra até descreve razoavelmente bem a sinopse do enredo, mas “Se você fala de mim, não sabe o que diz” remete mais à Vila Isabel do que ao subúrbio da Leopoldina. A melodia é dolente e marcheada. Eu diria até sonolenta. Será difícil para a escola fazer bom papel diante disso tudo. Mais ainda se levarmos em consideração que Paulinho Mocidade já deu o que tinha de dar enquanto interprete do Grupo Especial. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho). Péssimo, o pior do ano! O samba, que já era horrível no CD, conseguiu se superar na avenida, ficando pior ainda na voz de um Paulinho Mocidade rouco e desafinado. Boi com abóbora da Rainha de Ramos no seu cinquentenário. A primeira parte ainda consegue ser boazinha, com uma boa melodia, mas o resto é tenebroso, a segunda parte então é trash e sem criatividade. Havia sambas melhores nas eliminatórias! Depois do lindo samba de 2008, esta pisada na bola em 2009. NOTA DO SAMBA: 7,2 (André Mariz). A Imperatriz mais uma vez deu um show. O refrão é bem empolgante e o samba possui letra e melodia igualados em relação a riqueza do samba. NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 7 - VIRADOURO - "A Viradouro pede axé". O samba-enredo já marcou polêmica pelo trecho que sugere a proteção do biocombustível por parte de Olorum. Lembrando que o enredo não fala da cultura baiana, e sim da energia proporcionada industrialmente pelo Estado, além de defender, entre outros projetos, o Protocolo de Kyoto (o dito "acordo do bem"). É claro que o patrocínio da Petrobrás interferiu nos polêmicos versos presentes na primeira parte da obra. Mas tudo isso é de menos! O samba-enredo da Viradouro para 2009 compensa por possuir uma deliciosa melodia, valorizada pela excelente interpretação de David do Pandeiro, proporcionando um daqueles sambas que você não se cansa de ouvir. O refrão principal é maravilhoso. A primeira parte e o refrão central são de uma leveza descomunal. Destaque para a passagem ao estribilho, em que os acordes fazem uma apoteótica preparação do verso "Dendê, meu dengo, óleo de cheiro" para "Um dia Oxalá iluminou". Particularmente, achei fantástico. A segunda parte é mais inspirada ainda melodicamente, com destaque também para os três últimos versos. Que o bom samba da Viradouro embale da melhor forma possível o complexo enredo que Milton Cunha pretende trazer para a Marquês. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Marco Maciel).O melhor samba, dentre os novos
do ano. Dois refrões possantes, uma melodia extremamente variada e bem
construída, um samba super gostoso de cantar, coisa de quem é craque e sabe o
que está fazendo. É um samba que resgata as características das ótimas obras da
Viradouro do início dos anos 90 - que, por sinal, possuem a assinatura de
Heraldo Faria e Flavinho Machado, como este aqui. A melodia só não flui com
perfeição no meio da segunda parte, nada, no entanto, que apague as qualidades
da obra. Além disso, pela confusão que é o enredo, até que a letra é bonita. Só
quem é bom mesmo consegue colocar a palavra "biocombustível" num samba
e não parecer forçado. Infelizmente, pode ser prejudicado na avaliação dos
jurados justamente por causa do enredo, que é confuso demais e resume a Bahia à
mamona e cultura negra. NOTA DO SAMBA: 9,2 (João Marcos). Faixa
simpática. A Viradouro,
ao contrário dos últimos anos, traz um ótimo
samba. Não é uma obra-prima, mas é
bom. David do Pandeiro consegue melhorar bastante a sua
atuação em relação à
gravação dos compositores, que na época em que foi
escolhido, não gostava.
Falando do samba, é dos compositores multi-campeões da
Viradouro, Heraldo Faria
(que também é compositor do samba da Cubango) e Flavinho
Machado, dois ótimos
compositores. No que se diz em melodia, é muito bem feita, mas
acredito que o
final da primeira parte ficou um pouco esquisita. A letra não
é das melhores,
com alguns versos esquisitos, como o que diz que Olorum mandou buscar
na mata a
proteção. A introdução da faixa é
bem dispensável e chata. O refrão principal é
bem forte, já começando a impor respeito. A primeira
parte é boa em melodia,
mas peca um pouco em letra, por exemplo: “Quando Orum se encontra
com Ayê”, o
que acontece??? A letra parece um pouco um pouco difícil de
entender. O seu
final, como já disse, é um pouco esquisito em melodia,
principalmente pelo
refrão que está por vir. O refrão central
começa em tom menor, pra baixo, e,
nesse caso, não é nada bom. Por isso, o considero a pior
parte da obra. Aliás,
a letra é meio confusa, ao que parece, os dois primeiros versos
não tem nada a
ver com os dois últimos. Mas, pode ser só
impressão, pois não li a sinopse. A
segunda parte do samba é, com certeza, a melhor em termos de
melodia e letra. A
parte mais empolgante e bonita do samba são os três
últimos versos: “A água
deixa o céu e se abraça com o chão / Renova a
energia sob as bençãos de um trovão
/ Vermelho e branco, que paixão!”. Enfim, é um bom
samba, bem melhor que os
últimos da agremiação. Prá mim, é a
síntese da safra: letra fraca e confusa em
alguns momentos e uma melodia boa, com alguns problemas. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Vitor Pedrassi). Particularmente achava o samba da Viradouro
muito irregular. Entretanto, com o tempo - principalmente com a versão original
- o samba me conquistou de vez. É um dos destaques de 2009. Heraldo Faria
e Flavinho Machado conseguiram "driblar" a sinopse e fizeram um
bom samba, apesar do enredo que fala sobre o biocombustível inconcebível.
