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Os sambas de 1993 A GRAVAÇÃO DO CD - Pela primeira vez o CD de sambas-enredo era gravado no Teatro de Lona da Barra da Tijuca, deixando o Estúdio. A gravação deixou a bateria mais pesada em relação aos anos anteriores, pois o seu som está um pouco mais elevado do que o normal. No mesmo patamar estão também o cavaco e a cuíca. E, nas duas passadas, o intérprete canta o samba junto com o coral, que também é forte. O trabalho final acaba sendo bem qualificado, pois os sambas, um pouquinho mais barulhentos do que o normal, ficam bem audíveis e também, no geral, acabam bem cadenciados. No CD, todas as faixas das 14 escolas do Grupo Especial foram incluídas. Porém, para os LP's, foram excluídas as faixas da Unidos da Ponte e da Grande Rio, as duas últimas do CD e as vencedoras do Acesso no ano anterior. A safra de 1993 é muito qualificada, pois vários sambas-enredo deste ano marcaram. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (Mestre Maciel). A gravação do CD de 1993 foi a primeira ocorrida no Teatro de Lona da Barra. Ela é muito boa, cheia de arranjos bem-feitos, como aplausos e foguetórios artificiais. A bateria aparece muito bem no disco, destacando-se os surdos. As cuícas e caixas-de-guerra também são bem audíveis. Em muitas das faixas, também notamos potentemente o som do cavaquinho. A voz do intérprete é bem acentuada, dando um som mais entendível a um ouvinte leigo, sem os ouvidos de profissional. O coro é forte e masculinizado, cantando acompanhando com perfeição a voz dos solistas. É uma gravação muito agradável a qualquer pessoa. A safra de 1993 é muito boa, apesar de não ser lá grande coisa. Temos as obras-de-arte do Estácio de Sá, Vila Isabel e Grande Rio, além da conhecidíssima marcha-enredo do Salgueiro, um dos maiores sucessos do carnaval carioca. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Gabriel Carin). 1 - ESTÁCIO - Na opinião de muitos bambas, o melhor samba-enredo da escola desde que trocou o nome São Carlos por Estácio de Sá. Ou até mesmo o melhor da escola de todos os tempos. É um samba que é muito difícil de ser cantado, devido aos versos longos e a alguns vocábulos um tanto complicados espalhados pela letra, como Kananciuê, Guaquaris, Cancão e Icamiabas. A letra é muito qualificada e a melodia se enquadra muito bem a ela, sem dúvida. Como o samba-enredo é longo, o idela seria ele ser executado de maneira bem mais cadenciada do que a do CD. Como foi executado com a bateria acelerada, o samba acabou por se arrastar, o que por muitos momentos irritou Dominguinhos do Estácio em pleno desfile. Mas é inegável não considerarmos "A Dança da Lua" um dos grandes sambas-enredo da década de 90. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Sem dúvida alguma: um dos cinco melhores sambas-enredo da Era Sambódromo! Desde a primeira vez que o ouvi fiquei completamente impressionado como um ser humano comum possa fazer uma música tão maravilhosa. A letra já é uma das mais perfeitas de todos os tempos. Casada com uma melodia tão extraordinária (e complexa), é um delírio sem igual! A lenda dos índios carajás (a criação do mundo pelo deus Kananciué) gerou o terceiro melhor samba-enredo da história da escola (atrás somente dos de 1972 e 1975). Tenho é que me curvar aos compositores Wilsinho Paz e Luciano Primo! Ele começa já com uma força extraordinário ("Clareou, clareou, clareou, clareou/A dança já vai começar, obá, obá/Clareou, clareou, clareou/A Estácio tem a Lua como par"). O refrão "pergunta-e-resposta" é de deixar impressionado. Veja só: "Bota fogo na fogueira... Pra clarear!/Caipora flamejante... Não quer parar!