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Os sambas de 2008 - Acesso A
A GRAVAÇÃO
DO CD – Pelo terceiro ano seguido, os sambas do Acesso
são reunidos em um álbum duplo contendo os sambas dos Grupos A
e B. A grande iniciativa mais uma vez é do produtor Leonardo
Bessa, intérprete da São Clemente. A qualidade do CD é
semelhante a do ano passado, sem praticamente nem tirar nem pôr,
com andamento acelerado na maioria das faixas e uma bateria mais
verdadeira, sem os fru-frus manjados no CD do Grupo Especial. Por
conta disso, muitos bambas consideram o disco do Acesso melhor do
que o do Especial. Talvez as únicas diferenças sejam o show da
bateria no final de algumas faixas, ao invés do início, como
era anteriormente; e o fato dos sambas terem sido gravados na
quadra da Estácio em vez de na da Curicica, como antes. O grande
porém, infelizmente, se mantém: a distribuição restrita à
cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente na sede da AESCRJ e
nas quadras das escolas. Cansei de sugerir ao Leonardo Bessa a
distribuição do CD duplo pelo menos nas quadras das
agremiações das principais capitais do país, como Porto
Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, etc. Vamos
ver se isso melhora em 2009! Sobre a safra, ela mantém a média
do ano passado nos dois grupos; No A, destaque para Cubango,
Império da Tijuca e Estácio, além da reedição (única entre
os 24 sambas) da União da Ilha, é claro! No Grupo B, aparecem
com grandes sambas Unidos de Padre Miguel (que tem, na minha
opinião, a melhor obra de todos os grupos este ano), Curicica,
Inocentes de Belford Roxo e Tuiuti. NOTA
DA GRAVAÇÃO: 8,5 (Marco Maciel). Se o "bolo" vem agradando a todos, então pra quê mudar a receita? É com esse pensamento que Leonardo Bessa e sua equipe de produção vem mantendo desde 2006 o formato de gravação e arte gráfica dos CDs dos Grupos A e B. Para se ter uma idéia de como o álbum duplo ganhou identidade própria, até o logotipo "Sambas de Enredo" vem ano após ano sendo padronizado com as cores do campeão do Acesso A, tal como as bolachas digitais. Logicamente, a capa está banhada em amarelo e preto mencionando a São Clemente, a campeã de 2007. Gravado ao vivo na quadra da Estácio de Sá, os CDs do Acesso tem o estilo diferenciado que o Especial. Enquanto na elite a sonoridade é extremamente artificial e com sonoplastias bizarras, no Acesso não há defeitos sonoros. As baterias são das próprias agremiações. Elas estão audíveis e os instrumentos de cordas mais perceptíveis. Sinto falta apenas das tumbadoras e atabaques que geralmente dão aquele gingado gostoso. O álbum duplo também tem suas imperfeições. Poucas é verdade, mas tem que ser registrado. Pra começar, o andamento dos sambas está muito acelerado, principalmente no CD 1 correspondente ao Grupo A. Outro ponto negativo é o encarte com as letras dos sambas. Há sambas que tem a letra imcompleta por falta de algumas palavras. Além disso, na letra do samba da Mocidade de Vicente de Carvalho, há um notável erro de ortografia na palavra "pajé" que está escrita como "pagé". Tirando esses pequenos deslizes, é um CD que vale a pena ter em mãos o mais rápido possível. A SAFRA DE SAMBAS DO GRUPO A é para soltar foguetes. Ouso a dizer que 2008 tem a melhor safra desde 1985. Todos os sambas são bons. Entre as obras inéditas, destaque para o sambaço da Acadêmicos do Cubango. Única agremiação a reeditar samba entre os três principais grupos, a União da Ilha aposta no inesquecível "É Hoje" que é nota 10 de olhos fechados. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Luiz Carlos Rosa). Ótima gravação, quem me dera que fosse do Especial. A gravação desse ano está um pouco melhor que a do ano passado, apesar de mais acelerada. As diferenças são poucas, destaco o show da bateria no fim da faixa, especialmente a do Império Serrano. Temos ótimos sambas nesse ano. As faixas que se destacam no Grupo A são os sambas as do Império Serrano, da União da Ilha, Cubango, Caprichosos e Estácio. No CD do Grupo B são as da Unidos de Padre Miguel, Arranco, Tuiuti e Curicica. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Vitor Ferreira). A gravação seria perfeita, não fosse a excessiva aceleração em algumas faixas, principalmente a da Cubango. Incrível como no Acesso encontramos melhores sambas e melhor gravação do que no Grupo Especial. Talvez pelos enredos... No Acesso, encontramos enredos primorosos, despretensiosos quanto à patrocínio, como o da Cubango, homenageando Mercedes Baptista, que já merece uma homenagem em desfile hà tempo, o do Império, que homenageia Carmem Miranda, um grande baluarte da cultura nacional e que, se pegarmos a sinopse do Império, percebemos a comparação com a alma da escola. Até os enredos batidos, vindos em grande quantidade pela imposição da subvenção (Você pode fazer o que quiser, desde que faça isso) são melhores executados no acesso. No Especial, para falar da Família Real, foram usados artifícios para empiriquitar o samba, apenas para encher o desfile, e dificultar a vida dos compositores que devem colocar a sinopse dentro do samba. A despretensão acessiana ganha seus frutos na qualidade de seus sambas. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Edson Fiusa Junior). 1 – ROCINHA – “Alô
Rocinha, meu Nordeste é isso aí”. O samba que a
Rocinha levará para a avenida em 2008 é apenas correto, bem
como a interpretação de Anderson Paz. Exalta as
características da região Nordeste, mas sem nenhuma
diferenciação com outras obras anteriores. A letra é
didática, mas previsível. A melodia é genérica em alguns
momentos e o refrão principal cheio de lugares comuns. Menos mal
que o trecho “Tem romaria lá no Juazeiro / Vou pagar
promessa ao meu padroeiro” deixou de ser refrão, o que
faria o samba se arrastar de vez. Na minha opinião, o enredo
sobre o Nordeste merecia um samba melhor. NOTA
DO SAMBA: 8,4 (Marco Maciel). Abrindo a bolacha digital com astral elevadíssimo, a Borboleta Encantada voa para o Nordeste para homenagear o "povo peregrino" e suas culturas. O samba possui notável energia, porém peca pelo simplismo da letra, sem conteúdo. Além disso, há obviedades de rimas terminadas em "ão" ( no total são treze palavras: emoção, paixão, coração, imaginação, irmão, sertão, razão, opressão, comunhão, Lampião, Romão, canção e oração. Ufa!!!). Em termos de estrutura, a primeira parte é menor que a segunda - salientando-se que houve cortes de versos na segunda parte da obra. Os refrões são ótimos, mas o central "Eu danço congo e maracatu" tem mais ginga e é gostoso de cantar. A melodia é bem agradável porém o verso "...faz a festa e anuncia..." lembra a parte "habitavam este solo colossal" do samba da Beija-Flor de 2000. Quero destacar a excelente atuação do interprete Anderson Paz, tanto na gravação quanto na versão dos compositores nos sambas da Viradouro e Grande Rio, mostrando estar em grande fase. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Luiz Carlos Rosa). Gosto muito desse samba, mas admito que não é lá grande coisa. A gravação dos compositores era melhor. As mudanças feitas na letra foram muito bem feitas, pois se fosse pra avenida como era, com certeza ia se arrastar facilmente. O refrão principal é excelente. A primeira parte também é de intenso agrado. O refrão central é a parte mais forte do samba, realmente a melhor, seus versos são muito bons: "Eu danço congo e maracatu / Nesse reisado encontrei você / O meu tambor te axé / No Rei Xangô eu tenho fé / Pro mau olhado, figa de guiné" que falam sobre os ritmos de lá e tradições. A segunda parte é muito boa, um pouco superior à primeira, mas não muito. Bom samba, pra um enredo batido. NOTA DO SAMBA: 9 (Vitor Ferreira). A introdução com o "olha o forró! Êtcha Rocinha" é estranha, mas válida. O samba é bom. Mas, em visão dos outros sambas do ano no grupo, deixa muito a desejar, principalmente porque o enredo fala de uma das regiões com cultura mais rica do Brasil. O corte de um trecho que vinha logo antes do refrão final diminuiu a poesia do samba, mas, na avenida, sem este trecho, pode funcionar melhor. NOTA DO SAMBA: 9 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 2 – IMPÉRIO DA TIJUCA –
“A imagem da história rege a vitória imperial”.
