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Os sambas de 2003

Os sambas de 2003

A GRAVAÇÃO DO CD: A gravação de 2003 está bem parecida com a de 2002. A grande diferença é o imenso coro que empata com o da gravação do disco de 1996. Aliás, nem devemos chamar aquilo de coro. E sim de coral mesmo. O coral de mais ou menos cem vozes, mais a bateria que, mesmo um pouco mais abafada em relação ao disco de 2002, ainda é bastante audível, torna o disco de 2003 o mais barulhento de todos, ao lado do de 1996, com os sambas muito gritados (graças ao coral). A diferença entre os dois discos é que o de 1996 foi gravado ao vivo no Teatro de Lona (que produziu belíssimos discos) e podemos escutar praticamente todos os instrumentos que compõem a bateria. Já o de 2003, gravado em estúdio, torna o som da bateria um tanto artificial (parece que ela é composta só por caixas) e as batidas das escolas ficam um tanto parecidas (com exceção da Mangueira, mas isso está se repetindo demasiadamente nos últimos discos). O intérprete canta em companhia do "coral" o tempo inteiro, nas duas passadas inteirinhas, ou seja, o imenso coro praticamente abafa a voz do puxador (principalmente na faixa da Beija-Flor). A maioria das agremiações gravou alusivos que reproduzem a parte principal de seus respectivos sambas. Mas algumas escolas, como Porto da Pedra e Caprichosos, gravaram introduções estapafúrdias, demoradas e desnecessárias. Sendo assim, o CD de 2003 apresenta, no geral, sambas razoáveis. Os sambas que não são fora-de-série são de médios para fracos. O nível dos sambas do ano de 2002 é um pouco melhor. O CD é bom. Só poderia ser um pouco menos barulhento. NOTA DA GRAVAÇÃO: 7 (Mestre Maciel)

1 - MANGUEIRA - Mais um excelente samba que confirma a grande fase da safra musical da escola, que apresenta excelentes hinos desde 1998. Quem ouve pela primeira vez o samba de 2003 da Mangueira a princípio pode não gostar muito pelo fato dele parecer pesado devido ao lento andamento da bateria. Mas, aos poucos, o bamba aprendeu a admirar este samba, por sinal maravilhoso. Só acho que o andamento da bateria no CD poderia ser um pouquinho, um pouquinho mesmo, mais aceleradinho. Mas todos aprenderam a ouvir este belíssimo samba no disco bem cadenciado. Um samba que possui a cara da Estação Primeira. A começar por dois refrões marcantes em melodia. O principal "Quem plantar a paz vai colher amor" talvez seja um dos refrões mais poéticos da história do carnaval. E num tempo em que predominam refrõezinhos oba-oba (vou sacudir a Sapucaí, vou balançar, meu amor...). Todos, ao se recordarem deste samba, se lembrarão primeiramente deste divinal refrão que levantou a avenida. Aliás, o samba foi levado em ritmo de frevo na Sapucaí (pra variar). Mesmo assim, o samba foi bem aceito e teve uma bela passagem pelo Sambódromo. As demais partes do samba eu considero pesadinhas, mas muito agradáveis de se ouvir. Ah, e como não comentar a introdução da faixa do CD com Jamelão soltando seu vozeirão ao entoar "Queeeeeeeeemmm plaaantaaaar a paaaz...", acompanhado de um violão, aplausos (eletrônicos?) e o coro o reverenciando com um "Obrigado meu mestre". Sem dúvida uma bela homenagem ao mestre Jamelão com uma introdução maravilhosa. As atuações de Jamelão no CD e na avenida, como sempre, dispensam comentários. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel).

O início, com a homenagem a Jamelão, dono de um vozeirão  que coloca muito menino novo no chinelo, é de arrepiar. O samba, apesar de não ter a cara da escola, é bom. Não é daqueles tipo arrastão, mas funciona e funcionou muito bem, diga-se de passagem. Letra e melodia requintadas fazem dele um dos melhores do disco. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Cláudio Portela).

