PRINCIPAL EQUIPE LIVRO DE VISITAS LINKS ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES ARQUIVO DE COLUNAS CONTATO |
||
Os sambas de 1994 - Acesso A A
GRAVAÇÃO DO DISCO – Esse disco, produzido pela
Tropical Produções Musicais (TPM), e distribuído pela Cia.
Industrial de Discos (CID), conta com a participação especial
de Mestre Jorjão e a bateria da Mocidade. O som ficou um tanto
quanto abafado, e a prova disso é que os arranjos de violão e
cavaco quase não são notados. Toda vez que coloco esse disco na
vitrola, tenho de aumenta–la ao máximo, ou não consigo
escutar nada. NOTA DA GRAVAÇÃO: 6,5 (Cláudio Carvalho) A safra dos sambas enredo do
Grupo A de 1994 é, no conjunto, muito fraca, assim como os
intérpretes escolhidos para cantar as obras. As composições
não são lá muito inspiradas, e também a qualidade técnica da
gravação do disco do Grupo A deixa muito a desejar. O som dos
instrumentos de base é muito baixo. A massa sonora da bateria
comandada por Mestre Jorjão ressalta os sambas, mas as
convenções e as paradinhas dos batuqueiros se repetem em
diferentes escolas, dando a impressão que o sambas pertencem a
uma escola só. A gravação é toda ela quadradinha e
previsível. Em alguns momentos, como nas faixa da Santa Cruz e
do Jacarezinho, o canto do coral não está sincronizado com o
intérprete. Na capa, uma bela foto da legendária
porta-estandarte Wilma Nascimento. NOTA DA GRAVAÇÃO: 5,5 (Rixxa Jr) 1A - Santa Cruz – O samba se destaca muito mais pela
interpretação de Quinzinho do que pela letra previsível e
melodia enjoativa, apesar dos bem pensados refrãos. NOTA DO SAMBA: 9,0
(Cláudio Carvalho) Um belo samba enredo da
escola da zona oeste do Rio. Melodia clássica, em tom maior
caindo para menor na segunda parte. Os autores conseguiram
colocar palavras como “Marrakeshi” e “shopping
center” sem entortar a boca do componente. Problemas de
sincronia na gravação entre o canto do puxador com o coral de
apoio na segunda virada do samba. Mesmo tema já foi apresentado
pela Viradouro (89) e pela Cubango no ano passado. NOTA DO SAMBA: 9,0
(Rixxa Jr) 2A - Arranco – Sapucaia Oroca, lenda indígena abordada
pela escola do Engenho de Dentro, não deu origem a um bom samba.
A bela interpretação do Dedêco (cuja voz lembra um pouco a de
Paulinho Mocidade) ajuda a salvar a faixa, mas não muda muita
coisa. NOTA
DO SAMBA: 8,8 (Cláudio Carvalho) O samba “Sapucaia
Oroca” é certinho, quadradinho, mas possui trechos com
arroubos de marcha, principalmente no refrão do meio: canta
galo, galo canta/ faz ecoar/ canta galo, galo canta/ nesta festa
popular. A escola do Engenho de Dentro enfrentou uma crise de
ausência de bons sambas a partir de 93. NOTA DO SAMBA: 8,5
(Rixxa Jr) 3A - Unidos do Cabuçu – Esse é mais um caso de bom intérprete e
samba ruim, só que aqui isso fica mais nítido. O enredo
(Brajiru, meu Japão Brasileiro) fala da influência japonesa em
nossa cultura, e como pode ser visto aqui, não deu samba. O
samba não empolga, e a letra é meio sem pé nem cabeça. NOTA DO SAMBA: 8,6
(Cláudio Carvalho) Esse samba foi pioneiro em
muita coisa que vemos nas obras de carnaval hoje em dia. A
composição parece uma colcha de retalhos: melodia pesada, letra
longa e difícil de decorar – com muitas palavras do
vocabulário japonês –, além de mudanças de tom entre as
estrofes. A Cabuçu investiu pesado em 1994 para retornar ao
Grupo Especial, contratando, inclusive, Ciganerey para defender o
samba. No entanto, a mistura de “saquê com samba” deve
ter feito mal aos cabuçuenses. NOTA DO SAMBA: 8,0 (Rixxa Jr) 4A - Independentes do Cordovil – "...A luz (oi eu disse a
luz) que ilumina...’’. Não! Não é "Vira
Virou, a Mocidade chegou’’, mas sim "O Garotinho
de Campos vem aí, sacudindo a Sapucaí’’ homenagem da
escola da Cidade Alta a um dos políticos mais influentes do Rio
de Janeiro. Em que pese o provável plágio (não caio nessa de
que apenas a partir de um certo número de versos idênticos
considera–se cópia), o samba não chega a ser ruim, embora
um tanto quanto piegas e grande demais. NOTA DO SAMBA: 8,9
(Cláudio Carvalho) Um samba-panfleto que a finada Independentes
de Cordovil fez para enaltecer o então ex-prefeito de Campos, o
radialista e político Anthony Garotinho. É curioso ouvir este
samba, composto anos antes de Gartotinho pensar em se
candidatar-se a governador do Rio e a presidente da República.
