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O dragão do mar e a lenda do Ceará (Santa Cruz - 2013)
O dragão do mar e a lenda do Ceará (Santa Cruz - 2013)

O enredo é mais do que uma declaração de amor pelo estado do Ceará, aos primeiros habitantes e suas paisagens. É uma exaltação a esse povo que canta, muitas vezes sem razão aparente para alguns. A canção está na palma dos coqueiros, nos ventos soprando os grãos de areia das dunas, o mar quebrando nas praias paradisíacas, que contrapõe as secas e aspereza de espinhos, da terra crustada pelo sol.

O seu nome significa "canta a Jandaia". A jandaia ainda comum ao longo da costa, é um dos maiores símbolos do seu povo e da cultura do Ceará, que esta situado abaixo da linha do equador , banhada por águas mornas e transparente do atlântico .Um paraíso de encanto e beleza. Lá, viviam homens e mulheres enfeitados de penas coloridas, corpos pintados, armados de arco e flechas.

Conta-se que há muito tempo um dragão saiu dos verdes mares bravios em uma praia hoje conhecida como Iracema, personagem de José Alencar. Como se sabe, dragões são grandes lagartos ou serpentes aladas com hálito de fogo e poderes sobrenaturais, presente na mitologia de diversos povos.

No mito do romancista cearense a Iracema "A virgem dos lábios de mel e cabelos mais negros que a asa da graúna" não foi vítima do dragão e sim do amor pelo guerreiro branco Martim Soares Moreno.

O nome Iracema é um anagrama da palavra América, José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em geral. O Ceará foi invadido pela França, Holanda e colonizado por Portugal, três coroas em busca de riquezas. Nesse romance indianista podemos enxergar o malefício da colonização.

A lenda conta a história entre Iracema a índia Tabajara, primeiro colonizador português do Ceará e os índios de duas nações, os Pitiguaras que habitavam o litoral e eram amigos dos portugueses e os Tabajaras que viviam no interior eram amigos dos franceses.

Seria mesmo uma história de amor. Iracema a mais bela, guardiã do segredo da Jurema e do mistério dos sonhos, responsável por fazer à bebida dos deuses, sempre acompanhada pela jandaia, e sempre comparada a natureza.

Martim poderia ter tido muitas índias, mas desejou Iracema que apaixonada por Martim traiu o seu compromisso de virgem, perdendo sua força perante os deuses e a cultura local é estruida. Ela decidiu fugir ao lado do amado, em meio a perigos naturais.

Povos lutaram entre si para provar valentia, as lutas serviram como pano de fundo para a história de amor antagônica. Ao possuir Iracema, Martim destruiu a virgem como o colonizador destruiu as matas. Ele voltou para sua terra deixando Iracema. Do fruto da colonização nasceu Moacir (filho da dor) e de tristeza morreu Iracema. Ao morrer Iracema também morre a cultura, a jandaia se cala e não canta mais. O filho não pode ouvir o canto da jandaia. Martim retorna e leva o filho com ele, agora o filho fala outra língua, tem seus costumes.

O Moacir, fruto da trágica relação entre sangue indígena e português, tornou-se o primeiro cearense. O sacrifício de uma vida transformou-se em semente de uma raça, a fusão de todas as outras. Eis o nascimento da nação brasileira.

"Branco cearense, índios jangadeiros

Dos verdes mares domadores bravos

Do intrépido caboclo nascimento

No Ceará não se embarcam mais escravos"

Mais dois séculos se passaram desde a chegada dos primeiros colonizadores do Ceará e eis que o mar nos trouxe outro herói mitológico. O jangadeiro Francisco José do Nascimento, conhecido como Chico da Matilde, liderou os jangadeiros que se recusaram a embarcar escravos no navio que iria levá-los para outras províncias. O Ceará foi à primeira província do Brasil a abolir a escravidão, essa exploração foi aos pouco despertando a repulsa entre cearenses e, no dia 25 de março de 1884, a escravidão foi abolida no Ceará, quatro anos antes da assinatura da lei Áurea que abolida escravidão em todo o país.

Abolicionistas do Rio de Janeiro promoveram a sua ida a corte, onde recebeu homenagens amplamente divulgadas. A imprensa passou a se referir ao jangadeiro como Dragão do Mar.

