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ALMIR SAINT-CLAIR

XANGÔ DA MANGUEIRA

      

 

     

Nome completo: Olivério Ferreira       

Ano de nascimento: 1923

Ano de falecimento: 2009

     

                                                                    

Xangô da Mangueira foi um estilista do samba, improvisador, especialmente no partido-alto e sua influência se estende por vários representantes do gênero, especialmente Martinho da Vila. Até 1951, foi o intérprete oficial da Estação Primeira, posto depois ocupado por Jamelão.

O jovem Olivério iniciou no samba na década de 1940, na escola de samba União de Rocha Miranda, transferindo-se posteriormente para a Portela, onde foi discípulo do célebre Paulo da Portela. Após a saída de Paulo da escola, Xangô o seguiu por um tempo em outra escola, a Lira do Amor. Como também admirava a Mangueira, Xangô pediu permissão ao seu mestre, Paulo, e ingressou na verde e rosa, onde permaneceu pelo resto da vida, notabilizando-se como diretor de harmonia, cargo que ocupou por várias décadas.

Xangô foi o intérprete oficial de samba da Mangueira até 1951, quando foi sucedido por Jamelão. Na década de 40, ao diretor de harmonia cabia dar a “puxada” no samba (cantar sozinho a primeira passada no tom certo) para o coral da escola entrar depois. Surgia então a expressão “puxador de samba” – antes restrita ao mundo do carnaval até meados da década de 70, quando o termo passou a aparecer impresso nos selos dos discos de samba-enredo. Detalhe: nos primórdios do carnaval, o diretor de harmonia puxava o samba nos ensaios no terreiro e no desfile SEM microfone ou carro de som.

Na década de 1970, Xangô da Mangueira gravou quatro LPs pela gravadora Tapecar e desenvolveu extensa atividade artística, apresentando-se como cantor em todo o Brasil e no exterior. Como compositor, teve diversas obras gravadas por cantores como Clara Nunes e Roberto Ribeiro. Entre seus maiores sucessos: “Moro na roça”, “Quando eu vim de Minas”, “Recordações de um batuqueiro”, “Senhor diretor de harmonia”, “Isso não são horas”, entre outras.

Embora tenha feito fama com o nome do orixá da justiça, do fogo, dos raios e das tempestades, e de ter frequentado terreiros, Xangô da Mangueira era um adepto do budismo, ao qual foi apresentado pela esposa Sônia, com quem viveu durante 22 anos. O apelido surgiu ainda na adolescência, quando o compositor trabalhava numa fábrica de tecidos no bairro de Del Castilho, na zona norte do Rio. Olivério gostava de apelidar as pessoas, e passou a chamar um colega de trabalho de Macumba. O colega aceitou, e notou que Olivério tinha a cara de um desenho do orixá Xangô impresso em um calendário de parede no escritório onde ambos trabalhavam. O apelido acabou pegando. No carnaval, três personalidades levaram o apelido de Xangô: Joel Toledo, do Morro de São Carlos (Xangô do Estácio); o professor de história Júlio Machado, que a cada ano desfilava pelo Salgueiro fantasiado de Xangô (o padroeiro da escola), sendo chamado pelos mais próximos de “Xangô do Salgueiro”, e, finalmente. Olivério Ferreira, o Xangô da Mangueira.

O “senhor diretor de harmonia” sofria de mal de Parkinson e tinha infecção renal crônica, agravada pelo diabetes. Olivério Ferreira morreu de complicações cardíacas, às vésperas de completar 86 anos, no Hospital do Irajá, sendo velado e enterrado no cemitério do Cajú. E Xangô da Mangueira entrou definitivamente no panteão dos orixás do carnaval brasileiro.
      
 
Início: União de Rocha Miranda, no início da década de 1940. Depois Portela, Lira do Amor e, por fim, Estação Primeira de Mangueira.

GRITO DE GUERRA: Não tinha. Xangô da Mangueira era do tempo que intérprete não tinha um grito de guerra específico.

CACOS CARACTERÍSTICOS: Não tinha.

DISCOGRAFIA:

- O Rei do Partido-Alto (1972)
- Velho Batuqueiro (1975)
- Xangô da Mangueira vol. 3 (1978)
- Chão da Mangueira (1982)
- Recordações de um Batuqueiro (2005)

ESTANDARTE DE OURO:

Personalidade, 1997

MAIS FOTOS DE XANGÔ DA MANGUEIRA


Xangô e o estandarte da Mangueira


Capa de seu primeiro disco, "Rei do partido-alto" (1972)


Capa de seu terceiro disco, gravado em 1978


Foto pesadíssima com a fina flor do morro de Mangueira: Padeirinho, Babaú, Xangô, Nelson Sargento e Jorge Zagaia, nos anos 70


Outra foto pesada: mesa animada reunindo Xangô, Roberto Ribeiro, João Nogueira, Martinho da Vila e Mano Décio da Viola, durante as gravações do programa Levanta a Poeira, que foi ao ar na TV Globo em 1977


Encontro de duas forças da natureza: Xangô da Mangueira (esq.) e Clementina de Jesus (final dos anos 70)


Outra foto que foi difícil de carregar, de tão pesada: o compositor Xangô e o ator Grande Otelo




Xangô e sua neta, a jovem Squel, em 2002. Nessa época, a hoje primeira porta-bandeira da Mangueira defendia o pavilhão da Grande Rio, escola que desfilou por dez anos

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