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Os sambas de 1989

Os sambas de 1989

A GRAVAÇÃO DO DISCO - Mais uma gravação de excelente qualidade, assim como os discos dos anos anteriores. Na minha opinião, é a última gravação de aprovação unânime entre os bambas. A gravação de 1989 é semelhante a de 1988, porém soa um pouco mais artificial em relação ao disco anterior, já que houve algum reparozinho a mais na mixagem (o disco de 1988 tem um som bem mais natural, já o de 1989 é mais limpo, pois possui alguns recursos de estúdio). A bateria é harmoniosa, com tamborins e caixas em perfeita sintonia. O intérprete canta na primeira passada acompanhado de um coro discreto, mas que tem sua potência elevada na segunda passada do samba. A ordem das faixas no disco continuou sendo a da entrada de cada escola no desfile. Foi o último ano em que fora vendido exclusivamente em LP (o CD estava prestes a despontar). Os sambas de 1989, vendidos em álbum duplo (dez faixas em cada disco), com suas qualidades inquestionáveis (muitos são clássicos inesquecíveis) proporcionaram um recorde de vendas que lamentavelmente nunca mais deverá ser batido: 1,29 milhão de cópias. Que tempos aqueles... 1989 também marcou a triste despedida das excelentes faixas de bateria contidas também nos discos de 1987 e 1988. Sobre a safra, realmente o simplório comentário de que se trata de uma das melhores de todos os tempos já diz tudo. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Mestre Maciel).

O disco de 1989 é muito bem-feito, típico dos anos 80. A gravação é muito boa, dando bastante destaque à bateria, numa perfeição só! As caixas-de-guerra têm muito brilho em todas as faixas. Com essas baterias fantásticas, a interpretação dos solistas ganha mais swing. Ele canta sozinho na primeira passada e na segunda, vem o coro magistral entoando a obra. O coro é afinadíssimo, superando em muito algumas gravações dos anos 70 e 80, cujas pastoras muitas vezes têm atuação pífia. As faixas da bateria têm o seu fim neste vinil. Quanto à safra, é excelente! O LP possui as obras-primas da Tradição, Imperatriz, Vila Isabel e União da Ilha. O ano de 1989 é marcado pelo desfile magistral da Beija-Flor e pela injustiça que os jurados fizeram com a escola, vencendo então a Imperatriz. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Gabriel Carin).

1A (1) - ARRANCO - Na sua segunda e última passagem pelo desfile principal (a primeira foi em 1978), a tão querida agremiação do Engenho de Dentro abriu o carnaval de 1989 com um belo samba, muito elogiado pelos bambas, com a marcante característica da escola de mesclar em seus sambas-enredo uma melodia lírica com uma letra animada (e também bastante poética). Sílvio Paulo, compositor do samba e intérprete, se mostra bastante carismático na interpretação do samba-enredo (juntamente com seu parceiro, que solta cacos bem feitos). Mesmo com tantos elogios, o rebaixamento fora inevitável, já que o Arranco encarou simplesmente as grandes. Em 2005, o samba-enredo de 1989 será mais uma vez cantado na Sapucaí, pois a escola reeditará, no Grupo B, o enredo "Quem Vai Querer?", a fim de beliscar uma vaguinha para o Grupo A. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel).

Samba realmente muito bom, com cara de samba-enredo mesmo! Tem uma letra muito simpática e melodia contagiante. Um samba crítico, combina muito com a situação do Brasil na época. Destaque para o trecho "Na dança me embalei/A contradança é a magia/E no avesso que criei/Você pode ser o rei desta folia". Seu refrão central também é fantástico! Seu intérprete principal, Sylvio Paulo, lembra um pouquinho a voz de Gera. O segundo intérprete da faixa, Espanhol, solta uns cacos interessantes. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

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2A (1) - UNIDOS DO CABUÇU - Excelente samba, para mim o melhor que a Cabuçu cantou nos sete anos em que desfilou no Grupo Especial (1977 e no período entre 1985 e 1990). De melodia belíssima e encantadora, realmente Milton Nascimento não poderia receber uma homenagem melhor. Na primeira passada do samba, o lalaiá entoado durante do "Sentinela" do maravilhoso refrão central é de emocionar. A Cabuçu ficou em 14º lugar entre 18 escolas na apuração. O regulamento, originalmente, declarava que as cinco escolas piores colocadas no Especial-89 cairiam e apenas uma subiria do Acesso. A Cabuçu, então, seria a primeira entre as cinco rebaixadas. Porém, a agremiação, juntamente com a Lins Imperial (vice do Acesso-89), resolveu brigar para desfilar no Grupo Especial em 1990 alegando que o regulamento de 1989 era injusto (e era mesmo). A Cabuçu conseguiu permanecer na elite do carnaval no ano seguinte. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Samba lírico, com melodia inteligente e boa letra. Muito simpático mesmo! O lirismo da faixa lembra muito o disco de sambas-enredo de 1999, principalmente a faixa da Mocidade, sendo "Villa-Lobos" bem melhor que esta obra. O refrão "Sentinela, sentinela/A força, a raça, a magia/Maria, Maria... Oh, Maria!" é muito bom. Belo samba da Cabuçu, homenagem emocionante ao mestre Milton Nascimento! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Gabriel Carin).

