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Os sambas de 1971 - Grupo 2

Os sambas de 1971 - Grupo 2 (por Luiz Carlos Rosa)

A GRAVAÇÃO DO LP - A safra de sambas do Grupo de Acesso de 1971 é relativamente boa. Foi o último ano da ERA ROMÂNTICA de sambas de enredo no carnaval carioca. É evidente que ao longos dos anos apareceram belas obras antológicas, entretanto,  a partir do ano seguinte, muitas agremiações aderiram aos sambas mais curtos, com letra de fácil memorização para obter a almejada comunicação com o público. Principalmente após as vitórias do Salgueiro em 1971 e Império Serrano 1972    , embalados com sambas com essas características. E assim o gênero samba de enredo entraria numa NOVA FASE. Voltando a falar do LP, uma curiosidade: a Em Cima da Hora (Esse Rio Que Eu Amo) não participou das gravações dos sambas em dezembro de 1970 e meses depois foi a Campeâ do Segundo Grupo, fato único, em albuns de samba enredo que dura até os dias de hoje. Outras escolas que não gravaram: São Clemente (O Beijo De Três Saudades), Unidos da Tijuca (Lendas E Glórias De Itaguaí), Independente do Leblon (Baile Das Rosas) e Cabuçu (Ninguem Segura Este País). A Ilha tambem não participou do LP mas fez uma gravação individual. Aliás, é o melhor samba do Grupo de Acesso 71. NOTA 7

TUPY - Abrindo o LP, a agremiação tupiniquim apresentou um samba falando do Rio São Francisco.  A obra possui letra simples e meio desconjuntada. Tem um bom refrão e três bis. Na faixa, o samba é muito prejudicado pelo seu interprete - que não teve seu nome revelado no LP - com uma voz bastante anasalada. Quando as pastoras entram junto com a bateria, aí é que o samba fica mais atraente. No aspecto geral, um samba apenas razoável.  NOTA 7,9

UNIÃO DE JACAREPAGUÁ - Um dos atrativos mais relevantes do bolachão está justamente nesta faixa: a participação do lendário intérprete Ney Vianna. Junto com a intérprete da escola Adelinha, o samba mediano da União de Jacarepaguá ganha um valor absurdo. Digo mediano, por que a letra é muito desconexa. O tema é sobre a obra literária Marília de Dirceu, mais em alguns momentos fala mais de Vila Rica tamanha abordagem.  A melodia é muito boa. Mesmo assim a faixa é histórica! NOTA 7,5

TUIUTI - Belo samba composto pela dupla Noca da Portela e Poliba. A letra possui uma leve poesia constatado na primeira estrofe do samba "Rio, a natureza beleza te ofertou/e a mão do homem ornamentou/e te fez empório de riquezas mil/motivo de orgulho do nosso Brasil". A melodia tem boas variações e os refrões têm pegada. O curioso é que o refrão final "Poeira oi poeira/o samba vai levantar poeira" é o mesmo do samba da Portela do MESMO ANO. Será plágio? NOTA 9

CARTOLINHAS DE CAXIAS -  A escola caxiense que fora a campeã do Terceiro Grupo de 1970, apresentou um enredo sobre as viagens pistorescas pelo Nordeste. Na apuração a escola ficou em último lugar e acabou novamente no Grupo 3. Consequentemente houve uma mudança na agremiação que culminou em funções. Atualmente o seu DNA está na Acadêmicos da Grande Rio, uma das escolas mais badaladas do Grupo Especial. Com relação ao sambinha, possui uma letra repleta de citações dando mostras que não houve inspiração por parte de seus compositores.  A melodia tambem não tem grandes momentos. Uma obra que é um clássico pula-faixa, que passa despercebido no bolachão. NOTA 6,5

LINS - A escola quase conseguiu subir ao Grupo Principal ficando em terceiro lugar. A obra "Casa Grande e Senzala" tem o mesmo título do enredo da Mangueira de 1962, apesar do samba mangueirense ser superior. Mas o da Lins não fica muito atrás. Tem uma boa letra, uma melodia bastante agradável com variações de extremo bom gosto e um refrão contagiante. Certamente um dos melhores sambas da história da escola verde e rosa. NOTA 9,2

MANGUINHOS - O samba conta a história do café sem rodeios, por isso a letra é boa, apesar de simplória. A melodia é apenas razoável. Há momentos que o ritmo é bem acelerado para a época mas que em nada compomete a qualidade do samba num todo. Enfim, uma samba bonzinho, mas o GRANDE MOMENTO DA ESCOLA viria no ano seguinte.  NOTA 8

SANTA CRUZ - Tá aí o PIOR samba do Grupo de Acesso 71 e evidentemente o pior da Santa Cruz. O samba é sobre "AS TRÊS FASES DA POESIA" e aí eu pergunto: CADÊ??? A resposta está no final do samba: "A civilização dos índios/o grito de independência/e liberdade na escravidão". É ISSO AÍ MESMO AMIGO SAMBISTA, RESUMIDINHO... Porque na verdade, o samba é curtíssimo e os compositores tiveram PREGUIÇA de fazer um samba mais detalhado. E seu único refrão é devidamente genérico, mas o batidissimo verso "ninguém segura mais o Brasil" está presente. A unica coisa positiva é a bateria que faz boas bossas que valem a faixa inteira. Samba fraquissimo! NOTA 4,6

BEIJA-FLOR - Outro grande atrativo do disco é o primeiro registro fonográfico de umas das maiores POTÊNCIAS do nosso carnaval, a Beija-Flor de Nilopolis. O samba não tem refrão, a letra conta muito bem o enredo sobre o carnaval e a melodia, apesar de retilínea em alguns momentos, é bastante agradável. Bom samba nilopolitano em sua estreia em LP's. NOTA 8,7

LUCAS - O samba que faz uma exaltação a Donga, Pixinguinha e João da Baiana começa confuso. A letra em sua primeira parte é totalmente descartável por não ter conteúdo algum. O sambinha dá uma melhorada a partir do refrão central. A melodia oscila muito. Ora é boa, ora é chata. Num todo o resultado dessa samba é apenas mediano. A escola conseguiu o vice-campeonato e alcançou o Grupo Especial 72. NOTA 7,1

JACAREZINHO - Junto com a Santa Cruz, o Jacarezinho vinha do Grupo Principal após o descenso. A aposta para voltar novamente à elite era o enredo batido sobre a Bahia. Mas não deu certo. A rosa e branco ficou numa posição intermediária e o sambinha que embalou o seu desfile é animadinho e só. Letra apenas correta, melodia burocratica e refrões de gosto altamente duvidoso. Fecha o LP sem chamar a atenção do ouvinte. NOTA 6,8

ILHA - A escola não teve tempo para participar do LP e gravou seu samba para a posterioridade. Está disponível nesse endereço virtual:
http://www.4shared.com/mp3/0rwSvpsZ/1971_Unio_da_Ilha.htm?sop=true&locale=pt-BR. Falando da obra é com toda certeza o melhor samba do ano no Segundo Grupo e um dos melhores da história da Ilha. "Ritual Afro Brasileiro" possui uma boa letra mas o grande destaque é a melodia: MAGNIFICA. Principalmente a partir do verso "Candomblé, congada em terreiro" até o refrão "O negro vem da terra africana/carregando mitos/misturando cor" é perfeito melodicamente falando. Infelizmente a Ilha caiu para o Terceiro Grupo mas, no ano seguinte, a carnavalesca Maria Augusta estrearia na escola mudando radicalmente o jeito de fazer carnaval. NOTA 9,4