Destaco o refrão principal "A Viradouro pede axé/Caô, Xangô,
Iansã, Yalodé" arrebatador, de uma pegada extraordinária. A
melodia é dotada de variações fantásticas principalmente na segunda parte. E
David do Pandeiro interpretou com extrema competência na sua volta a bolacha
digital do Grupo Especial e estreando na Viradouro. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Carlos
Rosa). Embora
todas as menções ao candomblé baiano serem apenas um conjunto de rodeios
espalhafatosos a fim de disfarçar o patrocínio bancado pela Petrobrás, Heraldo
Faria e Flavinho Machado conseguiram a proeza de encontrar algum nicho de samba
no pé em meio toda a superficialidade do enredo e dele lançaram mão ao compor
sua obra. O resultado é um sucesso evidente: o hino viradourense é o melhor
samba do ano. Interessante notar que “Vira-Bahia, pura energia” não é somente
um bom afro-samba. Trata-se de um hino com a cara dos compositores, que resgata
claramente o estilo da escola na década de 70, quando ainda desfilava no
carnaval de Niterói, e que veio se perdendo aos poucos após o campeonato de Bom refrão, bem interpretado,
mas fraquinho no resto. É um carnaval muito conturbado pra Viradouro, pelo que
acompanhamos ao longo do ano. Troca cantor, troca tema, troca carnavalesco,
troca diretor, troca rainha de bateria... só não troca a ruindade dos últimos
sambas da vermelho e branco. Aí é danado! NOTA DO
SAMBA: 8 (Matheus Ávila).
A meu ver, o melhor dentre os inéditos. Em que pese a relação Olorum-biocombustivel, muito criticada nos sites e blogs carnavalescos, trata-se de um samba rico em letra e melodia, que remete aos melhores tempos da dupla Heraldo Faria e Flavinho Machado na co-irmã Acadêmicos do Cubango. Quando os dois se põem a falar de macumba, sai de baixo... Enfim, essa obra é a prova viva de que a Viradouro não precisa buscar algo fora de Niterói para fazer bonito. A escola soube valorizar os compositores da casa e merece ser parabenizada por isso. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho).
O confuso enredo gerou um samba agradável, de excelentes variações melódicas! Minhas partes preferidas da obra são o refrão central e o trecho "Eu quero caminhar com a natureza/ Me ensina a desvendar toda essa riqueza/ Recebo do seu chão a energia" Mas o samba não tem nenhuma parte ruim. Bela obra da escola, que passou meio despercebida encerrando os desfiles de 2009. NOTA DO SAMBA: 9,5 (André Mariz).
Eu
gosto bastante deste samba, pois ele fala sobre um tema sempre bem
vindo o carnaval do Rio. O refrão principal é muito bom. NOTA DO SAMBA: 9,7 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 8 - MOCIDADE - "A sua estrela sempre vai brilhar". Na minha opinião, o melhor samba-enredo do ano no Especial, fora a reedição do Império Serrano e mesmo empatado com Grande Rio e Portela em termos de notas. Embalado por mais uma fantástica atuação de Wander Pires (em sua terceira passagem pela escola), a Mocidade levará para a Sapucaí um samba que honra as suas características de emocionar os bambas, graças à formidável melodia da obra, além da bela letra que homenageia os escritores Machado de Assis e Guimarães Rosa. O refrão principal é daqueles que fazem chorar de emoção até quem não gosta de carnaval. A primeira parte é primorosa, principalmente nos quatro últimos versos, a partir de "Nos olhos da arte, reflete o legado". No refrão central, mais beleza poética e melódica ao falar do adormecer de Machado de Assis, ao mesmo tempo em que nascia Guimarães Rosa. A segunda parte mantém o mesmo nível, com destaque para a citação à obra "Grande Sertão: Veredas". Aliada a uma envolvente produção, a faixa da Mocidade é mais uma daquelas que podem proporcionar diversas repetições. E que sua estrela sempre brilhe, como sugere o refrão principal. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel). Com um Wander Pires inspirado,
a Mocidade também resgata um pouco das características dos seus sambas dos anos
Outro bom samba, mas que foi
muito prejudicado, já que o samba mais querido, de Diego Nicolau e cia, acabou
não ganhando. O samba era melhor que este que foi escolhido, mas que também não
é de se desprezar. Tem uma boa letra, mas que, claro, também é confusa. Por
exemplo: “Que deu ao jornal, um tom verdadeiro”, este verso é bem esquisito,
mas nada que não dê pra ler e ouvir. Sua melodia é muito boa, bem cadenciada...
mas de vez em quando acaba ficando chata. O ponto forte dela é, na minha
opinião, o final da primeira parte e o começo da segunda. Ambas me agradam
muito. O refrão principal é uma das partes fracas e chatas do samba, mas tem
uma boa letra. A primeira parte é de intenso agrado, principalmente o seu
final, a partir do verso: “Nos olhos da arte, reflete o legado”, mas a parte
que antecede também é muito boa. O refrão central é um bom refrão, mas o verso
“A canção do meu sarau, te faz sonhar” não caiu muito bem. Aliás, a sua melodia
foi um pouco modificada da versão dos compositores, em que se ouvia a palavra
“te” claramente, agora não tanto, tendo assim, que prestar muita atenção para
conseguir escutar. A segunda parte é muito bonita, principalmente o seu começo.