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3A (1) - UNIDOS DA PONTE - No fim de sua carreira, Aroldo Melodia passou a cantar sambas mais irreverentes. O célebre intérprete e compositor da União da Ilha, grande reforço da Ponte para o carnaval de 1989, cantou na avenida um samba totalmente diferente da característica da escola (sambas melódicos e poéticos). O interessante enredo, que denunciava os maus-tratos com a natureza, acabou por gerar uma crítica de letra direta, mas com uma melodia mais animada. Os pontos fortes do samba ficam por conta dos refrões: o principal ("Faz casaco de jaguar...") e o do meio, o do mico-leão. A Ponte desceu de grupo após o desfile. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Mestre Maciel).

Marchinha incrivelmente bizarra! A letra é uma seqüência de obviedades lastimável, num simplorismo absurdo para um enredo sobre preservação ambiental. Quando ela parece tentar ser poética, em questão de segundo volta a beirar o trash, citando meros nomes de animais ameaçados de extinção sem nenhuma concordância literal. A melodia, apesar de não irritar, é muito esquisita, tentando cativar o ouvinte através de sua animação abusiva, porém demonstrando explicitamente toda a sua fragilidade. Os refrões, embora divertidos, são de uma pobreza de dar dó. A melhor parte do samba é de longe o trecho "Neste céu tão estrelado/O míssil da folia vai passar/Com o seu manto azul e branco/Na esperança que um dia vai mudar", que consegue alguma coerência poética. Aroldo Melodia tem uma performance excepcional na gravação e a bateria da escola deu verdadeiro espetáculo no LP, tornando a faixa empolgante. Mas o samba é um autêntico boi-com-abóbora. NOTA DO SAMBA: 6,7 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

4A (1) - MOCIDADE - No ano que marcou a despedida do lendário intérprete Ney Vianna (ele morreria em outubro de 1989 de infarte em plena quadra da Mocidade), a escola cantou um samba de letra longa, mas de belíssima e emocionante melodia. Assim como Milton com a Cabuçu, Elis Regina também ganhou uma homenagem à altura. Destaque para o refrão central "Amigo é pra se guardar dentro do peito...". Não me lembro do desfile de 1989, mas na avenida, o samba, por ser longo, deve ter se arrastado. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Infelizmente, essa é a última vez que ouvimos a voz grave do Mestre Ney Vianna. O cantor veio a falecer no mesmo ano, assim que fora gravado o samba de 1990. O samba é muito bom, com melodia animada, porém com momentos bastante líricos. A letra também foi muito bem feita. O coral se sobressaiu muito na segunda passada. Destaque para os arranjos no trecho "Cruzando espaços siderais/Hoje aqui na terra", fazendo som de nave espacial. O refrão "Agora sou uma estrela/Trago um sorriso de amor e de verdade/Eu sou o samba/Sou a Mocidade" é IM-PE-CÁ-VEL!!!!!!!!! O desfile da escola em 1989 foi simpático, muito bem apresentado pela agremiação. "Elis, um trem chamado emoção" é uma obra muito boa, mas não tem tanto destaque, já que a escola estava ressentindo ainda a perda de Fernando Pinto e não teve a revolução extraordinária de Renato Lage, que viria no ano seguinte. Mas que é um samba bom, ah, isso é com certeza! Só pra lembrar: um dos compositores é Paulinho Mocidade, voz da escola no ano seguinte. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

5A (1) - TRADIÇÃO - Mais uma obra-prima da dupla João Nogueira-Paulo César Pinheiro (infelizmente a última). Como nos quatro sambas anteriores da agremiação, letra e melodia são de muito bom agrado. O samba-enredo da Tradição de 1989 tem um quê de clássico. Uma pena que o desempenho da escola no desfile tenha sido muito aquém do esperado, o que ocasionou o seu primeiro rebaixamento. A Tradição, que até então era uma escola promissora, passaria a ser uma agremiação ioiô (que anualmente sobe e cai de grupo) e hoje, apesar da escola estar prestes a realizar o seu oitavo desfile consecutivo no Grupo Especial, é odiada por muitos bambas pelos péssimos sambas atualmente apresentados (quem diria, pra quem já contou com as obras extraordinárias de João Nogueira...). Dizem que o samba-enredo de 1989 da Tradição teve uma passagem ruim pela Sapucaí graças à opaca atuação da cantora Simone no carro de som da Tradição ao lado do bom e sumido intérprete oficial na época Candanga. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

