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É Ela... a Maravilhosa Rainha do Samba (Unidos de Lucas - 2023)
É Ela... a Maravilhosa Rainha do Samba (Unidos de Lucas - 2023)


Carnavalesco: Fran Sérgio
Enredista: Tiago Freitas

É ELA… SONIA CAPETA, A IANSÃ DO SAMBA. É IANSÃ.. É IANSÃ.
Ah! Eparrei!
Ela é Oyá! Ela é Oyá!
Ah! Eparrei!
Ela é Oyá! Ela é Oyá!
Quando os fogos anunciam a entrada de uma Escola de Samba na avenida, os ancestrais pretos velhos levantam para batucar. Eles rodopiam também, num baile mágico de torpor que faz soprar ventania na apoteose dos corações sambistas. Na arquibancada, lágrimas caem, e os pés balançam, como liquidificador.
Quando as vistas olham o céu no início dos desfiles, há uma constelação de estrelas negras que reluz, e quando vai clareando, se consegue enxergar um manto azul iluminado em que o samba faz poesia.
Ah! Eparrei!
É Iansã! É Iansã!
Ah! Eparrei!
Quando Iansã vai pra batalha Todos cavaleiros param
Só pra ver ela passar.
Ponto de Iansã – Ela é Oyá
Sandro Luiz
É ELA… A IANSÃ DO SAMBA.
EPARREI, ELA É OYÁ.
EPARREI, ELA É OYÁ.
ELA É A IANSÃ DO SAMBA.
Olha que o céu clareou
Quando o dia raiou
Quando Iansã vai pra batalha Todos cavaleiros param
Só pra ver ela passar.
Ponto de Iansã – Ela é Oyá Sandro Luiz

Na ventania dos mistérios da avenida batucam o anúncio:
O SAMBA NO PÉ VIROU ENREDO.
A ventania é de Iansã.
A ventania é da negra mulher que quebra. Risca o passo.
Pisa forte na avenida.
A ventania é de Sonia Maria, que sacode as tristezas e faz renascer o sorriso em cada novo alvorecer.
A ventania é dela: Sonia Maria.
Filha do samba,
Deusa Negra de um céu azul-nilopolitano. Mulher guerreira.
Filha da Mirandela.
Filha da dança.
Filha do gingado que voa nas asas de um Beija-Flor.
Quando os pretos velhos se juntam à ventania da avenida e sopram um vendaval de axé, eles rodopiam pela grande Deusa do samba num baile mágico de torpor e fantasia.
SOPRAM ELES, OS GRIOTS DA ESPERANÇA.
SOPRAM ELES, OS PRETOS VELHOS DO SAMBA, POR ELA. É ELA! SOPRAM A VENTANIA DO SAMBA, QUE RISCA, SOPRAM ELES, POR ELA, SONIA MARIA, FILHA DA MIRANDELA.
É ELA… A IANSÃ DO SAMBA.
EPARREI, ELA É OYÁ.
A luz brilhou em seu Jacutá
E anunciou
Prepare que a Guerreira agora vai reinar Ô Iansã Menina seu jeito me fascina
É de arrepiar
Ô Iansã Guerreira não há barreiras
Pra lhe segurar
Ponto de Iansã – A guerreira vai reinar Sandro Luiz

O (a) passista é um dançarino (a) do samba brasileiro. Sua matéria-prima é o corpo e sua habilidade é saber sambar. Esse corpo serelepe está a serviço do samba como bússola de orientação das marcações rítmicas: ele canta, marcando o samba com os pés e quadris. É possível conceber no passista apenas um corpo que se move através da batida do tambor. Entretanto, esta percepção é insuficiente. O modo de dançar expressa as dores e as alegrias que os corpos experimentaram em existir, no mundo. Nisso está incluso o processo de identificação e ressignificação de vidas frente a um mundo hostil.
(Dhu Costa) Referência: COSTA, E. da; GUIMARÃES, V. L. de. Quando os passistas são o show: cultura, arte e resistência muito além de estereótipos. Policromias – Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som, Rio de Janeiro, ed. esp., p. 584-603, dez. 2020.
Sonia Capeta,
corpo que dança,
que incendeia a luta por visibilidade.
Passista show, eterna rainha, mãe, mulher e avó.
Corpo que fala,
que grita e que esconde a dor com a leveza de um sorriso negro.
Corpo em jorro, que valseia em silêncio a entorpecer o Beija-Flor de Nilópolis e o Galo de Ouro da Leopoldina.
Sonia Capeta,
herdeira da ancestralidade, corpo negro de batalhas, sorriso de amor a encantar a passarela.
Sonia Capeta,
que fez voar na eternidade o mais terno dos beijos para seu filho, e batucou saudade.
E Batucou saudade…
“MAS O SAMBA FAZ ESSA DOR DENTRO DO PEITO IR EMBORA”.
Sonia,
Filha de Olodumarê,
Filha da gamboa,
Filha da pequena África de Obá.
Foi Maria Mineira Naê, Agotime no clã de Daomé.
Visitou o mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-Anu.
Bailou com o canto de cristal e cruzou o espaço sideral.
Sambou com elegância e beleza em Manaus, Araxá e Macapá.
Cortou os Pampas, banhou-se em Poços de Caldas e sorriu na Capital da esperança. Sonia Capeta dos Lábios de mel, riso mais doce que o jati, linda demais, cunhã-porã, itereí.

Sonia, majestade negra, oh, mãe da liberdade.
Filha da África, o baobá da vida, ilê ifé.
A Deusa que encantou-se com a simplicidade de um Rei, que dançou com o tambor de  de crioula do Maranhão, que denunciou a ganância que veste terno e gravata, que cantou que é negra na raça, no sangue e na cor e que riscou no samba da ginga do Balelé.
Sonia Capeta, uma história de amor, meu amor, com o Carnaval da Beija-flor.
Sonia Maria Regina da Silva, a deusa africana. Filha da ventania, filha da Iansã. Filha da Mirandela. Corpo que dança, que incendeia a luta por visibilidade. Corpo em Jorro, filha de Olodumarê. Filha da esperança. Filha da dança. Filha do gingado que voa nas asas de um Beija-Flor.
Quando os pretos velhos se juntam à ventania da avenida e sopram um vendaval de axé, eles rodopiam pela grande Deusa do samba num baile mágico de torpor e fantasia.
SOPRAM ELES, OS GRIOTS DA ESPERANÇA.
SOPRAM ELES, OS PRETOS VELHOS DO SAMBA, POR ELA. É ELA!, SOPRAM ELES, POR ELA, SONIA MARIA, FILHA DA MIRANDELA.
Em 2023, quando os fogos anunciarem a entrada da Unidos de Lucas nos desfiles, os ancestrais pretos velhos levantarão para batucar. Eles rodopiarão num baile mágico de torpor. Na arquibancada, lágrimas cairão, e na avenida, os pés balançarão, como liquidificador.
SOPRAM ELES, POR ELA, SONIA MARIA, FILHA DA MIRANDELA. SOPRAM ELES, POR ELA, SONIA MARIA, FILHA DA MIRANDELA. SOPRAM ELES, POR ELA, SONIA MARIA, FILHA DA MIRANDELA.