Os sambas de 1982 - Acesso B
Os sambas de
1982 - Acesso B
GRAVAÇÃO
DO DISCO - O álbum do Acesso B (2A) apresenta na capa a
imagem de baianas evoluindo. A gravação dos sambas é
excelente pelo simples fato de os arranjos serem os mesmo do
Grupo Especial (1A) e Acesso A (1B). Contudo, a safra de sambas
do Grupo B é bem mediana devido a "bois bem graúdos".
Além disso, não há um sambão de verdade, capaz de fazer o
sambista cantarolar até num velório. O album ficou
"manco" e trouxe apenas nove faixas, pois Grande Rio,
Engenho da Rainha e Foliões de Botafogo ficaram fora da
gravação. NOTA
DA GRAVAÇÃO: 9 (Luiz Carlos Rosa).
1A - UNIDOS DE
MANGUINHOS - Abrindo
o bolachão do Acesso B (2A) 1982, a verde e branco de Manguinhos
levou um samba bem animadinho para a avenida, dotado de melodia
leve e envolvente que convida o sambista a cantar no chuveiro. O
ponto negativo é a letra, bem simpleszinha e sem um momento
poético. Há tambem problemas de métrica no finalzinho do
samba, mas precisamente nos versos "dá genipapo/com
braço pesado/mãe preta dava". É tambem nesse verso
que a bateria faz uma ousada paradinha. NOTA DO SAMBA:
8.8 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui
para ver a letra do samba
2A - UNIDOS DO
URAITI - Doa
raríssimos sambas que conheço da agremiação de Rocha Miranda,
com certeza este foi o que mais me agradou. Exaltando a Rainha do
Mar, Iemanjá, o enredo lembra muito o do Império Serrano
"Lendas das Sereias, Rainha do Mar" de 1976. Aletra é
recheada de palavras complexas, que até dificultam na hora do
canto. Porem, sua melodia é bem envolvente, encantadora,
com boas variações. Faixa muito boa! NOTA DO SAMBA:
9.1 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do
samba
3A - JACAREZINHO - A campeã do Grupo B de 1982
homenageou o antigo compositor Geraldo Pereira - morto numa briga
de faca com o lendário Madame Satã em 1955. O samba é bem
dolente, assumidamente nostálgico. A letra possui uma pitada de
poesia como no verso "é um orgulho da nossa Estação
Primeira/se divertia nos bailes das gafieiras/e hoje nós
cantamos com prazer/para enaltecer/o nome/de Geraldo Pereira"
. Simplesmente maravilhoso! O grande sambista Monarco foi o
compositor deste belo samba. Ele recentemente fora tema da rosa e
branco. Bela homenagem! NOTA DO SAMBA: 9.4 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui
para ver a letra do samba
4A - CORDOVIL - "A Festa das Três Raças"
é um samba bem valente. A letra passa a mensagem do enredo
com exatidão, sem precisar manjar sinopse. Os refrões são
bons, principalmente o central "ôô ôô/ôô
ôô/entre negro, branco e indio/reina a paz e muito amor"
melodicamente falando. Destaque tambem para a bateria que faz uma
paradinha na palavra "invasão". É um samba
com cara de Grupo de Acesso mesmo. NOTA DO SAMBA: 9.2 (Luiz Carlos
Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
5A - SÃO
CLEMENTE - Sem
preconceito, mas sinceramente... Quando uma mulher interpreta um
samba-enredo, pelo menos metade da obra fica comprometida. É
óbvio que há excessões como As Gatas, as famosas Beth
Carvalho, Alcione e Elza Soares, a desconhecida Zaira (São
Carlos 1980)... Pelo menos Sonia Lemos (a intérprete da São
Clemente) não compromete, apesar de berrar logo no início de
faixa "ela é a mãe do ouro". O sambinha
tambem não ajuda. Tecnicamente fraco, com letra sem inspiração
e melodia genérica. Ô vontade de pular-faixa!!! NOTA DO SAMBA:
