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Vira a cabeça pira o coração. Loucos gênios da criação (Viradouro - 2018)
Vira a cabeça pira o coração. Loucos gênios da criação (Viradouro - 2018)

Chegou tua hora, Viradouro!
Grita forte para desestabilizar o cotidiano da razão.
É tempo de virar o mundo todo!
Momento de criar, de novo,
carnavalizando para o povo,
no desordenado reino da imaginação,
estes loucos gênios da criação.

Abraça os magos doutores da erudição!
Trova forças e matizes em explosão prisma multicor,
sela o chão deste asfalto com línguas de cientistas malucos alucinados,
e delira com o mensageiro das estrelas precursor!
Redescobre a energia, a luz, a comunicação e
exalta, Viradouro,
a inventividade e a idealização!
Grita o eureka! ensandecido dos inventores
e a persistência da memória das invenções,
pois se é desde a criação de Adão
que, de louco, todos temos um pouco,
divaga para essa gente os gênios doidos
e seus devaneios de realizações!

Enlouquece, Viradouro!
Vira d´ouro nesta avenida o teu próprio tesouro!
Brinca as glórias dos louros
das obras de uns Vinci a Trinta numes loucos!
Vai aos céus declamando
Ícaro, balões, voos de emoção!
Persegue, junto deles, no caos, o cosmo,
e descobre o teto do firmamento
graças ao Santos que deu asas à imaginação!
Canta as inspirações loucas que recitam a ambição
do apogeu da racionalidade e da sua irmã insanidade.
Ah, e para quem duvida
aquele Trinta também cientista,
quão errante é quem ignora a quimera
que ciência é, da arte, um espelho de mesma matéria?

Então, inspire-se, comunidade!
Conjura, Viradouro,
grandes alquimistas da ficção!
Sábios insanos que (re)criaram a excentricidade
da vida na ficcionalidade.
Saudemos a sétima arte e o humor,
das músicas, o compositor,
e o monstro de Frankenstein, o doutor.
Devotos quixotescos do moinho de fantasia,
fiemos rosários para bispos incompreendidos,
sambemos com chapeleiros e rainhas,
e com um bruxo e seu alienista.

Louvemos fantasmas da dinamarquesa realeza,
gentileza que gera gentileza,
curvando-nos a essa amalucada nobreza!
Mestres tresloucados
que brindam à promiscuidade
do beijo da mentira na verdade.
Criar (n)a loucura não seria assim
jogo irracional entre sensatez, emoção
e um delirar sem fim?

É, aqui, enfim, na Apoteose da utopia,
o encontro daqueles artesãos da loucura da criação
com a felicidade da alegria.
Frente à explosão de poesia,
abrem-se os pavilhões para os fanáticos pela folia.
Venham, Mestres, celebrar, pela Viradouro, nossa paixão,
fascínio que vira a cabeça e pira o coração!
Venerá-la tal qual um Pierrot que de euforia enlouquece
sonhando que, possível, o impossível lhe parece.
Amá-la neste mundo de galhardia,
como se fosse os braços de Colombina!
Sejam imperadores na avenida,
vivendo tal amor com maestria!
Venham jogar tudo pro alto, celebrar,
perder a cabeça até o dia clarear!
Sonhar a absurda feliz liberdade
na ópera de rua,
teatro de criatividade!
Pois não seriam gêmeos a loucura e o criar
do carnaval amante do amar?

E ao desfilar, Viradouro,
fantasia no palco criadouro
fazendo bricolagem com sonhos e bons agouros!
Enobrece as criações da imaginação
daqueles gênios que eram e são!
Vira o espelho da dúvida
olhando para si, afinal –
quem sabe se, metáfora do real,
no fim,
loucos também não criaram o carnaval?

Autores: Edson Pereira, Clark Mangabeira e Victor Marques

ANEXO DESCRITIVO DA SINOPSE

Querido compositor,

É uma honra e uma grande alegria estar com vocês no carnaval 2018 da Viradouro.