É só ver quem são os dois compositores do samba-enredo! Uma obra-prima fantástica, uma homenagem fantástica ao meu Rio de Janeiro! O fantástico intérprete Candanga deixa a faixa mais bela ainda (a voz dele me lembra um pouco ao do humorista Dedé Santana, ex-parceiro de Renato Aragão)! Tem momentos melódicos fantásticos, de poesia única. A melodia é perfeita! A gravação é muito bem feita, destacando o coro entoando o "É Tradição, é Tradição" no verso "Samba, amor e Tradição" e o coro fazendo um "Ê ê ê ê!!!!!" com fogos e assobios, na parte que fala do Maracanã. A primeira parte é uma exaltação fantástica a Cidade Maravilhosa! O refrão central é muito bom. Depois leia somente esses versos: "Rio do mar de Ipanema/A Lapa boêmia/Malandro tem que respeitar/Rio, vem cantar de novo/Sorria, meu povo/Que o Cristo Redentor quer te abraçar". Extraordinário, não? Após essa parte, os compositores incorporam o estilo David Corrêa, resultando um trecho animadaço ("Hoje a minha escola/Veio desfilar/Pra mostrar que o samba/Não pode parar/Oh! Linda morena/Quero ver passar/Num doce balanço/Caminho do mar"). Pra finalizar, imagina só sair brincando o carnaval cantando um refrão que nem este: "Ê ê o mar, ê ê o mar/Ê ê o mar, ê ê o mar"!!!!!!!!! Nos últimos 15 ou 20 segundos da faixa, é que João Nogueira realmente começa a cantar o samba-enredo (além de soltar sua bela voz em alguns poucos momentos durante o samba). Estou pesquisando ainda qual é esta escola. Engraçado que tem o mesmo nome daquela agremiação do Campinho. Mas não pode ser a mesma escola não, né? Como uma escola que fez um samba-enredo esplendoroso deste pode ser a mesma que só faz boizão-com-abóbora hoje em dia??? NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin).

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1B (1) - UNIÃO DA ILHA - Samba histórico, aclamado e lembrado até hoje como um dos melhores dos últimos vinte anos. Será novamente cantado na Sapucaí em 2005 com a Porto da Pedra, que reeditará o enredo apresentado pela Ilha em 1989. O samba, animado, possui uma melodia marcante que levantou a Sapucaí e impulsionou o terceiro lugar da escola (a melhor colocação da história da União da Ilha, semelhante a 1977). Festa Profana acabou por consagrar o intérprete Quinho, que cantou o samba com todo o gás na avenida, divertindo o público que assistia ao desfile. Vamos ver como Luizinho Andanças, o competente intérprete da Porto da Pedra, se sairá no carnaval de 2005. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

Uma das maiores marchinhas do carnaval carioca! Samba extraordinário, com letra perfeita e melodia adorável. Ele não é oba-oba o tempo todo e é isso que torna esta marcha-enredo mais encantadora que as demais. A primeira parte do samba é muito romântica, um lirismo só! "Festa Profana" só honra mesmo o nome de marchinha na segunda parte e nos refrões. A obra-prima é um dos sambas mais famosos da história. O próprio Fernando Pamplona, na transmissão do desfiles pela TV Manchete, admitiu: "Dançaria três dias sem parar no salão com uma marchinha fantástica dessas!!!". E olha para isso sair da boca de um bamba conservador como ele, o samba tem que ser bom mesmo, com ele realmente é! A União da Ilha fez um desfile mágico, resultando num excelente terceiro lugar (melhor colocação da escola). Também foi um sucesso na temporada pré-carnaval, aqui no Rio. Uma obra-de-arte fantástica, que nunca será esquecida! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

2B (1) - CAPRICHOSOS - Na época, a Caprichosos era uma escola que tinha como característica a apresentação de temas irreverentes. Em 1989, não foi diferente. O samba, de letra animada, tem uma melodia de variações melódicas relevantes, o que lhe qualifica bastante. O sumido intérprete J. Leão, no disco, o conduz bem, tendo um bom desempenho nos trechos agudos. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel).

Samba relativamente bom. Seu intérprete é limitado. É uma obra animadinha, irreverente, com bons momentos. Por falar em bons momentos, a melhores partes são alguns dos refrões e o trecho "Caprichosamente/Vai o meu grito de alerta pro povão (na Sapucaí)/Preservar este lugar/Tudo que se planta dá/Do Oiapoque ao Chuí". O resto do samba é bem mediano. Não foi o melhor momento do casal Renato Lage e Lílian Rabello no carnaval, que no ano seguinte seriam campeões na Mocidade e se sagrariam um dos melhores carnavalescos da história. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

3B (1) - SALGUEIRO - Ano da consagração do intérprete Rixxa, que abocanhava seu primeiro Estandarte de Ouro. O samba-enredo de 1989 é até hoje aclamado com um dos melhores da história da escola. Realmente é muito difícil um enredo que debate sobre a história do negro não gerar um samba de extrema qualidade. A melodia, envolvente e de excelentes variações, sem dúvida encanta. Seus dois refrões são de muito bom agrado, assim como as duas demais partes. Um clássico da Academia. Uma pena que 1989 foi o último ano de Rixxa no Salgueiro. Com a sua ida para a Estácio no ano seguinte, o Pavarotti do Samba iniciaria sua saga de intérprete cigano (aquele que sempre muda de escola). NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel).

