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Os sambas de 1978 - Acesso A
A GRAVAÇÃO DO LP - Estilo de gravação idêntico ao disco do Grupo Especial do mesmo ano, 1978 foi o ano em que pela primeira vez foi registrado nos LP's de samba-enredo um som na bateria semelhante ao que estamos acostumados, com o destaque para tamborins e caixas. Os sambas são muito característicos da época, com melodias leves e clássicas, aliadas a letras simples. Nesta boa safra de sambas-enredo, destaque para Unidos da Ponte, União de Jacarepaguá, Imperatriz, São Carlos e Caprichosos. Não constam no disco os sambas de Unidos de Lucas, Lins Imperial, Império da Tijuca e Unidos da Tijuca, que também desfilaram no segundo grupo em 1978. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Mestre Maciel).
Um dos melhores LP's de samba-enredo de todos os tempos. A sonoridade é idêntica ao do álbum do grupo especial. Cuíca, caixas e principalmente os tamborins dão um show. A safra de sambas do Acesso A (o antigo Grupo 2) é mil vezes melhor que o do Especial. Com exceção do sambinha do Jacarezinho, todas as outras agremiações têm a sua trilha sonora acima da média. Destaque para os sambões da União de Jacarepaguá (pelo segundo ano consecutivo) e Unidos da Ponte. 16 agremiações desfilaram no Acesso A, mas 12 tiveram seus sambas gravados. Bem que a Top Tape poderia disponibilizar uma "bolachinha"(como aconteceu no LP do Grupo Especial de 1979) pois Lins Imperial, Unidos de Lucas, Unidos da Tijuca e Império da Tijuca não participaram do LP. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Luiz Carlos Rosa).
1A - IMPERATRIZ - Um dos sambas mais famosos da escola, sustentado por refrões envolventes e de melodia tão pura e inocente que não tem como não ser cativado por essa bela obra. Para um enredo infantil como este, o samba não poderia ser melhor. Sem dúvida, a gravação original é muito melhor do que a presente na Coletânea Sony, pois, por mais que Inácio Rios fosse criança, ele atrapalha um pouco a audição do samba no dueto com seu pai, o consagrado compositor Zé Catimba. Inácio foi um dos autores do samba de 2005 da Mocidade. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel).
A queda para o Acesso A em 1977, por incrível que pareça fez muito bem a Imperatriz. Não, não estou ficando maluco e nem bebi cachaça!!! A agremiação de Ramos deu a volta por cima, conseguindo retornar ao Grupo Especial de 1979. No ano seguinte, dividiria o seu primeiro campeonato com a Portela e Beija-Flor. Em 1981, com um desfile arrebatador, conquistou o bicampeonato. Hoje é umas das principais potências do carnaval carioca. E o sambão de 1978 do quinteto de compositores Zé Catimba/Guga/Sereno/Aranha/Tuninho (o excelente intérprete do samba) contribuiu muito para este objetivo. Dotado de melodia doce com relevantes variações, aliada a uma letra simples de fácil memorização. Destaco o maravilhoso refrão "láláiá/láláiá/sou criança sou folia/sou vontade de brincar". Simplesmente magnífico!!! NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,6 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
2A - CAPRICHOSOS - Samba Estandarte de Ouro do Acesso-78, possui uma grande força, com dois refrões centrais envolventes e Carlinhos de Pilares valorizando cada verso deste hino em homenagem à Festa da Uva de Caxias do Sul. Um dos melhores da agremiação de Pilares. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).
"Festa da uva no Rio Grande do Sul" é um dos sambas mais famosos da agremiação de Pilares. Se por um lado, a escola não conseguiu almejar seu passaporte para o grupo de elite, pelo menos abocanhou seu primeiro Estandarte de Ouro, e no quesito samba-enredo do Grupo A - apesar de considerar os sambas da União de Jacarepaguá e Ponte bem superiores. O samba tem letra competente que conta com muita clareza o enredo, sem precisar olhar sinopse. A melodia é bem variada com momentos memoravéis, principalmente nos refrões centrais. E como sempre, mais uma atuação perfeita do saudoso Carlinhos de Pilares, que enriquece a faixa número 2. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
3A - SÃO CLEMENTE - Melodia bastante classuda, com características dos anos 60 (o mesmo vale para a letra), e a marcante atuação do coral da escola marcam este bom samba da São Clemente. Na excelente gravação, destaque para a esplendorosa aparição dos tamborins. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).
