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Os sambas de 1998 - Acesso A A GRAVAÇÃO DO CD - O CD do Grupo A de 1998 foi uma produção da Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro (AESCRJ). Os cuidados técnicos de estúdio e mixagem ficaram a cargo de Reginaldo Bessa e seu filho, Leonardo Bessa (na época, Leonardo Alegria), que também foi arranjador e cavaquinista na gravação. Os sambas foram gravados ao vivo, na quadra da Império Serrano, em 24 canais, e as bases e a voz, posteriormente, foram postas em estúdio. O disco tem 10 faixas e traz nove das escolas que disputavam o Grupo A: Cubango, Em Cima da Hora, Estácio de Sá, Império da Tijuca, Império Serrano, Lins Imperial, Ponte, Rocinha e Santa Cruz. Os produtores convidaram também a Unidos do Jacarezinho – que disputava o Grupo B – para preencher a lacuna deixada pela São Clemente, que preferiu não participar da gravação. Em algumas faixas, a gravação é prejudicada pela pouca audibilidade dos instrumentos de base, como o cavaquinho e o violão 7 cordas. O brabo mesmo foi a distribuição. Para quem morava fora do Rio, o disco só podia ser adquirido pela internet, sendo que o comércio on line da época era muito incipiente. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,5 (Rixxa Jr). A safra não é das melhores (destacam-se os
sambas de Estácio, Jacarezinho e Império Serrano), mas a
gravação é bastante nítida, o que nos permite ouvir o show
que as baterias deram durante a gravação. Os produtores estão
de parabéns. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Cláudio Portela) 1 - Unidos da Ponte – O CD abre com um samba que chegou bem de mansinho, sem querer nada e que abocanhou o Estandarte de Ouro daquele ano. “Quem pode, pode, no pagode se sacode” é um samba de formato simples, mas que conquistou por fazer um histórico do gênero e homenagear o partido alto de raiz e os pagodeiros emergentes. O tema antecipou, em um ano, o que a Mangueira explorou no ano seguinte com “O século do samba”. A inspirada letra é um mosaico de nomes de grupos musicais e trechos de letras de sambas famosos, como dizia o refrão principal: sou a Ponte e meu “molejo”/ é uma “loucura”/ se teu “cheiro de amor”/ perfuma a lua/ vou cantando a alegria/ sem querer “contrariar”/ “negritude”, traz a “raça”/ hoje a “arte é popular”. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr). Onde já se viu uma das escolas mais
tradicionais do Rio de Janeiro homenagear o sambabaca dos
pagodeiros de araque que reinavam no final da última década? E
o que é pior, ligando-os aos pioneiros do gênero! O resultado
não poderia ser outro que não um péssimo samba, onde a letra
parece um quebra-cabeças cujas peças são os nomes dos tais
grupos de pagode. Muito fraco! Nessa faixa, só a bateria salva!
NOTA DO SAMBA: 8,4 (Cláudio Portela) 2 - Santa Cruz – E não é que o rock and roll caiu no samba? A homenagem a Cazuza rendeu um excelente samba enredo. No disco, “O exagerado Cazuza nas Terras de Santa Cruz” cresceu na voz de Carlinhos de Pilares e teve um tratamento clássico: na primeira passagem, só a voz do puxador acompanhado pelos instrumentos de base (cavaco, violão e percussão). Nas outras duas passagens, a furiosa bateria caprichou no suíngue. Emocionante, a apresentação do desfile da Santa Cruz em homenagem ao cantor e compositor falecido em 1990 foi digna de Grupo Especial. Entretanto, para tristeza da zona oeste do RJ, não rendeu a classificação para a elite do carnaval. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Rixxa Jr). Outro boi com abóbora. Uma miscelânea das
canções de Cazuza. É isso que dá misturar samba e rock. NOTA
DO SAMBA: 7,6 (Cláudio Portela) 3 - Rocinha – Um ano depois de ter alcançado o Grupo Especial, a Rocinha retornou ao Grupo A em 98 fazendo fiasco. “Tá na ponta da língua” falava sobre os meios de comunicação, mas se atrapalhou ao citar a internet. “Chegou a hora da linguagem virtual/ arroba ponto Rocinha/ entre na linha no meu carnaval”. Metáforas esquisitas: “nessa língua de trapo eu vou botar pimenta...”. A escola não conseguiu repetir os belos desfiles do início da década de 90 e despencou direto para o Acesso B. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Rixxa Jr). ''@ . Rocinha"? Pelo visto, os
compositores não sabiam nada de Internet. É mais um samba
oba-oba, com refrãos rimando ''amor, amor, amor'' com ''sabor,
sabor, sabor'', e clichês como ''O iaiá'', por
exemplo. O destaque dessa faixa também é a (pesada) bateria ao