A vermelho-e-branco aqui da Tijuca decidiu comemorar o centenário da abolição da escravatura um ano atrasado. O samba do Sal é excelente, com variações mágicas! A primeira parte é perfeita. Seu refrão central ("Ô Zaziê, ô Zaziá/Ô Zaziê, Maiongolê, Marangolá/Ô Zaziê, ô Zaziá/Salgueiro é Maiongolê, Marangolá"), microscópico e todo em afro, tem melodia belíssima. Os compositores preferiram fazer uma obra animada, sem ter que ficar "remoendo" as dores dos escravos. A atuação de Rixxa é fantástica! O carnaval de 1989 da escola é para muitos o melhor desfile da escola que não levantou campeonato. Só me desapontou com o finalzinho da obra. Quando a melodia estava no seu auge, o samba é terminado com um mero verso "Eu sou feliz", que não rimou com absolutamente nada!!! Mesmo assim, é uma belíssima música! NOTA DO SAMBA: 9,7 (Gabriel Carin).

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4B (1) - MANGUEIRA - Um dos carnavais mais criticados da história da Manga. A verde-e-rosa, que vinha de um bi e um vice nos três anos anteriores, não passou de uma horrenda 11ª colocação em 1989. O samba-enredo, curtinho, também é bastante rejeitado pelos bambas. Sua melodia não tem nada de especial e o refrão central, com "vamos jogar ioiô", "vamos jogar iaiá", é de pouca tolerância para os amantes do samba. Eu sou um dos poucos que gosta do hino mangueirense de 1989. Destaque para Sobrinho, que foi apoio de Jamelão não só na avenida como também no disco, e seu célebre caco RE-CA-REY. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel).

"Madeira de dar em doido é jequitibá/Deixa a Mangueira passar!!!". Bela introdução de Sobrinho, que enche a obra de cacos belíssimos. O samba da Manga de 1989 é insuportável para uns, mas cai como uma luva em meus ouvidos. O samba, principalmente a primeira parte, é cheia de belos momentos. A letra é muito simples, porém de melodia graciosa. O refrão principal é uma graça!!! Imagina o que é sair cantando "Vai na roleta ou no bacará/Vamos jogar ioiô/Vamos jogar iaiá" num carnaval de rua??? Fantástico!!! E será que preciso dizer algo sobre a atuação do Mestre Jamelão??? NADA!!! A voz imortal dele diz tudo! Vivo ouvindo esta obra, muito boa por sinal! Não é que nem o samba inesquecível de 1988, mas é muito bom assim mesmo! O final da faixa, ao som da singular bateria da escola, é fantástica!!! NOTA DO SAMBA: 9,2 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

5B (1) - PRIMEIRA FAIXA DE BATERIA - É o instrumental da faixa da Tradição de 1989. Um doce para os ouvidos de quem é aficionado por estas faixas... como eu. Dois minutos e seis segundos maravilhosos só de swing.

Showzaço da bateria da Tradição! O agogô faz a festa no começo da faixa! Termina com o belo aparecimento dos tamborins. Podiam voltar a fazer estas faixas de bateria!

1A (2) - JACAREZINHO - Samba de letra mais longa do que esta, talvez só mesmo Memórias de um Sargento de Milícias (Portela-66). São nada menos do que 37 linhas com dois pequenos refrões enfiados. As variações melódicas do samba-enredo de 1989 do Unidos do Jacarezinho são escassas. Nos quatro minutos que cada faixa tinha direito no disco, a primeira passada do samba do Jacaré praticamente esgotou o tempo proposto. Nem a animação de Carlinhos de Pilares, intérprete Estandarte de Ouro no carnaval anterior, o salvou. Um samba de letra longa e de melodia praticamente reta sem dúvida ocasionou seu arrastamento na avenida. Foi a última passagem do Jacaré pelo Especial. Acabou rebaixada em último lugar. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Mestre Maciel).