É gritante a diferença de qualidade entre o samba do Império
da Tijuca e a faixa anterior. Envolvente do início ao fim, com
melodia lírica e letra poética, mesmo com o batido enredo sobre
os 200 anos da chegada da Família Real que rendeu uma polpuda
subvenção para algumas agremiações do Grupo A, o Império fez
uma obra com qualidade semelhante ao sambaço do ano passado que
levou Estandarte de Ouro. O intérprete Douglas leva muito bem
este samba, auxiliado pela excelente atuação da bateria da
verde-e-branco. NOTA DO SAMBA: 9,5
(Marco Maciel). Sambão de primeira qualidade!!! Possui letra extremamente poética aliada à melodia de beleza inquestionável. A obra não possui os já manjados clichês, o que é raro num samba atual. O verso que inicia a segunda parte "Ao som/de pássaros cantores" é magnifico. Aliás, toda a segunda parte é perfeita, melodicamente falando. O sambão tambem possui sacadas inteligentes como nos versos "com esplendor da primavera/as flores dão adeus a majestade" referindo-se à queda da monarquia, na primavera de 15 de novembro de 1889. É notável o esforço do limitado intérprete Douglas na intenção de passar mais emoção à obra e felizmente conseguiu. Dos sambas que falam sobre a vinda da Família Real para o Brasil, este com certeza é o melhor dos três principais grupos. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Luiz Carlos Rosa). Na minha opinião é um samba mediano, mas que não me agrada. Um enredo que esse ano vamos ver bastante. Não sei se é porque ouvi poucas vezes como os sambas da Renascer e Lins Imperial. O refrão principal é muito bom, usando muito bem o enredo pra exaltar a escola: "Rege a vitória imperial", sendo que rege vem de Régia e vitória imperial seria o Império da Tijuca ganhar. A primeira parte é média. O refrão central é de excelente agrado. A segunda parte também é mediano, nada fora do comum. Um bom samba, típico samba do Século XXI, que não arrisca demais em sambas. Um pouco inferior ao samba de 2007 da escola. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Vitor Ferreira). Samba envolvente, te prende, te vicia. É poético, com uma melodia animada, sem ser oba-oba. O fraco é a letra que, em algumas partes, fala fala e não diz nada. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 3 – SANTA CRUZ – “Vai,
Santa Cruz, daqui pra lá, de lá pra cá”. O samba da
Santa Cruz também é correto, mas tem momentos de maior
inspiração com relação à apagada obra da Rocinha, como o
envolvente refrão central e a excelente atuação de David do
Pandeiro no CD. Resultado de uma fusão entre dois sambas, o hino
composto pela parceria de Melo compõe toda a obra, à exceção
dos quatro últimos versos da segunda parte, composta pela
parceria do multicampeão Fernando de Lima e que cuja melodia
lembra o encerramento dos últimos sambas que sua parceria
emplacou na Santa Cruz. NOTA DO SAMBA: 9
(Marco Maciel). Apesar da fusão "mandrake" (com praticamente 90% do samba, Melo e cia foram "obrigados" a dividir a obra com apenas 10% da parceria de Fernando de Lima) o samba da verde e branco da Zona Oeste é absolutamente empolgante. Letra didática agregada à melodia "pra cima" e com dois refrões "quebra-janelas" de tão vibrantes, apesar do excesso de "vai". Houve alteração no verso inicial da primeira parte. No lugar do trash "Venceu o mar/monstros e tormentas" entrou o correto "Singrou o mar/em tormentas". O obra que homenageia o município de Itaguaí lembra muito os sambas do início dos anos 90. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Luiz Carlos Rosa). Ótimo samba, um dos melhores do ano. Um dos únicos pontos fracos é a repetição da palavra "vai", mas nada que estrague. Um samba superior aos últimos da escola. O refrão principal é de excelente agrado, que chama o componente pra cantar. A primeira parte não tem nada de especial, mas é muito boa. O refrão central é muito bom, fico em dúvida qual dos refrões é o melhor. A segunda parte é muito boa, de intenso agrado. É um ótimo exemplo que fusão pode dar certo, se os dois sambas serem da mesma qualidade, né, Vila Isabel? Conseguiram tirar leite de pedra. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Vitor Ferreira). Um samba exagerado. Como já citei sobre a diferença dos enredos do Acesso e Especial, posso dizer sem peso que este enredo é a cara do Especial. Mas, ainda assim, a obra apresenta melhor qualidade que os sambas da Mocidade Independente e São Clemente. O refrão "Vai Santa Cruz daqui pra lá..." é legalzinho, e só. O samba é todo feito em cima de um enredo "imbotável" dentro de um samba, ficando ainda mais com cara de Especial, que tem sambas que não se explicam por si só. NOTA DO SAMBA: 8 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 4 – LINS IMPERIAL – “É
carnaval, deu manchete no jornal”. A Lins falaria sobre
a cultura chilena, mas mudou de idéia com a grana do patrocínio
da prefeitura do Rio sobre o enredo dos 200 anos da chegada da
Família Real. O samba está praticamente todo em tom menor, é
impressionante! Com letra didática, sua melodia é bonita. Mas,
infelizmente, a tendência é seu arrastamento no desfile. Celino
Dias tem grande atuação no CD. NOTA DO
SAMBA: 8,7 (Marco Maciel). Samba de letra mais extensa do Grupo A. Possui linguagem interpretativa, com o personagem da sinopse D. Pedro I - um dos filhos de D.João VI - narrando o samba. A melodia é razoável, embora alguns trechos não apresentem variações relevantes. O refrão central "Essa terra tem palmeiras" é bom, mas o principal "Vi o seu povo aplaudir" é o que tem de melhor no samba. Num todo, o samba da campeã do acesso B de 2007 é de fácil digestão. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Luiz Carlos Rosa). Não gosto muito desse samba, nada contra a escola, mas o samba não me agrada. Acredito que seja pela mesma razão do samba da Império da Tijuca. Na minha opinião o samba era melhor cantado pelo Ciganerey. O refrão principal é médio, como o resto do samba. A primeira parte também não é lá essas coisas. O refrão central é bonzinho, a melhor parte na minha opinião. A segunda parte é mediana como todo o resto da obra. Um samba com cara de Século XXI. Muito inferior ao samba de 2007, mas fazer o quê? NOTA DO SAMBA: 8,6 (Vitor Ferreira). Letra grande, que não deixa, como dizem os diretores de harmonia do Especial aos sambas grandes, desanimado. Mas, em algumas partes, o samba fica chato, forçado em sua letra e melodia. NOTA DO SAMBA: 8 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 5 – IMPÉRIO SERRANO –
“Alô, Átila! Bateria 40 ponto A melhor apresentação de uma bateria registrada num álbum de samba-enredo. Mas primeiro vamos falar do samba imperiano. A agremiação da Serrinha pela segunda vez exaltará Carmem Miranda - em 1972 foi campeã do Grupo Especial com o mesmo tema. O samba possui letra correta e melodia valente. O refrão central "No tabuleiro da baiana tem" é bonito, mas lembra melodicamente versos feitos pela parceria de Arlindo Cruz. Já a segunda parte da obra é lírica, exuberante, principalmente no verso "estrela que brilha/tu és maravilha...". Só não me simpatizei com duas coisinhas: a voz esquisita do interprete Gonzaguinha e o refrão principal "Meu Império outra vez" que não passa de apelo barato. Agora sim!!! Vamos falar do melhor momento da faixa 5: a bateria 40.3 capitaneada pelo mestre Átila só não fez chover agogôs na gravação. Simplesmente fantástica!!! Após o encerramento do samba, são exatos um minuto e oito segundos de pura cadência e emoção. Isto sim é de ARREPIAR. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Carlos Rosa). Bateria 40.3 nem aqui nem na China, bateria nota 47,4, isso sim. Que show! Que show! Um ótimo samba. A gravação dos compositores era um pouco superior. A primeira parte é ótima, como o resto do samba, e tem um explosão em "Na imensidão de um sonho / Viajei na fantasia...". O refrão central é excelente, porém um pouco aquém do resto do samba. A segunda parte é maravilhosa, sua melodia é linda. Tem grande explosão na parte: "Estrela que brilha, tu és maravilha / Num lindo céu azul anil / A portuguesinha que virou rainha/ Orgulho desse meu Brasil". O refrão principal é excelente, muito bom. Para terminar o show da bateria 47,4 do Império. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Vitor Ferreira). Que bateria é essa? Essa faixa vicia, o samba é um dos melhores, o intérprete (apesar de "alternativo"... rs) deixa o samba esplendoroso sem forçá-lo, a voz dele é simpática, animada. A bateria ao fundo dá um ar mais especial ao samba, animação. É incrível como uma bateria interfere até mesmo na POESIA do samba... Lindo! Lindo! NOTA DO SAMBA: 10 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 6 – UNIÃO DA ILHA – “É
hoje o dia da alegria”. O samba dispensa qualquer tipo
de comentários. Sobre a gravação, dá a impressão de que
faltou alguma coisa. O andamento poderia ser mais cadenciado.
Quanto a Ito Melodia, manda bem. Seu pai Aroldo deve estar cada
vez mais orgulhoso. NOTA DO SAMBA: 10
(Marco Maciel). Nota 10, não tem o que discutir o indiscutível. AHHHH!!! MAS A GRAVAÇÃO DE 2008 TÁ MUITO AQUÉM À QUE FOI FEITA EM 1982. Tudo bem!!! Mas nada, absolutamente nada pode tirar o brilho de um dos sambas mais populares de todos os tempos. É uma obra imortal, que não depende do tempo, não depende de desfile, não depende sequer do intérprete... se é o Aroldo Melodia, o Ito, Jamelão, Chiquinho das Virgens, eu ou você. É uma obra livre, que não depende nem da escola. É da Ilha mas pode ou poderia ser da Portela, Mangueira, Vai-Vai, Unidos do Canário à Quatro... É uma obra que o povo aclamou. Rico ou pobre, negro ou branco, ocidental ou oriental, flamenguista ou vascaíno, não importa. Todos que amam samba-enredo amam suas obras imortais. Assim como "Aquarela Brasileira", "Os Sertões" , "Das Maravilhas Do Mar" entre inumeras antologias, são sambas diferenciados por que possuem VIDA ETERNA. Ou seja, daqui há 100 anos muita gente estará cantando em seus carros voadores com destino ao planeta Marte: "A minha alegria atravessou o mar/e ancorou na passarela/fez um desembarque fascinante/no maior show da Terra". Como é gostoso cantar esse samba de Didi e Mestrinho que, ao meu ver, é o segundo melhor da Ilha - perde apenas para o extarordinário "Domingo". Possui letra simples, clara e objetiva e melodia suave. Se você amigo, acha que é devaneio de minha parte, com todo respeito, pegue o sambinha de 2007 e compare. Tire suas dúvidas. Ou melhor: pergunte a qualquer artista que regravou "É Hoje" se estaria disposto a fazer o mesmo com o tal "Ripa na Tulipa"??? NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa). Comentar o quê? Que é o melhor do ano? Um dos melhores da história? Um dos mais conhecidos? Uma obra-prima? Um dos melhores refrões da história do carnaval? Tudo isso todo mundo sabe, assim fica difícil comentar. A primeira parte é magnifica. O refrão central é magnifico. A segunda