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Os sambas de 1992 - Acesso A GRAVAÇÃO DO LP - Uma bela safra de sambas-enredo. Pela segunda vez, o LP do Grupo A fora gravado e distribuído pela TPM (Tropical Produções Musicais), e contou com a produção de Bira Hawaii e a participação de grandes feras nos arranjos, como Mauro Diniz, Jorge Simas e os futuros integrantes do Molejo (Anderson Leonardo e Andrezinho, como percussionistas). Mauro Diniz deu um show no cavaco (é só reparar a gravação dos sambas da Unidos do Campinho, Rocinha, Jacarezinho e São Clemente). O disco traz 14 faixas, incluindo o samba da Acadêmicos de Santa Cruz, que, por força de liminar judicial impetrada pela escola, conseguiu desfilar no Grupo Especial em virtude do problema ocorrido no desfile do Grupo A de 1991 quando ela deixou de ser julgada em virtude de um blecaute durante os 90 minutos de seu desfile. Com a ascensão da Santa Cruz, abriu uma vaga no desfile do Grupo A. Para preencher o lugar, a AESCRJ convidou a Independentes do Cordovil, penúltima classificada no desfile do Grupo A de 1991 e que iria desfilar no Grupo B em 1992. (Rixxa Jr.) 1992 foi um
ano de boa colheita no que se refere aos sambas de enredo das
escolas do Grupo de Acesso. É raro ver uma safra tão bem
qualificada como a que tivemos no ano que foi marcado
principalmente pela presença do Império Serrano, um gigante do
mundo do samba, dentre as escolas menores. Produzido pela
Tropical Produções Musicais (TPM), o disco contém sambas
inesquecíveis, dentre os quais se destacam os de Arranco, Unidos
do Campinho, Império, Rocinha, Jacarezinho e a obra–prima
da Acadêmicos do Grande Rio (que saudade daquela Grande Rio),
entoada pelo bravo David do Pandeiro. Trata–se de um LP bem
produzido, que contou com a participação de excelentes
ritmistas e um coro de primeira linha. Com certeza, uma
preciosidade que remete aos tempos áureos dos discos do Acesso
nas décadas de 70 e 80. Só é chato que as faixas são muito
curtas, com apenas uma passada e meia de cada samba. NOTA DA GRAVAÇÃO:
9,0 (Cláudio Carvalho) 1A – ARRANCO - O disco abre com um samba de impacto. “Mandacaru, a fruta-flor do querer”, belo samba respeitando a tradição da escola do Engenho de Dentro de apresentar grandes hinos. O tema é bem ao estilo Fernando Pinto (carnavalesco da Mocidade nos anos 80): como seria o Nordeste brasileiro se fosse uma região rica, que não sofresse com a seca? Entre os autores que assinam o samba estão os então estreantes Evandro Bocão e André Diniz, dois jovens que depois se consagraram como grandes compositores na Vila Isabel. Depois deste samba, o Arranco passou por uma grande estiagem de inspiração. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Rixxa Jr.). A primeira vez que ouvi esse samba foi na
própria quadra da rua Adolfo Bergamini, antiga rua do Engenho de
Dentro, onde ocorreu o famoso concurso na casa de Zé Espinguela.