Samba chato. Começa bem e tem um refrão ("Um cicerone da Lua/Guiando os astros/Para sambar na cidade") bom. Conforme a obra "anda", a qualidade vai enfraquecendo. Tem melodia retíssima e locais sem rimas, como, por exemplo, "Na carruagem do delírio/Vi meus sonhos e desejos astrais/Tornados em forças e preceitos/Nesta carta astral". Mas o desastre da obra mesmo é o trecho que fala dos planetas. Ridículo!!! O que Hera (Vênus) tem a ver com "unir os povos da folia"??? O que é "cultura do enredo" e por que falam disto na citação de Mercúrio??? No que Apolo inspirou o compositor??? Compositor do quê??? E que absurdo!!! Ouviram os sons que não sei quem fez (não parece ser o Carlinhos de Pilares) no trecho "Vênus, a beleza da mulher/A miscigenação"??? Aff, que coisa tosca! Parece até que o cara tá fazendo aquilo (você sabe o que é, né?) no meio do samba. Botar putaria num samba-enredo é golpe baixo contra si mesmo! Uma porcariada só! NOTA DO SAMBA: 7,4 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

2A (2) - IMPERATRIZ - Bem, o que dizer de "Liberdade, Liberdade..."? Que é um dos melhores sambas de todos os tempos, isso todo mundo sabe. Que todos se lembram, é mais óbvio do que a manteiga ser mole! Até hoje os torcedores da Beija-Flor choram a derrota no carnaval-89, pois a maioria dos bambas afirma que a Imperatriz não ganhou o título pelo desfile, e sim pelo samba. O curioso é que a Imperatriz vinha de um último lugar no carnaval anterior e acabou por conseguir inverter a ponta no desfile seguinte (o mesmo fenômeno já ocorrera com a Império Serrano nos anos de 1981-último e 1982-campeã). Que sorte 1988 não ter havido rebaixamento... Sobre este que é considerado um dos clássicos dos clássicos do carnaval, logo quando foi escolhido para ser o hino oficial da Imperatriz Leopoldinense em 1989, acabou por despontar uma série de desconfianças por parte dos bambas. Seu formato é bem diferente dos sambas-enredo comuns (melodia fora dos padrões, ausência de refrão central e letra poética que lembra muito sambas mais antigos), mas, aos poucos, a composição de Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir foi cativando e o Brasil inteiro já tinha verso a verso desta obra-prima na ponta da língua. O samba foi muito bem conduzido por Dominguinhos da Estácio (em sua segunda passagem pela Imperatriz, logo após sua expulsão da Estácio ao término do carnaval de 1988) e, como já dito antes, sua execução na avenida foi tão próspera que até hoje dizem que um samba-enredo fora o campeão do carnaval de 1989, e não o desfile apresentado. Mesmo com toda essa fama, considero "Liberdade Liberdade" o segundo melhor samba da história da Imperatriz, perdendo apenas para "Brasil, Flor Amorosa de Três Raças" de 1969. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

Depois de um boi-com-abóbora tremendo da Jacarezinho, vem o Estandarte de Ouro, o samba campeão do ano! O samba desastroso do ano anterior, que pra mim é o pior samba-enredo da história do carnaval, faz a escola caprichar em 1989 e nos anos seguintes. "Liberdade, liberdade" é para muitos o melhor samba-enredo da Imperatriz (pra mim, é o terceiro melhor, depois dos sambas de 1969 e de 1980). A interpretação de Dominguinhos, em sua volta à escola de Ramos, é magistral. É uma belíssima obra, com momentos perfeitos e letra fantástica! Até Jorge Aragão, comentarista da Rede Globo naquele ano, se sentiu muito emocionado com a passagem da obra na Sapucaí. O enredo de Max Lopes sobre o centenário da proclamação da República foi perfeito. Eu que, modéstia a parte, tenho um certo conhecimento de história do Brasil, já que História era minha matéria preferida no colegial, sei que esta obra-prima conta tudo sobre esta página importantíssima no nosso país. Quem souber este samba de cor, gabarita qualquer prova de História! O começo da obra (aliás, um das melhores partes) é uma exaltação ao próprio movimento libertacional brasileiro, narrando a decadência também do Império. A "maquininha de governar" de Dom Pedro II emperrou e o povo brasileiro não agüentava mais tanta ostentação e glamour da corte imperial. Apenas leia esses versos: "Surgem os tamborins, vem emoção/A bateria vem no pique da canção/E a nobreza enfeita o luxo do salão/Vem viver o sonho que sonhei/Ao longe faz-se ouvir/Tem verde e branco por aí/Brilhando na Sapucaí". Impressionante!!! Essa é para mim a melhor parte da obra. Depois desse trecho fantástico, a obra cita a decepção dos militares (liderados pelo Duque de Caxias, "o duque imortal") com o imperador, já que Dom Pedro havia esnobado os pobres soldados exaustos da Guerra do Paraguai. O samba também cita as doutrinas sociais vindas da Europa, graças a imigração. Além desses fatos, a abolição da escravatura também consta na letra do samba ("Pra Isabel, a heroína/Que assinou a lei divina/Negro, dançou, comemorou o fim da sina"). E é encerrada com a proclamação de Marechal Deodoro. Toda essa letra fantástica, somado com a dolência da melodia e a competência de Dominguinhos, tinha que resultar numa obra-prima. O desfile de 1989 foi completamente técnico, perfeitão, sem nenhuma falha. O samba funcionou muito bem na avenida, deixando o povão fascinado. O campeonato é um exagero muito grande, visto que até hoje os nilopolitanos reclamam a perda do fantástico "Ratos e Urubus, larguem minha fantasia". O desfile da Beija-Flor foi muito melhor que o da Rainha de Ramos, algo que todo leopoldinense tem a obrigação de concordar. Um campeonato ganho pelo samba, e não pelo conjunto!!! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

3A (2) - UNIDOS DA TIJUCA - É um samba que não chega a ser brilhante, mas é correto. Ele ajudou a escola a realizar um ótimo desfile, dando à Unidos da Tijuca a oitava colocação entre 18 escolas (um grande feito na época para uma escola considerada ioiô e que lutava para não cair). O samba-enredo possui uma melodia agradável, de boas variações melódicas, aliada a uma boa interpretação de Nêgo, que cada vez se afirmava mais como puxador de samba. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel).

