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Os sambas de 2000 A GRAVAÇÃO DO CD - O CD de 2000 aboliu totalmente os arranjos de teclados ao som de violinos, que deixavam os sambas mais líricos e com um quê de ópera. Os sambas no CD têm mais cara de samba. A gravação anima perfeitamente os sambas animados e cadencia com naturalidade os sambas cadenciados. Destaque para o pandeiro, cujo som (discretíssimo numa bateria de escola de samba) consegue se harmonizar bem com a bateria onde, nas contemporâneas gravações de estúdio, seu som é formado basicamente pelas caixas (embora apareçam com destaque no disco de 2000, seus sons estão relativamente mais baixos em relação ao CD de 2002). Aliás, as caixas, junto com o pandeiro, marcam a característica do som da bateria no CD de 2000. Os tamborins estão praticamente ausentes, e na primeira passada de cada samba apenas se ouve a voz do intérprete. O coro (excelente no disco) aparece na segunda passada, a partir do refrão. E a gravação de excelente qualidade qualifica os sambas de 2000, de um modo geral fracos. É que todas as escolas do Grupo Especial tinham de fazer enredos relacionados aos 500 anos do Brasil completados naquele ano, o que dificultou um pouco o aparecimento de sambas-enredo de grande qualidade. O mesmo estilo de gravação foi utilizado no CD do Acesso de 2000 e, na minha opinião, é o disco de Grupo de Acesso com a melhor gravação de todos os tempos, pois a excelente e nítida gravação qualificou os sambas de maneira como se fossem hinos de Grupo Especial (embora não seja exagero dizer que os sambas do Acesso de 2000 estavam melhores que os do Especial do mesmo ano). NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Mestre Maciel). 1 - IMPERATRIZ - A letra do samba é perfeita. Retrata perfeitamente como o Brasil foi descoberto por Cabral 500 anos antes. Quem souber na ponta da língua o samba se dá bem em qualquer prova de História. Mas a melodia do samba, na minha opinião, é comum e um pouco cansativa. É daqueles sambas que não atrai o bamba a repetir a faixa por diversas vezes. Realmente a agremiação possui sambas muito melhores. Paulinho Mocidade canta muito bem o samba, apesar da gravação o ter deixado tímido demais. Ainda assim, o hino ajudou a Imperatriz a conquistar o bicampeonato em 2000. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel). Dois refrãos fracos, uma letra imensa e cheia de
clichês, e uma melodia arrastada e cansativa fazem do samba um
dos piores dessa safra, que por sua vez também não é das
melhores. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Cláudio Carvalho) Samba que peca um pouco no simplismo de sua letra
e na sua melodia irregular. Seu ponto alto são seus refrões,
valentes, encorpados, que fizeram bonito na avenida. Apesar das
falhas o samba rendeu muito bem na Sapucaí e foi pano de fundo
para o desfile campeão da escola, merecidamente. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim) Depois dos belíssimos sambas da década de 90, a Imperatriz começou a errar a mão. O samba de 2000, bastante irregular, é um exemplo disso. A letra conta bem o enredo (o descobrimento do Brasil), mas é meio previsível, enquanto a melodia não tem absolutamente nada de especial. Apenas os refrões e a interpretação de Paulinho Mocidade, então estreante na agremiação, são aceitáveis. Mas não gosto muito deste samba como um todo. Mesmo assim, a Imperatriz fez mais um desfile correto e conquistou o bicampeonato. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 2 - BEIJA-FLOR - Excelente samba. No CD se apresenta animado e envolvente, com Neguinho dando um show ao lado de um coro de crianças na segunda passada. Aliás, mais um samba que se identifica totalmente com a escola. Sem dúvida, uma das melhores faixas do disco. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). A melodia, apesar de boa, é um tanto quanto lenta. Os dois refrãos são bem engajados. A letra politicamente correta, bem como o coral de vozes ao fundo (ôôôô), acabam por ser os destaques da faixa. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Cláudio Carvalho). A belíssima melodia deste samba, envolvente, delicada e sutil não foi acompanhada por uma boa letra. Mesmo assim, é um bom momento da Beija Flor. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim). Mantendo sua ótima seqüência de sambas, que se estenderia por toda a década, a Beija-Flor apresentou belíssima obra para 2000. O enredo era meio confuso, mas o samba foi muito feliz. O refrão inicial tem uma grande pegada, principalmente pela excelente interpretação de Neguinho. A melodia é extremamente envolvente, como na passagem "E hoje eu canto/Oh! Pátria amada!/Me envolva em seu manto/Por essa terra sem dono, sem leis/Pra ver o sonho que sonhei", a que mais me encanta nesta obra. Mais um momento brilhante da escola de Nilópolis. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 3 - VIRADOURO - Samba qualificado, mas com uma gravação muito arrastada. Dominguinhos da Estácio, nos últimos anos, impõe intenso romantismo aos sambas que canta. É um samba de excelente melodia, porém carece de um pouco mais de animação no disco. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel). É uma das melhores faixas do CD. O refrão do meio, com a frase ''Irê, irê, pra agba yê'', é digno dos melhores sambas que falam da afro-brasilidade. Em que pese a desnecessária repetição da palavra ''seu'' para designar personagens de nossa história, pode-se dizer que esse é um dos melhores sambas da escola de Niterói em todos os tempos. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Cláudio Carvalho). Belo samba. Letra magnífica, com ótimo poder de síntese. Melodia em tom agudo, forte, bem composta. Samba valentíssimo, com ótimas quebras melódias. O refrão dá uma apelada para o oba oba, mas compromente muito pouco o resultado final do samba. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim). É um bom samba e com belo refrão central ''Irê, irê, pra agba yê''. Aliás, a paradinha da bateria neste trecho é belíssima! O refrão principal é que não me agrada em nada por causa dos versos "O dia vai raiar, amor, amor/Com a Viradouro eu vou, eu vou, eu vou", que não dizem nada. Em compensação, a segunda parte tem melodia cativante e letra maravilhosa! Gosto muito da interpretação de Dominguinhos, apesar de possuir um tom mais dramático do que nos sambas cantados por ele nos anos anteriores. Bom momento da escola de Niterói, que se firmava entre as mais importantes do Carnaval. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 4 - MOCIDADE - Um dos mais interessantes sambas de todos os tempos. Como assim mais interessante? Pra começar, possui um refrão de oito versos que é constantemente tachado de "refrão evangélico". Uma justa comparação, já que os versos dizem o seguinte: "Viver em paz pra ser feliz/É só amar nosso país/É preservar o que se tem/Seguir a Deus, plantar o bem/É abraçar o nosso irmão/Ao inimigo só perdão/A nossa estrela vai brilhar/E a luz da paz eternizar". O refrão sem dúvida se enquadra bem no quesito "arrasta-samba", já que na avenida a Mocidade foi muito prejudicada no quesito samba-enredo. Culpa do chamado refrão evangélico. Porque as demais partes do samba são excelentes, de melodia envolvente, e com uma segunda parte diferenciada em termos melódicos. O refrão central é maravilhoso. A gravação no CD melhorou o samba de maneira a fazer da faixa da Mocidade uma das melhores do disco (na minha opinião). O CD evidencia as limitações do samba, mas a gravação animada e envolvente faz eu repetir a faixa 4 do CD de 2000 umas duas ou três vezes (podem me tachar de louco). Na avenida, é óbvio, o samba se arrastou, principalmente por causa do refrão evangélico, praticamente abafando as boas e demais partes do samba. E o novato intérprete Paulo Henrique, embora tenha levado o Estandarte de Ouro de Revelação do carnaval de 2000, se mostrou limitadíssimo tanto no CD quanto na avenida. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Mestre Maciel). É um dos acidentes de percurso desse CD, tanto pela melodia (repetitiva) quanto pela letra (pobre), que fala, fala e não diz nada. Nem parece samba da Mocidade. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Cláudio Carvalho). O mérito maior deste samba é ser diferente. Toda a busca por fazer algo novo é digna de aplausos, e a construção do samba é realmente inovadora. O problema é que não deu certo. A letra não diz quase nada, passa em branco. E na avenida o samba não aconteceu, definitivamente. NOTA DO SAMBA: 8 (Franclim). Não sou fã deste samba, principalmente da primeira parte. O refrão inicial então é a ponte do nada com coisa alguma. Outro ponto que não me faz gostar deste samba é o intérprete Paulo Henrique, cuja voz chega a ser irritante. O refrão central, ao contrário, me agrada bastante. "E mergulhar nessa paixão/Com as cores da bandeira no meu coração" tem ótima melodia e bela letra. A segunda parte também é superior, mas no geral realmente este samba não é dos melhores. Porém, apesar do samba mediano, a Mocidade fez belo desfile e voltou com justiça ao Sábado das Campeãs. NOTA DO SAMBA: 8,3 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 5 - SALGUEIRO - Feito especialmente para Quinho, o rei dos cacos se mandou para o carnaval paulista em 2000 para defender a Rosas de Ouro. Quem cantou o samba no CD e na avenida foi Wander Pires, um intérprete que obviamente possui um estilo bem diferente de Quinho. Resultado: o samba, que foi feito para ser animado, ficou romântico e arrastado com Wander. No CD, o samba fica bem cadenciado e até meloso. Destaque no começo da faixa para o lema da escola, citado na íntegra por Wander Pires: "Nem melhor, nem pior! Apenas uma escola diferente". O lema combinava bem com a situação do intérprete na época, pois pela primeira vez em quase dez anos Wander deixava a Mocidade para integrar "uma escola diferente". E, que eu saiba, foi a única vez em que o lema oficial da escola foi citado de maneira completa num disco de samba-enredo. O refrão principal é esquisito, pois o último verso "Vem comigo, arrebenta bateria" não rima com os anteriores. Já o refrão central "Roda baiana bonita..." possui uma qualidade singular, sem dúvida a melhor parte do samba. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel). ''...Vou brincar com meu amor...''. Um samba que se preze, na minha humilde opinião, não pode começar com um verso digno de cantiga de roda. Àquela altura do campeonato, o Salgueiro mostrava que, após 1996, havia perdido o rumo na hora de escolher o hino oficial da escola. Fato que, lamentavelmente, se repete até hoje. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Cláudio Carvalho). O samba não busca detalhar o enredo. Pelo contrário, foge dele. É uma letra descompromissada com o tema proposto. Os dois refrões, por exemplo, não contam praticamente nada do enredo da escola. De bom, a melodia, leve e bem feita. Realmente interessante. Este samba serviu bem para a escola na avenida. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim). É um samba cuja melodia até me agrada, mas a letra tem pontos negativos. O refrão principal é recheado de termos dispensáveis como "vou brincar com meu amor", "vou que vou", "arrebenta bateria" e "me leva que eu vou", típicos da era "pós-Ita". Além disso, a excessiva cadência na versão do disco atrapalhou ainda mais. Para piorar, Wander Pires (de quem gosto bastante) esteve infeliz na gravação, pois exagerou como nunca nas reverberações, como nas seguintes e inúmeras passagens: "Senhor, olhai por nós, iluminaaaaaiiiiiiiiii este momentoooooooo", "As emoções estão ao ventoooooooooo", "Chegando à Bahiaaaaaaaaaaaaaaaa", "A Corte veio encontraaaaaaaaaaaaaaaaar". "Mudando o rumo da economia, meu Rio seriaaaaaaaaaaaaa", "D.João está sorrindooooooooooooooo, curtindo seu reinado tropicalllllllllllllll", "Nova estrutura, arte, culturaaaaaaaaaaaaaaaa", "E veio a coroaçãoooooooooooo". Com o andamento acelerado (até demais) no desfile, o samba rendeu melhor, assim como Wander. Mas é um samba bem inferior a outros do ano. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 6 - GRANDE RIO - Belo samba! Embora Nêgo o cante no CD com uma voz esquisita, o intérprete, no seu último ano na escola, não compromete. O irmão mais novo de Neguinho da Beija-Flor impõe no samba uma animação que simplesmente o qualifica ainda mais. Destaque para o excelente refrão central: "Bate bumbo, bate Zé Pereira...". As demais partes, principalmente a segunda, também são de intenso agrado. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). É um samba demasiadamente grande, mas ao contrario do que costuma acontecer nesses casos, não é cansativo. A letra é boa e a melodia animada, com destaque para os bem sucedidos refrões. Como pontos negativos, destacam-se a diferença de tamanho entre a primeira e a segunda parte, bem como a performance do intérprete Nêgo no CD que, de tão rouco, está irreconhecível. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Cláudio Carvalho). Samba com melodia interessante, principalmente em sua segunda parte. Os refrões são fortes e tem boa presença e a letra, se não é especial, também não compromete. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Franclim). O último ano de Nêgo como intérprete da escola de Caxias foi marcado por um bom samba. Não é brilhante, mas está longe de ser ruim. Gosto do refrão principal e o resto da obra é correto a meu ver. Minha única ressalva mais significativa é quanto à diferença de tamanho entre a primeira e segunda partes. Enfim, é um samba com pontos agradáveis, mas não deixa grandes saudades. NOTA DO SAMBA: 9 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 7 - MANGUEIRA - O samba Estandarte de Ouro de 2000 não precisava ser tão animado assim no CD. Tal animação tirou consideravelmente seu brilho no disco. Se lhe dessem uma pitada de lirismo, com certeza o hino mangueirense de 2000 seria lendário. Assim com Nêgo, Jamelão também o canta com uma voz esquisita, meio abastecida de pinga também. No mais, trata-se de um samba de melodia envolvente e com um refrão central perfeito em letra: "Do Rio de lá/Luxo e riqueza/Do Rio de cá/Lixo e pobreza". Destaque para a participação de Clóvis Pê ao lado de Jamelão, também no CD. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Sem dúvida o melhor do CD. Samba com a cara da
escola, simpleszinho, mas bonitão, provando que não é
necessário inventar muito para se obter um bom resultado no que
diz respeito a samba-enredo.NOTA DO SAMBA: 9,8 (Cláudio Carvalho). Samba de alta qualidade. Refrões fortes. Letra sucinta e que, em poucas palavras, transmite com clareza e beleza o tema. Este samba me remete diretamente a obra-prima da Mangueira de 88. Um dos poucos sambas que se salvam na fraca safra de 2000. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Franclim). É o melhor samba da Estação Primeira desde o antológico "100 anos de realidade, realidade ou ilusão?" de 1988. Samba relativamente curto, mas de letra muito bem feita e melodia agradabilíssima e envolvente. O refrão central é de uma felicidade ímpar, tanto que no desfile as alas fizeram uma coreografia crítica apontando para o setor 2 (camarotes) no "Do Rio de lá/Luxo e riqueza" e para as arquibancadas no "Do Rio de cá/Lixo e pobreza". Apenas acho que o tom do samba no CD foi muito elevado, mas mesmo assim isso nada tira o brilho desta obra. A Mangueira fez um belo desfile, a comissão de frente deu show, mas problemas com carros e com a evolução impediram que a escola conseguisse algo melhor do que o sétimo lugar. Uma pena. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 8 - PORTELA - Para uma escola que fez obras-primas como "Pizidim", "Macunaíma", "Incrível, Fantástico, Extraordinário" e "A Lapa em Três Tempos", o seu hino para o ano 2000 é vergonhoso. Sem dúvida, o pior samba da história da tão gloriosa Portela. Pra começar, Gera, em sua estréia na Águia, parece inseguro no CD. No mais, o samba arrastado, de melodia chata, com certeza serviu, sim! Serviu para aumentar ainda mais a nostalgia do portelense dos bons, velhos e áureos tempos. NOTA DO SAMBA: 7,7 (Mestre Maciel). O samba da águia, apesar da belíssima melodia,
traz um erro histórico, afinal, a ditadura do Estado Novo não
foi aclamada pelo povo, como é apregoado na letra. O samba é
bom, mas os cacos ''ôôô'' e ''e lá vou eu'' não caíram nada
bem. Outro erro da faixa fica por conta do intérprete Gera, que
diz ser em Madureira o berço do samba, quando todos sabemos que
foi naquela região conhecida como ''Pequena África'', onde
surgiu a Deixa Falar, que o ritmo ganhou as características de