/Se vaga-lume mau ilumina, manda soltar/Aprisiona o urubu-rei, pra Lua Cheia libertar". Excepcional! Ele narra por completo a sinopse do ano de maneira poética, sem colocar qualquer tipo de clichê ou outra babaquice. Você pode entender o que digo lendo essa sinopse no site da escola e ver que toda ela está presente de forma compacta nesse samba. A interpretação sem igual de Dominguinhos e o show da bateria Medalha de Ouro de Mestre Ciça o torna ainda melhor. Impecável! A Estácio de Sá está de parabéns! Infelizmente, os deuses não queriam mesmo que a agremiação tentasse buscar o bi. Na avenida, o carro de som havia quebrado e a escola esperou muito tempo para consertá-lo. Com o carro ainda não consertado, o Capitão Guimarães, presidente da Liesa, deu a ordem para que o desfile prosseguisse, sem zerar o cronômetro que estava rodando aos nove minutos mesmo com a Estácio toda parada. Com indignação de Dominguinhos e de toda agremiação, o desfile foi obrigado a prosseguir, mesmo com a agremiação não sendo absolutamente nada responsável pela situação. Um absurdo!!! Só pra vocês saberem: a Estácio terminou o desfile dentro do tempo. NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 2 - IMPERATRIZ - Para mim, o ano da consagração e da afirmação de Preto Jóia. Mesmo cantando ao lado do impecável Rixxa no desfile, o Estandarte de Ouro de Melhor Intérprete foi ganho com totais méritos. Sobre o samba, a sua melodia é espetacular. É daqueles sambas que nós, bambas, ao ouvirmos, desejamos repeti-lo umas duas, três vezes depois da primeira vez em que é tocado. A parte final do samba, a partir do verso "De verde-e-branco sambando vem o Marquês..." até o refrão principal ("Eu vou no sassarico eu vou..."), é de arrepiar. Indiscutivelmente, um dos grandes sambas da história da Imperatriz Leopoldinense. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel). "Sassarico" é fruto de mais um enredo criativo da carnavalesca Rosa Magalhães, contando a história do carnaval, aproveitando o nome do Sambódromo: Marquês de Sapucaí. Só para constar, era o bicentenário do nascimento do Marquês. A letra é excelente, assim como a riquíssima melodia. Destaque para o trecho "De verde e branco sambando vem o Marquês/Sassaricando, mostrando que é freguês/O samba é raça, é paixão, viver feliz/Desfilando na Imperatriz". Outra parte maravilhoso é o refrão "Eu vou no sassarico, eu vou/Nessa que eu quero ir/Balança Sapucaí". Contribuiu para o vice-campeonato da escola, atrás do Salgueiro. Sua ausência na Coletânea Sony é bem estranha. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 3 - PORTELA - Não vou muito com a cara deste samba. Sua melodia é daquelas que se enjoa fácil, sem qualquer tipo de originalidade. E o enredo sobre o casamento se enquadraria muito mais numa escola de menor porte que desfila anualmente na Intendente Magalhães. A letra é até interessante, a melhor que poderia se fazer para um enredo desses. No entanto, o resultado final não salvou a Portela de um caótico décimo lugar entre 14 escolas. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Mestre Maciel). Samba muito bonito, com um refrão central gostoso. É realmente horrível como encheram a gravação de fru-fru e a obra ficou completamente arrastada. Dá até a impressão que a faixa é gigantesca, porém só tem 5 minutos e 28 segundos. Mas é um bom samba! Gosto do trecho "Até que enfim/Encontrei alguém que gosta só de mim/E na verdade, essa tal felicidade/Vai comigo até o fim". Só não entendi o refrão principal. "Vou me acabar nesse véu" (?!?!?). O que você entende disso?. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 4 - BEIJA-FLOR - Sambaço! É um dos melhores do CD, pois o samba, da forma como foi gravado, emociona. Porém, tudo indicava que sua execução na Sapucaí não seria das melhores. Tanto que, numa entrevista à Cuca Lazarotto na TV Educativa em 2003, Neguinho da Beija-Flor confessou que a escola entrou fria e sem-jeito com o seu samba-enredo após a apoteótica passagem daquele sambão do Salgueiro (a Beija-Flor entrou na avenida em 1993 logo depois de Salgueiro, Unidos da Tijuca e Estácio). Sobre o samba, o admiro muito. Os dois refrões, na minha opinião, são fracos. Já a primeira e a segunda partes do samba-enredo são seus pontos fortes. Inclusive não podemos deixar de registrar a total cópia de melodia na parte "Liberte do seu peito essa criança/Dê as mãos na contradança/Vamos juntos cirandar", no fim da primeira parte, antes do refrão central. Ela é idêntica a de um trecho do samba da Cabuçu de 1988 sobre os Trapalhões, coincidência ou não, situado no fim da primeira parte, antes do refrão central. Seus versos dizem: "Desperte em você essa lembrança/Vem comigo ser criança/Na carona da ilusão". Experimentem ouvir esses dois trechos simultaneamente ou até mesmo recordá-los. Verão que a melodia de ambos é idêntica. Ah, e um dos autores do samba é Edeor de Paula, compositor do lendário "Os Sertões", samba-enredo da Em Cima da Hora de 1976. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel). Depois da amarga posição do ano anterior, a escola aposta na ex-União da Ilha Maria Augusta. A carnavalesca apostou num enredo simples, de fácil leitura, sobre crianças. O resultado foi excelente, sendo este o melhor samba-enredo da escola em seis anos. A letra é simples, mas bela. A melodia é animada, porém rica. Eu adoro o trecho "Se a vida é uma volta na lembrança/Uma roda de esperança/Espalhando amor no ar/Liberte do seu peito essa criança/Dê as mãos na contradança/Vamos juntos cirandar". Belo momento da agremiação sem Joãosinho Trinta. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 5 - VIRADOURO - Outro magnífico samba-enredo! Sua melodia emociona em cada uma de suas partes. Os dois refrões são fantásticos e Quinzinho realmente dá brilho aos sambas que canta. Dispensa mais comentários. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel). O refrão principal desse samba tem nada mais que cinco versos
gigantescos, arrastando-se assim no disco. O samba-enredo em si
é muito bom, apesar de não chegar aos pés do samba do ano
anterior. O enredo sobre o amor gerou um carnaval simpático da
escola, depois do trágico desfile de 6 - CAPRICHOSOS - Samba fraco! A única parte que se salva em melodia é a segunda. No mais, o samba peca não só na melodia como também na letra. Embora muitos admirem este samba-enredo, eu não o vejo com muitos olhos. E ainda mais pelo fato dele ser interpretado pelo limitadíssimo Márcio Souto. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Mestre Maciel). Samba esquisito, mais um para a lista de piores sambas da escola. Sua melodia é pobre. A letra é cheia de clichês. "É de carona que eu vou, é de carona/Nesse vai e vem, no vai e vem/Tem surfista diferente/Tirando onda em cima do trem" é muito trash! Comparar surfista com suburbano sem lugar em trem é ridículo! Pergunto a você: que conteúdo há num trecho como "Aqui ô ô, à sombra da tamarineira/Pagode, risos, brincadeiras/A praça é criança pé no chão/E bate forte, bate norte o coração/Um velho fusca é minha curtição"? NADA! Já o final da obra, no trecho "Bato macumba bem rezada na avenida/Pra ver a minha escola campeã", os bambas podem fazer brincadeirinhas maldosas, pois haja macumba pra Caprichosos ser campeã! A Caprichosos ficou em último lugar, até porque, a direção brigou com a Riotur por trazer uma alegoria mostrando cena de assalto. NOTA DO SAMBA: 6,5 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 7 - MOCIDADE - Outro samba fraquíssimo! Um dos piores da escola de maneira disparada. A letra é muito fraca e sua melodia é enjoativa em demasia. Foi o último ano de Paulinho Mocidade na escola antes de retornar por dois anos em 2003. Evidentemente, não salvou este samba-enredo, anos-luz aquém dos anteriores da Mocidade. E até hoje não entendo o porquê de, no refrão principal, terem invertido os vocábulos Feridô Marraio Sou Rei em relação ao título do enredo, que é Marraio Feridô Sou Rei. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Mestre Maciel). Péssimo! Um dos piores sambas da escola! A interpretação de Paulinho Mocidade dá até uma tapeada, mas é um samba bem falho. A melhor parte dele é "Rola bola, bola rola/Na vida sempre joguei/Se carambolar eu ganho/Feridô marraio sou rei". O trecho "A vida é como um jogo de xadrez/Vem do começo da humanidade/Aqui se nasce jogando, perdendo ou ganhando/Em busca de felicidade" está lotado de termos cuja melodia fica vaga. O trecho "A sorte da estrela que nos guia/No pano verde desta minha fantasia" também é pra lá de esquisito, além de ser completamente trash. A Mocidade vinha de três obras-primas seguidas e daí vem um boi-com-abóbora desses, que chega a dar medo. Funcionou bem no desfile, levando a escola ao 4º lugar, no primeiro carnaval de Renato Lage depois de ter se separado de Lílian Rabello. NOTA DO SAMBA: 7,3 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 8 - SALGUEIRO - O que dizer do mais famoso samba-enredo dos últimos anos? Acho que a explicação mais sensata é a que ele iniciou uma era que não é muito bem-vinda pelos bambas salgueirenses: a dos sambas oba-oba. Peguei um Ita no Norte foi quem iniciou esta chata mania de colocar no refrão principal chavões que não têm nada a ver com o enredo. "Explode coração/Na maior felicidade/É lindo o meu Salgueiro/Contagiando, sacudindo essa cidade" é o trecho de samba-enredo mais oba-oba de todos os tempos. Mesmo assim, é um trecho de arrepiar a espinha! Não é a toa que a Sapucaí inteira estremeceu quando este refrão foi cantado! Não é a toa que este trecho fez do samba salgueirense o maior hit do carnaval de 1993! Não é a toa que até hoje seu refrão é entoado por bandinhas em qualquer evento esportivo! Quando alguém que não é tão bamba assim se recorda da escola de samba Salgueiro, logo vem à sua mente este refrão apoteótico, mas que também incentivou a escola a fazer, nos anos seguintes, tentativas que se resultariam fracassadas de criar um samba-enredo de tanto sucesso quanto o do Ita. Por isso que, anualmente, os sambas-enredo salgueirenses estão bem oba-oba, animadinhos, de letra precária e melodia meia-boca, contrariando a tradicional linha de sambas da escola nos tempos de outrora. Agora, finalmente falando sobre o samba: dois refrões extraordinários, com as demais partes envolventes. Estas características evidentemente já fazem de um samba-enredo algo atraente. Na minha opinião, este samba não é apenas o melhor do estilo oba-oba da história como também um dos melhores no geral. O Ita pode ter inicado uma era chata que anda abalando os sambas-enredo da atualidade, mas que vale a pena cantá-lo e ouvi-lo, ah, isso vale!! NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). "Explode coração/Na maior felicidade/É lindo o meu Salgueiro/Contagiando, sacudindo essa cidade". Esse é o samba-enredo mais famoso da história!!! "Peguei um Ita no Norte", ou para uns "Explode Coração" dá início uma era no carnaval carioca, a "era dos Sambas Oba-oba". Esse samba foi sucesso nas rádios cariocas e meio mundo passou a conhecê-lo pelo seu fantástico refrão principal. Foi só a escola entrar na Sapucaí para todas as arquibancadas virem abaixo! O desfile nem foi lá o mais bonito do ano, mas a animação do público fez esse ser um dos cinco maiores desfiles do carnaval brasileiro. Portanto, o samba em si nem é uma obra-prima, mas empolgou tanto os cariocas, que ainda hoje é julgado como tal. Ele tem uma boa melodia e letra bem-feita. Eu pessoalmente gosto mais do refrão central "Oi no balanço das ondas... Eu vou/No mar eu jogo a saudade... amor/O tempo traz esperança e ansiedade/Vou navegando em busca