Em determinado verso, a escola canta “em sua prioridade,
saúde e educação/ trabalhou pela cidade com muita
disposição/ ele fez reforma agrária, pro homem do campo
plantar/ e sua finalidade é fazer o povo feliz”. Em
outro momento o samba diz que Garotinho “veio para a
capital com sua amada...”. A “amada” em
questão é a futura governadora Rosinha Matheus. NOTA DO SAMBA: 8,0
(Rixxa Jr). 5A - Império da Tijuca - Além da melodia ser
fraca, não teve uma boa interpretação do Edson Bombeiro. A
letra não é das piores, mas também não chega a empolgar. É
um hino muito certinho, cheio de rimas previsíveis, que não
chama pra sambar. O enredo foi uma homenagem de Miguel Falabella
(ator global e então carnavalesco da escola) ao dramaturgo
Nélson Rodrigues. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Cláudio Carvalho) À primeira audição, o
ouvinte pode ser enganar e achar que é Neguinho da Beija-Flor
quem está puxando a Império da Tijuca. A dúvida é desfeita ao
olhar o selo do disco e ver o nome de Edson Bombeiro.
“Nelson Rodrigues, um beijo na Sapucaí” foi o primeiro
enredo sobre o jornalista por uma escola tijucana. Anos depois, a
Unidos da Tijuca refez a homenagem com muito mais inspiração. O
samba não tem um clímax, com dois refrões muito fracos. O
momento cômico é ouvir o puxador Edson Bombeiro gritar
“vâmu Nelson”. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Rixxa Jr) 6A - Cubango – Esse samba faz parte dos primeiros
passos de Wantuir como intérprete oficial de uma escola, após
ser lançado no mundo do samba por Dominguinhos (de cuja
banda fazia parte) como segunda voz da Estácio. Nesse hino, a
escola de Niterói conta um pouco de sua história, com uma letra
que emociona não só aos seus componentes, mas aos amantes do
samba em geral. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Cláudio Carvalho) “Ao mestre com
carinho” é uma celebração da escola niteroiense ao
carnavalesco Fernando Pamplona que, curiosamente, não estava na
Sapucaí para ver a homenagem. No momento em que a verde e branco
do Morro do Abacaxi pisava na avenida, o salgueirense estava
participando da transmissão da Rede Manchete dos desfiles das
escolas de Manaus. Um samba inspirado com uma bela
interpretação de Wantuir. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Rixxa Jr). 7A - Engenho de Rainha – Samba cuja melodia lembra a dos hinos das
década de 70. Os verbos ‘’cantar’’,
‘’ter’’ e ‘’girar’’ são
repetidos de forma excessiva ao longo da letra, cheia de lugares
comuns. De interessante, a participação especial de Carlinhos
de Pilares (um dos autores), fazendo cacos e abrilhantando a
faixa. NOTA
DO SAMBA: 9,0 (Cláudio Carvalho) Um samba de animação, feito
para agitar tanto o componente quanto o público nas
arquibancadas. Na ausência de Ciganerey, cedido para a Unidos do
Cabuçu, o puxador Antônio Carlos não comprometeu. NOTA DO SAMBA: 9,3
(Rixxa Jr) 1B - São Clemente – Samba de letra fácil, cheia de versos que
‘’mexem com os brios’’ dos componentes. A
melodia valente lhe faz boa companhia, e o sucesso da São
Clemente no desfile pode ser explicado a partir daí. NOTA DO SAMBA: 9,3 Um samba rápido, cheio de
ditos populares e citações, que fez um belo efeito na Sapucaí.