6.5 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui
para ver a letra do samba
1B - TUPY DE
BRÁS DE PINA - A
extinta agremiação de Brás de Pina apresentou o enredo
"Sobrenatural de Almeida" em homenagem ao dramaturgo e
escritor Nelson Rodrigues. É uma marchinha sem vergonha e bem
animada. A letra tem alguns clichêzinhos básicos aliada a uma
melodia sem variações interessantes. Acho o refrão central
"palavrão é guerra/é fogo,é dor/amor só transa quem
tem amor" tosco à vera!!! Resultado: um légitimo
boi-com-abóbora. Destaque para o veterano intérprete Carlão
Elegante soltando cacos sem noção! NOTA DO SAMBA: 7.9 (Luiz Carlos
Rosa). Clique
aqui para ver a letra do samba
2B - TUIUTI - Trazida no final de 1979 pelos
fundadores Nelson Forró e Julio Mattos, a carnavalesca Maria
Augusta Rodrigues levou a agremiação de São Cristovão do
Grupo C (2B) ao Grupo A (1B) em menos de três anos. Em 1982, ela
desenvolveu o enredo "Alegria". Mas o tema gerou um
samba esquisito. A melodia é em tom menor exagerado,
transparecendo tristeza. A letra tambem não diz coisa com coisa.
Acredito que não seja culpa da sinopse. Mesmo com esse samba, a
escola deve ter emocionado os jurados, pois conseguiu o
vice-campeonato e retornou ao Acesso A (1B). NOTA DO SAMBA: 8
(Luiz Carlos Rosa).
Clique aqui para ver a letra do samba
3B - UNIDOS DE
NILÓPOLIS - Eterna
escola de Terceiro Grupo, a extinta verde e branco de Nilópolis
tem apenas um campeonato em seu currculo: o do Acesso C (2B) de
1981 que a recolocou neste Grupo B (2A). O enredo "Galanga,
o Chico Rei" é um dos últimos registros fonográficos
nilopolitano. O tema sobre escravidão normalmente gera um bom
samba e este não foge a regra. Possui letra competente,
apesar de bem comprida, e melodia pra lá de valente. Dez anos
depois, a escola enrolaria a bandeira. A concorrência na cidade
era forte demais. NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui
para ver a letra do samba
4B - ACADÊMICOS
DA CIDADE DE DEUS -
Pra fechar o bolachão, um boizão de primeira!!! "A Voz do
Povo" é um verdadeiro samba "quebra-cabeça",
daqueles que é difícil de ser montado. A letra é bem feinha,
sem encadeamento e sem nexo. O que tem a ver versos como "negros
jogam capoeira/ao som de berimbau", "a
Inconfidencia Mineira/se faz presente nesta festa brasileira"
e outra pérolas neste enredo??? Só mesmo tendo a sinopse em
mãos. A melodia é genérica e os dois refrões são
melodicamente idênticos. Enfim, um samba fraquíssimo!!! Duas
curiosidades envolvendo a agremiação da Cidade de Deus: o
interprete Trup Zup viveu os dois lados da moeda no mesmo ano.
Subiu com a Caprichosos de Pilares para o Grupo Especial (1A) e
desceu com a Cidade de Deus para o Grupo C (2B). A outra
curiosidade é que a acadêmicos da Cidade de Deus, logo após
ser rebaixada, trocou de nome: para a atual Mocidade Unida de
Jacarepaguá. A nova identidade deu sorte no ano seguinte:
campeã do Grupo C (2b). A partir daí, o Galo de Jacarepaguá,
como é conhecido, virou alpinista. Subiu até o cume da montanha
em 1993 chegando a desfilar no Grupo de Acesso A. Foi rebaixada
em 1994 e foi descendo, descendo, até chegar ao último
Acesso do Rio, o Grupo E. Levanta a cabeça Mocidade, vamos subir
essa montanha de novo!!! NOTA DO SAMBA: 5 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui
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