Este é um legítimo samba "me engana que eu gosto" !!! Começa com um bonito "lalaiá". A letra tem ares daqueles sambas conservadores... tudo muito bonitinho, palavras rebuscadas aqui, versos enchendo lingüiça ali. A melodia é o ponto forte com variações bem legais. Gosto do verso "manhã tão linda/no céu de anil/tudo é alegria/canta, canta meu Brasil" do ponto de vista melódico. É um dos poucos sambas do bolachão que não escutaria novamente. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,9 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
4A - IMPÉRIO DO MARANGÁ - Novamente o Rio Grande do Sul está presente no LP, agora representada pela lenda da Salamanca de Jarau. A voz do intérprete Mizinho soa meio esquisita nesta obra repleta de clichês e de melodia mediana, reta por muitos momentos, mas que cresce livremente de produção no final. Passa despercebido no disco. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Mestre Maciel).
A agremiação da Taquara levou pra a avenida "Salamanca do Jarau", uma lenda gaúcha do escritor João Simões Lopes. Não sei porque, mas é um dos meus sambas prediletos do LP, mesmo sabendo que tecnicamente é bem mediano. Possui melodia envolvente, mas sem variações relevantes e letra meio apelativa. Dois destaques na gravação: o show dos tamborins a partir do verso "vinda de terra distante..." na primeira passada do samba. E o engraçadíssimo caco do intérprete Mizinho "78 é com a gente mesmo". Que otimismo, hein!!!! É um outro samba que figura bem na minha lista dos que "me enganam que eu gosto". NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
5A - UNIDOS DO CABUÇU - Samba que possui alguns trechos marcheados, mas de boa melodia no geral, além de um refrão pegajoso: "àgua marinha, ioiô/água marinha, iaiá...". Novamente os tamborins aparecem muito bem na gravação. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).
Bom samba!!! A azul e branco do Lins de Vasconcelos apresentou um enredo bastante interessante, sobre pedras preciosas. O samba contém letras simples apesar de alguns clichês. A melodia é bem envolvente, acoplada com refrões que melodicamente lembram cantigas. Destaco o central "salve o garimpeiro/que vive a trabalhar/no sol o dia inteiro/para as pedras encontrar". Se prestarem atenção, o competente interprete Beto na segunda passada, ao invés de cantar o samba junto com o coral de pastoras, murmura. Será que deu sono?!?!?! Faixa a-gra-da-bi-líssima!!!! NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,1 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
6A - JACAREZINHO - O refrão principal é gritado demais, difere bastante em termos de qualidade do central. As demais partes, curtas demais em função da letra diminuta, possuem melodia genérica. Outro samba que não chama muito a atenção no LP. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Mestre Maciel).
Tinha tudo para ser um samba excepcional. O refrão de cabeça "rosas brancas/rosas para Iemanjá/odoceaba/no misterioso mar" tem uma pegada impressionante. De resto, o sambinha é muito, mas muito fraco. O enredo fala sobre todos os tipos de rosa, inclusive a cor rosa do Jacarezinho. O sambinha possui letra diminuta e ainda por cima mal elaborada. Parece até que os compositores estavam sem saco para fazê-lo. Destaque negativo para a estrofe final "mas ainda guardo na lembrança/lindos sonhos cor de rosa/dos meus tempos de criança”. O que eles queriam dizer com "lindos sonhos cor de rosa/dos meus tempos de criança", hein??? NOTA DA GRAVAÇÃO: 7 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
1B - UNIÃO DE JACAREPAGUÁ - Sem exagero, esse é um dos sambas-enredo que mais me emociona a cada audição. A escola sempre teve tradição em apresentar obras de exímia qualidade. "Cor, Ação e Samba" possui uma letra simples, mas de melodia clássica, incontestável e emocionante, daquelas que levam todos os bambas ao delírio. A segunda passada do samba, quando os tamborins e o coral entram com toda a força, no disco é antológica. Na minha opinião, um dos mais belos registros fonográficos de um samba-enredo em todos os tempos. Muito respeito à Norival Reis, o Vavá da Portela, um dos autores do samba, e ao antigo intérprete Jairo Espingarda que sempre valorizou estas obras-primas da União de Jacarepaguá. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).