Um samba espetacular, um show da escola do Borel! O samba da Tijuca tem cara de samba mesmo! Iniciou aqui a era Lusitana na Tijuca. Com a presidência do saudoso Fernando Horta, a escola começou a vir somente com enredos sobre Portugal, sobre o descobrimento do Brasil ou sobre afro-brasileiros. Essa fase do carnaval carioca, iniciada aqui, começou a encher muito o saco dos bambas. A mesma coisa que aconteceu com o Salgueiro e sua era de sambas oba-oba: no início foi bom, teve boas colocações, porém foi ficando chato, muito chato, CHATÍSSIMO!!! A Tijuca em 1989 ficou em 8º lugar entre as inúmeras escolas no Primeiro Grupo, pra você ver que de início deu muito certo, assim como o Salgueiro levantou um campeonato com "Peguei um Ita no Norte" em 1993. Os enredos lusitanos foram fracassando até a queda da Unidos da Tijuca em 1998. A escola só parou com a gracinha quando o mestre Paulo Barros chegou em 2004 na agremiação do Borel, revolucionando a história do carnaval carioca. "De Portugal à Bienal no país do carnaval" é um samba extraordinário, com letra simples, porém com uma melodia fascinante, quase nunca vista nos anos 80. As variações são fantásticas!!! Além disso tem dois refrões belíssimos. A parte "Exaltamos escultores/E os senhores do pincel/Que emolduram a poesia/Modelando o dia-a-dia/De um povo, seus costumes, sua fé/Mãos abençoadas pelo céu/Que através de gerações/Do toque leve e tão sutil/Até o meu Borel ganhou cor bem mais viril" é show de bola mesmo, um trecho fantástico! Excelente samba! Se houvesse um CD da Coletânea Sony da Unidos da Tijuca, ele com certeza marcaria presença, não só por ser um marco histórico, mas também por ser uma obra-prima excepcional!!! Nem preciso falar nada sobre a interpretação de Nego. É só ouvir o samba, que a resposta vem em sua mente. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

4A (2) - SÃO CLEMENTE - É quase certo que o intérprete Geraldão seja uma unanimidade negativa entre os bambas (ê vozinha mais feia..). Mas não o culpo pelo fraco samba apresentado pela São Clemente em 1989. Com mais um tema crítico (a grande característica da escola), a São Clemente até que trouxe para a avenida um samba-enredo bastante animado, de letra escrachada. Mas o hino da São Clemente de 1989 está muito, mas muito abaixo mesmo, de outras obras-primas da agremiação da Zona Sul como Capitães de Asfalto (1987) e E o samba sambou... (1990). NOTA DO SAMBA: 8,4 (Mestre Maciel).

Samba retíssimo! Tem letra paupérrima e melodia precária! Os refrões são com certeza o que essa marcha-enredo tem de melhor, e mesmo assim não são grande coisa. A irreverência da obra nem se compara a perfeição dos sambas da São Clemente de 1987, 1988 e 1990. Começar um samba com "Já é hora" até vai, mas botar um "oi" ridículo no final do verso é apelar para o desastre. O enredo sobre o imperialismo e a crise econômica da época deu esse desastre. O trecho "Parece brincadeira mas não é (mas não é)/O dólar valorizado/O coitado do Cruzado/Não pode se envolver na transação" é um desastre completo, sem rimar com porcaria nenhuma! A parte "Exportam até nossa gasolina/Por quantia pequenina/E também nosso melhor café" também não rima com nada. O tema merecia muito mais mesmo! É o pior samba-enredo do ano! O intérprete Geraldão é um desastre, piorando mais ainda a obra! NOTA DO SAMBA: 7 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