Samba bem ao estilo da verde e rosa. Tem boa poesia e remete bem o enredo proposto. O refrão do meio talvez seja seu ponto mais fraco, tanto em letra como em melodia. Na avenida, decepcionou um pouco. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

2 - BEIJA-FLOR - Um samba ultra-pesado, mas que me agrada. E muito. Particularmente amo esse samba da Beija que ajudou a escola a conquistar o campeonato. Mas por que ele é considerado pesado? A melodia marcante o ajuda muito a ter este rótulo. E depois, ele é comprido pelo fato de ter dois refrões centrais. Mas são dois refrões que, na minha opinião, dão uma rica contribuição para embelezar este samba antológico. E a melodia possui algo de especial, original. Ela faz o samba ser uma espécie de porta-voz da sociedade, a começar pelo refrão principal. Parece que o samba incentiva o povo a lutar pela paz, por uma vida melhor, a combater as injustiças com sede de vitória e sem qualquer receio de derrota. A letra da música parece fazer uma conclamação, um discurso "Eu quero liberdade, dignidade e união (...) Chega de ganhar tão pouco, tô no sufoco vou desabafar: pare com essa ganância pois a tolerância pode se acabar". Essas características presentes em letra e melodia tornam o samba diferenciado dos demais. Mas o samba, por outro lado, se torna um tanto cansativo. A versão cadenciada do CD acabou melhor que a da avenida, pois o samba se arrastou um pouquinho, o que não impediu o campeonato da escola de Nilópolis. Neguinho cantou o samba com a categoria de sempre e retornou com o seu caco característico "Chora cavaco", ausente dos discos desde 1998 (coincidência ou não, a Beija não conquistava o título desde este ano, ou seja, o caco dá sorte, pois também esteve presente em 2004 e a escola foi bi). O "Alô Brasil, agora sim, o povo está feliz" de Neguinho na introdução sem dúvida é uma atração a parte, pois o povo torcedor da Beija-Flor sente-se mais atraído e apaixonado pela escola com esta conclamação com pulmões a mil do célebre intérprete. E, no fim do samba, Neguinho deixa claro "A esperança venceu o medo", fazendo uma referência à eleição de Lula, que simbolizava a esperança para quem era eleitor do atual presidente (Neguinho o apoiou) e o medo para quem não votaria no até então candidato (como a atriz Regina Duarte, simpatizante de José Serra, deixou claro na propaganda política). É possível ouvir algumas vozes do coro gritando "Lula, Lula" após a frase emblemática de Neguinho. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Mestre Maciel).

Depois do samba fraco de 2002, a Beija-Flor acertou a mão em 2003, ano em que quebrou um tabu de quatro vice-campeonatos seguidos, que já incomodavam a comunidade de Nilópolis e a toda Baixada Fluminense. A melodia carrega nas costas uma letra previsível, mas nem por isso pobre. Os versos finais da segunda estrofe parecem ser um recado aos jurados da LIESA e a algumas co-irmãs. Observem: ''...Chega de ganhar tão pouco/ Tô no sufoco, vou desabafar/Pare com essa ganância, pois a tolerância/ Pode se acabar...''. Coincidência ou não, caíram como uma luva. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Cláudio Portela).

Pra mim, este samba só ganha vida partindo do trecho "Nasce então poderosa guerreira..." onde a melodia sai do tom grave e cresce, dando ânimo ao samba. A letra é bem feita, apesar do enredo "colcha de retalhos" da escola. Da metade para o final o samba fica emocionante, valendo à pena escutá-lo mais vezes. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