parte é magnifica. O refrão principal é uma obra-prima: "Diga espelho meu / Se há na avenida / Alguém mais feliz que eu". Um samba desses dá saudade. Garantia certa que pelo menos de áudio a Ilha tá bem servida. O interessante é a voz de Ito Melodia, igualzinha a do pai Aroldo Melodia. NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Não briguem comigo mas, este samba, é o pior do álbum! Por definição, um samba-enredo deve cantar o enredo da escola, senão não é samba-enredo, vira partido alto. Isso que esse samba é. Se fosse no álbum de 1982 eu daria nota máxima, já que o samba é dono de uma poesia rara mesmo em gêneros músicais nobres como o samba. Mas, pegue a sinopse. Lá conta, dentre outras coisas, a vinda dos negros africanos para o Brasil. Tente achar este fato no samba. Não tem. Uns podem dizer que é o "A minha alegria atravessou o mar / e ancorou na passarela". Aí eu respondo: Alegria? Ancorou na passarela? Isso não condiz, em nada, com o fato. Este samba-enredo simplesmente não é um samba-enredo. É um belíssimo, esplendoroso e tesudo partido alto. NOTA DO SAMBA: 6 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 7 – RENASCER DE JACAREPAGUÁ
– “Meu Brasil querido, tens um destino a cumprir”.
Belo samba, também quase todo em tom menor, assim como a obra da
Lins Imperial. A diferença é que o samba-enredo da Renascer
possui mais momentos de explosão, com melodia bem mais valente.
Rogerinho coloca o tom perfeito para o samba da escola, em
excelente atuação no CD. NOTA DO
SAMBA: 9,2 (Marco Maciel). A agremiação de Jacarepaguá nos últimos anos vem mantendo a tradição de apresentar sambas em tons menores e pesados. E para felicidade geral, as obras são tecnicamente boas. O samba de 2008 possui letra descritiva, feita em primeira pessoa, embora exagere nas exaltações ao Brasil: "Meu Brasil querido...tua história é minha herança/meu orgulho meu país", "Gigante por natureza/oh pátria amada idolatrada em aquarelas" e "tu és meu Brasil/de eterno fulgor/terra adorada/uma nação de amor". Em termos melódicos, destaque para o refrão principal e toda a segunda parte. Mais uma vez Rogerinho brinda o ouvinte com uma bélissima interpretação. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Luiz Carlos Rosa). Serviria colocar o comentário da Lins Imperial e da Império da Tijuca. O refrão principal é médio. A primeira parte é mais ou menos, a pior parte do samba. O refrão central é mais ou menos também. A segunda parte é a melhor do samba, com certeza, a razão da minha nota. A parte "Tu és meu Brasil, de eterno fulgor / Terra adorada, uma nação de amor" é muito bonita. Rogerinho não compromete. O estilo dos sambas da Renascer não me agradam: são em tom menor, mas não como o da Beija-Flor, o da escola de Jacarepaguá é chato. Nada mais a falar. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Vitor Ferreira). Um samba cheio de clichês. Chato que só. Ele força uma poesia impossível, batida. Encontro, pelo menos, metade dos versos em outros sambas. Isso não é só na letra mas, também, na melodia. NOTA DO SAMBA: 7 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 8 – CUBANGO - “Baila,
vem fazer parte dessa emoção”. É incrível como a
fonte de inspiração da escola de Niterói não se esgota. A
cada ano, a Cubango faz sambas melhores. Louvada seja a sua ala
de compositores. A primeira bailarina negra a dançar no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, Mercedes Batista, ganha uma
homenagem à altura, com um samba-enredo lírico, poético, dois
refrões lindos, aliados a mais uma sublime interpretação de
Tiãozinho Cruz, que a cada ano se identifica mais com a Cubango.
