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Africanidades: Do continente negro à pequena África... Nossa identidade cultural (Unidos da Ponte - 2016)

Africanidades: Do continente negro à pequena África... Nossa identidade cultural (Unidos da Ponte - 2016)

Sou mais um guerreiro nessa história.
Não importa de onde vim e quem eu sou;
Sou Mina, Banto, Jêjê, Benguela, Nagô
Sou Guiné, Angola, Moçambique, Daomé
Vim trazido pela força de Afefé
Nos caminhos da Calunga.
Sou senhor de um tempo longínquo
Lembro que contávamos os mistérios pelo saber da palavra
E então, quando a palavra ganhava ritmo
Entoava canções compassadas
Evocando forças ocultas de divindades e Egunguns:
Canto e dança. Corpo e alma. Ayo. Xirê dos orixás!
Firmou-se assim a tradição de nosso povo
Crenças, valores, saberes, encantamentos e magias
Era lição dos bons ouvintes repassar a beleza
De toda a nossa ancestralidade.
Ilê Aiyé. Da terra viemos, para ela voltaremos.
Até um dia querida Pátria - Mães
Deixamos a nossa terra, mas trouxemos ela conosco
Pois a raiz sagrada fincada em solo místico
Foi matizada no solo Novo.
Quando aqui atracamos tentaram nos despir
Para além das nossas vestimentas:
Impuseram suas crenças, seus modos e costumes
Mas não conseguiram subtrair a força da sabedoria
E através dela que tratamos de repassar nossa cultura.
Dissipamos por vários cantos deste país
Nosso sangue e suor abasteceu Impérios e ergueu Nação.
Vimos uma cidade crescer "alimentada" pelo doce sabor da cana;
Enquanto o Rio de Janeiro gozava em ser a capital do Imperador.
Mas não se limitou à economia nossa contribuição
Pois enquanto todos saboreavam das riquezas conquistadas
Foi mexendo bem no fundo da panela
E socando tudo num bom pilão
Que nossa culinária caiu no gosto da população.
"Quem vai querer Àkàrà?
Tem Àkarà no azeite de dendê, venha ver!
Mas se não gostar não se avexe, moleque!
Tem caruru e vatapá, tem feijoada!
Venha provar!
O santo pede... o filho dá!"
Àjóyó! Afinal, jamais deixamos de cantar e dançar!
Trouxemos nossa típica alegria entre tanta saudade e dor
Mas hoje esta é a grande ponte que nos une
E temos o dever de manter a chama acesa
Portanto que rufem os tambores, os atabaques, agogôs, tamborins e pandeiros
Chamem os capoeiras, os congos, os jongos, afoxés, ijexás e partideiros.
Entra na roda do meu samba e vem sambar
Pois aqui a tem batucada, tem africanidade, até o sol raiar!
Asè! Saravá!