É um bom samba, mas que, em minha opinião, peca um pouco nos dois refrões. Em
comparação aos últimos da Mocidade é superior, bem superior, mas inferior ao do
ano passado. Boa sorte à Mocidade, que ela encontre o caminho do sucesso, que
volte no Desfile das Campeãs... Ano passado já fez um belo carnaval, mas este
ano fica a dúvida, já que tem um carnavalesco um pouco duvidoso (se ele fizer
um bom carnaval, vai firmar seu nome, já se fizer um carnaval ruim, é perigoso
não pisar mais no Rio de Janeiro), muitas mudanças de uma hora pra outra... mas
boa sorte a co-irmã! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi). O enredo que exalta a dupla de escritores
Machado de Assis e Guimarães Rosa é extremamente confuso, mas gerou um bom
samba pra agremiação de Padre Miguel. A letra é totalmente poética e a melodia
possui variações sensacionais principalmente no trecho "Nos olhos da arte/reflete o legado..." até
chegar ao fantástico refrão central "A
canção do meu sarau te faz sonhar..." . A segunda parte também
é do mesmo nível da primeira, melodicamente falando. E como o Wander Pires tá
cantando?!?! Deixou de lado o seu "wanderpirismo" barato e tá
cantando muito, dando mais emoção a faixa. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Luiz Carlos Rosa). A dupla homenagem a Machado de Assis e Guimarães Rosa nos propiciou
um bom samba da escola da Vila Vintém, muito superior aos dois anteriores. A
letra tem como ponto forte a boa exposição do enredo, contando de modo linear e
coeso a vida e obra dos escritores, aliada a alguns recursos poéticos
interessantes e bem estruturados, fugindo brevemente dos clichês vazios
presentes nos demais sambas. A melodia é agradável de cantar, com alguns ótimos
momentos de inspiração, como, por exemplo, a entrada do refrão central e o
trecho “Mistérios na vida desse escritor/Revelam
histórias de um sonhador...”. O samba não chega a ser espetacular, porém é
destaque absoluto em uma péssima safra. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Gabriel Carin). Os comentaristas João Marcos e Rixxa Jr já deram o recado
e eu apenas vou assinar: não tem qualquer lógica a reclamação do pessoal da
internet. Os outros sambas não tinham nada tão diferente desse ao ponto de
merecer tanto choro. Realmente, o samba é um dos melhores da escola na década,
tão repleta de obras ruins ou trashes. Sobre o hino em si, o samba tem uma
melodia muito leve e classuda e a obra não tem rebuscamentos idiotas. Para
completar, Wander Pires tem uma interpretação fantástica e muito inspirada. NOTA DO SAMBA: 8,9
(Daniel Benfica). Demorei pra gostar desse samba, acho ele muito mediano na
primeira parte. Wander Pires parece que lê a letra, ele briga pra conseguir
cantar, pra mim essa é a pior parte do samba. Já o refrão do meio é muito bom e
tem sacadas inteligentes. A segunda parte é a melhor do samba, com os versos “O vento traz Rosa de Minas” até “Pedindo a santa em romaria, pra chover em
nosso chão” e muito bonito. Se a primeira parte fosse bonita, seria o
samba mais completo do ano. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Henrique). É bom ouvir o Wander na sua
escola de origem. Ele tem a voz da Mocidade, e é do time do Ribas, ou seja, faz
milagre! Embora inferior ao de 2008, o samba tem trechos muito bons, e outros
nem tanto, mas na média é uma boa obra. NOTA DO
SAMBA: 9,3 (Matheus Ávila). Ouvir o samba da Mocidade para o próximo carnaval é sentir no peito uma nostalgia dos hinos da escola nas décadas de 1980 e 1990. Atualmente, a tendência da verde e branco de Padre Miguel parece ser a de valorizar letras com versos por demais extensos, que geram melodias cansativas e muito pouco ou quase nada rentáveis. Um enredo sobre dois gênios da Academia Brasileira de Letras poderia ter sido bem melhor aproveitado do que foi. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho). Outro samba fruto de uma "injustiça" nas eliminatórias, já que todos já davam como certa a vitória do samba da parceria de Igor Leal (que era mesmo superior)! Mas este aqui não é ruim não. Infelizmente foi a trilha do talvez pior desfile da história da Mocidade Independente de Padre Miguel, que há algum tempo luta para se reerguer. Gosto muito do refrão central e do trecho "Pelas veredas do sertão, a fé, o povo em oração/ Pedindo a santa em romaria pra chover em nosso chão". A Mocidade acabaria em décimo primeiro lugar após o desfile, não sendo rebaixada por pouco! NOTA DO SAMBA: 9,6 (André Mariz). O samba da Mocidade é muito bom. Não entendo as críticas feitas até hoje ao samba da escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A escola tem um samba muito melódico e rico na parte literal. NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 9 - VILA ISABEL - "Encontra o som dos violinos". Os violinos acabam roubando a cena na faixa da Vila Isabel, aparecendo com constância na segunda parte do samba que fala sobre o centenário do Theatro Municipal. O samba-enredo ficou cadenciado demais no álbum, o que acabou por lhe tirar um pouco do brilho, proporcionando apenas uma interpretação correta de Tinga. Há a repetição de recursos já utilizados anteriormente pela escola, como a repetição da palavra "sede" em seus dois sentidos no refrão principal (de modo forçado) e o "vi lá" do central. A melodia do samba-enredo é muito bonita, sendo mais lírica, com o refrão principal destoando desta característica por ser do estilo "sacode arquibancada" através do "Segura a Vila que eu quero ver". A letra possui pequenas irregularidades, pois o verso "no alto da sede, coroa hoje brilha a centenária maravilha" não parece ter muito sentido. Em compensação, o verso "com a ida, a platéia vibra" foi um achado, por revelar um duplo sentido em "a ida", em referência a uma das óperas mais célebres encenadas no palco do Municipal: "Aída". Mesmo com alguns percalços, a obra da Vila me agrada bastante. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Marco Maciel). Este samba é um compêndio do
que existe de errado nos sambas-enredo atuais - é uma marcha-enredo com letra
embolada - no estilo "samba aspas", com aquilo que muitos chamam de
'sacadas inteligentes', mas que só servem para alienar o público e enganar jurado
metido a intelectual. Para falar a verdade, de todas as características de um
samba 'moderno' ruim, só faltou o refrão pseudo-afro. Peguem a primeira parte -
a melodia e a letra em "Imortal! Com o povo que me conquistou / E a aura
do Municipal / Hei de emanar a luz / No palco do meu carnaval" não fazem
qualquer sentido. Com o povo que me conquistou o que? E a aura do Municipal o
que? Quem emana a luz é a aura do Municipal, é o João do Rio, é o povo ou é um
eu indeterminado que não condiz com o discurso poético do samba? Enfim, que
diabos quer dizer isso tudo? E o que dizer do verso " "passos"
(olha as aspas, sempre elas) para um novo país". Será que o povo da Vila
não cansou desse joguinho de palavras (para quem não sabe, ele está fazendo
aquele jogo de palavras com Pereira Passos)? Aí vem o refrão e mais umas aspas
geniais em "vi... lá" (oooohh!) e "a ida" (ou será Aida?).