Foi durante uma apresentação da rapaziada do Tamborim
Sensação que eu pude conferir mais um bom samba dessa
simpática escola, que graças a Deus está de volta ao seu
lugar. O enredo falava de um Nordeste futurístico, num típico
delírio carnavalesco, e a letra inteligente caiu como uma luva
para o seu desenvolvimento na avenida. NOTA
DO SAMBA: 9,4 (Cláudio Carvalho) 2A – UNIDOS DE LUCAS - O Galo da Leopoldina homenageou a Baía de Guanabara no mesmo ano em que a Unidos da Tijuca. Só que, ao contrário da escola do Borel que preferiu destacar as belezas naturais e a história do local, a Unidos de Lucas resolveu lembrar que a baía era ponto de piratas e paradouro de mercadores clandestinos. O samba é bom, bem defendido por Tiãozinho Cruz. NOTA DO SAMBA: 9 (Rixxa Jr.). Samba atípico, pois, apesar de pequeno, é
cheio de notas longas. A letra é fraca, cheia de gírias e a
melodia pobre, repleta de clichês. De positivo, a
interpretação de Tiãozinho Cruz, que despontava como grande
intérprete, e está merecendo uma chance no Especial faz tempo. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Cláudio Carvalho) 3A – UNIDOS DE CAMPINHO - A escola nasceu em 1987 da união de vários blocos oriundos do Morro do Campinho, em Madureira. A Unidos do Campinho (cujo símbolo era um gavião, um contraponto às conterrâneas Portela, com sua águia, e à Tradição, com seu condor) teve uma ascensão meteórica até o Grupo A. Pouco tempo depois, sumiu. “Passa, passa tempo” foi um dos melhores sambas do ano, com uma melodia clássica e bem elaboradas mudanças de tom. No primeiro refrão, os autores fizeram uma escalada dos primeiros enredos e títulos conquistados pela escola, como “Carioca da Gema” (89), “Histórias do Arco da Velha” (90) e “Sonho dourado de Axuí” (91): “sou carioca da gema/ vivi no arco da velha/ sonhei com Axuí/ Campinho mostre o seu tempo/ Não pode haver contratempo na Sapucaí.” O desfile, no entanto, foi desastroso. A Unidos do Campinho encerrou suas atividades em 1996. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Rixxa Jr.). Essa escola teve vida curta, e já ouvi
muito boato a respeito dela. Inclusive, um de que ela teria sido
criada para lavar dinheiro sujo (vejam bem, não sou eu que estou
inventando isso, até porque não acreditei nesta versão). O
importante é que "Passa passa tempo", samba que conta
a história do relógio, é dos melhores do disco. Letra bem
feita e melodia redondinha são os fortes desse hino, que
infelizmente não conseguiu impedir o desastre que foi o desfile.
Durante a apresentação, passou um bocado da escola, e quando
todos pensavam que já havia acabado o desfile, eis que surgiu
uma ala dobrando a Pres. Vargas... A propósito da quadra, dizem
que era boa, e a mesma existe até hoje, mas só serve para a
realização de bailes funk. NOTA DO
SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho) 4A – LINS IMPERIAL - Uma espécie de continuação do enredo do ano anterior, quando a escola homenageou o seringueiro e ambientalista Chico Mendes. A Lins pegou carona na onda da conferência ambiental Eco-92, mas faltou inspiração ao fugir do simples panfleto. NOTA DO SAMBA: 7,6 (Rixxa Jr.). Aproveitando o embalo da realização da
ECO–92, a escola do Lins desenvolveu um enredo politicamente
correto, que deu origem a um samba de letra e melodia clichês,
digno de passar desapercebido no disco. Como destaque, a
performance da “Furiosa”. Pegada forte! NOTA DO SAMBA: 8,5 (Cláudio Carvalho). 5A – IMPÉRIO SERRANO - Derradeiro samba composto por Beto Sem Braço, é um verdadeiro “carteiraço”, mostrando a trajetória, as características dos carnavais da escola da Serrinha e a insatisfação dos imperianos por estarem no Grupo de Acesso. Há quem considere apelativos os versos “Sou Império, sou patente/ só demente é que não vê/ do samba sou expoente/ abra meu livro pois tu sabes ler”. Este samba enredo o Estandarte de Ouro promovido pelo jornal O Globo, mas não ajudou o Império Serrano a subir para o Especial, que não passou da terceira colocação. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Rixxa Jr.). Beto sem Braço, Jangada e Maurição, três
compositores do primeiro escalão, fizeram um samba que emociona,
porém com alguns equívocos. O primeiro é o preconceito para
com os deficientes mentais, no verso “só demente é que
não vê’’. Se o objetivo era atacar os jurados que
rebaixaram a escola no ano anterior, o tiro saiu pela culatra.