Nosso enredo trata da loucura da criação, sobre o processo criativo a partir da perspectiva de inventores que foram considerados loucos em sua época, que foram incompreendidos e que criaram invenções e teorias que mudaram o nosso mundo.

O enredo focará nas criações e invenções de loucos gênios da criação de maneira desordenada, a partir do nosso reino da imaginação.

O primeiro setor trará referências aos cientistas, magos doutores da erudição, que esmiuçaram o universo e nos deram descobertas como a teoria das cores (Newton), a observação do universo (Galileu), as descobertas da física moderna (Einstein), a comunicação (Graham Bell), a energia e a luz (Thomas Edson) e os músicos e suas sinfonias (Mozart e Beethoven). É importante frisar que outros gênios tiveram as sinfonias clássicas como músicas favoritas, ou seja, a música serviu, além de entretenimento, de inspiração. O setor foca no grito de eureca e na luz que vem das ideias das grandes descobertas, nos gritos de felicidade e no espanto ao se descobrir ou criar algo. Também é importante a persistência na memória das invenções, que nasceram e se imortalizaram.

O segundo setor tem como fio condutor os sonhos e as invenções relacionadas ao voar, sendo que o mais importante é a figura de Santos Dumont. Passando pelo mito de Ícaro, pelos balões de Lachambre, chega-se ao brasileiro e ao seu 14 Bis.

Santos Dumont lia Julio Verne, o autor de “Vinte Mil Léguas Submarinas” que, em seus livros, previu uma série de engenhocas, inclusive uma máquina de voar, o Albatroz. Assim, são estas engenhocas – e a literatura inspiradora – a ligação com o terceiro setor.

O terceiro setor traz a loucura da ficção, dos autores, das obras e das personagens que são inspiradas pela ideia de loucura. O foco é alguns personagens e obras famosas, como Frankenstein, o Chapeleiro Maluco, o livro “O Alienista” de Machado de Assis, Hamlet e Dom Quixote.

Fazendo a ligação com o quarto setor, citamos personagens da vida real que se relacionam com a ficção, pois seriam “loucos”. São eles o Bispo do Rosário e o Profeta Gentileza (natural de Niterói). Eles são o elo entre a realidade e a fantasia, e com o carnaval. Loucos e delirantes, eles vivem em um mundo próprio, uma ficção, suas fantasias, que também são reais, meio carnaval.

O quarto setor é uma ode, portanto, ao carnaval e ao louco amor pela Viradouro. Para contar esse amor, comparamos o amor pela escola ao amor do Pierrot pela Colombina, que é intenso, louco, apaixonado. Este amor é sempre embalado pelos carnavais da Viradouro e pelas criações de artistas, loucos criadores de ilusões que passaram por Niterói.

O personagem central é o carnavalesco Joãozinho Trinta, pensado como símbolo de todos os grandes nomes que passaram pela Viradouro. O grande gênio que fez a Viradouro voar alto e alcançar a vitória.

Fechamos o carnaval, então, com uma ode à Viradouro, exaltando sua torcida loucamente apaixonada que por ela faz de tudo.

Uma comissão de encerramento fará referência a Chaplin. O gênio da Sétima Arte será uma referência à reflexão sobre a loucura que habita em todos nós, porém atentando ao fato de que devemos tomar cuidado com a intensidade da loucura, para não nos perdermos na insanidade sem volta, destruidora, devendo, sempre, assim, enlouquecer pensando no próximo e no bem maior. Deixemos a loucura nos fazer pensar diferente, fora do lugar comum e que nos ajude a desvendar o mundo para o mundo, com humor e leveza.

Para finalizar, um pequeno alerta: a seleção de “loucos gênios” não tem um ponto final. Fizemos uma seleção e peço que tomem cuidado com os nomes que constam aqui e nas referências da sinopse, pois, ao citar um, podemos nos comprometer. O tema, novamente, são os loucos gênios da criação, no geral.

Assim, os mundos criados vão continuar enlouquecendo-nos com novas histórias…

Um abraço,
Edson Pereira