Só creio que o andamento no CD poderia ser um pouco mais
cadenciado, pois a bateria, que ganha a companhia de agogôs na
gravação, está acelerada demais. NOTA
DO SAMBA: 9,7 (Marco Maciel). Simplesmente o melhor samba (inédito) do Grupo A tal como em 2007, e consequentemente, o melhor de 2008. A grande e merecida homenagem à mãe do balé afro, Mercedes Baptista rendeu à verde e branco de Niterói um sambaço monumental. Dotada de melodia lírica e emocionante, faz com que o ouvinte sinta-se estar bailando nas nuvens. A letra conta o enredo com maestria, apesar de constar as complexas palavras "pás de Deux" e "entrechat", que ao meu ver dificultam o canto do sambista. O refrão central "O violino com o batuque do tambor" é deliciosíssimo. Já o refrão principal "Baila! Vem fazer parte desta emoção" é um auto-convite para desfilar na escola ao lado da homenageada. Das agremiações que estão no Grupo A 2008, apenas Cubango e Renascer ainda não deram o passo mais importante para a elite do carnaval carioca. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Luiz Carlos Rosa). Sambaço, com todas as letras. Uma verdadeira maravilha, o segundo melhor do ano. Interessante é a qualidade dos últimos sambas da escola, desde 2004 (2003 não conheço) a Cubango vem com lindos sambas, principalmente esse. A primeira parte é maravilhosa. O refrão central é maravilhoso, o problema é conseguir entender: entoado rápido, palavras difíceis e o intérprete com má dicção (apesar de ser muito bom, um dos melhores). A segunda parte segue a mesma linha das outras do samba. A refrão principal dá vontade de sair bailando com os versos: "Baila, vem fazer parte dessa emoção / Teu manto verde-e-branco é tradição / Cubango, luz da minha vida / Mercedes Baptista, divina tu és / Ponho a avenida a teus pés". Maravilha. NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Lindo samba. É poético, original. Viciante. Passa, com clareza e simplicidade, a mensagem do enredo. Aliás, enredo belíssimo. A Cubango é, em 2008, a dona do melhor samba e melhor enredo dentre os Grupos Especial, A e B! No álbum, a gravação fica acelerada demais, confundindo até mesmo o Tiãozinho Cruz que, em uma das passadas, canta "Claira" ao invés de "Baila", mas, com o arranjo de vozes ao fundo, esse erro só é percebido se ouvir-se o samba com atenção. NOTA DO SAMBA: 10 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 9 – CAPRICHOSOS - “Caprichosos
quer voltar”. Após anos como intérprete auxiliar na
agremiação de Pilares, enfim Zé Paulo ganha o microfone
principal da Caprichosos. E estréia na função defendendo um
bom samba, nada de excepcional, apenas com características de
funcional na avenida. E é impressionante a semelhança da voz de
Zé Paulo com a do saudoso Jackson Martins, que defendeu a
Caprichosos por tantos anos. NOTA DO
SAMBA: 8,8 (Marco Maciel). Mais um samba interpretativo, só que desta vez é um indio que narra a história da cidade de Itaboraí. A letra descreve o enredo com sagacidade e acima de tudo competência. A agremiação de Pilares acertou na mosca ao alterar o apelativo verso do refrão principal "na verdade não deveria sair" que no minímo tá mais para choro de perdedor. O novo verso "pra fazer Pilares/cantar mais feliz" é muito mais palatável. Já o verso "do pólo petroquímico vai reluzir" tá pedindo para ser trash, pois soa muito mal. A melodia é agradável. Desde que caiu para o Acesso A em 2006 que a ex-escola irreverente vem diretamente dizendo que é do Especial ou pedindo para voltar. Salienta-se a atuação perfeita do interprete Zé Paulo na penultima faixa da bolacha digital. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Carlos Rosa). Ótimo samba, um dos melhores da safra. Zé Paulo o melhorou muito, pois é um dos melhores intérpretes da atualidade. O refrão principal é o ponto forte, seus versos são muito bons: "Caprichosos quer voltar / Pra fazer Pilares cantar mais feliz / Prá beber da fonte outra vez / Com Visconde e o Marquês / Abençoada seja Itaboraí". A primeira parte é muito boa. O refrão central é de excelente nível. A segunda parte também mantém a mesma qualidade. Os compositores conseguiram tirar leite de pedra. Ótimo samba pra um enredo patrocinado. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Vitor Ferreira). Samba chato, assim como o enredo. Dá licença, mas vou voltar para a faixa anterior... NOTA DO SAMBA: 7 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba 10 – ESTÁCIO - “Pisa
forte na avenida, meu Leão”. A cada dia me
entusiasmo mais com esse samba da Estácio de Sá, talvez um dos
mais valentes de todos os tempos, sem exagero. Seu refrão
principal é fantástico, forte, chama o componente pra cantar e
bater no peito com orgulho de ser torcedor do Leão. O refrão
central é da mesma linha. As demais partes também são
envolventes, mostrando toda a valentia da vermelho-e-branco
ferida pelo rebaixamento anterior. Após três carnavais
consecutivos apresentando reedições, a ala de compositores da
Estácio confirmou estar em plena forma, construindo esse que é
o melhor samba inédito da escola desde 2000. Serginho do Porto
dá a sua contribuição para o altíssimo valor do samba-enredo.
NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel). Alguns choram pela eliminação da parceria de Wilsinho Paz na final. Mas tenho certeza que a maioria desses "alguns" abraçaram esse ótimo samba estaciano. É um samba "red-bull", ou melhor, "red-lion" de tão valente, de energia descomunal. Versos como o do refrão principal "Pisa forte na avenida/meu leão" é pra levantar defunto (e olhe que a diretoria alterou o verso "Estácio campeã do carnaval" que dava mais explosão). As demais partes do samba são boas em termos de letra. A melodia é gostosa e com variações relevantes. Destaque positivo para Serginho do Porto, que enfim contará com um belo samba na avenida. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Luiz Carlos Rosa). "Reluz, ó glória!'. O samba da Estácio é de altíssimo nível, e de altíssimo tom. O samba mais aguerrido do ano, mas quando digo aguerrido, é realmente aguerrido. Serginho do Porto dá um show. O refrão principal é muito bom, um dos melhores do ano. A primeira parte é boa. O seu refrão central não me agrada muito, apesar de reconhecer a sua qualidade. A segunda parte é maravilhosa, extremamente linda, o seu final é esplendoroso. Lindíssimo samba, do estilo que eu gosto. Acredito que a Estácio vem muito forte para esse carnaval. Boa sorte aos estacianos. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Vitor Ferreira). Um samba imponente. O refrão "Pisa forte na avenida..." ressalta o que estou dizendo. Este samba engrandece alegorias de qualquer Acesso. E só de imaginar grandes alegorias dançando na avenida com essa imponência em samba já sinto cheiro do maior espetáculo da Terra. Uma obra original, poética... Só senti falta do "Estácio campeã do carnaval!", ao invés de "Estácio vai brilhar no carnaval!", mas nada que prejudique. Enfim, minha nota é... NOTA DO SAMBA: 10 (Edson Fiusa Júnior). Clique aqui para ver a nota do samba |
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