Outro destaque negativo, é a frase “vi turista
chorar’’. Com tanta gente boa da escola, pra que
citar aqueles que menos são apegados a ela? Por fim, não ficou
claro pra ninguém quem é o Viga Mestre citado na letra. Apesar
de tudo, é bonito conferir um samba que tão bem retrata a
história de uma das maiores escolas do carnaval carioca. Na
avenida, o Império não subiu, mas fez bonito, num desfile que
emocionou a todos. NOTA DO SAMBA: 9,0
(Cláudio Carvalho). 6A – IMPÉRIO DA TIJUCA - Mais um samba falando sobre a formação do povo brasileiro e as contradições sociais existentes no país. O ritmo é bastante acelerado, uma verdadeira marcha-enredo. O refrão “aperta em cima/ oi, segura em baixo/ é só mutreta, é cambalacho” é de um gosto pra lá de duvidoso. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Rixxa Jr.). Enredo e samba clichês, melodia enjoativa e
má interpretação são a tônica nesse samba que bem poderia
ser taxado de ovelha negra do disco. NOTA
DO SAMBA: 8,2 (Cláudio Carvalho). Clique aqui para ver a letra do samba 7A – ENGENHO DA RAINHA - O enredo é meio complicado de entender, mas este é um autêntico sambão, bem ao estilo que consagrou a Acadêmicos do Engenho da Rainha. Bela interpretação de Ciganerey, que já despontava como um grande cantor. Vale destacar a força da cadência que ganhou o samba na gravação. Um primor. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr.). Outro bom samba da chamada “época de
ouro” da Engenho da Rainha, que nos premiou com sambas do
porte de “Dan” e “Meu Padim Padre
Cícero’’. Esse aqui tem um design diferente, letra
fácil e melodia cheia de modulações interessantes. Além
disso, a boa interpretação de Ciganerey, ajuda no resultado
final da obra. NOTA DO SAMBA: 9,2
(Cláudio Carvalho). 1B – SÃO CLEMENTE - Após uma série de carnavais consecutivos no Grupo Especial, a São Clemente retornaria ao Grupo de Acesso, com mais um enredo crítico, desta vez falando sobre educação. “E o salário, ó!” é um achado, apesar da interpretação comprometedora do sumido Sidney Moreno. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Rixxa Jr.). Seguindo a linha dos sambas com forte apelo
social, o “PT do samba” meteu o dedo na ferida causada
pela baixa remuneração dos nossos professores. O resultado foi
um samba simpleszinho, mas bonitinho, que passa o seu recado com
uma melodia pra cima, que faz a bateria jogar pra frente.Show de
bola! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Cláudio
Carvalho). 2B – ROCINHA - Um samba histórico para a comunidade da Rocinha. Até hoje, “Pra não dizer que não falei de flores” é usado no esquenta da escola antes dos desfiles. Na poderosa voz de Rixxa, o samba é um dos melhores da década. A Rocinha vinha de vitórias consecutivas e tinha tudo para emplacar mais um título, já que a escola investiu pesado para o carnaval de 92. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr.). Uma espécie de clássico dentre os sambas
de enredos do Acesso, é o samba que mais tem a cara da escola.
Impossível falar de um sem citar o outro. Não por acaso, está
sempre presente nos esquentas da escola. Pra abrilhantar ainda
mais a faixa, a presença do Pavarotti do Samba. É o samba do
morro, que não morre no asfalto, canta, encanta, e faz pulsar o
coração de todos nós. Divino! NOTA DO
SAMBA: 10 (Cláudio Carvalho). 3B – UNIDOS DO CABUÇU - A escola presidida por Therezinha Monte já era conhecida como a agremiação que homenageava personalidades vivas e gerou muita expectativa com esse enredo sobre a apresentadora infantil Xuxa. Mas o samba saiu fraquinho. Termos forçados como “cabuxu”, “dragão do xuxexo”, e os bordões “ilariê” e “beijinhos beijinhos tchau, tchau, tchau” conferem à obra um caráter trash. NOTA DO SAMBA: 7,2 (Rixxa Jr.). Xuxa definitivamente não é sinônimo de
bom samba. Vide Caprichosos 2004 e este aqui. Não que a letra no
todo seja ruim, mas a substituição do cê-cedilha pelo x no
nome da escola pegou muito mal. No mais, temos uma melodia
chinfrin, que não empolga a ninguém. Esse foi um dos últimos
sambas interpretados por Di Miguel, ex–porteiro do SENAC,
que figurou durante anos como principal intérprete da escola,
inclusive nos áureos tempos. NOTA DO
SAMBA: 8,9 (Cláudio Carvalho). 4B – JACAREZINHO - Uma belíssima homenagem à escritora Maria Clara Machado. O samba e a interpretação de Eliezer Rodrigues são pra lá de inspirados, assim como os instrumentistas na hora da gravação. Um samba que dá vontade de ouvir sempre quantas vezes for necessário. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr.). Maria Clara Machado é o tema da rosa e
branco de Vieira Fazenda, que fez bonito com um belo samba em 92.