fundo. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Cláudio Portela). Clique aqui para ver a letra do samba 4 - Império da Tijuca – Ao homenagear o cantor carioca Elymar Santos, os compositores capricharam nas primeiras estrofes do samba: os astros convergiram em harmonia/ a luz da vida o germinou e o fez nascer/ os deuses iluminaram sua guia/ atapetando o caminho a percorrer/ a noite o envolveu num acalanto/ a musa veio, leve a brisa a lhe beijar/ a arte o cobriu com o seu manto/ e quanto encanto ao ouvir o seu cantar... Ao meu ver, os versos eram superiores à fama do homenageado. Para cantar “Elymar superpopular”, a escola do Morro da Formiga contratou Paulinho Mocidade, ausente da avenida desde 96, e que conduziu um samba difícil, de tom muito alto e letra extensa. No disco, o samba ganhou um suíngue maravilhoso da bateria. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Rixxa Jr). É outro daqueles sambas que não saem da
mesmice de falar o signo, o time de coração e o santo do
homenageado. Mas, nesse caso, não havia muito o que se fazer,
já que Elymar Santos e samba-enredo definitivamente não é uma
mistura homogênea. Diante disso, o resultado final não chega a
ser ruim, sobretudo se levarmos em conta a bela interpretação
que Paulinho Mocidade dá ao hino. NOTA DO SAMBA: 8,8
(Cláudio Portela) 5 - Em Cima da Hora – Esse samba era tido e havido por comentaristas e intelectuais como o mais bonito do ano. Mergulhado na polêmica, “Quem é você, Zuzu Angel? Um anjo feito mulher” trazia referências ao período da ditadura militar nos anos 70 e à vida da estilista Zuzu Angel, que teve o filho seqüestrado durante o regime de exceção. A bateria da escola aparece muito acelerada, com destaque excessivo dos tamborins. Cavaquinho e violão estão quase inaudíveis. O refrão final é emocionante: "Oh, sereia/ clareia no fundo do mar/ traz o meu anjo de volta/ pra que eu possa embalar." NOTA DO SAMBA: 9,5 (Rixxa Jr). Uma bela faixa, que traz um samba certinho
engajado numa bateria que não deixa o samba cair. Prova de que a
Em Cima da Hora não precisa de muita coisa pra voltar a brilhar.
Basta atrair a comunidade que os problemas se resolvem. Acho
apenas que a melodia podia ser entoada um tom acima. NOTA DO
SAMBA: 9,0 (Cláudio Portela) 6 - Estácio – Primeiro desfile, em 15 anos, que a Estácio de Sá amargou a prova de fogo do Grupo de Acesso. O samba, uma homenagem à Academia Brasileira de Letras, é bem mediano, aquém das possibilidades já conhecidas da escola do Morro de São Carlos. A Estácio já não tinha seus destaques principais de outrora, como Dominguinhos, Mestre Ciça, Luciana Sargentelli, Chico Spinoza, entre outros. O puxador, Edmilton de Bem, recém-egresso da Tradição, conduziu bem a escola, mas não conseguiu fazer milagres e a escola chegou em oitavo lugar, se segurando por pouco. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Rixxa Jr). Bom samba, embalado por mais um show da
verdadeira Bateria Medalha de Ouro. Uma das melhores faixas do
CD. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Cláudio Portela). Clique aqui para ver a letra do samba 7 - Jacarezinho – O Jacaré aparece no CD como escola convidada, já que em 98, disputava o Grupo B. A gravação foi pé-quente, pois a escola conquistou o título de sua categoria. O samba “Jacarezinho é... etnias na Sapucaí” é muito bom, com um refrão envolvente: "Bateria faz a bossa, a festa é nossa/ minha escola vem aí/ pode aplaudir/ o Jacarezinho é/ etnia em festa na Sapucaí". A melodia é pesada, sobressaindo as notas em tons menores. A interpretação é do legendário Eliezer Rodrigues, puxador que tem a marca da Unidos do Jacarezinho e que só é lembrado para puxar a escola nas fases ruins. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Rixxa Jr). O primeiro refrão é do tipo
levanta-poeira. A cabeça do samba é pra mexer com os brilhos da
comunidade (a melodia do verso ''Agora vai, vamos dar a volta
por cima'' lembra muito a do ''Aconteceu, e novamente
estou aí", samba de quadra da Cubango). O refrão do
meio é bem encorpado e o samba, num todo, é muito bom. Se
ganhasse o Estandarte de Ouro do ano não seria nenhum exagero. E
a bateria realmente fez a tal bossa. NOTA DO SAMBA: 9,5
(Cláudio Portela). Clique