hoje. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Cláudio Carvalho). Este samba é claramente a tentativa frustrada de se compor um samba em estilo antigo. Infelizmente não deu muito certo. O samba possui erros de história primária. O refrão do meio não tem força alguma e a poesia foi deixada de lado na hora da composição do mesmo. Seu mérito maior (e de grande valia, apesar da maioria dos portelenses preferirem desconsiderar este fato) é de que, na apuração, este samba simplesmente salvou, com suas notas, a escola do rebaixamento. NOTA DO SAMBA: 8 (Franclim). Para mim o segundo pior samba da maravilhosa safra portelense, perdendo apenas para o de 1978. Foi ainda a trilha de um dos mais calamitosos desfiles da Águia, que quase foi rebaixada (curiosamente foi salva pelo quesito samba-enredo). Tem um erro clamoroso de História, no verso "Aclamado pelo povo, o Estado Novo". Afinal, sabemos muito bem que o "Estado Novo" era uma fase ditatorial de Getúlio, o homenageado do enredo, e não houve aclamação. Ouvindo esse samba, parei para pensar em adjetivos para defini-lo, tanto em letra como melodia. "Enrolada" foi o adjetivo que encontrei para a obra. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 9 - CAPRICHOSOS - O samba é limitado! Porém a esplendorosa gravação faz do hino da agremiação de Pilares de 2000 a melhor faixa do CD. Animação e garra contribuíram para tornar o samba no CD audível, daqueles que nós não cansamos de ouvir, mesmo repetindo a faixa umas três ou quatro vezes. Jackson Martins e a bateria (principalmente o pandeiro) dão show, encobrindo um pouco os defeitos do samba, que possui em sua melodia inúmeros traços de arrastamento na avenida. A primeira parte é a melhor do samba (que se inicia a partir de "Brasil, eu amo você..."). E a letra também não me agrada, pois sua qualificação é de razoável para fraca. Mas fica registrada a excelente gravação, que melhorou o samba 100% ou até mais. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel). Não chega a ser ruim, mas é muito simples,
muito inocente pro meu gosto. Tem até umas passagens
interessantes, como ''Brasil de JK, JQ, JG'' e ''Brasil
virou o jogo na arena'', mas esses próprios versos podem ser
usados numa eventual crítica, pois o nome do nosso país se
repete várias vezes ao longo da letra. NOTA DO SAMBA: 8,8
(Cláudio Carvalho) O samba é totalmente marcheado. A letra é apenas mediana, assim como sua melodia. O refrão que, escutando no CD, levava a crer que poderia explodir na avenida, passou quase desapercebido. Não deixa saudades. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Franclim). Apenas dois aspectos me agradam neste samba: o refrão principal, que, apesar de um desnecessário "Valeu!" no final, tem boa pegada, e a excelente participação do saudoso Jackson Martins. De resto, é um samba apenas razoável, daqueles que não me motivam a ouvir muito. O samba do ano anterior, sobre Pitanguy, era bem melhor. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 10 - UNIÃO DA ILHA - Legítima marcha-enredo! Pra começo de conversa, a bateria dá uma marcheada na hora em que o refrão principal é entoado pela primeira vez e a sua letra evidencia isso: "Marcha soldado, bate tambor...". E a União da Ilha fez um samba animado e de letra coloquial para um enredo sobre a ditadura militar. A letra possui trechos como "Eu tô que tô", "...Pode até me censurá/Mas a terra é do home...", assim mesmo com erro na ortografia para enfatizar ainda mais o tom de protesto, bastante presente na melodia também. O refrão central simplesmente foi copiado do hino da ditadura "Pra Não Dizer que não Falei de Flores" de Geraldo Vandré. Coincidência ou não, é justamente este o título do enredo da escola (lembrando que a Rocinha, em 1992, também utilizou o mesmo título, mas para falar das flores e não da ditadura). É um samba interessante e Serginho do Porto praticamente não o canta, e sim o interpreta. Parece até que este excelente intérprete executa e sofre as ações contadas na letra. Serginho, brilhante como sempre, "atravessou o mar" por apenas um ano na Ilha. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Mestre Maciel). '''...Marcha soldado! Bate tambor! ÔÔÔ!...'',
''...Ai, iáiá!...", ''...Vô! Eu vô que
vô!...'', ''Vô isso, vô aquilo...''. A letra é
paupérrima, e a melodia de marchinha. É a baba do CD. Se fosse
da Tradição a gente até entendia, mas da Ilha?!? Pêra lá,
né? E depois dizem que o Serginho do Porto é pé-frio... NOTA
DO SAMBA: 7,4 (Cláudio Carvalho) Outra marchinha alegre, mas sem inspiração. A letra é interessante por unir partes de canções que ficaram conhecidas no período negro da ditadura, com competência. Mas o samba é muito limitado, principalmente pela melodia, sem nada de especial. NOTA DO SAMBA: 8 (Franclim). Nem mesmo a interpretação do bom Serginho do Porto salva este samba, a meu ver o pior da União da Ilha no grupo principal. O refrão principal é absolutamente terrível. O trecho "Vô", eu "vô" que "vô"!/"Vô" cantando em verso e prosa!/ Vou abrir meu coração! (eu vô, eu vô!)" então é péssimo. Uma pena que uma das minhas escolas favoritas tenha feito um samba tão fraco. No ano seguinte, com um samba bem melhor, diga-se, o rebaixamento se concretizou. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 11 - VILA ISABEL - Para mim, o melhor samba-enredo do ano. Um samba belo, de boa letra e melodia emocionante e envolvente, e, sem dúvida, encantador. Jorge Tropical, no seu primeiro ano sem a companhia de Gera, não compromete. O curioso é que sua voz, no CD, está mais aguda e menos lírica do que o original. Ainda assim, em nenhum instante o samba perde o seu intenso lirismo. Excelente o duplo sentido da frase "Vi lá", fruto da criatividade dos compositores. Dois belos refrões e as demais partes excelentes, tudo isso sem dúvida compõe um belo samba-enredo, e o samba da Vila de 2000 se enquadra perfeitamente neste patamar. Infelizmente o samba passou despercebido na avenida e não evitou o rebaixamento da escola para o Acesso, de onde só sairia quatro anos depois para ser campeão em 2006. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel). É talvez o samba mais animado do CD. Mas que lamentavelmente serviu de pano de fundo para o fraco desfile que rebaixou a Vila. É gostoso de se ouvir e de se cantar, e se a Vila caiu não foi por causa do seu hino, que até hoje é cantado na quadra e sacode a comunidade. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Cláudio Carvalho). O melhor samba do ano. A Vila mais uma vez prova que seu histórico de sambas enredo é riquíssimo. É muita poesia na letra deste samba. De um lirismo absoluto e muito requintado. A melodia é maravilhosa e envolvente. Os refrões são magníficos, com muita força. Se a VIla pecou em alguns fundamentos que a levaram ao rebaixamento, com certeza o samba enredo não é um deles. NOTA DO SAMBA: 10 (Franclim). Uma pena a Vila ter sido rebaixada com um belo samba desses. É uma obra que não tem altos e baixos, muito pelo contrário. É bem construída de cabo a rabo e tem melodia bastante envolvente. Sem contar que no seu primeiro ano como intérprete principal da escola, Jorge Tropical se saiu muito bem. Mais uma obra muito boa com a participação do compositor Evandro Bocão. Pena, insisto, que a escola tenha pecado em outros aspectos e tenha caído para o Grupo de Acesso, de onde só sairia em 2005. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 12 - TRADIÇÃO - A escola de Campinho escapou de desfilar com o conjunto de versos mais tosco e trash da história do carnaval. Na época das eliminatórias, os três últimas frases do samba eram, inacreditavelmente, "É big, é big/É hora, é hora/Ratimbum Brasil", referência aos 500 anos. Graças ao bom Deus que a diretoria da Tradição foi sensata ao modificar esta bizarrice para "Desperta gigante/Chegou sua hora/Pra frente Brasil". Embora este samba desperte uma intensa rejeição dos bambas em geral, ele me agrada bastante. Talvez a principal causa das críticas seja o seu andamento acelerado em alguns versos, o que prejudicou um pouco sua performance no desfile. O próprio CD registra uma grande rapidez enquanto o samba é entoado, tanto que a faixa da Tradição é a mais curta do disco, com menos de quatro minutos. Mas eu gosto da melodia e da atuação de Wantuir, sendo um samba muito gostoso de se ouvir. Detalhe: é a única escola que aumenta o ritmo da bateria na segunda passada no CD. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Mestre Maciel). Adalto Magalha e Lourenço tentaram fazer um
samba ao estilo ''Ilu Ayê'', ou seja, desses que fala em África
e torna-se antológico. Não conseguiram seu intento, mas o
resultado final não ficou tão ruim. Nem melhor, nem pior,
apenas diferente. Exótico talvez fosse a palavra ideal para
defini-lo. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Cláudio Carvalho). A melodia deste samba é bastante forte e grave. O grande problema deste samba é a primeira parte, onde o número de sílabas da letra desta obra não encaixam na melodia, e a letra acaba por ficar espremida. Tentem cantar a primeira parte e vejam como as sílabas se atropelam. Isto na avenida, com 4000 pessoas cantando juntas ao mesmo tempo, é um veneno pra qualquer harmonia. No desfile, o samba quase não foi cantado. Apenas o refrão "Parabéns pra você..." teve algum destaque. A construção do samba tinha ótimas intenções, mas sua letra acabou botando tudo a perder. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Franclim). Não sou muito fã deste samba, pois na primeira parte as palavras se atropelam, o que atrapalha o canto. A letra é até interessante, mas a forma como a melodia foi construída acabou atrapalhando. Confesso que não vi o desfile da Tradição, mas imagino que o samba deva ter se arrastado. Samba mediano. NOTA DO SAMBA: 8,2 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 13 - UNIDOS DA TIJUCA - Samba que marcou a volta triunfal da escola ao Grupo Especial depois do rebaixamento em 1998, pois ajudou a Unidos da Tijuca a conseguir o quinto lugar, assegurando a sua participação no Sábado das Campeãs. David do Pandeiro canta este belíssimo e envolvente samba com garra e emoção, dando um verdadeiro show. O refrão principal ("Paz, amor e esperança...") é esplendoroso e a valentia de sua melodia é a sua grande virtude. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Sambão! Apesar de mal distribuído, tem uma
belíssima melodia, e uma letra que, apesar de simples, não
compromete o resultado final. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Cláudio Carvalho). O grande momento deste samba está na sua segunda parte, a partir do trecho "O índio, a fauna e a flora..." Neste momento, tanto letra quanto em melodia se encaixam numa harmonia perfeita. Nos momentos restantes, o samba me parece apenas comum, sem grandes relevâncias. Mas são mínimos detalhes que fazem valer a pena um samba-enredo. E a segunda parte deste samba faz valer a pena escutar o hino da Tijuca de 2000. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Franclim). Excelente samba! Depois do antológico "O dono da terra", a Tijuca voltava ao Grupo Especial com uma obra maravilhosa. A união de uma melodia brilhante, uma letra maravilhosa e uma excelente interpretação de David do Pandeiro fazem deste samba um dos melhores do ano. O refrão principal "Paz, amor e esperança/Uma voz anunciou/É chegada a nova era/Abençoada pelo Criador" é inspiradíssimo. Com esta belíssima obra, a Tijuca se reergueu completamente do rebaixamento de 1998 e chegou ao Desfile das Campeãs. Grande momento da escola! NOTA DO SAMBA: 9,8 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba 14 - PORTO DA PEDRA - O pior samba-enredo de um ano de safra opaca. Chato, enjoativo e cansativo, a escola de São Gonçalo trouxe para a Sapucaí um samba-enredo bastante arrastado. Sua animação causa apenas desanimação ao amante do samba. Ito Melodia está isento de qualquer culpa. NOTA DO SAMBA: 6,5 (Mestre Maciel). Letra pobre e melodia fraca. Muito pouco para uma escola que pretendia ficar entre as grandes. Diga-se de passagem, não conseguiu. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Cláudio Carvalho). Outra marcha. Letra de pouca relevância e melodia absolutamente fraca, sem destaques, sem quase nenhum momento de inspiração. Os dois refrões muito pobres de letra e melodia. Um dos sambas mais fracos da história da escola. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Franclim). Pior samba da escola no Grupo Especial e o pior do ano. O bom Ito Melodia nem tem o que fazer, pois a letra é sem inspiração e a melodia não tem graça. E, por fim, confesso que só ouvi de novo o samba para poder fazer esta análise. Em circunstâncias normais, quando coloco o CD de 2000, paro na faixa 13. NOTA DO SAMBA: 7 (Fred Sabino). Clique aqui para ver a letra do samba |
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