A segunda parte é razoável, mas o refrão volta ao sistema - uma citação
desnecessária ao sede e sede, do samba de 88, sem a mesma força; um "coroa"
que, sinceramente, não sei se tá chamando o Municipal de velho ou está
exaltando o símbolo da escola (aliás, aquele 'coroa' sem artigo soa mal a beça
no ouvido). Enfim, mais uma catástrofe da Vila, que pode ser o hit do carnaval
e tomar quatro notas dez, mas é um gigantesco fracasso artístico de um
compositor de qualidade que está preso a uma fórmula batida. NOTA DO SAMBA: 6,4
(João Marcos). Gosto um pouco, porém ele me
parece um pouco confuso A produção do CD deve ter colocado sonífero
no samba da Vila. Se a obra já tinha um andamento lento, ficou ainda mais
mórbida, devagar quase parando. Quanto ao samba, possui letra correta, poética
em alguns momentos e interpretativa feita em primeira pessoa - o
personagem João do Rio. A melodia é dotada de variações surpreendentes
principalmente na primeira parte. O grande pecado da obra são os refrões. Tanto
o central "Vi...lá"
e o final "Segura a Vila/que eu
quero ver" são apelativos. Mesmo assim é uma obra muito, mas
muito, superior ao sambinha de 2008. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Luiz Carlos Rosa). Outra marchinha nonsense, feita meramente para
funcionar em desfile, o que é típico das fórmulas antiquadas de André Diniz. Em
se tratando de Vila Isabel, não é de se esperar a consagração de sambas-enredos
neste estilo, o que é lastimável. A letra, inteiramente repleta de um
palavreado complicado, simplesmente possui versos que não fazem muito sentido.
Nem explicitamente por seu conteúdo, porém ela não casa com perfeição com a
melodia, resultando em versos entoados de forma confusa, distintos daquilo que
eles realmente desejam dizer. Aliás, o samba é muito insosso melodicamente, com
pouquíssimos trechos interessantes. Os “refrões explosivos” se utilizam de
artifícios já explorados em obras anteriores. No geral, o hino da Vila Isabel
não passa de mais um “Já vi esse filme” chatíssimo. NOTA DO SAMBA: 6,7 (Gabriel Carin). Para quem já teve obras espetaculares de Martinho da Vila,
Paulo Brasão e do próprio André Diniz (1994 e o bom samba de 2005), é
decepcionante mais uma vez ver o hino escolhido pela escola em 2009. André
Diniz é um compositor que tem muito talento e pode muito bem fazer obras muito,
mas muito melhores que essa. Infelizmente, ele e tantos outros estão presos nas
mesmas fórmulas de sempre. Isso pode ser bom para vencer uns quarentas sambas,
mas é péssimo para o ouvinte e o próprio carnaval. Eu sou mais um que não gosto
do estilo “samba aspas”. O público costuma chamar isso de sacada inteligente,
mas no fundo, só serve para alienar o ouvinte e para os intelectuais. Será que
o pessoal não cansa desse recurso? Qual é a graça disso feito de forma
repetitiva e maçante? Isso começa logo na primeira parte com aquele trecho
"passos" para um novo país. Essa coisa ruim continua no refrão com
vi... lá (nossa!) e “a ida” (ou Aida). Um ouvinte que pega o samba e não tem
conhecimento da sinopse como entenderia isso? Depois da segunda parte, o refrão
foi muito bem definido pelo Marco Maciel: é muito forçada e desnecessária a
citação das duas sedes. Enfim, os dois refrões são muito apelativos. A letra é
embolada e muito ruim. O João Marcos falou de forma bem clara sobre isso no
comentário dele. Mais uma catástrofe dessa Vila comercial, que nem o carnaval
de hoje. Esse ano marcou a morte de Luis Carlos da Vila e talvez a melhor coisa
seja pegar um samba dele que nem Kizomba e escutar no LP. Outra opção é pegar o
samba de 1994 do André Diniz e colocar para escutar. O samba até pode ser um
hit do carnaval e levar quarenta pontos, o que não é muito difícil dos jurados
de hoje, mas é um gigantesco e inacreditável fracasso artístico da Vila e dos
compositores. Para completar, um recado: os sambas de 2009 tem uma fórmula
muito batida e esse é um dos grandes exemplos. NOTA DO SAMBA: 6,3 (Daniel Benfica). Tinga, assim como Paulinho na Imperatriz, derrubou esse
samba, que era o melhor do ano entre os inéditos (covardia comparar os sambas
desse ano com o do Império). Os violinos estragam a segunda parte, a primeira é
muito bonita: a melhor do samba. E o refrão principal promete sacudir a
Sapucaí. NOTA
DO SAMBA: 8,7 (Luiz Henrique). Samba cheio de versos oba-oba, como “Segura a Vila que eu quero ver” e de lugares comuns, tais quais “vi lá” e “sede x sede”. Desde Nas eliminatórias, o achava o melhor do ano. Na gravação do CD, ele morreu, mas na avenida deu a volta por cima. A melodia é muito boa e a segunda parte é linda, mas a primeira é completamente enrolada e não diz coisa com coisa. O refrão principal (que utiliza o trocadilho com a palavra "sede" também usado no samba de 1988) traz um problema estético, quando os autores resolveram omitir o artigo "a" antes da palavra "coroa". Isso gera ainda uma ambiguidade pois pode-se entender que estão chamando a centenária maravilha de coroa e ela que brilha no alto da sede. Mas o samba me agrada. NOTA DO SAMBA: 9,3 (André Mariz). O samba da Vila é muito bom. Destaco a última estrofe da segunda parte e o refrão principal. O samba inteiro é bom, mas a letra podia ser mais caprichada. NOTA DO SAMBA: 9,8 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 10 - MANGUEIRA - "A Voz do Samba é verde-e-rosa". A gravação é memorável, pois enfatiza a garra descomunal de Luizito ao defender a obra verde-e-rosa no primeiro carnaval sem a eterna voz de samba Jamelão, homenageado de forma brilhante no refrão principal e também com um "Minha Mangueira" em sua voz (do CD de 2003) aparecendo na faixa de forma póstuma, antes do grito de guerra de Luizito. Minha torcida é para que Luizito, um intérprete que se identificou mais do que nunca com os mangueirenses, tenha uma carreira tão longa como a do saudoso Mestre no microfone principal da escola, pois ele conseguiu algo que muitos achavam impossível: emocionar os bambas com o microfone que foi por mais de 50 anos de José Bispo Clementino dos Santos. Até 2006, ninguém imaginava um outro cantor puxando a Mangueira na Sapucaí que não fosse Jamelão, possivelmente sendo acusado de afrontar à voz do samba caso algum outro nome fosse indicado para substitui-lo. E não é que Luizito está obtendo esta unanimidade? Afinal, quem vai puxar uma Mangueira na avenida mesmo sofrendo problemas cardíacos dias antes e o fazer com tanta garra e primor merece o respeito de todos nós. Por isso, parabéns, Luizito! Sobre o samba-enredo, que cresceu de forma gigantesca com a nova voz do samba mangueirense, possui alguns bons momentos melódicos, mas em outros a melodia parece genérica, até marcheada em alguns trechos. Os dois refrões são bons, e as demais partes possui boa qualidade, principalmente a segunda. É um samba que está longe de ser um primor, mas ele pode ter o potencial de fazer explodir a Sapucaí como poucas vezes foi visto. Belíssima a participação de Alcione no início da faixa cantando o refrão central. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Marco Maciel). Sem sombra de dúvidas, a faixa
que possui a melhor produção. Além disso, Luizito cantou com tanta garra que
sua performance é arrepiante, coisa que há muito tempo não se via num CD de
sambas-enredo do grupo especial. No
entanto, o samba da Mangueira não me convence. Tem melodia linear, sem momentos
diferenciados. A letra repousa em clichês e, dos dois refrões, apenas o do meio
me agrada. O começo da segunda parte também é interessante, mas em poucos
segundos, a melodia volta a ficar com um ar forçado e requentado. É um samba burocrático
para um enredo burocrático. NOTA DO SAMBA: 8 (João Marcos). Ótimo samba. Pela primeira vez
gostei do Luizito cantando um samba da Mangueira, considero esta gravação
superior a dos compositores. A eliminatória, junto com a da Vila, foi a mais
fácil do ano, pois a diretoria cortou prematuramente o único samba que poderia
fazer frente a este, o do Renan e cia. A introdução, apesar de ser meio longa,
é muito boa e emocionante, com a Alcione cantando o refrão central do samba.
Acho que poderiam ter feito uma homenagem maior a Jamelão, achei que só o
“Minha Mangueira”, que aliás não é uma marca dele, ficou muito pouco pela
carreira do Jamelão e pelo que ele representava e representa à nação
verde-e-rosa. A melodia deste samba é bem animada, assim como os últimos da
agremiação, e bem qualificada. A letra é boa também, não tanto quanto a
melodia, mas é agradável. O refrão principal é muito bom, a melhor parte da
obra, chama o povo pra cantar. A primeira parte começa muito bem e termina bem
também, só acho que o “lutou” do verso “Índio valente, guerreiro / Não se
deixou escravizar... lutou!” ficou um pouco solto em relação a melodia. O
refrão central também é muito bom, mas acredito que deveria ser um pouco menos
alegre, mas aí já é pedir demais. A segunda parte é um pouco confusa, mas é
muito bonita, principalmente o final, preparando pro refrão. Em comparação aos
sambas da agremiação deste século, é superior, pelo menos na minha opinião. NOTA DO SAMBA: 9,5
(Vitor Pedrassi). O enredo manjadíssimo sobre a formação do
povo brasileiro e a gigantesca sinopse gerou uma safra de sambas muito fraca na
Manga. Mesmo assim, a obra da superparceria de Lequinho, Bernini,
Fionda e Clarão rendeu um ótimo samba. Apesar de marcheado em alguns momentos,
a obra é valentíssima. Destaque absoluto para os refrões, principalmente o
central "É sangue, é suor... religião.."
de melodia fantástica, extraordinária. Mas mesmo sendo um dos grandes sambas de
2009, faltou um pouquinho mais de ousadia da superparceria. Infelizmente,
2008 marca o ano em que o eterno Mestre Jamelão se foi. Descanse em paz e
obrigado Mestre!!! NOTA DO SAMBA: 8,9 (Luiz Carlos Rosa). O enredo sobre a miscigenação
brasileira, enredo este que já nos rendeu alguns dos melhores sambas-enredos de
todos os tempos, foi submetido a uma leitura moderna, demasiadamente complexa.
Roberto Szaniecki errou. Nota-se obviamente a desnecessária insistência do
samba de falar que a miscigenação foi importante para o Brasil, símbolo da
união e de integração, que todo o sofrimento valeu a pena, etc., porém é lógico
que tudo isso não passa de um mero ufanismo apelativo. A letra, como de praxe,
narra a história do Brasil, a qual todos nós já conhecemos de cor. Não sou
leviano e sei que os compositores são obrigados a seguir uma sinopse quadrada,
contudo a forma como ela foi resumida, somada aos velhos clichês de sempre, é realmente
um equivoco. A melodia é correta, tem bons momentos, mas não tem a força que é
esperada de um samba mangueirense. Gusttavo, Lequinho e Bernini já tiveram dias
melhores. NOTA DO SAMBA: 7,6 (Gabriel Carin). Antes de falar do samba, uma coisa que foi dita pelo
Sambario e eu assino embaixo: o desempenho de Luizito é tão arrepiante e
memorável que contagia qualquer um. A garra do cantor é de emocionar qualquer
ouvinte. Essa é a parte boa, mas agora é necessário falar do samba em si: o
enredo burocrático gerou um hino burocrático. O refrão me agrada bastante. Já a
letra é clichê atrás de clichê. A melodia é linear. Jamelão costumava gritar o
slogan “Muda Mangueira” em determinados tempos. Uma sugestão: isso poderia
voltar a ser usado e eu iria além, que tal: “Muda samba-enredo” ou “Muda
carnaval”. Quem sabe frutos melhores surgiriam e os nossos ouvidos
agradeceriam. O desempenho de Luizito é inesquecível, mas o samba é esquecível.
O quarteto não fez jus à condição de parceria de craques. A Mangueira do
saudoso e eterno Jamelão merecia coisa muito, mas muito melhor. NOTA DO SAMBA: 8,1
(Daniel Benfica). O pior do ano, a Mangueira adotou um estilo marcheado que
não leva a nada. O refrão principal tem um apelo pra balançar a Sapucaí. Já o
resto do samba é mediano, a primeira parte promete explodir e não explode, o
refrão do meio é a melhor parte do samba, mas não é grande coisa, e a segunda
parte é fraquíssima. A parte “valeu a
pena” é muito trash. Eu não acho o samba-enredo ruim, mas faltou mais
inspiração. NOTA
DO SAMBA: 8 (Luiz Henrique). O primeiro pula-faixa do disco.