Particularmente, sou fã de sambas voltados para o público
infantil, porque isso ajuda a criar uma afinidade entre o samba e
a meninada. Escola que não pensar nisso, hoje em dia, está
fadada a enrolar bandeira. Por isso, parabéns ao Jacaré, escola
que desgraçadamente caiu para o Grupo C esse ano, se
distanciando cada vez mais do convívio dos grandes. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Cláudio Carvalho). 5B – UNIDOS DA PONTE - Para falar dos sete pecados capitais, a Unidos da Ponte utilizou um samba que traz um refrão desencontrado do tema e marcava uma crítica às autoridades políticas do país na época, envolvendo os nomes dos então ministros Zélia Cardoso de Mello e Marcílio Moreira: “Bye, bye, Brasil/ a ‘mizélia’ acabou ô ô/ e o ‘martílio’ se multiplicou”. A letra é bem simplória e a melodia parece uma colcha de retalhos, mas o samba funcionou bem na avenida na voz do cantor Grillo. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Rixxa Jr.). Samba cheio de versos pequenos e de melodia
rapidinha. Fácil de cantar, é do tipo que passa desapercebido
no disco, mas faz um baita sucesso na avenida e na arquibancada.
Além disso, o refrão de baixo, já citado anteriormente, é de
uma inteligência louvável. NOTA DO
SAMBA: 9,4 (Cláudio Carvalho). 6B – SANTA CRUZ - Sem trocadilho, “De quatro em quatro eu chego lá” é um samba quadrado, fechadinho, sem medo de ousar. Dos hinos apresentados pela Santa Cruz entre 1989 e 1999, este é o mais fraco. A escola foi incluída no disco do Grupo de Acesso, mas lutou até às últimas conseqüências para ter direito a desfilar no Especial, o que acabou acontecendo. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Rixxa Jr.). Samba que em nenhum momento chega a
empolgar, seja pela melodia arrastada ou pela letra repetitiva. O
enredo interessante pedia um samba melhor. NOTA
DO SAMBA:8,7 (Cláudio Carvalho). 7B – GRANDE RIO - Mais um grande samba da excelente safra do Grupo de Acesso em 1992. Apesar de “No mundo da lua”, apresentado no ano seguinte ser o samba mais badalado da escola de Duque de Caxias, este “Águas claras para um rei negro” é o mais bonito. A letra é um achado, ao misturar a temática afro-religiosa com a esperança de um país melhor. Primeira gravação de Davi do Pandeiro, que na época, assinava Davi da Grande Rio. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr.). Esse é pra fechar com chave de ouro esse
belo LP. O misto de louvor aos deuses afro–brasileiros com
crítica social foi responsável pela produção de um dos
melhores sambas da história do Acesso, e sem dúvida o melhor da
escola. E tudo isso sob a batuta do excelente David do Pandeiro,
que merece muito mais do que a Flor da Mina, com todo respeito
que merece essa escola. NOTA DO SAMBA:
10 (Cláudio Carvalho). CORDOVIL - “Um negro chamado felicidade” ficou de fora da gravação do disco oficial do Grupo A. A Independentes de Cordovil prestou uma singela homenagem a Neguinho da Beija-Flor. A letra do samba fala da trajetória do artista, carreira, time de futebol e os orixás de cabeça. NOTA DO SAMBA: 8,2 (Rixxa Jr.). Clique aqui para ver a letra do samba |
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