Na interpretação, Vaguinho mostra que faz falta ao carnaval do
Rio de Janeiro. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Rixxa Jr). 2B - Villa Rica – Uma bela homenagem da escola ao bairro que
lhe seve de sede. Copacabana sempre deu samba, e dessa vez
também não foi diferente. O refrão ‘’Odoiê Odoiê
Odoiá’’’, embora seja uma clara alusão a
tradicional festa de reveillon no bairro, me parece fora de
contexto. NOTA
DO SAMBA: 9,1 A emergente Unidos de Villa
Rica fez uma declaração de amor ao bairro onde está a sua sede
(Copacabana) e gerou um samba alegre e bem bolado, descrevendo o
cotidiano da região. No refrão “oi dendeca faceira/ que
vai pra lá vem pra cá/ que faz da noite seu dia/ neste seu
balançar”, os compositores foram felizes ao abordarem a
prostituição de rua numa forma lírica e não-apelativa. NOTA DO SAMBA: 9,2
(Rixxa Jr). 3B - Jacarezinho – É mais um samba que fala de Oxumaré, o
orixá do arco–íris, e diga–se de passagem, com
propriedade. Embora um pouco grande, esse hino descreve bem a
lenda e ainda por cima faz alusão a escola, convocando a
comunidade a dizer no pé. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Cláudio Carvalho) Bonito samba,
bem suingado, mantendo a tradição do Jacaré de apresentar
belos hinos. O puxador Carvalhaes tem o timbre vocal muito
parecido com o do habitual intérprete do Jacarezinho Eliezer
Rodrigues. NOTA
DO SAMBA: 9,3 (Rixxa Jr) 4B - Rocinha – Samba de letra e melodia pobres.
Desses que cai no esquecimento logo após o desfile. Tem que rir
pra não chorar. NOTA DO SAMBA: 8,4 O samba não empolga muito,
mas a escola fez um desfile digno de campeã. Ao falar sobre o
humor na mídia, a composição esbarra num trecho controverso:
“Na mídia a mensagem é recebida/ e alegremente
distorcida...”. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Rixxa Jr). 5B - Leão de Nova Iguaçu – Pixulé empresta seu talento para
esse hino ‘’mais do mesmo’’. Os pilares do
enredo (França Tropical e Orfeu do Carnaval’) já foram
explorados de diversas formas por outras escolas, e o resultado
só poderia ser esse. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Cláudio Carvalho) Pixulé assumiu o microfone
com este samba que retrata a influência da cultura francesa no
Brasil. Samba mediano. NOTA DO SAMBA: 7,7 (Rixxa Jr) 6B - Unidos de Lucas – "É fantástico, mas é
verdade’’. Acredite, se quiser!!! Além desse verso
esquisito, esse samba traz outros que denotam pouca inspiração
(‘’Pierrô e colombina/Cada rua um poema’’),
além de uma melodia fraca. Conservatória, a Cidade Serenata,
ficou mal na fita. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho) O samba começa num tom muito
baixo para a voz do intérprete Gordinho – quem? –:
“a lua vem clarear, clarear, ô”. Para
homenagear a cidade fluminense de Conservatória, a Unidos de
Lucas escolheu um samba linear, sem a devida explosão, apesar de
ter, entre os autores, o craque Luiz de Lima (bicampeão do
Estandarte de Ouro do Grupo A em 82, com “Lua
viajante”, e em 83, com “Senta que o leão é
manso”). Burocrático, mas o balanço da bateria segura a
faixa. NOTA
DO SAMBA: 8,0 (Rixxa Jr) 7B - Lins Imperial - Samba que, apesar de alguns versos
repetitivos, descreve bem o que era o antigo carnaval de rua. Tá
certo que já foi feita uma centena de sambas nesse estilo, mas
nunca é demais lembrar tempos idos, que sempre deixam saudade. NOTA DO SAMBA: 9,2
(Cláudio Carvalho) Com este “Os magos da
oitava maravilha”, a Lins volta ao tema que apresentou em
1989, “Gênios da ilusão”, falando sobre os operários
da folia e a origem pagã do carnaval. O teor da letra lembra
muito a “Festa profana” nos versos “tem confete
e serpentina/ pierrô e colombina/ já no baile de Veneza/
felicidade amor e alegria/ tomar um porre com deus Baco na folia/
joga água nessa gente que só quer se divertir.” NOTA DO SAMBA: 8,2
(Rixxa Jr). OBS: No disco não foram incluídas as faixas de Arrastão de Cascadura e dos Canários das Laranjeiras, que também desfilaram no Grupo de Acesso A em 1994. Curiosamente, os Canários levaram o Estandarte de Ouro de melhor samba do Acesso, o que representa um desfalque incrível para o disco. |
Tweets by @sitesambario Tweets by @sambariosite |