Pra não ser cruel, vá lá, a introdução ficou legal, com a Alcione e o caco do
mestre Jamelão (que falta, parceiro!), mas depois... NOTA DO SAMBA: 7,8 (Matheus Ávila). Samba com a cara da escola. Letra fácil, com dois refrões empolgantes. Melodia valente, que se encaixa perfeitamente bem na voz de Luizito, melhor a cada ano que passa. A nota negativa fica por conta da pluralização do nome de nosso país, presente duas vezes ao longo da faixa e no título do enredo. No mais, é um samba pra levantar campeonato. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho). Samba estandarte de ouro com todos os méritos! Apesar do enredo manjadííííssimo sobre a formação do povo brasileiro, a Manga trouxe um excelente samba, pra mexer com os brios do mangueirense! Talvez seu único defeito seja que ele é acelerado demais, bem ao estilo dos sambas contemporâneos mesmo! Mas não deixa de ser um ótimo samba. Apesar disso, a escola trouxe alegorias mal acabadas para o desfile e acabou na sexta colocação. NOTA DO SAMBA: 9,8 (André Mariz). Quando se fala em samba da Mangueira, sempre se pensa em samba auto astral e bonito em letra e melodia. O fato repete em 2009 sem deixar a desejar em nenhuma parte. Parabéns! NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 11 - PORTO DA PEDRA - "Sou Porto da Pedra e não vou me calar". Antes de mais nada, "curiar" é o ato de olhar com curiosidade para alguém ou para algo. O vocábulo é mais comum no Nordeste. Sobre o bonito samba da agremiação de São Gonçalo, por incrível que pareça, acabou por gerar uma gravação discreta de Luizinho Andanças, intérprete que costuma arrebentar no estúdio. O hino possui a mesma característica dos dois anteriores cantados pela escola, em que a melodia é o ponto forte. O refrão principal é bastante semelhante em termos de estilo ao estribilho do ano passado. A melhor parte, na minha opinião, é o refrão central, também de melodia muito bonita. As demais partes possuem o mesmo nível melódico, sendo de intenso agrado. O hino é bom, mas tachado de "samba chato" e sem sal por muitos, até de forma injusta. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Marco Maciel). Mais um
"samba-aspas", com sua letra repleta de expressões com duplo sentido
e joguinhos de palavras que tornam totalmente incompreensível a idéia geral do
enredo. E tome " 'Renascimento' da
inspiração", " 'Alquimia' do meu ser", e outros versos para
intelectuais e jurados. A melodia não combina com a letra, tentando passar um
sentimento ou uma dor ou sei lá o que que não existe nos versos e torna tudo
artificial, forçado, sem a mesma beleza que coloriu os dois últimos sambas da
escola. Até a performance de Luizinho Andanças, que costuma ser muito boa em
estúdio, mesmo não tendo a mesma força na avenida, mostra-se exagerada e
afetada. NOTA
DO SAMBA: 6,6 (João Marcos). Bom samba, que perdeu muita
força com a gravação do CD. A gravação dos compositores era mais vibrante, mais
legal. A voz de Marquinhos Art'Samba (puxador que cantou nas eliminatórias)
caiu melhor do que a de Luizinho Andanças, apesar das semelhanças. Antes, o
considerava o melhor do ano, hoje, já caiu um pouco no meu conceito. A melodia
é um dos pontos fortes, alegre, bem feita... A letra nem tanto, ela é boa, mas
seguiu o mal da sinopse, ficou um pouco confusa no que diz em respeito ao
enredo. O refrão principal é um dos mais fortes do ano, chama o componente pra
cantar, impulsiona a escola. A primeira parte é muito bonita, principalmente o
final sobre a Caixa de Pandora, mas a parte do fogo também é maravilhosa. O
refrão central é bem montado no que diz a respeito das rimas, mas a melodia não
fica atrás. A segunda parte é a que mais sofreu com a gravação do CD, o começo
nem tanto, mas o final... A explosão que existia no verso “O homem sonhou e um
dia voou / Do gênio indomável uma nova invenção” praticamente caiu pela metade.
Os compositores do samba estão de parabéns: terceira vitória consecutiva não é
prá qualquer um, não, e principalmente por serem três sambaços. Em comparação
aos dois últimos sambas da escola é inferior, mas em comparação com os sambas
do Séc. XXI é superior. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Vitor Pedrassi). E o samba "me engana que eu
gosto" 2009 vai para a agremiação de São Gonçalo. É uma obra que,
realmente, tem uma melodia bonitinha na primeira parte e no refrão principal "Sou Porto da Pedra e não vou me calar..."