5A (2) - ESTÁCIO - O começo da faixa é sensacional, com a bateria da Estácio dando aquele espetáculo presente também na introdução dos sambas da escola de 1987, 1988 e 1992 (uma batida envolvente sem parar) ao som de acordes japoneses. Uma atração à parte! Não me lembro do desfile (a Estácio entrou exatamente no dia do meu aniversário de cinco aninhos - 6/2/89 - não sei se já era dia sete, mas, em todo caso, eu ainda era muito pequenininho), mas dizem que Bira Havaí, pai do vocalista do Grupo Molejo Anderson Leonardo e produtor musical (foi ele quem produziu o excelente CD do Acesso de 2001), foi um desastre como intérprete oficial no Sambódromo. Com a difícil missão de substituir Dominguinhos (que levou cartão vermelho da Estácio), Bira até que se saiu bem no disco, interpretando um samba bastante comprido, mas de boas variações melódicas. Realmente, o samba da Estácio de 1989 me agrada bastante, ainda mais embalado pela excelente bateria estaciana. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Samba fantástico! O irreverente enredo da Rosa Magalhães proporcionou um desfile elegantíssimo. Bela letra e melodia muito animadinha. A introdução da bateria, ao lado dos arranjos japoneses, é belíssima! Bira Havaí canta muito bem o samba no disco. A parte "Vem, meu amor/Linda noivinha, vem comigo pro altar/Eu quero um bom banho de arroz/Para nos fertilizar" é muito boa. O refrão "Ê mulata!/Ê Brasil trigueiro! (laiá, laiá...)/Põe o preto no branco/É feijão com arroz/Viva o povo brasileiro" também é show! A paradinha do trecho "O feijão e o arroz/Num tempero especial/É a Estácio sacudindo o Carnaval" foi muito bem-feita. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

1B (2) - VILA ISABEL - Mais um grande clássico do ano de 1989. A campeã do ano anterior se apresentou com um samba de grande cunho social (já que o enredo era sobre a Declaração dos Direitos Humanos), de letra envolvente e que evidencia uma conclamação com poesia (o que não é novidade para a Vila e sua esplendorosa Ala de Compositores). De melodia emocionante, sem dúvida a Vila Isabel levou para a Marquês de Sapucaí um samba de excelentíssimo agrado. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel).

"Clareou/Despertou o amor, que é fonte da vida/Vamos dar as mãos e lutar/Sempre de cabeça erguida". Extraordinário!!! Na minha singela opinião, esse refrão é o segundo mais emocionante da história do carnaval (perde para o fantástico "Glória a Estácio de Sá/Fundador desta cidade tão formosa/O meu Rio de Janeiro/Cidade maravilhosa", do samba da Mangueira de 1961). A escola mantém a qualidade dos dois últimos anos, resultando em outra obra-prima do carnaval, um legítimo "repete-faixa". O samba da Vila de 1989 segue a linha de obras-de-arte de clamor social. "Direito é direito" é um tema polêmico, principalmente para a situação instável do Brasil na época. A Vila Isabel conseguiu fazer um carnaval inesquecível, não tanto quanto 1987 ou 1988, mas mesmo assim extraordinário! A combinação de uma letra fantástica com uma melodia pra lá de dolente resultou num samba impecável. O trecho "Sei que quem espera não alcança/Mas a esperança não acabará/Cantando e sambando acendo a chama/E sonho um novo dia clarear" representa um legítimo espírito esperançoso. Ainda tem a belíssima parte "E quando o amanhã surgir, surgir/A flor da paz se abrir, se abrir/Será prosperidade/A brisa vai trazer mais alegria/No mundo haverá fraternidade", tornando este um dos sambas mais otimistas da história. Um samba inesquecível! A interpretação magistral de Gera e o show da bateria Estandarte de Ouro fazem a obra ficar melhor ainda. O desfile foi excelente, marcado pela comissão-de-frente feita só com mulheres grávidas. Belo momento do carnaval! Sua ausência na Coletânea Sony é uma decepção terrível para os bambas!!! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

2B (2) - PORTELA - O samba não é aquela maravilha, mas também não merece ser desprezado. De melodia animada, o samba-enredo de 1989 na Portela, na minha opinião, é de bom agrado, do mesmo nível do samba de 1990 da escola. Mas está muito longe de suas grandes obras-primas anteriores. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

A obra não é aquela coisa, mas é boa. Os refrões, principalmente o central (apesar do "Salomão, Salomão" ser um caco engraçado), é um fracasso. Não é lá aquela coisa que a gente costuma ver na escola. A primeira parte é muito boa. O trecho "Achei/Juro eu não roubei/Desde o meu tempo de criança/A vovó sempre dizia/Achado não é roubado/Tá na lembrança" é meio trash, mas tem boa melodia. Falar que achou e jurar que não roubou, faz parecer que o brasileiro é um povo ladrão. Dedé da Portela, como sempre, está acima da média. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

3B (2) - BEIJA-FLOR - Um dos mais famosos sambas da agremiação de Nilópolis, porém até hoje costumam malhá-lo. Os críticos alegam que o fabuloso tema de Joãosinho Trinta merecia uma trilha sonora mais qualificada, a começar pelo refrão principal ("Leba-larô, ebo lebará") que quase ninguém compreende (se não me engano se trata de algum dialeto africano). É um samba-enredo curtinho, de melodia animada e qualificada (o samba tem um quezinho de marcha-enredo), mas que se destacou no polêmico e até hoje lembrado desfile marcado pelo Jesus Cristo coberto ("Mesmo proibido, olhai por nós!" dizia o cobertor). Mesmo assim, a Beija possui sambas melhores, assim como este samba fica muito abaixo de alguns do próprio ano de 1989. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel).

