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Os sambas de 1977 - Acesso A

Os sambas de 1977 - Acesso A

A GRAVAÇÃO DO DISCO: O estilo é idêntico ao do LP do Especial-77, com surdos, cuíca e agogôs se sobressaindo no som da bateria (mais forte no LP do Acesso do que no Especial), muito mais envolvente com relação aos LP's anteriores dos Grupos de Acesso (75 e 76). A cadência adotada se adequa perfeitamente a cada samba, até aos bois-com-abóbora que proliferam no lado B do disco. Arranco e União de Jacarepaguá sobram no quesito samba-enredo, cantando em 1977 duas das melhores obras dos Grupos de Acesso da década. Arrastão de Cascadura e Tupy de Brás de Pina também desfilaram com belos sambas. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Mestre Maciel).

1A - UNIÃO DE JACAREPAGUÁ - Abre o LP em grande estilo. A escola sempre se deu bem ao apresentar obras compostas por Norival Reis, o Vavá da Portela. Que o diga o intérprete Jairo Espingarda, que sempre emprestou sua categoria a estes belíssimos sambas-enredo. "Banzo" é valente e emocionante ao mesmo tempo. O refrão central "Banzo aê, banzo aê/De mão no queixo/Cachimbo na boca/A saudade é grande/A cabeça é louca" é extraordinário, bem como todo este samba. Maravilhoso! NOTA DO SAMBA: 9,9 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

2A - EM CIMA DA HORA - Bonita a leveza da melodia deste samba em homenagem a Heitor de Prazeres. Os refrões também aparecem com destaque. Porém, a letra insiste na morte de Heitor no trecho "hoje do mestre só ficou saudade" e sobretudo por considerar o tema "comovente", parafraseando seu refrão principal. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

3A - ARRASTÃO DE CASCADURA - O violão dá um show na introdução da faixa em que o Arrastão "encontra a melodia pra contar o tema: um talismã para Iaiá". Com este excelente samba, de lirismo predominante, a simpática escola de Cascadura se apresentava aos bambas ganhando o desfile do Acesso-77 e o direito de desfilar entre as grandes no ano seguinte (única vez em que o Arrastão esteve no Especial). Belíssimo o refrão central "Plante a roça gongá/E não vá desperdiçar/Protege a fauna gongá/Para Anhangá lhe ajudar". Começava aí a tradição do Arrastão em levar excelentes sambas de enredo, numa seqüência que durou do fim dos anos 70 até a primeira metade dos 80. O Estandarte de melhor samba viria em 1989. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

4A - CIDADE DE DEUS - O samba é todo cantado em tom menor em melodia retilínea, até chegar ao último refrão, bastante animado e que até destoa do restante do samba-enredo. É a faixa que mais passa despercebida no lado A do disco. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

5A - TUIUTI - Samba típico dos anos 70, de letra curta, com a primeira parte ("Eu vi, eu vi") leve, no formato de repente, e a segunda mais pesada. Gostoso de ouvir, principalmente pela excelente atuação do coral no disco. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

6A - TUPY DE BRÁS DE PINA - Belo samba do Tupy, cujo tema fala dos sonhos alimentados pelas jogatinas. Possui interessantes variações melódicas nas duas partes e dois refrões fortes, principalmente o central "Gira a roleta, roleta torna a girar...". A letra possui trechos inspirados, como "Sobre a mesa do cassino/Depositária de finança/A roleta gira em desatino/Cada qual com uma esperança" e "Linda melodia/como o despertar de um suave sonho/quando acordei já era dia/então fiquei tristonho". Grande momento da saudosa escola de Brás de Pina. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

1B - ARRANCO - Temas afro sempre geram sambas formidáveis. O Arranco, bem como o Arrastão de Cascadura, também se apresentou aos bambas trazendo o samba Estandarte de Ouro do Acesso-77, levando o vice-campeonato e o acesso ao Primeiro Grupo. "Logun, Príncipe de Efan" é de uma riqueza melódica considerável, e ganha um gostoso swing no LP e uma excelente interpretação de Paulo Samara e seu timbre idêntico ao de Jorge Aragão. A faixa chega a ser uma intrusa no lado B do disco, já que antecede cinco bois-com-abóbora em seqüência. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

2B - IMPÉRIO DO MARANGÁ - Aqui começa um festival de bois. Samba de letra curta, com alguns clichês, e melodia reta. O refrão principal é um tanto trash: "E a lenda conta que o arco-íris é/Quem vira ela é ele/Vira ele em mulher". Fraco! NOTA DO SAMBA: 6,8 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

3B - UNIDOS DE MANGUINHOS - Um típico samba-lençol, característico dos anos 60. Portanto, o hino de Manguinhos em 1977 é inusitado para a época. De letra quilométrica, a melodia, sem relevantes variações, torna o samba arrastado. A impressão que dá é que sua única força é o refrão "Aqui tem ouro/Vou procurar/Noite e dia/Sem parar", repetido duas vezes ao longo do samba-enredo. O segundo refrão é paupérrimo em termos poéticos (e parecido estruturalmente com o principal): "Juntei muito ouro/Vou sonegar/Quem quiser ver ouro/Vem aqui pegar". Pelo menos o agogô se destaca nessa faixa. NOTA DO SAMBA: 7,6 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

4B - FOLIÕES DE BOTAFOGO - Desfilando com o tema sobre o romance de Aluísio de Azevedo, "O Cortiço", o samba é cantado em tom menor, apesar de seu refrão central "Zum zum zum/Este barulho se ouvia/Na estalagem/Quando raiava o dia" ser marcheado. A melodia é feia na segunda parte e no refrão principal, sendo que o trecho "Surge então/Uma tremenda confusão ô ô/“Carapicus” e “cabeças de gato”/Disputando a briga de fato/O progresso e a ambição/Se dão as mãos" carece de riqueza poética. NOTA DO SAMBA: 7,2 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

5B - GRANDE RIO - Após a trilogia da Beija-Flor na era-pré-Joãosinho Trinta/Laíla/Anísio, chega a vez da Grande Rio exaltar a ditadura militar, apesar daqueles tempos de abertura lenta e gradual, segundo Ernesto Geisel. Além da letra ser piegas e repleta de clichês, em um enredo que tinha a intenção de homenagear os colonizadores brasileiros, trechos como "Hoje tudo é diferente/Aquele tempo passou/A grandeza do Brasil/Muito mais se ampliou" e "Jorra petróleo noite e dia/Que maravilha a nossa tecnologia/Siderurgia e parques industriais/Neste país de dimensões continentais" praticamente suplantaram a intenção inicial ao fazer uma tardia homenagem ao crescimento que resultou em obras faraônicas como Rodovia Transamazônica, Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre outras. Fora a bela cadência executada no disco, o samba, por si, é patético. NOTA DO SAMBA: 5,8 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

6B - CORDOVIL - Samba curto e grosso, cita apenas os gostos culinários dos orixás, para depois receberem a clássica saudação "salve todos os orixás". A impressão que se tem é de um certo "migué" por parte dos compositores, pois na virada para a segunda passada, temos aquela sensação de estranheza pelo samba já ter chegado ao fim recém naquele momento. Muito pobre em termos de letra e melodia. NOTA DO SAMBA: 6,3 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

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