que é bastante grudento. No mais, a letra é bastante confusa, talvez culpa da
sinopse... muito blábláblá mas pouco conteúdo. O samba não tem variações
melódicas tão interessantes e acabou deixando a obra reta e
chata. Malandramente, a parceria tricampeã na escola (Fabio Costa e
David de Souza junto com André Felix) vem fazendo sambas ao
"espelho" do seu interprete Luizinho Andanças, que, na minha opinião,
tentou salvar o samba mais acabou morrendo na praia junto com ele. Acho
que desta vez a curiosidade acabou matando o Tigre e não o gato. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Luiz Carlos
Rosa). Típico boi-com-abóbora do novo
milênio, conseqüência de um tema que não passa de uma grande bobagem, elaborado
a fim de somente servir de pretexto para unir inúmeros elementos visuais
completamente desconjuntados. O samba não passa de um amontoado de termos esdrúxulos,
disfarçados com um falso sentimentalismo, os quais, na verdade, não querem
dizer absolutamente nada. A melodia é genérica, gritada com objetivo de
transmitir algum clamor ou lamento por tudo aquilo que consta na sinopse. A
obra beira a monotonia. Desta vez, a parceria de David de Souza errou feio. NOTA DO SAMBA: 6,2 (Gabriel Carin). A mesma coisa do samba da Vila: um samba que utiliza
aquele batido joguinho de palavras e expressões de duplo sentido. É mais um
samba para intelectuais e jurados e não para o povo. Esse recurso do enredo
torna totalmente incompreensível a idéia do enredo. Uma pergunta: um enredo
simples que nem esse precisa de expressões tão estapafúrdias como “‘Renascimento da inspiração”, “Alquimia do meu ser”, “Redenção na folia” e tantos outros
versos sem sentido? Até Luizinho Andanças, que costuma fazer chover no estúdio,
não conseguiu salvar essa obra da escola, que voltou a fazer samba ruim depois
de dois anos (2007 e 2008 são bons sambas). É mais um samba esquecível dessa
safra péssima e horripilante de 2009. NOTA DO SAMBA: 6,4 (Daniel Benfica). Olha, podem falar o que quiserem, mas esse pra mim é o
melhor samba do ano. Versos fortes, passa bem o confuso enredo da escola. A
primeira parte é boa, mas tem alguns versos ruins. O refrão do meio é muito bom,
a segunda parte também, com destaque para o verso “O homem sonhou e um dia voou”. Luizinho Andanças não faz uma boa
gravação, mas não estraga o samba. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Luiz Henrique). Sei lá o que fizeram com a
música, mas conseguiram a proeza de deixar o excelente Luizinho Andanças
irreconhecível. Parece que puseram um tom errado na gravação do CD. Pula-faixa
dois! NOTA DO SAMBA: 8 (Matheus Ávila). O pior de 2009. Letra com "ô ô ô ô", refrões pobres e lugar comum de outra escola (“Como será o amanhã”). Melodia gritada por Luizinho Andanças, que ao contrário de Luizito, piora a cada ano por querer dar uma de tenor ao invés de cantar samba. O que vinha segurando a escola de São Gonçalo no GE era a qualidade de seus hinos, e dessa vez parece que será difícil evitar o rebaixamento. NOTA DO SAMBA: 8 (Cláudio Carvalho). A guerreira do grupo Especial!!! Com menos nome no grupo, a escola luta ano a ano para se manter na elite! Esse ano veio lindíssima, mas novamente teve problemas com alegorias e por pouco não estoura o tempo. Sobre o samba, é bom, mas não tem nada demais. Passa meio despercebido entre os outros. Destaque para o trecho "Pandora, a esperança e o amor ôôôô"/ Alquimia do meu ser/ Na imagem do meu criador". O refrão principal poderia ser mais explosivo. É um samba que não fede nem cheira. NOTA DO SAMBA: 9,2 (André Mariz). O samba não é excelente, mas é muito bom e não deixa fugir o contexto do enredo. NOTA DO SAMBA: 9,6 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba 12 - IMPÉRIO SERRANO - "Ela mora no mar, ela brinca na areia". O maior pecado dos produtores do álbum está na faixa do Império Serrano. Por que não promoveram uma terceira passada do samba? Seria uma dádiva para nós, bambas! Tanto que a faixa tem apenas três minutos e 38 segundos. O clássico samba-enredo está bem acelerado no CD, similar ao andamento previsto na avenida. Tal aceleração foi fundamental para desencadear ainda mais a emoção que esta obra-prima imperiana proporciona até a quem não é fã de carnaval. E aliada a uma interpretação ímpar de Nêgo, que regressa em grande estilo à Serrinha. Os agogôs figuram em toda a faixa, ainda que de forma discreta. O samba, que desfilou pela primeira vez em 1976, está no mínimo um nível acima dos 11 demais, com um estilo leve, letra curta e totalmente diferenciado com relação aos atuais sambas-enredo levados para a Sapucaí. É evidente que, se essa obra fosse disputar uma eliminatória nos dias de hoje, figuraria nos primeiros cortes. Tal emoção levada por "Lendas da Sereias" com um andamento acelerado é a prova de que obras-primas podem desfilar perfeitamente no carnaval atual. "Aquarela Brasileira" em 2004 é outro claro exemplo. Falta convencer os atuais dirigentes das escolas de samba, que costumam premiar quem tem mais dinheiro, preterindo assim o talento. NOTA DO SAMBA: 10 (Marco Maciel).O samba do ano. E é triste
dizer isso, tendo em vista que trata-se de uma obra menor do Império, cantada
há mais de 30 anos. A escola escolheu um samba popular, que se tornou 'cult'
com a regravação da Marisa Monte, mas que não tem a mesma qualidade de dezenas
de obras-primas da escola. Mesmo se não incluíssemos os sambas de Silas de
Oliveira, a Serrinha tinha sambas melhores - no ano seguinte ao de 1976, p.ex.,
a escola apresentou "Brasil, Berço dos Imigrantes", que é muito
superior a este. Nos anos 80, Beto Sem Braço cansou de fazer sambas melhores do
que este. Porém, no meio de tanta mediocridade, "Lenda das Sereias" é
um alívio, uma benção encerrando o CD. Ainda mais com a exuberante performance
de Nego, que conseguiu superar a gravação original do excelente Sobrinho. O
samba ganhou uma ginga e uma pegada ausentes na versão do LP de Quando anunciado que este samba
embalaria o desfile do Império desanimei, nunca gostei dele, o Império tem pelo
menos 10 sambas superiores, bem superiores. Com a regravação de Gonzaguinha já
comecei a gostar deste samba. Agora com a gravação do CD, me apaixonei. O que é
a bateria do Império Serrano??? O que é o samba do Império Serrano??? 1ª
resposta: sem comentários. 2ª resposta: excelente, mas não é uma obra-prima. A
pergunta que fica é se ele vai se dar bem no carnaval atual... tomara que sim,
sinto que sim. Se o samba se der bem na avenida e levar a escola pro Desfile
das Campeãs, poderá mudar um pouco os sambas atuais, pouco, mas poderá mudar,
sim! A melodia é alegre, muito boa, porém alguns momentos me parece desconexada.