O que dizer de "Ratos e Urubus"? Um dos cinco melhores desfiles da história? Isso todos nós sabemos. Que é uma marchinha muito irreverente??? Também. Que Joãosinho 30 é um gênio??? É óbvio! O samba da Beija-Flor de 1989 marcou para sempre a história do carnaval!!! Pouco tempo antes do desfile, a agremiação entrou em conflito com a Igreja Católica e o Ministério Público por colocar Jesus Cristo de mendigo no desfile. Tiveram que botar o boneco num saco preto. Por isso, eu e Beija temos que agradecer ao arcebispo do Rio de Janeiro pela sua ignorância. Se ele não fosse tão ingênuo, jamais teríamos visto um desfile magistral daqueles! A marcha-enredo é inteligente, muito bem feita, funcionou bem no desfile. A letra é cheia de palavras afro, que para mim, não atrapalha em nada o andamento do samba. O trecho "Sai do lixo a nobreza/Euforia que consome/Se ficar o rato pega/Se cair urubu come" é muito show, além de ser hilário. O meio do samba parece ser uma crítica ao arcebispo. Veja: "Vibra meu povo/Embala o corpo/A loucura é geral/Larguem minha fantasia, que agonia/Deixem-me mostrar meu Carnaval". Então, alto clero e os jurados injustos, larguem o pé dos sambistas e deixem os nilopolitanos mostrarem sem carnaval!!! A Beija-Flor só não foi campeã por causa de pontos descontados deste samba-enredo, no critério de desempate. Só quero deixar claro que aquele desfile não era só mendigo e um Cristo dentro de um saco. Havia também carros luxuosos, fantasias lindíssimas e a doutrina fantástica do João. Um crítica ao modo de vida luxuoso dos brasileiros. O mestre quis retratar o lixo espiritual do povo brasileiro. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

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4B (2) - IMPÉRIO SERRANO - No disco, o imortal Silvinho do Pandeiro foi o intérprete, numa emocionante despedida do carnaval. Na avenida, Silvinho o cantou com Édson Bombeiro (intérprete da Império da Tijuca em 1996). Sobre o samba, bastante longo e de excelente melodia (isso foi comum nos sambas de 1989). Sua letra exaltou muito bem as obras de Jorge Amado, e a atuação de Silvinho fez do samba da Império um dos melhores de 1989. Ele é criticado por poucos, mas reverenciado por muitos (incluindo eu). NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

Samba fantástico, uma homenagem perfeita a Jorge Amado! Um tema baiano resultou uma obra-prima fantástica. Normalmente, enredos baianos nos anos 80 resultaram em grandes sambas-enredo (vide Mangueira-1986). O refrão "Você sabe que tem festa, meu amor/Lá na Tenda dos Milagres/Vem que eu vou, eu vou/Jubiabá tá no portão/E as Iaôs jogam pitangas pelo chão" é muito bom, além do fantástico "É doce morrer no mar/Nos braços de Yemanjá". O samba cita inúmeras obras de Jorge Amado, como "Gabriela", "Tieta", "Dona Flor e seus dois maridos", "Tenda dos Milagres" e "Pastoras da Noite". Tenho pena do Império em 1989. A escola da Serrinha entrou meio sem jeito, até meio fria, depois do desfile inigualável da Beija-Flor. A voz de Slivinho no Império é um presente para os bambas, além da potência fantástica do coro na segunda passada. Só pra saber: Aluísio Machado e Beto Sem Braço, dois dos quatro compositores do samba, são os mesmos autores de "Bumbum Paticumbum Prugurundum" e "Mãe Baiana mãe". Sentiu o nível, né? NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba

5B (2) - SEGUNDA FAIXA DE BATERIA - Ao menos a introdução da faixa é a mesma do samba da Imperatriz. Depois do discurso do locutor que até hoje anuncia as escolas que desfilarão na Marquês de Sapucaí no carnaval ("Isto é o samba! Irreverente, crítico, romântico, criativo! Que através das escolas de samba proporciona alegria e paixão! A Liga Independente deseja a todos um Feliz Carnaval!"), ao som de foguetórios e do grito da galera, a bateria dá mais um show, fechando com chave de ouro um dos mais prósperos álbuns de carnaval da história.

Possui uma introdução bastante semelhante ao do samba da Imperatriz. Depois, um locutor de voz grave solta um "Feliz carnaval!" aos ouvintes, através de uma belíssima exaltação as escola de samba ("Isto é o samba! Irreverente, crítico, romântico, criativo! Que através das escolas de samba proporciona alegria e paixão! A Liga Independente deseja a todos um Feliz Carnaval!"). Depois, a faixa termina ao som do swing da bateria. Fantástico!!!