3 - IMPERATRIZ - Um samba que não deixou saudades para os amantes do carnaval. Embora o samba de 2003 da Imperatriz me agrade, os bambas o detestam devido ao fato de ser uma legítima marchinha. Realmente a música só pode ser executada com um andamento rápido da bateria, pois de maneira cadenciada fica horrível. E foi o que aconteceu no CD, com a bateria a mil. O começo da faixa é legal, com três acordes do cavaco e a bateria entrando em alta velocidade. A atuação de David do Pandeiro é tranqüila, pois o puxador já está acostumado a cantar sambas assim (o que possibilita seus cacos gritados a milhares de decibéis). O refrão principal é bem do estilo oba-oba "Vem meu amor, vem me beijar..." e o do meio reproduz o título do enredo de forma reta (sem variações da melodia). Já o resto do samba realmente possui uma melodia agradabilíssima e, para mim, a segunda parte é bastante elogiável. Os quatro primeiros versos da primeira parte "Cobiça de ouro/madeira, pedra e animais/são partes do primórdio da história/que a Imperatriz refaz" também têm uma melodia excepcional. Já o restante da primeira parte não é dos melhores. E a letra é muito fraca. Trechos como "Por corsários portugueses, franceses, ingleses, holandeses" e "Hoje a coisa ficou preta, muito preta e com razão" confirmam a precariedade da letra. A música é uma boa marcha, mas como samba-enredo não é dos melhores. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).

Samba dos mais fracos. Tanto letra como melodia parecem uma marchinha, servindo de pano de fundo para um enredo fraco que nem de longe fez lembrar a Imperatriz de anos anteriores. No fim das contas, o quarto lugar ficou de excelente tamanho. Destaque para mais uma boa performance de David do Pandeiro, que se colocasse a cabeça no lugar seria um dos melhores intérpretes que o nosso samba possui. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Cláudio Portela).

Em 2003, a Imperatriz fugiu totalmente de seu estilo de sambas da década de 90 e trouxe uma marcha pra Sapucaí, talvez na clara intenção de recuperar a simpatia do público. Em partes, a escola conseguiu. Mas a análise tem que ser feita sobre o samba, e este deixa a desejar mesmo. Melodia e letra de grande pobreza. Não houve comprometimento algum em elaborar algo mais interessante. Alegre, e só. NOTA DO SAMBA: 7 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

4 - MOCIDADE - Horrível! Essa é a palavra-chave da gravação do samba, fraquíssimo, com letra até razoável, mas com uma melodia enjoada. Considero este samba o pior da história da escola de Padre Miguel (para mim, pior até que o de 2004), sempre rica em excelentes hinos. A gravação do samba no CD realmente o fez ficar uma legítima poluição sonora. Aceleradíssima, a tradicional bateria da Mocidade parece não se acertar na gravação, diversificando por muitas vezes sua batida no samba. E o péssimo refrão principal "Alô você..." é entoado de maneira horripilante, com um coro exagerado e, após o verso "Sou doador, sou Mocidade", surge um corinho berrando "Padre Miguel" por uma fração de segundo. Totalmente desnecessário, esse "Padre Miguel" gritado contribuiu ainda mais para fazer da gravação do samba uma das partes mais negativas da história dos discos de samba-enredo. Apenas uma parte deste mal-sucedido samba me agrada: o refrão central. Este sim, bastante rico em melodia, apesar de suas rimas serem compostas por verbos no infinitivo. Mas isso ocorre em praticamente toda a primeira parte do fraquíssimo samba. Se no CD o samba é inaudível, na avenida seu andamento se tornou totalmente cadenciado, o que o melhorou mil por cento. Com o ritmo lento, o samba até funcionou na Sapucaí. Mas até hoje não engulo muito este fracassado hino da escola de Padre Miguel. Ah, Paulinho Mocidade não comprometeu e o fim da faixa é até interessante, com um surdo imitando as batidas do coração. NOTA DO SAMBA: 7 (Mestre Maciel).

Quem ouve esse samba no CD não acredita no que ele fez na avenida. Graças ao bom desempenho de Paulinho Mocidade,que retornava a escola, esse samba de letra e melodia obscuras sacudiu a Marquês de Sapucaí. Em contrapartida, a bateria de Mestre Coé, que deu show no cd, atravessou na avenida e levou duas notas baixíssimas. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Cláudio Portela).

Samba de letra piegas graças ao enredo-cidadão da escola. O trecho "a família querer aceitar..." chega a doer os ouvidos. Na avenida, foi um dos que melhor funcionou graças ao cadenciamento dele pela bateria e pelo canto dos componentes da escola. Mas o samba é fraco e não condiz com o histórico dos ricos sambas da verde e branco de Padre Miguel. NOTA DO SAMBA: 8 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

5 - VIRADOURO - Maravilhoso! Um samba divinal, numa melodia emocionante que se enriquece mais ainda com a interpretação de Dominguinhos da Estácio (que dispensa qualquer comentário). Dois refrões belos (o central é uma obra-de-arte em melodia, totalmente original), uma excelente primeira parte e uma segunda parte antológica. Sem contar a letra de excelente qualidade. Bibi Ferreira levará tal homenagem para a eternidade, apesar de, no desfile, o samba não ter tido tanto retorno assim. Destaque também para o fim da faixa, com a excelente bateria de Mestre Ciça matando a pau, ao som dos cacos de Dominguinhos. O considero o melhor samba do ano. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Mestre Maciel).

Um belo samba dessa simpaticíssima agremiação de Niterói. Além de sintetizar perfeitamente a biografia da diva do teatro Bibi Ferreira, é possuidor de uma melodia comovente. Dominguinhos do Estácio e a bateria de Mestre Ciça mais uma vez fizeram bonito na avenida, o que aliás não é novidade para ninguém. Talvez o único pecado deste samba seja o excesso de uso da palavra ''amor'' ao longo da letra, o que por vezes é justificável, embora não considere esse o caso. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Cláudio Portela).

Grande samba à altura da homenageada Bibi Ferreira. Passagens maravilhosas como o refrão do meio. Letra com riqueza poética e melodia inteligente. O samba procura fugir dos lugares comuns com categoria, sem apelar para quebras melódicas sem nexo. A essência dos trabalhos e da vida da homenageada estão sintetizadas neste samba. Belo momento da Viradouro. Grande inspiração de seus compositores. NOTA DO SAMBA: 10 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

6 - SALGUEIRO - No CD, para mim, é o melhor samba. Uma gravação maravilhosa para um sambaço que, apesar de ser uma legítima marchinha, ganha minha total admiração. Dois refrões de arrepiar (aquele Salgueiro, Vermelho é de levantar o ânimo de qualquer pessoa e o principal possui uma bela melodia, apesar das rimas serem pobres) e o restante contar com uma boa letra, que retrata os cinqüenta anos da escola de maneira bem compacta. Mas como o samba é muito curto (a letra não é tão pequena, mas o andamento aceleradaço da bateria o faz ficar dessa maneira), ele acabou se arrastando na avenida e se tornou uma das decepções do carnaval de 2003 (ao contrário do que eu imaginava, o Salgueiro Vermelho passou despercebido pela Sapucaí). Quinho, no CD, mantém a regularidade de sempre, com sua animação e brincadeiras de praxe. Mas, na Sapucaí, achei que ele deixou a desejar. Quinho praticamente soltou mais cacos do que cantou e sua voz ainda estava pesada demais. Mas ele melhoraria muito no ano seguinte. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel).

No ano em que completou cinqüenta anos, o Salgueiro merecia um samba bem melhor do que este. A melodia não tem característica de samba e a letra, apesar de sintetizar bem o enredo, tem alguns erros. A palavra amor aparece no verso final do primeiro refrão apenas para fazer rima, e falar que o Salgueiro é vermelho, na minha opinião, é o cúmulo da falta de originalidade. Quinho, em sua volta a escola, matou o samba na avenida. NOTA DO SAMBA: 8,0 (Cláudio Portela).

Foi o grande embalo do pré-carnaval, e uma das grandes decepções na avenida. Descreve bem o enredo mas a letra apela pros jargões comuns, mantendo esta tradição dos últimos sambas salgueirenses. O refrão do meio, considerado grande trunfo da escola, morreu na Sapucaí. É samba pra CD, onde funcionou muito bem. Pra duas três passadas no máximo. Pra desfile, cansa e acaba murchando rapidamente, até morrer. Foi o que aconteceu com ele na avenida. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

7 - GRANDE RIO - Samba que, apesar de não ser nada de especial, possui uma letra muito bem feita e boa melodia. Considero-o apenas um bom samba e ciente estou de que a escola possui hinos melhores. Wander Pires, intérprete acima da média, o deixa muito atrativo. Os dois refrões são de boa qualidade (o principal possui uma boa melodia, mas a letra... aquele "A Grande Rio chegou/meu amor" é lamentável) e o restante tem algumas variações de melodia interessantes. O samba passou despercebido pela avenida, mas contribuiu para o terceiro lugar da escola, até hoje a melhor colocação da Grande Rio no Grupo Especial. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel).

Os refrões são fracos e a letra tem rimas muito repetitivas, mas a melodia é muito boa. Wander Pires, que no CD grita mais do que canta, foi bem na avenida e a escola surpreendeu a todos nessa que foi sua melhor colocação no Especial em todos os tempos. Merecido, diga-se de passagem. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Cláudio Portela).

Letra bonita, mas o cúmulo do patriotismo barato. Tenta passar uma imagem do país que inexiste. A melodia tem muitos lugares comuns. Salva-se pela letra, apesar do pieguismo. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

8 - PORTELA - Tal samba marcou a volta por cima de Gera. Intérprete até então muito criticado, conduziu o samba de maneira excepcional e o melhorou consideravelmente. O intérprete que o defendeu nas eliminatórias portelenses era péssimo e por isso os bambas desaprovaram o samba escolhido. Nem o carnavalesco Alexandre Louzada o suportou. Foi só Gera se responsabilizar pelo samba para, num estalar de dedos, fazer com que muita gente o considerasse um dos melhores hinos de 2003. Eu considero o samba muito bom, apesar de também considerar sua melodia um pouco pesadinha. E os dois refrões, assim como no samba da Beija-Flor, também possuem um quê de conclamação ("A voz não pode calar/a gente tem que lutar/o povo faz a hora de mudar" diz tudo). A partir de 2003, Gera passou a ser visto com outros olhos por muita gente. E, na gravação, achei o coro exagerado demais (apesar que praticamente todas as faixas são assim). NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

Melodia envolvente, letra nem tanto. Cheia de ''lugares comuns'' em sambas da escola, como: ''...A Portela não é brincadeira...'' e ''... Voar no azul mais bonito/ Buscar no infinito/ A alegria dos meus carnavais...''. O resultado final, no entanto, não é dos piores. E Gera até que foi bem na Sapucaí. Destaque também para o triunfo de Caixa D'água, que esperou trinta anos para ver sua estrela brilhar na escola. Quem espera sempre alcança! NOTA DO SAMBA: 9,0 (Cláudio Portela).

Bonito samba. Melodia interessante. Não tão apurada quanto Viradouro e Tijuca, mas bem trabalhada. Letra que descreve com clareza o enredo, faltando apenas um pouco mais de poesia. Salvou a escola de um vexame maior no desfile. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

9 - IMPÉRIO SERRANO - Um samba com melodia e letra interessantes, apesar do enredo ser para lá de confuso. Assim como a maioria dos sambas de 2003, este também passou despercebido. Wantuir, no seu único ano na escola, mantém a regularidade de sempre. Considero a segunda parte do samba muito boa e os refrões, apesar de terem boas letras, parecem oba-oba devido à sua melodia e ao fato do samba ser muito acelerado no CD. O hino da Império Serrano de 2003 possui opiniões diferentes. A maioria o acha um excelente samba. Outros não vão muito com sua cara. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

Os compositores da Serrinha, pródigos em fazer samba bom, dessa vez não foram bem. O primeiro refrão fraquíssimo, a letra é pobre e a melodia assim, assim. Um dos raros momentos de inspiração é notado no refrão do meio, um dos melhores do CD. No Sambódromo, Wantuir foi mal, assim como toda a escola, que ficou entre as últimas colocadas. Um ano para os imperianos esquecerem. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Cláudio Portela).

É um bom samba. Mas para o histórico da Serrinha isto é pouco, já que o Império possui um histórico de sambas de muita riqueza. O samba do Império tem boa melodia mas peca em sua letra que não empolga em nenhum momento. Os compositores com certeza sofreram com o enredo abstrato demais, o que não ajudou. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

10 - UNIDOS DA TIJUCA - Um samba elogiadíssimo pela crítica como há muito não víamos. Há quem diga que é um dos melhores de todos os tempos. Uma excelente letra, porém sua melodia, apesar de marcante, é muito pesada. Talvez a gravação do samba (acelerada) o tenha deixado assim. Se fosse menos gritada e com uma bateria muito mais cadenciada, aí sim o samba daria uma considerável melhorada. Prova da aceleração ser prejudicial foi o ridículo desempenho da música na avenida. Sua melodia também é difícil, com refrões (excelentes) agudos demais, o que fez com que Nêgo berrasse o samba durante todo o desfile (parecia que estavam pisando nos seus calos na hora ou coisa parecida). Acabou sendo o samba mais arrastado do Sambódromo no ano. Mas, pela gravação do CD (onde Nêgo foi bem), levou um merecido Estandarte de melhor samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Mestre Maciel).

São raras as vezes em que me emociono tanto ao escutar um samba enredo como quando escuto ''Agudas, os que Levaram a África no coração e trouxeram para o coração da África o Brasil''. Este não é apenas o melhor samba do disco, mas também um dos melhores de todos os tempos, feito raríssimo para os hinos da atualidade. A Unidos da Tijuca, que possui uma belíssima safra de sambas enredo (muito pouco divulgada, por sinal), é pródiga em fazer belos hinos quando o enredo é sobre a África. Vale lembrar que a escola faturou o Estandarte de Ouro de melhor samba do Grupo de Acesso em 75 com o  tema. Esse ano, mesmo com o mal desempenho de Nego na avenida, a escola merecidamente repetiu a dose. NOTA DO SAMBA: 10 (Cláudio Portela).

Samba pra ouvir de joelhos. Letra e melodia absurdamente belas. Graças também a bela sinopse que descrevia um enredo muito rico culturalmente. Incrível como a cadência acelerada e as falhas de harmonia acabaram com o samba na avenida. Mesmo assim, ele não perde seus méritos. NOTA DO SAMBA: 10 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

11 - PORTO DA PEDRA - Uma introdução de quase um minuto desnecessária no CD. Quando eu o ouço, sempre começo a ouvir pulando um minuto, a partir do grito de guerra de Preto Jóia (atuação exemplar, como sempre). No mais, este samba não me agrada muito. O considero uma verdadeira marchinha, principalmente pelos dois refrões bem enquadrados no estilo oba-oba. O resto também não foge muito à regra. Realmente a escola de São Gonçalo possui sambas melhores. Eu disse melhores? Muuuuuuito melhores... A gravação no CD é acelerada, mas se fosse mais cadenciada, seria mil vezes pior. Samba fraco! NOTA DO SAMBA: 7,8 (Mestre Maciel).

Samba que traz uma chamada fortíssima, nos levando a crer que quem não cuidou de seu santo nas vésperas do desfile deve ter tido problemas na avenida (em momento oportuno, voltarei ao assunto). No mais, apesar de a melodia ser bastante animada, a letra não é boa. O enredo não ajuda, é verdade, mas isso não serve como desculpa. NOTA DO SAMBA: 8,3 (Cláudio Portela).

Samba de passagens valentes. E só. Não consegue remeter com inteligência um enredo interessante, e que daria chance de uma melhor letra e melhor melodia. Mas não foge do óbvio. Termos como "..vem que o bicho vai pegar.." acusam a falta de criatividade do samba, que na avenida, passou sem deixar saudades. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

12 - CAPRICHOSOS - Começa com uma introdução ridícula. Durante quase um minuto, ecoa a voz de Jackson Martins cantando lentamente o refrão central (bom, mas um pouco enjoativo). O intérprete tem uma boa atuação (como sempre), mas não salva este samba, na minha opinião muito fraco. Uma letra que não tem nada de mais e uma melodia chata que não tem nada de excepcional. O refrão principal é fraquíssimo e, no geral, o samba é fraco. O refrão central é o único que se salva. É praticamente um pula-faixa, daquelas que a gente ouve uma vez e não tem a disposição de repeti-la novamente. Achei sua execução na avenida muito melhor do que no CD, onde ela ocorre de maneira modorrenta. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Mestre Maciel).