Depois do fantástico
"Banzo" de
2B - SANTA CRUZ - Outro samba-enredo com a marca dos anos 70. Letra de poucos versos, mas de melodia arrojada e aguda, de excelentes variações. Dominguinhos do Estácio, em rápida passagem pela Santa Cruz, nos proporciona um verdadeiro show de interpretação. Belo samba, mas que não serviu para salvar a escola do rebaixamento em último lugar em 1978. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).
Na única passagem de Dominguinhos do Estácio na verde e branco, a escola deu-lhe um bonito samba para a sua excelente interpretação. Dotado de uma melodia lírica com variações envolventes, acoplada a uma letra bem construída e com momentos poéticos. Exemplo disso é o verso "...é como se fosse uma porta aberta/para libertar um coração que se prendeu". Bela homenagem para o maestro Carlos Gomes. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,4 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
3B - TUPY DE BRÁS DE PINA - Os shows dos tamborins e o timbre forte do intérprete Celso Landrini garantem no LP a excelente gravação da obra da Tupy. A melodia, em tom menor, apresenta escassas variações. Apesar disso, considero um bom samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Mestre Maciel).
O último grande momento da
agremiação tupiniquim. "Manôa, um sonho dourado"
figura entre um dos melhores sambas da escola. Possui letra
didática e competente e uma bonita melodia. Gosto muito do seu
refrão central: "Eldorado/de riquezas sem igual/nas
cidades reluzentes/e montanhas de cristal". O tema daria
o campeonato de
4B - UNIDOS DA PONTE - O melhor samba do disco, ganhando por muito pouco da União de Jacarepaguá. A escola de São João de Meriti apresenta seu primeiro grande samba em 1978, "A Festa de Olubajé". Temas afro, como candomblé, sempre inspiraram grandes obras. O hino da Ponte de 1978 é fortíssimo, de melodia envolvente, e ganha no LP um exímio naipe de tamborins, além do cavaco aparecer com grande destaque. Uma prévia para a formidável seqüência de sambas-enredo que a Unidos da Ponte apresentaria a partir de 1982. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).
Que sambão, galera!!! "A
festa de olubajé" é o segundo melhor samba da agremiação
de São João de Meriti, perdendo apenas para o poético "E
eles verão a deus" de
5B - ENGENHO DA RAINHA - Mais um samba do estilo anos 60, com requintes de 50. Letra extensa, porém de melodia reta, quase sem variações. O melhor trecho é "quando o urubu-rei aprisionou/a paisagem por enquanto mudou", que em melodia está acima das demais partes. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Mestre Maciel).
Apesar do enredo ser abstrato, o samba não compromete. A primeira parte é longa, contando minuciosamente o tema. A melodia não tem um momento marcante, mas também não é ruim. Os refrões são curtos, porém são o ponto forte do samba. Não chega a passar despercebido, mas a Engenho da Rainha tem sambas muito melhores que este. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,8 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba
6B - SÃO CARLOS - O samba-enredo campeão do Acesso-78 se destaca pelo lirismo na homenagem ao jornalista e poeta Orestes Barbosa, de letra descritiva e melodia bastante inspirada. Boa atuação de Darcir Branco, um dos autores do samba, no LP. Confesso que tenho saudade de ouvir sambas de melodia pura como este da Unidos de São Carlos de 1978 nos desfiles atuais (não contando as reedições, evidentemente). NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel).
A campeã do Acesso A 1978 fez uma justa homenagem ao poeta Orestes Barbosa com um lindo samba. A letra é bem construída, aliada a uma melodia doce com variações competentes. Os refrões também são marcantes principalmente o final "saudades da luz do lampião/da flauta, cavaquinho e violão/do poeta e da prosa/jamais vamos esquecer/orestes barbosa". O samba fecha muito bem o LP. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,2 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba