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Os sambas de 1969 A GRAVAÇÃO DO DISCO - Os sambas de 1969, assim como os de 1968 no primeiro LP de sambas-enredo do carnaval carioca, foram gravados ao vivo. Sobressaem-se no álbum o coral de pastoras, cantando ao som da bateria. Cada escola gravou seu samba de seu jeito. Umas utilizaram o coral cantando nas duas passadas do samba ao som da bateria - numa saudosa cadência -, sem acompanhamento de instrumentos de corda, mas com um apito sempre presente. Outras utilizaram procedimento semelhante ao disco de 1970: o intérprete cantando o samba na primeira passada ao som de pandeiros, cuícas ou tamborins (mais um cavaco na faixa portelense), com o coral entrando na segunda. A safra de 1969 eu a considero simplesmente a melhor de todos os tempos, ao lado da de 1976. Provavelmente nunca mais ouviremos num único carnaval sambas do quilate de "Heróis da Liberdade", "Treze Naus", "Brasil, Flor Amorosa de Três Raças", "Bahia de Todos os Deuses", "Yayá do Cais Dourado", "Gabriela, Cravo e Canela"... Resumindo: é uma obra-prima atrás da outra. Detalhe que o samba sagueirense não foi incluído no disco de capa acima. Ele foi comercializado num compacto à parte (isso não lembra a ladainha de 1998?). NOTA DA GRAVAÇÃO: 7 (Mestre Maciel). 1969 possui uma safra memorável. Apesar dos inevitáveis bois com abóboras, o LP é quase uma coletânea de sambas antológicos. O grande barato é que a produção melhorou em relação a 1968, ganhando um pouco mais de profissionalismo e variações sônicas, com faixas sendo cantadas por pastoras, com aquele "climão" ao vivo, e outras pelo intérprete da escola, ao som de pouco instrumentos, com o cavaco mais audível... Além disso, o LP tem umas faixas de bateria que mostravam claramente a diferença entre as escolas, como cada bateria tinha um tempero especial que a tornava única, distinta das demais. Império Serrano, Imperatriz e Vila Isabel apresentaram os grandes sambas do ano, devendo ser destacado também o samba salgueirense, que embalou o título da escola e consolidou a revolução no gênero samba-enredo, com uma letra curta, interpretativa e um refrão memorável, lembrado até hoje. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (João Marcos). A gravação da série "Festival de Samba" continua precária, mas melhorou muito em relação a do ano anterior. As pastoras ficaram muito mais afinadas. A bateria ficou com mais cara de bateria, e não uma batucada de latas que nem em 1968. Os intérpretes têm suas vozes mais compreensíveis, dando para entender melhor sua dicção. Mesmo assim, ainda não está nada perfeito. Está longe da perfeição. Os ruídos são muito grandes, o que infelizmente tira o brilho emocional dos sambas. A gravação também possui ecos muito notáveis. As obras, gravadas ao vivo, são difíceis de uma pessoa leiga, que não é perita em samba-enredo, entender. O disco também possui umas notáveis faixas de bateria, cuja maioria possui uns 31 ou 32 segundos (não entendi porque a faixa da São Carlos tem mais de um minuto). A safra é excelente, uma das melhores da história! Possui várias obras-primas, como "Heróis da Liberdade" (Império Serrano), "Mercadores e suas tradições" (Mangueira), "Brasil, flor amorosa de três raças" (Imperatriz Leopoldinense) e "Yayá dos cais dourados" (Vila Isabel), além de diversos sambas também agradáveis aos ouvidos. NOTA DA GRAVAÇÃO: 5 (Gabriel Carin). IMPÉRIO SERRANO - É, amigo! É uma obra-prima atrás da outra. Agora falo de ninguém menos do que "Heróis da Liberdade". O samba de 1969 da Império Serrano foi composto por ninguém menos do que Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola (mais Manoel Ferreira). E o samba possui uma melodia lírica e conclamadora, mais uma letra para lá de envolvente. A parte "É a revolução em sua legítima razão" incomodou os militares (o AI-5 havia sido recém revogado), que obrigaram a escola a trocar a palavra "revolução" por "evolução". Com justiça aparece em todas as listas dos melhores sambas-enredo de todos os tempos (para mim, é o melhor da história do carnaval), pois "Heróis da Liberdade" é uma obra de arte da nossa música. O samba foi regravado por artistas como Jorginho do Império (filho de Mano Décio da Viola), Martinho da Vila, João Bosco (para a Coletânea Sony), Abílio Martins e Roberto Ribeiro (cujo registro fonográfico considero o melhor de todos os tempos do gênero). NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Silas de Oliveira é o maior compositor de sambas-enredo da história. Não há dúvidas. Discute-se apenas qual de suas obras é a melhor. Geralmente, ou se aponta Aquarela Brasileira ou este aqui (alguns ainda falam de Cinco Bailes da História do Rio). A verdade é que "Heróis da Liberdade" é, indiscutivelmente, a letra mais bela. Além de contar o enredo de forma poética, Silas foi além, descrevendo o sentimento de um país. A repressão dos militares era vivenciada por todos - era a época do AI-5 e dos seus efeitos nefastos. E mesmo assim, o samba apresentou os seguintes versos: "Essa brisa que a juventude afaga/Esta chama que o ódio não apaga/Pelo universo é a evolução/Em sua legítima razão". Silas foi chamado ao DOPS e teve de mudar a palavra "revolução" por "evolução", o que não tirou nada da força da mensagem do samba. A melodia, como um lamento, em vez de ter a pegada de "Aquarela", mostra-se frágil, sensível, porém valente, como todos aqueles que brigam pela liberdade. O final apoteótico, como seu clamor de "Liberdade, Senhor!", é tão bonito que toca fundo na alma. O samba é uma obra-prima, um daqueles momentos em que o homem chegou perto da perfeição divina. "Heróis da Liberdade", no gênero samba-enredo, é o equivalente à "Monalisa" na pintura ou à Nova Sinfonia de Beethoven na música clássica. Se os compositores atuais escutassem isso e fizessem uma autocrítica, ficariam envergonhados. Nunca mais Silas ganharia no Império. Era o término de uma era, simbolizada pelos títulos do Salgueiro em 1969 e 1971. Em 1972, Silas morreria e "Heróis da Liberdade" se tornaria não só o seu réquiem, mas o de todos os grandes sambistas. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos). Sabem o que eu acho deste samba??? O melhor da
Era pré-Sambódromo e o segundo melhor de todos os tempos (na
minha opinião, perde para o meu amado "O Século do
Samba", da Mangueira de 1999)! Um clássico de 1969, o
melhor samba do Mestre Silas de Oliveira (infelizmente, a última
obra dele). A sua leveza é muito profunda, capaz de tocar o
coração de qualquer ouvinte. Sua melodia é única na história
do carnaval carioca! Muito envolvente, apelando bastante para o
lado emocional de quem o escuta. A letra é um esplendor
fantástico, com termos muito ousados para aquela turbulenta
época (ditadura militar). Ele começa pequeno, aos poucos vai
ganhando forças, até chegar a um patamar único na história da
MPB e esvair o ouvinte em lágrimas! Você pode reparar esse
crescimento apenas lendo sua poética letra. Veja como os versos
vão se alongando, se alongando, se alongando até chegar ao
clímax da obra ("Ao longe soldados e tambores/Alunos e
professores..."). O samba incomodou muito os generais.
Com o AI-5 recém-promulgado, os compositores foram chamados para
ter uma "conversinha" no DOPS. Acabaram sendo obrigados
a trocar a palavra "revolução" por
"evolução". Para mim, isso foi algo simples demais.
Eu achei estranho eles não vetarem trechos como "Ao
longe soldados e tambores/Alunos e professores/Acompanhados de
clarim" ou "Esta brisa que a juventude
afaga/Esta chama que o ódio não apaga". Talvez seja
pelo fato de Silas ter ficado horas jurando que o samba não
tinha nenhuma relação com aquele momento vivido da história do
Brasil. Bem, para a alegria de todos nós a obra pôde ser
cantada na avenida. Muitos dizem que o Império só não foi
campeão pelo seu gigantismo, o que atrapalhou a evolução do
desfile, algo parecido com a Mocidade Independente em 1999. E
assim como a Mocidade, o Império ficou em 4º lugar. Enfim, um
samba perfeito, à disposição de todos aqui no Sambario.
Encerrou-se assim uma era no carnaval carioca, pois este foi o
último samba que Silas de Oliveira venceu no Império antes de
sua morte, em 1972. "Heróis da Liberdade" marcou para
sempre a história do samba brasileiro, tendo inúmeras
regravações, como a de Abílio Martins, Jair Rodrigues, João
Bosco (para a Coletânea Sony, minha versão preferida), Roberto
Ribeiro, Jorginho do Império, Martinho da Vila, Mestre Marçal,
e de Mano Décio da Viola. Por falar Muito bom, o terceiro melhor do Império, apenas perdendo para "Aquarela Brasileira" e "Os 5 bailes da história do Rio". Esse samba é muito emocionante. A partir de quando começa a falar dos soldados, o samba fica maravilhoso. A parte sobre o samba, é maravilhosa, acredito que a melhor parte dessa linda obra. Mais uma pedrada de Silas de Oliveira, o maior compositor de sambas-enredo de todos os tempos. NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Para mim a segunda obra da história. O mestre Silas de Oliveira não hesitou em mostrar seu talento quando se trata de compor um samba pra marcar época. Quem não conhece o poderoso refrão "Ô ô oôo... Liberdade senhor!"? Me arrepio toda vez que ouço esta fantástica obra antológica, perfeita em sua composição melódica, próxima da perfeição poética, com versos fáceis de serem cantados, apesar de todo o lirismo, e com um conteúdo fortíssimo. Destaco neste samba (que aliás é fenomenal do início ao fim) os versos "Samba oh, samba, tem a sua primazia em gozar de felicidade... Samba, meu samba, presta esta homenagem, aos Heróis da Liberdade...". Espetacular, SE não tivessem os o-oôs, que acabam por prejudicar a beleza poética da obra. Perdão, mestre Silas, mas podería haver uma palavra que fortalecesse este refrão. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Vítor da Comissão). É pedrada atrás de pedrada em 1969! Não há muito mais a se falar desta obra extraordinária, apenas deixo aqui um trecho, pra orgulhar qualquer sambista "Samba, oh samba/Tem a sua primazia/De gozar da felicidade/Samba, meu samba/Presta esta homenagem/Aos "Heróis da Liberdade". Salve Silas, salve Mano Decio. NOTA DO SAMBA: 10 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba MOCIDADE - Um samba bastante característico dos anos 50 e 60, com uma melodia lírica (que novidade este tipo de melodia nessa safra de 1969), sem originalidades e uma letra não tão extensa, mas que descreve didaticamente o homenageado (o historiador Francisco Adolfo Varnhagen) de maneira a colocar-lhe os mais requintados elogios. Um samba bonito da Mocidade e, no disco, a bateria de Mestre André mais uma vez entra em cena com uma envolvente paradinha no trecho "Embelezando ainda mais o cenário do Rio de Janeiro". NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). Samba típico dos anos 60. Entretanto, chega a ser covardia coloca-lo após o samba do Império Serrano no LP. A letra repousa em clichês, sem dizer muita coisa. Os refrões são fracos e a melodia é comum, com ar de samba classudo, mas sem grande consistência. Além disso, alguns problemas técnicos, principalmente de métrica, ficam patentes com as atravessadas feias das pastoras. É um samba bonitinho, mas ordinário. NOTA DO SAMBA: 6,7 (João Marcos). Esse hino da Mocidade é lamentável. "Vida e glória de Francisco Adolfo Varnhager" é um sambinha fuleiro, com rimas pobres e conteúdo rebuscado, sem brilho algum. O refrão "Glória/Ao eminente historiador/Assim cantamos/Em seu louvor" é quase uma cópia do refrão central do samba do ano anterior. O "refrão" com os "Ô ô ôs" é ridículo. A primeira parte a gente até engole, mas a segunda é de uma irritabilidade descomunal. É mais um daqueles sambas que falam, falam, falam e não dizem nada, muito comuns na época. A letra limita-se em dizer que Francisco Adolfo Varnhager era um gênio, um vulto fantástico da história, um homem brilhante, seu trabalho foi excepcional, etc., mas não cita nada sobre sua vida e obra. A parte "Existe no Largo da Glória/O busto deste grande brasileiro/Embelezando ainda mais/O cenário do Rio de Janeiro" é um desastre! Gastar quatro versos para só falar de uma escultura do Largo da Glória? Parece até que esse tal busto é um ponto turístico ou uma obra-de-arte do Rio, "embelezando ainda mais o cenário" da Cidade Maravilhosa. Destaque para o coro (muito mais afinado que em 1968, diga-se de passagem) e para as paradinhas de Mestre André, entoadas na segunda parte do samba. NOTA DO SAMBA: 5,9 (Gabriel Carin). Um bom samba. A primeira parte é média, bem puxada pra boa. Seu único refrão é de intenso agrado, o ôôô também é bem qualificado. A segunda parte também é muito boa, mas nada se compara à paradinha bem atual da bateria, no trecho: "Embelezando ainda mais / O cenário do Rio de Janeiro". Uma boa faixa, mas nada de mais. Não representa muita coisa pra história da Mocidade. Obs: o coral é muito desafinado. Cruz credo! NOTA DO SAMBA: 9,2 (Vitor Ferreira). A poesia lírica seria agradável sem os "ooôs"... Típico fator prejudicial dos sambas dos anos 60, os malditos oôs e lalaiás. A melodia também me agrada apesar de simples, mas infelizmente o samba da verde e branco de Padre Miguel praticamente hoje não é lembrado, nem comentado entre os bambas. NOTA DO SAMBA: 7,6 (Vítor da Comissão). Aqui um samba que 'esfria' o disco. O hino da Mocidade é muito arrastado. Refrões fracos, e uma melodia esquisita (principalmente no final). Passa despercebido numa safra tão magnifica como a de 1969. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba SÃO CARLOS - Samba bem extenso, de letra extensa e didática, mas de uma beleza incomum e uma melodia tão maravilhosa que faz da audição do hino da São Carlos de 1969 algo muito prazeroso. Realmente os compositores estavam inspirados em 1969. "Gabriela, Cravo e Canela" teve uma bela regravação de Dominguinhos da Estácio para a Coletânea Sony da escola em 1993. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel). Um bom samba, apesar da letra imensa, que o torna de difícil de memorização. A melodia não tem muitas variações, mas é interessante o suficiente para manter o interesse, com uma leveza que a mim, particularmente, impressiona. O único refrão é curto e forte. A letra resume a história de amor de Gabriela e Nacib, uma das mais belas da história da literatura brasileira, com perfeição. NOTA DO SAMBA: 8,3 (João Marcos). Representante autêntico do denominado estilo samba-lençol. “Gabriela, cravo e canela”, enredo fruto de uma das mais exuberantes obras do escritor Jorge Amado, gerou um samba excelente, pautado com um lirismo já inexistente nos sambas-enredo da atualidade. A letra, embora notavelmente quilométrica, aborda o tema com muita coesão, contando de forma clara e concreta todo romance do qual se constitui o livro. A melodia, como de praxe dos anos 60, não possui muitas variações relevantes, mas é tão bem estruturada que consegue ser adorável mesmo sem demonstrar explicitamente ousadia ou extravagância. O seu único refrão não só dá uma verdadeira aula de simplicidade, como também consegue mesclar romantismo e animação com muita competência, fato ajudou bastante a escola no desfile. Um clássico! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin). Um bom samba também, melhor que o da Mocidade. A primeira parte, apesar de ter falhas, é muito boa. O refrão é delicioso e muito simples: "Tão bela, oi, tão bela / O cheiro de cravo e a cor de canela". A segunda parte cai um pouco, mas também é muito boa. Um samba muito bom, um dos melhores da Estácio, na época São Carlos. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Vitor Ferreira). Outra obra que usando dos artifícios da poesia conseguiu contar perfeitamente o belíssimo enredo que é a obra "Gabriela, Cravo e Canela", do escritor baiano Jorge Amado, grande nome de nossa literatura nos romances da década de 30, na segunda fase Modernista. A melodia também é gostosa de se ouvir. Samba que me agrada, embora não esteja entre os mais lembrados da escola que hoje possui o nome de Estácio de Sá. NOTA DO SAMBA: 8,2 (Vítor da Comissão). Samba que descreve, com tamanha beleza, a personagem (e história) de Gabriela de Jorge Amado. Melodia qualificada, letra descritiva e poetica. Como fã de Jorge Amado, e do samba, agradeço muito a oportunidade de poder ouvir tantas vezes essa obra maravilhosa. NOTA DO SAMBA: 10 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba PORTELA - Só de ouvir "Treze Naus" sinto-me com olhos marejados e até com tonturas tamanha a comoção que sinto de tanta emoção que este samba me desperta. Ao redigir o comentário ao samba portelense de 1969, já me sinto bastante trêmulo. É que este samba-enredo é simplesmente divinal. Não seria exagero qualificá-lo entre os cinco melhores de todos os tempos, pois trata-se de um samba das antigas, com uma melodia doce, cadenciada e fantástica, acompanhado a um belo "lararará" servindo de refrão central e final. A letra é simples, mas conta com uma perfeita clareza os feitos de Pedro Álvares Cabral e suas treze naus. No disco, a gravação é sensacional. Silvinho do Pandeiro fazia a sua estréia como intérprete oficial da Portela cantando com maestria singular o samba na primeira passada. Na segunda, o coral de pastoras o interpreta com coração, numa garra incomum. "Treze Naus" é, sem dúvida, um momento único do carnaval. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Um samba competente, com letra simples e clara, e uma melodia pouco comum nos dias de hoje. Falando do descobrimento do Brasil, em especial da viagem feita pelas treze naus comandadas por Cabral. É um samba coadjuvante na história da escola, repleta de obras antológicas, mas tem seus méritos. Saliente-se a belíssima interpretação de Silvinho do Pandeiro. A assinatura de Ary do Cavaco, compositor do samba, é sempre um atestado de qualidade. NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos). Um samba fantástico, com melodia impressionante! Concordo com o Mestre Maciel: é um samba extraordinário, que merecia um pouco mais de atenção dos bambas. Tem variações interessantíssimas, resultando uma melodia única. O enredo conta sobre a viagem de Cabral rumo às Índias. Mas com uma melodia tão esplendorosa, a gente mal presta atenção na letra (que também é excelente). Por falar em letra, este samba possui muitos momentos semelhantes à obra da Mocidade de 1979, cujo enredo era o mesmo. Amo o refrão "Criava assim um mundo novo/E glorificava um grande povo". Só não sou meio fã da parte do "lararará". Parabéns a Ari do Cavaco (falecido recentemente) e a Rubens por esse samba, um verdadeiro "feito colossal", como a própria obra diz. Só para constar, ouvir a voz de Silvinho do Pandeiro nos traz um sentimento muito bom. É o único intérprete comum a nós do século XXI no LP, ao lado de Martinho da Vila. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Gabriel Carin). A primeira vez que ouvi, tive uma surpresa. Lendo os comentários, dá a impressão de ser totalmente em tom menor, triste e tudo mais. Mas não é o que acontece, é um samba até alegre! A primeira parte é excelente, bem como o lárárá. A segunda parte mantém o nível. O lárárá no fim é igual ao do meio do samba. Um dos melhores da excelente safra portelense. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Ferreira). Melodia perfeita e emocionante. O defeito está na poesia e é o mesmo defeito de muitos sambas da década e volto a repetir: ooôs e lalaiás. Além da difícil memorização da letra, o canto também é um pouco complicado, o que faz dela menos lembrada do que poderia ser. NOTA DO SAMBA: 9,0 (Vítor da Comissão). "Treze Naus" é um dos bons sambas da Portela. Seu forte é a melodia, muito rica. Aqui todos os "lararara" estão bem inseridos na letra. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba MANGUEIRA - A verde-e-rosa, na época, estava acostumada a cantar sambas de letra poética e melodia lírica. "Mercadores e suas Tradições" não foge de maneira nenhuma à regra. O hino mangueirense de 1969 é belo, com uma melodia para lá de emocionante, de variações bem sucedidas e dois refrões fantásticos (o último "Glória a estes bravos..." é um primor). O começo do samba também possui uma melodia sensacional, pois o trecho "Abriu-se/A cortina do passado/Neste palco iluminado/Onde tudo é carnaval" é daqueles cuja audição emociona qualquer tipo de bamba. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel). O samba dos eternos Hélio Turco e Jurandir é técnico, tem boa letra, com alguns momentos extremamente poéticos. É um samba com cara de Mangueira, cara esta que estes compositores ajudaram a construir. Porém, falta algum momento melódico mais memorável. O samba é linear demais. Evidente que a obra, na voz do Jamelão, deve ter subido muito de produção no desfile, mas no LP passa meio despercebido. NOTA DO SAMBA: 8 (João Marcos). Outro samba fenomenal! Um dos melhores da
verde-rosa! Poético, lírico, bastante lembrado pelos bambas. A
introdução ("Abriu-se Excelente samba. A primeira parte é maravilhosa, de intenso agrado. O refrão central é mediano. A segunda parte é bem melhor que a primeira, principalmente no trecho: "Longe, ao longe então se ouvia / A suave sinfonia / Dos mascates em pregões". O refrão principal também é muito bom. Este samba é melhor que o do ano anterior, mas é bem menos conhecido e comentado. Uma pena! NOTA DO SAMBA: 9,7 (Vitor Ferreira). Um samba que foge às regras da década. Pouco lirismo e por ser mais acelerado, seria possível trazê-lo para a avenida novamente sem fazê-lo se arrastar. Uma melodia boa e poesia agradável. Mas há muitos sambas melhores apresentados pela Verde e rosa. NOTA DO SAMBA: 7,9 (Vítor da Comissão). Bom samba da Manga. Tem letra e melodia qualificadas, mas diante da excelente safra do ano, passa meio batido. NOTA DO SAMBA 9,1 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba UNIDOS DE LUCAS - Samba de letra extensa, mas com uma melodia bem variada e envolvente. Na primeira parte do samba, sua melodia é mais descontraída. Já na segunda, ela se torna mais lírica. E seu refrão principal é contagiante "Na Bahia tem, tem, tem, tem/Na Bahia tem, oh Baiana/Água de Vintém". NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Apesar de muito longo e de ter umas forçações de barra na letra aqui e ali, o samba tem vários momentos memoráveis, com passagens contagiantes, fortíssimas, com muita beleza e a simplicidade. Será que teria a mínima chance de vitória, nos dias de hoje, um samba com versos como estes "Na Bahia tem/tem, tem, tem/na Bahia, tem, oh, baiana/água de vintém"? O jogo de palavras, com inúmeras repetições, acabou se tornando artifício muito utilizado nos anos 80. Veja, por exemplo, o seguinte trecho: "Em cortejo de grande alegria/O vaqueiro anuncia a dança do Boi-Bumbá/O meu Boi morreu, o meu Boi-Bumbá/ Manda buscar outro, maninha lá no Ceará/Olê lê lê, olê lê, olá lá, maracatu é festa em Pernambuco e Ceará". Pode parecer falta de criatividade, mas não é - é um efeito que funciona, deixando o samba mais rico e gostoso de cantar. Excelente! NOTA DO SAMBA: 9,4 (João Marcos). Belíssimo samba-enredo!!! Tem uma melodia espetacular, aliado a uma letra impecável. Samba com cara de samba mesmo, contando muito bem o enredo. O folclore brasileiro recebeu uma "auto-homenagem" esplendorosa. A primeira parte tem rimas inteligentíssimas! As variações melódicas o tornam muito dançante, deixando essa obra-prima sem nenhuma cara de samba dos anos 60! Parece mais um daqueles contagiantes sambas-enredo de David Correa. Amo os refrões, especialmente o central "Olê lê lê olê lê olá lá/Maracatu é festa em Pernambuco e Ceará". A segunda parte também é muito boa, porém os versos muito longos tornam a obra difícil de ser cantada. O trecho "As legendárias Amazonas e a Rainha Conhori/Guerreira de braço forte, que lutou até a morte/Na seita dos Canaraí" é muito bom. Depois do inesquecível "Sublime Pergaminho", os compositores parecem querer criar inúmeras inovações. Uma ousadia interessante, um prenúncio ao "Pega no Ganzê" de 1971. Não entendi porque o Galo da Leopoldina caiu em 1969, tendo Clóvis Bornay como um dos carnavalescos (emprestou também seu talento para Portela, tendo bons frutos) e um samba excelente destes. Está no meu Top 10 dos melhores sambas da Lucas. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Gabriel Carin). Adoro este samba. O seu refrão principal parece dos anos 70: "Na Bahia tem, tem, tem / Na Bahia tem, oh, baiana / Água de Vintém". A primeira parte também é maravilhosa, sem comentários, principalmente quando fala do boi-bumbá. O refrão central também parece dos anos 70: "Olêlêlê olêlê olálá / Maracatu é festa em Pernambuco e Ceará". A segunda parte mantém o grande nível. Um sambaço da Unidos de Lucas, bem alegre. NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Mistura lirismo e agitação. Seu refrão é bem envolvente, o que torna este refrão de fácil memorização. Considero a melodia agradável, porém longe da perfeição. E a letra, ao meu ver é grande demais, apesar de a poesia ser muito bonita. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Vítor da Comissão). Excelente samba da escola, que pelo segundo ano consecutivo, trouxe um samba forte. Mesmo com a letra longa, mantém o pique, com belos versos, falando do nosso folclore. O refrão principal é excelente. Mais um belo momento do carnaval de 1969. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba EM CIMA DA HORA - Belo samba! Cadenciado e de melodia bem variada, envolvente e, sobretudo, clássica (o lalaiá não falta). Sambas-enredo como esse, sem dúvida, despertam saudade! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). É um samba apenas razoável. A letra alterna bons momentos com outros fraquíssimos, principalmente na parte final, como demonstra os seguintes versos, que beiram o trash: "A exploração era geral/Na mineração e também no vegetal/O pau-brasil/De um século para outro sumiu". A melodia não causa grandes impressões ao ouvinte. É um samba de estilo clássico, mas sem sal. NOTA DO SAMBA: 7,1 (João Marcos). Samba agradável. Tem seus bons momentos, principalmente na segunda parte. A obra é infeliz ao referir a escola no gênero masculino ("O" Em Cima da Hora?!?!?). O refrão central "A toda crueldade resistia/Oh! Quanto o negro sofria" é bem trash. Pra completar, seu intérprete é péssimo. A gente fica rezando para chegar na segunda passada, quando as pastoras cantam. Gosto bastante da parte "As montanhas de esmeraldas/As pepitas brilhantes/Aumentavam as ilusões dos aventureiros bandeirantes". Também tem um refrão principal maravilhoso. Enfim é uma bela obra, mas possui muitos pontos fracos. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Gabriel Carin). Não me agrada muito, não! A primeira parte não apresenta muita coisa. Apesar de depois do refrão melhorar bastante. O refrão central é de intenso agrado. A segunda parte é muito boa. O refrão principal é meio alegrinho e razoável. Um bom samba, mas... NOTA DO SAMBA: 9,1 (Vitor Ferreira). Ai, ai... Malditos lalaiás conseguiram enfraquecer outra obra que poderia marcar época somente pela poesia. É incrível, não consigo compreender porque os compositores insistiam em usar deste arfifícios. Lalaiá é usado normalmente para cantarolarmos melodias em que nao lembramos de uma certa palavra numa certa passagem. Tirando os 'lalaiás', a obra é bonita. NOTA DO SAMBA: 7,7 (Vítor da Comissão). Sambaço! Letra longa, porém um primor de letra! A melodia ganha ainda com o excelente coral (os sambas antigos têm essa vantagem, a meu ver) a partir da segunda passada. Excelente. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba IMPERATRIZ - Até há pouco tempo atrás, eu considerava com toda a certeza e segurança o samba de 1989 (Liberdade, Liberdade) como o melhor da Imperatriz Leopoldinense. Isso até ouvir "Brasil, Flor Amorosa de Três Raças", obra-prima de Carlinhos Sideral e Mathias de Freitas. Esse samba de melodia singular, com um primor de letra - bons tempos em que a poesia reinava num samba-enredo -, fez eu rapidamente mudar de opinião quanto a melhor obra da agremiação de Ramos. É difícil de encontrar um outro samba mais lírico do que o hino da Imperatriz de 1969, que teve uma bela gravação no disco original pelas pastoras e uma regravação melhor ainda em 1993 na Coletânea Sony da escola feita por Tuninho Professor. "Brasil, Flor Amorosa de Três Raças" talvez seja o samba-enredo com as melhores variações melódicas da história, e seus dois refrões (principalmente o central) são autênticas obras de arte. Só um detalhe: originalmente é cantado "dos garimpeiros aos canaviais". Na regravação, "garimpeiros" foi trocado por "garimpos". NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). A inspiradíssima letra de "Brasil, Flor Amorosa de Três Raças", aliada a uma melodia fantástica, impensável para um samba atual, alçam a composição à categoria de obra-prima da escola - na minha opinião, inferior apenas à "Liberdade, Liberdade". As imagens construídas pelo legendário compositor Carlinhos Sideral são belíssimas. Veja que coisa linda os seguintes versos, comparando o início da história do Brasil com o desabrochar de uma flor: "Germinam fatos marcantes/Deste maravilhoso Brasil/Que a lusa prece descobria/Botão em flor crescendo um dia/Nesta mistura tão sutil". Simplesmente, lindo! NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos). Samba lindo, o melhor da história da Rainha de Ramos! Concordo com o Mestre Maciel: é um dos sambas mais líricos da história. Como Dominguinhos do Estácio diz, samba "poesia pura". A sua regravação de Tuninho Professor (grande compositor leopoldinense, hoje no Salgueiro) para a Coletânea Sony é perfeita. A letra é muito bem construída, na qual os compositores prestam atenção em cada mínimo detalhe, para não ter nenhum erro. E realmente, esses sambas-enredo não têm nenhuma falha! Realmente, é excepcional o "Brasil" que Carlinhos Sideral e Mathias de Freitas criaram através de versos extraordinários, com a interligação perfeita da cultura das três raças. Destaque para o refrão "Ó meu Brasil/Flor amorosa de três raças/És tão sublime quando passas/Na mais perfeita integração". Impressionante!!! Curiosidade: a faixa da bateria da Imperatriz é a única que deixa escapar o som do samba sendo tocado. NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Lindo, lindo, lindo!!!! O melhor samba da Imperatriz, com certeza. A primeira é bem lírica, de intencíssimo agrado. O refrão central é maravilhoso. Mas, nada se compara a segunda parte, que é alegrinha, corridinha, sem comentários. O refrão principal também é maravilhoso. O melhor samba-enredo da Imperatriz, do ano e até, quem sabe, o melhor de todos os tempos. Parabéns aos compositores!!! Advinhem a nota??? 1000000... NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Ao meu ver, samba que está na competição dos melhores de todos os tempos. Pelo menos no disco é fantástico. As variações melódicas são tão agradáveis que eu mando tocar 2, 3, 4, 5 vezes. Não me canso se ouvir este clássico gresilense. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Vítor da Comissão). Riqueza de letra, poesia pura, um dos melhores sambas da história da Imperatriz. O samba tem variações de melodia fantásticas. Obrigatório para qualquer bamba! NOTA DO SAMBA: 10 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba VILA ISABEL - Em mais um samba de Martinho da Vila para a escola, desponta em "Yayá do Cais Dourado" uma melodia original, bastante envolvente e cativante, sendo um pouco semelhante a uma cantiga. Zé Ferreira realmente estava conseguindo revolucionar o samba-enredo. Uma das maiores obras-primas da Vila Isabel, sem dúvida nenhuma. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Um samba único, genial, prova do talento de Martinho da Vila. A simplicidade melódica de seus sambas torna acessível obras de construção extremamente complexas, como a belíssima história de Yayá do Cais Dourado. O samba não tem aquele tipo de refrão que estamos acostumados a ouvir. Martinho preferiu repetir apenas o ultimo verso de cada estrofe, dando um efeito raro, fazendo o samba ser memorável como um todo. E isso é que é impressionante, porque apesar de ser muito experimental, tem uma dolência encantadora e uma melodia assobiável como poucas. Martinho ajudou a mudar a cara dos sambas-enredo e a consolidar a Unidos de Vila Isabel como uma das maiores escolas do carnaval carioca. É uma pena ver a ingratidão da escola com seu poeta maior. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos). Samba extraordinário, singular do poeta maior da Vila Isabel! Para mim, este é o segundo melhor samba de Martinho para a Vila Isabel ("Onde o Brasil aprendeu a liberdade" de 1972 é melhor). "Yayá dos cais dourados" é um dos seus sambas mais famosos, graças à sua letra facílima e à sua animação contagiante. Conta muito bem a história de amor do capoeira e de Yayá. Essa obra-prima foi regravada inúmeras vezes, principalmente pelo seu autor. Destaque para os refrões, todos com o mesmo tipo de variações melódicas. Esplendoroso! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin). Cada pedrada!!! Sambaço, lindo também!!! Este samba não posso comentar como os outros: 1ª parte, refrão central, 2ª parte e refrão principal. O samba todo em si é excelente, destaque para a segunda metade, que é mais corridinha. O mais estranho é que, no disco, o samba é praticamente cantado à capela, apenas com uma cuíca ao fundo. NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Samba Antológico!!!! Outra obra pro hall de Martinho da Vila. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vítor da Comissão). "Yayá do Cais Dourado" é um dos sambas mais bonitos da Vila, mais uma obra imortal de Martinho da Vila (parceria com Rodolpho). A letra é simples, e ao mesmo tempo, riquissima, perfeita, linda. Todos os 'laralara' estao perfeitamente colocados na letra, ao contrário de muitos sambas. Sambaço! NOTA DO SAMBA: 10 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba SALGUEIRO - O samba de 1969 da Academia, "Bahia de Todos os Deuses", foi comercializado num compacto da escola e, por isso, não foi incluído no LP do Festival de Samba que reuniu os sambas do carnaval de 1969. O Salgueiro, 29 anos depois, repetiria a atitude ao lançar num CD independente seu samba para o carnaval de 1998, não o incluindo no álbum oficial de sambas-enredo. A escola, depois de levar para a avenida durante a década de 60 sambas líricos, cadenciados e de letras extensas, resolveu mudar para 1969 ao cantar um samba-enredo mais animado e descontraído. A primeira parte é um pouco mais clássica, mas a partir do trecho "Nega baiana/tabuleiro de quindim..." a escola chama a passista pra sambar e a baiana pra rodar. E o refrão "zum-zum-zum-zum-zum-zum/capoeira mata um" talvez seja um precursor dos refrões oba-oba que tomariam conta do Salgueiro a partir da década de 90. O samba-enredo sem dúvida ajudou o Salgueiro a levantar o caneco do carnaval de 1969. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel). "Bahia de Todos os Deuses" é o primeiro samba enredo interpretativo da história. Curtíssimo, com apenas um refrão, o inesquecível "zum-zum-zum-zum-zum-zum/capoeira mata um", a composição ajudou a mudar o estilo dos sambas nos anos 70 e embalou um Salgueiro que apostou num enredo que "sempre dava azar" - nenhuma escola que falava da Bahia conquistara o título até então, vide o Império Serrano em 1966. A competência da equipe de Fernando Pamplona, aliado a este samba, que se não é uma obra-prima, é leve, animado, contagiante e caiu no gosto popular, mudou a história do carnaval carioca. NOTA DO SAMBA: 9,8 (João Marcos). Samba campeão do ano é muito bom, com uma melodia inteligente e rimas bem feitas. O enredo do mestre Fernando Pamplona gerou um dos mais famosos sambas dos anos 60, graças ao seu inovador refrão "Zum, zum, zum/Zum, zum, zum/Capoeira mata um!", quebrando o tabu de que a Bahia dava azar (afinal, o Salgueiro foi campeão). É com certeza uma novidade que geraria as futuras marchas-enredo da escola. A maioria do samba não é oba-oba. Só a partir do espetacular trecho "Nega baiana/Tabuleiro de quindim/Todo dia ela está/Na igreja do Bonfim, oi/Na ladeira tem, tem capoeira". Realmente, um destaque positivo nesta safra excelente. Dizem (não era nascido na época, claro) que o samba funcionou muito bem na avenida e que o Salgueiro teve uma evolução maravilhosa, animando todos os espectadores presentes. O desfile trouxe um dos mais belos carros alegóricos da história do carnaval, feito por Arlindo Rodrigues, que era uma Iara feita de papel-marchier prateado, rodeada de rosas e oferendas. Voltando ao assunto do samba, ele não inteirou o LP do "Festival de samba". Se você procurar com cuidado na internet, deve achar a belíssima regravação de Jair Rodrigues desta obra, feita dois anos depois deste desfile. Belo samba, o grande campeão de 1969!!! NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin). Mais um excelente samba da grande safra de 1969. Um grande samba-enredo salgueirense, que além de ter ido pra avenida com o próprio Salgueiro em 1969, desfilou também com a Tradição em 2006 e poderá ir com a Viradouro em 2009... haja fôlego. Apesar disso, não é tudo isso, não! O samba é praticamente sustentado pelo refrão, um dos mais famosos da história: "Zum, zum, zum / Zum, zum, zum / Capoeira mata um". Bom samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Vitor Ferreira). "Nega baiana, tabuleiro de quindim... Todo dia ela está, na Igreja do Bonfim ôoo...". A melodia é muito agradável para se cantar e a poesia também é muito boa. Os zum-zum-zuns podem ser lembrados com felicidade, mas ao meu ver são extramamente prejudiciais à letra da obra, da mesma forma que os lalaiás e ooôs. Em minha opinião, sons estranhos que não tenham sentido ou qualquer onomatopéia, são recursos de linguagem que devem ser evitados. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Vítor da Comissão). Sou um entusiasta de enredos sobre a Bahia. E ainda mais com o Salgueiro, resultou num dos sambas antológicos do carnaval! Um trecho sublime, entre muitos:"Nega baiana/Tabuleiro de Quindim/todo dia ela está/Na igreja do Bonfim" - Divinal! A melodia do samba é vibrante. Mais um sambaço de 1969. NOTA DO SAMBA 10 (Eduardo). Clique aqui para ver a letra do samba |
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