aqui para ver a letra do samba 8 - Império Serrano – Samba que marcou a estréia no disco oficial e na avenida do puxador Carlinhos da Paz. A disputa naquele ano foi acirrada e o samba vencedor, apesar de belo, não gozava da preferência da comunidade. Para mim, é um dos grandes sambas da Império Serrano na década de 90. Uma introdução com ritmo de jongo (marca registrada na Serrinha) é o cartão postal do samba, que tem dois momentos: a primeira parte, mais pesada, marca a chegada do negro em solo brasileiro e o sofrimento no cativeiro. A segunda, mais leve (parece que a melodia ganhou um banho de sol) narra a importância e a influência do negro na cultura e no desenvolvimento do país. Notem a semelhança de melodia na estrofe "Okolofé/ ó, mãe baiana/ eu trago minha raça e o meu axé/ eu sou raiz, sou força e luta/ vem comigo nessa fé..." com o refrão principal do samba “Coisa boa é para sempre”, da Gaviões da Fiel de 95: "me dê a mão, me abraça/ viaja comigo pro céu/ sou Gavião e levanto a taça/ com muito orgulho pra delírio da Fiel...". A letra, apesar de extensa, é fácil de ser cantada. A gravação salientou os naipes de agogôs. É uma delícia ouvir as convenções dos instrumentos e os desenhos que a furiosa bateria de Mestre Wanderley deram ao samba. Bem que a Império poderia levar um samba desse porte ao Grupo Especial. NOTA DO SAMBA: 9,9 (Rixxa Jr). É um samba com a cara da escola, mas o uso
de expressões como Pindorama, Okolofé e Mãe Baiana, presentes
em sucessos anteriores, soa como apelativo. Destaque para a bossa
dos agogôs no meio do samba, instrumento que é uma das marcas
registradas de uma das melhores - senão a melhor - baterias do
Rio de Janeiro. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Cláudio Portela). Clique aqui para ver a letra do
samba 9 - Cubango – Na minha opinião, o samba mais fraco do CD. “Nausicaa – a odisséia cubanga nos verdes mares”, ainda por cima, teve a interpretação do limitado Márcio Souto. Mesmo com um samba de melodia simplória e acelerada, a verde e branco de Niterói conquistou um heróico 4º lugar. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Rixxa Jr). Samba de letra fácil e melodia animada.
Simpleszinho, mas bonitinho. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Cláudio
Portela). Clique aqui para ver a
letra do samba 10 - Lins Imperial – A Lins tentou, com este “Búzios – o paraíso da humanidade”, tirar uns trocados da prefeitura do município fluminense. Apesar do enredo comercial, o samba foi bem composto e ganhou um brilho na voz do inesquecível Edmilson Villas, além do auxílio luxuoso de Alcione nos cacos. Aliás, a Marrom marcou presença nos discos do Acesso em 98, no Grupo Especial de São Paulo em 99, do Especial do Rio em 2009 e gravou “Contos de Areia” para a Tradição em 2004. Destaque para as convenções de bateria e as diversas quebras de ritmo comandadas pelo Mestre Paulinho da Lins. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Rixxa Jr). No mesmo nível do samba anterior (Cubango),
com destaque para a presença da cantora Alcione, a Marrom, que
abrilhanta a faixa. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Cláudio Portela) São Clemente – No CD original de 98 não constava o samba da São Clemente, que produziu e distribuiu, de forma independente, seu próprio CD. “Maiores são os poderes do povo” tenta, de forma tímida, reeditar o clima dos enredos críticos que consagraram a São Clemente dez anos antes, falando de cidadania e reivindicado direitos como saúde e educação para o povo. O samba é animado e foi eficiente para a escola da Zona Sul conquistar o vice-campeonato. NOTA DO SAMBA: 9 (Rixxa Jr). Clique aqui para ver a letra do samba NOTA: Na apuração do Acesso de 1997, a São Clemente acabou com a mesma pontuação de Tradição e Caprichosos, as duas primeiras colocadas. Como o regulamento permitia o acesso de somente duas escolas, a São Clemente acabou preterida pelos critérios de desempate e permaneceu no Grupo de Acesso para 1998. Tradição e Caprichosos subiram para o Especial naquela ocasião (de onde nunca mais saíram até hoje). Mas a São Clemente passou a pleitear uma vaga no desfile principal de 98 e a gravação do CD do Acesso-98 foi realizada durante o processo da agremiação da Zona Sul para que desfilasse no Especial-98. Por isso, a São Clemente não gravou seu samba para esse CD, já que alimentava esperanças de participar da elite do carnaval. O Jacarezinho, terceiro lugar no Terceiro Grupo de 1997, desfilaria no lugar da São Clemente no Acesso se ela desfilasse no Especial. Como a escola da Zona Sul não conseguiu a tão sonhada vaga no desfile principal, o Jacarezinho gravou seu samba no CD do Acesso-98, mas desfilou no Terceiro Grupo (e, por sinal, foi campeão, ganhando o direito de desfilar no Acesso-99). A São Clemente também teve um final feliz: desfilou no Acesso em 1998, obteve o vice-campeonato e o direito de desfilar no Especial no ano de 1999. |
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