A abolição foi um fato histórico que projetou o Ceará num cenário nacional que fortaleceu o movimento abolicionista. Por esse fato, José do Patrocínio (o tigre da abolição) e um de seus discursos denominam o Ceará "Terra da Luz." Na verdade, os elos das correntes se romperam, mais que um farol para o país foi o começo de uma pátria livre.

Sol e luz são duas palavras que no Ceará carregam significados diferentes, o sol brilha o ano inteiro e a luz é a metáfora da liberdade dos escravos. A jangada ainda é comum ao longo da costa, representa um dos maiores símbolos da cultura cearense.

A cultura do Ceará é de base essencialmente européia e indígena com alguma influencia afro-brasileira, assim como todo o sertão nordestino. A mulher rendeira tece teia de labirinto, "olé mulher rendeira" uma verdadeira renda de palavras, como mar e areia que desdobram siri, sereia, ceará. A rede modela nosso corpo, nosso sono, nosso amor, uma renda iluminada, é renda como rumo, a renda onde se embala a renda de labirinto tecido pela linha do vento, renda do rendado, tecido com a teia a partir dos bilros, tece trança tua teia.

É forte a relação do cearense com a carnaúba, e sua importância comercial, industrial, cultural e social. A árvore da vida ergue casas, constrói cercas, protegem os homens do sol, seus frutos são usados como alimento, suas sementes medicamento. A palha para artesanato, cordas e esteiras.

No artesanato feito de madeira e de barro, se destacam a produção de esculturas humanas, representando tipos da região, quadros e entalhes em madeira, muitos com temas religiosos.

Outro item importante do artesanato cearense são as garrafas de areias coloridas, onde são reproduzidas manualmente paisagens. Ser do Ceará é mais do que nascer no Ceará. É um jeito maroto de encarar a vida, é saber a estação certa de colher um sapoti, conhecer vários tipos de manga, e dar sabor a um baião de dois com queijo coalho, é gostar de cocada, suco de tamarindo e seriguéla vermelha.

Ser do Ceará é ter orgulho de afirmar que pertence a terra de José de Alencar, Patativa do Assaré, Fagner, Raquel de Queiroz. Lá, amam-se as artes, criam-se repentes com facilidade, conversa-se com rima.

Ser do Ceará é rir de tudo, e tudo vira piada. Lá é berço de talentosos humoristas como Chico Anísio, Renato Aragão e Tom Cavalcante. Ser cearense é adora uma sanfona e um triângulo, mas no fundo mesmo, o remelexo da cabocla em seus braços.

O Ceará é conhecido pela sua religiosidade e espiritualidade que vão do Carindé de São Francisco à Juazeiro do Padre Cícero, lá você conhece a magia do sertão e o misticismo e acompanhando em romaria as suas festas religiosas

Fazem parte do seu folclore, danças populares em que o povo cearense expressa tradições e costumes sejam no litoral ou no sertão. Dentre eles, destacam-se o boi Ceará, o Pastoril, o Reisado, Caninha Verde, Dança do coco, Maneiro Pau, Tiração de Reis, Banda Cabaçal, Dança de São Gonçalo e o Maracatu

O cine Ceará é um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil. O Fortal é a maior Micareta do Ceará. O festival de musica pop é o Ceará Music, mas a maior festa do Ceará acontece em junho, são as festas juninas, durante este mês, o forro é ritmo ouvido e tocado em todo o estado, comidas e danças típicas são comuns nas ruas e praças.

Hoje a cultura popular, através do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz, o Rio de Janeiro, abre os braços para homenagear contando um pouco da história desse estado, seus costumes e suas tradições.

"Eu só queria que você fosse um dia ver as praias bonitas do meu Ceará;

E tenho certeza que você gostaria do mar bravio da praia de lá

Onde o coqueiro tem palma bem verde balançando ao vento pertinho do céu

E lá nasceu a virgem do poema a linda Iracema dos lábios de mel

Oi... Quanta saudade que eu tenho de lá

Oi... Quanta saudade de lá

A jangadinha vai mar deslizando

O pescador o peixe vai pescando

No verde mar que não tem fim

O "Ceará é assim"

Enredo de Sylvio Cunha

Desenvolvido pela Comissão de Carnaval: Sylvio Cunha, Munir Nicolau e Lane Santana