da felicidade" do que desse principal. Outro trecho fantástico é "Um dia volto, meu pai/Não chores pois vou sorrir/Felicidade o velho Ita vai partir". Em 93, "Peguei um Ita no Norte" encheu tanto o bolso do Salgueiro com Estandartes de Ouro, que logo o de "Melhor Samba-enredo" ficou de fora. Foi para a Vila Isabel, que francamente tinha sim uma obra melhor. Mas este aqui também é maravilhoso! NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 9 - MANGUEIRA - Samba gostoso e adorável! A letra é bela e a melodia também é de intenso agrado. Jamelão dispensa comentários! Ivo Meirelles, no CD, dá uns cacos bacanas. A faixa mangueirense de 1993 marca o uso nos discos de samba-enredo do teclado ao som de violino pela primeira vez nos trechos "E hoje linda, te vejo mais bela/Nessa passarela você explode coração". NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). Assim como em 10 - UNIDOS DA TIJUCA - Quem ouve este samba pela primeira vez parece não se empolgar muito com o refrão principal. Porém, quando se ouve sua primeira parte, o peito estremece e o homem se curva à magia do carnaval. Os trechos "Movimento milenar/Fez dançar terra e mar/Uma flor brincou no vento/Tem poesia no ar/Deixa o vento me levar/Que no tempo eu sei voltar/Canto no céu de Acauã/Que o meu reino é o de Tupã" possuem uma das maiores melodias de todos os tempos, sem exagero! Este trecho já vale por todo o samba, pois é envolvente e, ao mesmo tempo, emocionante. O refrão central também é muito bom. No geral, é um samba cativador e sua gravação é extraordinária. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). Coitada da Tijuca! Teve que entrar fria e sem-jeito na avenida logo depois do desfile excepcional do Salgueiro! "Dança Brasil" é um samba muito bonito, de letra simples e melodia muito agradável. A melhor parte é "Movimento milenar/Fez dançar terra e mar/Uma flor brincou no vento/Tem poesia no ar/Deixa o vento me levar/Que no tempo eu sei voltar/Canto no céu de Acauã/Que o meu reino é o de Tupã". É um belo samba! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 11 - UNIÃO DA ILHA - Seu refrão principal é o mais capitalista de todos os tempos. Por quê? Ora, com uma letra que diz "Compra que eu vendo alegria...", só faltava meter a bolsa de valores no meio... Sobre o samba, sem dúvida um dos mais fracos da história da União da Ilha e sua senda de sambas-enredo maravilhosos. A melodia é gostosa, mas a letra deixa a desejar. É meio esquisita a citação feita ao piloto Nigel Mansell no samba na parte "O domador quando entra em senna não dá mole pro leão". Na época, o leão Mansell era o principal rival de Ayrton Senna na Fórmula-1, tendo conquistado o título da temporada 1992. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Mestre Maciel). Um samba com pouco brilho. A letra contém vários termos trashes, além de possuir inúmeros versos com rimas no infinitivo, como verbos terminados em “ar”. A melodia até possui bons momentos, mas no geral, o samba da Ilha passa despercebido no CD. A bateria deu um show na faixa, assim como Maurício Maia. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 12 - VILA ISABEL - Espetacular! Uma pena que este tenha sido o último samba-enredo composto por Martinho da Vila, que dispensa qualquer tipo de comentário. A melodia deste samba é de uma qualidade de maneira inacreditável: emocionante, envolvente, vibrante, cativante... Sua letra chega a lembra a do inigualável samba-enredo "Raízes" da Vila de 1987, também de autoria de Martinho, pois, em alguns trechos, as rimas estão ausentes. Este samba sem refrão levou o Estandarte de Ouro de Melhor Samba superando inclusive o Ita do Salgueiro, o que não deixa de ser um fenômeno. Ah, e Martinho cantou o samba no CD e na avenida junto com Gera com seu velho e suave estilo de sempre. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Impressionante como Martinho da Vila se preocupa com a sua escola do coração! A Vila estava andando muito mal das pernas, com colocações desastrosas. Para tentar salvar a escola do rebaixamento, o artista fez "Gbalá", a obra-prima de 1993 e o melhor samba-enredo do ano, ao lado de "Dança da Lua". Sem dúvida! A melodia é contagiante e a letra muito bem-feita, dispensando qualquer tipo de apelação. O enredo é narrado com perfeição e é incrementado com as sacadas inteligentíssimas do cantor. O refrão "Gbalá é resgatar, salvar/E a criança é a esperança de Oxalá" é adorável, mostrando que qualquer um é capaz de criar um samba para cair na boca do povo, porém sem usar nenhum tipo de clichê. Perfeito! Um dos melhores sambas-enredo da era Sambódromo! A interpretação de Martinho e Gera também é sensacional. Excelente! Na avenida, Martinho abriu uma exceção e ajudou a puxar o samba ao lado de Gera. NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 13 - UNIDOS DA PONTE - Mesmo cantado pelo limitado Geraldão, este samba em nenhum momento perde seu brilho! É mais um excelente samba-enredo para o hall das grandes obras-primas da Unidos da Ponte. Seu ponto forte é a sua simplicidade! Com dois refrões adoráveis e as demais partes agradáveis, a escola levou para a Sapucaí um samba forte. Uma pena que a ponte acabou em último na Apuração. Menos mal que em 1993 não havia rebaixamento. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). Belo samba da Ponte. É compacto, inteligente e de letra interessante. Não esperava que um enredo abstrato, sobre as máscaras, gerasse um samba tão agradável. O coro está bem mais forte nesta faixa que nas demais. Destaque para o belo refrão principal ("Deixa a máscara cair/Que eu quero ver você sorrindo/Bota fé no seu olhar/Que o amanhã será bem-vindo"). NOTA DO SAMBA: 9,3 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba 14 - GRANDE RIO - Depois de ter feito carreira na Unidos da Tijuca, Nêgo fazia a sua estréia na escola de Caxias, que regressava ao Grupo Especial depois de dois anos com a vitória no Acesso-92. O samba-enredo trazido pela escola é extraordinário! Nêgo confessaria que o resultado final é uma fusão de três sambas. Não é a toa que o hino da Grande Rio de 1993 possui dez compositores. A letra, longa, é divina e a melodia é cativante, envolvente e emocionante. O refrão central é extraordinário. Indiscutivelmente é o melhor samba da história da escola e um dos melhores da década de 90. "No Mundo da Lua" foi um dos responsáveis pela afirmação da Grande Rio no Grupo Especial. Foi um pecado não estar no LP, assim como o da Ponte. Apenas quem tinha CD Player na época curtiu este sambaço. Ah, e até hoje não entendo o Didinha na letra. É alguma espécie de apelido para a lua? NOTA DO SAMBA: 9,8 (Mestre Maciel). Samba magistral da Grande Rio! Tem letra
riquíssima, indo muito além do que o enredo limitava. A
agremiação não parava de fazer belos sambas no Grupo Especial,
coisas que nem podem se comparar à boiada de hoje. O refrão
central ("Ô luar, ô luar/Vem pratear a nossa rua/A
semente da fartura semear/Virar o mundo de bumbum pra lua"),
como Nêgo diz, "tá bonito demais". O principal
também é lindo! Veja como os compositores se inspiraram
poeticamente no riquíssimo trecho "Tu és a vida na
beleza dessas matas/Tu és a sorte para quem acreditar em ser
feliz/Quem me dera um dia no teu colo/Cantar, sorrir, sambar,
brincar". O que mais impressiona é o número de
compositores: dez!!! Pelo menos, o resultado foi bom e é isso
que importa, né? O trabalho inteligente do carnavalesco
Alexandre Louzada fez a emergente escola tirar logo um 9º lugar,
milagre para uma agremiação recém-chegada no Primeiro grupo. NOTA
DO SAMBA: 9,7 (Gabriel Carin). |
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