Ao lado de ''Agudás'', é outro bom samba que fala de africanidade. Apesar de haver uma considerável diferença de tamanho entre a primeira e a segunda parte do samba e da melodia difícil, é um dos melhores sambas da Caprichosos nos últimos anos. O refrão do meio é pra levantar poeira, e o samba foi muito bem cantado pelo Jackson Martins na avenida. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Portela).

Primeiro suas deficiências: Rimar "Zumbi" com eu tô aí" é de uma pobreza homérica. O samba é cheio de termos clichês e o refrão principal de melodia requentada. O samba fica bonito a partir do verso " Quero ser livre, esse lamento ecoou na sociedade" até chegar ao refrão principal. Na avenida, serviu bem a escola. Mas não é um samba marcante. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

13 - TRADIÇÃO - Para muitos, o pior samba-enredo de todos os tempos. Realmente possui uma melodia que nada tem a ver com samba-enredo (principalmente na segunda parte, onde a letra dá até uma melhoradinha). E a letra então é algo de doer. Apesar de enredo sobre futebol não permitir uma letra muito poética, realmente ela poderia ser um pouco mais qualificada. No trecho "Quando Deus criou a Terra, nos deu a luz do Sol/Também fez nosso Brasil, o país do futebol", permitem-me fazer uma pergunta: o que tem a ver a luz do Sol com o futebol? Só pra rimar mesmo... E o ridículo refrão central (sem dúvida o pior de todos os tempos) com aquele "ai, ai, ai" desnecessário? Nunca me esqueço da inteligente relação que o ex-colunista do extinto site NetSamba Wellington Kermiliene traçou de tais gemidos do refrão com as sucessivas contusões de Ronaldo entre a Copa de 1998 e 2002. Só pode ser isso, né? Outros trechos pérolas: "Ninguém pode duvidar, ele tem cheiro de gol" e as constantes rimas com palavras terminadas em "ão" da primeira parte. O samba é péssimo, mas, na minha opinião, ainda existem piores (como Grande Rio 2004, Caprichosos 2004, Tradição 99 e Ponte 96) e a gravação no CD é até animadinha, faz o samba ficar audível. Celino Dias não compromete (apesar de sua pérola "A penta da alegria" do início da faixa até hoje ser ridicularizada), mas nem Jamelão salvaria o samba. NOTA DO SAMBA: 7 (Mestre Maciel).

''...É bola na reeede...''; ''...Nasceu em Beento Ribeiro...''; ''... Ai,ai,ai, Oh! Vida me leva/ Ai,ai,ai, deixa a vida me levar/ Ai,ai,ai, eu to nessa festa...''. É (literalmente) de doer! NOTA DO SAMBA: 7,0 (Cláudio Portela).

A melodia do samba é cambaleante. A letra de uma pobreza de dar dó em todos os sentidos. Se tiver que colocar todas as falhas do samba, mais fácil escreve-lo todo. Mas não é que na avenida funcionou melhor do que sambas de qualidade ? Este é seu único mérito. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

14 - SANTA CRUZ - Bom samba. Agradável de se ouvir. Dois bons refrões, além da melodia, no geral, ser muito qualificada. Um samba que, sem dúvida, agrada à maioria dos bambas. Tem gente que o considera o melhor do ano, mas isso já é um exagero, apesar de 2003 não ter sido um ano lá essas coisas em matéria de samba. A excelente atuação de Luizinho Andanças, tanto na avenida (apesar do samba ter se arrastado) quanto no CD, contribuiu muito para esta ótima repercussão. Só acho que os aplausos durante o refrão principal eram desnecessários, apesar deles estarem dentro da proposta do enredo. Mas, pra variar, a escola ficou no meio do caminho e acabou rebaixada. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

Fraquinho toda vida. Não colaborou com um tostão para que a escola não caísse. Pelo contrário, ajudou. NOTA DO SAMBA: 7,4 (Cláudio Portela).

Um bom samba da escola. Melodia agradável e letra convidativa. O refrão final convida o povo a aplaudir a escola de forma comovente. Na avenida, não aconteceu, como a maioria dos sambas de 2003. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Franclim). Clique aqui e veja a letra do samba

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