A mesma coisa sinto no samba da Cubango, que ainda nem foi regravado para o CD
Oficial de Grupo 1 do Rio de Janeiro (o famoso Grupo B). A letra é pequena,
simples e não conta o enredo em detalhes, isso me preocupa um pouco. O refrão
principal é um dos pontos fortes da obra, a bossa do Mestre Átila é
maravilhosa. A primeira parte é muito boa, mas é aí, que, em alguns momentos, a
melodia me parece desconexada. O refrão central é, pra mim, a melhor parte do
samba desde que ouvi este samba pela primeira vez, ainda na gravação de Retornando ao Grupo Especial após ter sido a
Campeã do Acesso 2008, o Império aposta mais uma vez na reedição, assim como em
2004. "Lenda Das Sereias" é um bom samba, mas, particularmente,
preferia a reedição de duas antologias que não foram campeãs: "Mãe Baiana
Mãe" de 1983 ou "Eu Quero" de 1986. O samba -originalmente de
1976 - tem suas qualidades: é de fácil memorização e praticamente todo mundo já
conhece. Na gravação de 2009, ganhou um swing irresistível, além do
interprete Nêgo, que valorizou a obra de forma brilhante. A letra é simples, a
melodia é gostosa, empolgante, porém seu pecado é justamente no seu refrão
principal "Ogunte, Marabô, Caiala e
Sobá..." que é muito complicado pra cantar. Mesmo assim é um
samba delicioso, mas que em 1976, devido a uma safra fantástica, não era dos
melhores. Tanto que nos comentários daquele ano dei uma nota 8,9. Evidentemente,
como disse "lá em riba", é o melhor samba de 2009 e seria covardia
compará-los aos outros inéditos. Como não é uma reedição antológica digna de
NOTA 10 como "Aquarela Brasileira", prefiro não dar nota.
"Lendas Das Sereias", obra de Vicente Mattos, Dinoel e Arlindo
Velloso, é HOURS-CONCURS
no carnaval 2009. (Luiz Carlos Rosa). Uma
reedição. Eu sinceramente não sei se apontaria “Lendas das sereias” como o
melhor samba-enredo de 2009, pois, de fato, não é. Composta, em 1976, para o enredo
do genial Fernando Pinto, a obra sofre um erro de métrica em seu refrão de
cabeça, fazendo com que suas sílabas se atropelem e dificultando, por fim, a
compreensão da letra. Entretanto, a atuação magistral de Nêgo fez com que a
divisão do canto fosse muito mais organizada. O resultado é um hino com energia
sobre-humana, divertidíssimo de ouvir e cantarolar. A melodia possui uma leveza
imprescindível e a letra é de uma singeleza inexistente em qualquer outra faixa
do CD. Enfim, uma aula de como compor samba-enredo. NOTA DO
SAMBA: 8,6 (Gabriel Carin). Antes de qualquer coisa, eu vou fazer que nem o Luiz
Carlos Rosa e não darei nota ao samba do Império Serrano de 2009. É muito
superior a todos os demais e é o hino do ano. Esse samba é tão superior aos
demais que qualquer comparação chega a ser covardia. Ele é HOURS-CONCOURS. Sinceramente,
eu preferia a reedição de um
“Heróis da Liberdade” ou “"Bumbum Paticumbum
Prugurundum", mas esse
hino é uma bênção desse cd, tão
repleto de obras medíocres, com letras estapafúrdias,
insossas e cheias de falsa poesia e melodias repetitivas, mal
resolvidas e
desconjuntadas. O samba é tudo aquilo que os demais hinos
não chegaram nem
perto em 2009: é de fácil memorização, a
letra é simples, a melodia é gostosa
de se cantar e é de fácil comunicação com o
público. Como foi dito pelo João
Marcos, o único alento para comprar o CD de 2009 é essa
faixa. A
interpretação de Nêgo é fantástica e o samba ganhou mais ginga e pegada. O
Mestre Maciel foi perfeito no seu comentário final: “obras que nem Aquarela
Brasileira podem desfilar perfeitamente no carnaval atual. Falta
convencer os atuais dirigentes das escolas de samba, que costumam premiar quem
tem mais dinheiro, preterindo assim o talento”. Comentário perfeito que ilustra
bem essa safra deprimente do carnaval 2009, um verdadeiro festival de
horrores. (Daniel Benfica). Sambão, apesar de não ter a magia de “Aquarela Brasileira”.
A segunda parte do samba é pequenininha, mas é a melhor parte. É um excelente
samba e não tenho mais nada a falar. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Henrique). Embora não seja dos melhores do
Império, embora seja reedição (o cúmulo dos cúmulos), embora tudo que possa
haver de ruim nestas condições, ficou muuuito boa a gravação. Com correria e
tudo. Só me recuso a dar nota maior por ser reedição. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Matheus Ávila). A reedição do samba de Vicente Mattos, Dinoel, e Velloso faz parte da homenagem que a escola de Serrinha presta ao povo das águas pela ajuda no desfile de 2008, que redundou no título do Grupo A. É evidente que numa safra relativamente pobre, a obra se destaca e pode ser apontada como a melhor do ano. Cabe ressaltar, porém, que ela já sofreu uma releitura por parte da Inocentes de Belford Roxo em 2006, o que dificulta a justificativa pela escolha do enredo. Na condição de compositor do Império, todavia, posso dizer que será uma honra desfilar ao som dessa relíquia. Por fim, uma curiosidade: a qualidade de Yemanjá mencionada no refrão de baixo não se chama Marabô, e sim Arabô. Marabô, na verdade, é uma qualidade de Exu que faz parte da falange de Xangô, orixá da justiça e padroeiro salgueirense. NOTA DO SAMBA: 10 (Cláudio Carvalho). A reedição do ano. Samba clássico que a maioria das pessoas conhece. É até covardia compará-lo com os sambas atuais, já que ele foi feito em moldes completamentes diferentes, inclusive não se atende muito a contar o enredo. É muito bonito, mas não está entre os melhores da escola da Serrinha. O refrão central, pronunciado bem depressa, dificulta um pouco o canto dos componentes. Mesmo assim, é uma obra que se sobressai perante as demais, mostrando o nível decadente dos sambas atuais quando postos lado a lado com sambas mais antigos. Infelizmente não ajudou o Império, que foi rebaixado na quarta-feira de cinzas. NOTA DO SAMBA: 9 (André Mariz). O samba é curto, mas não deixa de ter um toque especial de sedução exaltando as Sereias (O samba é reedição da escola do carnaval de 1976). NOTA DO SAMBA: 10 (João Vitor Pereira Lima). Clique aqui para ver a letra do samba |
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