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Beijim Beijim, voltei Brasil: Alô, alô, é Fernando Pinto! Tem fruta, fauna, flora e índio
SINOPSE ENREDO 2017

Beijim Beijim, voltei Brasil: Alô, alô, é Fernando Pinto! Tem fruta, fauna, flora e índio


1º Setor: Vim das estrelas com meu Ziriguidum.

Faz anos que parti, a bordo da Nava-Mãe, rumo ao espaço sideral.
Mas hoje ”vim das estrelas com meu Ziriguidum”, com meu índio, minha fauna, minha flora e meu Brasil, pousar não naquela que me eternizei, mas naquela em que me eternizarei: a passarela do futuro, a passarela virtual.

2º Setor: Pernambuco, o berço cultural – Minha raiz…

Minha origem é nordestina, ”cabra macho, sim senhor”. Lá do ”Leão do Norte”(1), terra em que aprendi a viver e criei raízes.
Cresci no meio de toda aquela diversidade cultural, ora por ter sido uma das primeiras áreas efetivamente colonizada pelos portugueses e posteriormente recebendo muitas influências. Lá no meu estado aprendi a dançar o frevo com sombrinha na mão. E como não poderia deixar de faltar, ainda presenciei o Maracatu com seus caboclos de lança, os festejos dos Reis Magos e a culinária, que me serviriam logo mais como embasamento para minha formação no carnaval.

3º Setor: Surgiu a Coroa Imperial…

”…Que grilo é esse
Vou embarcar nessa onda
É o Império Serrano que canta
Dando uma de Carmem Miranda…”(2)

Império Serrano, ”Reizinho de Madureira”, Minha querida ”Serrinha”. Berço de Silas de Oliveira(3), Mano Décio(4), Ivone Lara(5) e tantos outros… Foi lá onde tudo começou, onde o sonho se firmou e a fantasia deu lugar a realidade.
O ano era 1971 quando levei pela primeira vez um carnaval para a Avenida, na época em que os desfiles aconteciam na Presidente Vargas. Naquele ano ”O canto do Nordeste estava presente no Império Serrano”, isso porque levei para a avenida o enredo ”Nordeste – seu povo, seu canto, sua gente”, exaltando o povo nordestino. Começava então minha história no carnaval do Rio de Janeiro…
No ano seguinte vesti a Verde e Branco de Madureira com muitos animais, frutas, coqueiros e matagais para compor o cenário do enredo ”Alô Alô, tai Carmem Miranda”, que levaria o Império Serrano ao lugar mais alto do carnaval de 1972 e que lançaria a todos um novo estilo de se fazer carnaval, o tropicalismo.
Permaneci no Império Serrano por mais cinco carnavais, levando para a avenida uma ”Viagem encantada Pindorama adentro”. Apresentei a todos a origem cultural do Maracatu e suas transformações ao longo da história com o enredo ”Dona Santa, a rainha do Maracatu”. Em 1974 era a vez de homenagear a vedete Zaquia Jorge, uma grande figura da época que havia abandonado o estrelato para construir um teatro em Madureira.
”Um mar, misterioso mar” serviu de cenário e inspiração para o enredo ”Lenda das Sereias”. Por fim, terminei minha jornada na Coroa Imperial com uma homenagem a Oscarito, no ano de 1976.

4º Setor: A estrela Guia de Padre Miguel – A era da Vanguarda.

Na Mocidade Independente ”ergui minha bandeira e plantei minha raiz”. Ousei, criei e revolucionei a Estrela Guia de Padre Miguel. Era a época vanguardista e moderna que se iniciava…
Numa ”Brasileia Desvairada” mostrei a todos a explosão de cores, frutos e flores numa delirante Tropicália Maravilha. Fiz um clamor pela preservação e mostrei ao Brasil ”Como era Verde meu Xingu”, fazendo críticas a desordem ambiental impostas pelas indústrias. Levei para a avenida, no ano da inauguração do sambódromo, uma crítica ao comércio ilegal da Amazônia em ”Mamãe eu quero Manaus”, culminando na 4´ª colocação daquele ano.
Mas foi fugindo das minhas raízes e revolucionando meu próprio ser que conquistei a todos em 1985, quando abandonei o nacionalismo e exaltei a conquista humana do espaço sideral, misturando estrelas, luas, cometas, planetas, asteroides e muito prateado, levando baianas, passistas e ritmistas ao espaço sideral a bordo de uma nave espacial para tornar o Carnaval nas Estrelas realidade.

”…Minha Cidade
Minha Vida
Minha canção
Faz mais verde meu coração…”(6)

Em 1987 levei para a avenida uma cidade imaginária, “um carnaval de ficção científica tupiniquim, retro-futurista, pós indígena. O New Eldorado”. Tupinicópolis, era moderna e inspirada no estilo de vida de índios, lá tudo se transformava. A boate era Saci, o shopping se transformava em ”Shopping-Boitatá”, o chá era de Raoní e o pó de guaraná. Até mesmo as forças armadas foram representadas com um grande Tatu…

5º Setor: Beijim, Beijim, bye bye Brasil!

”…Bye bye Brasil, beijim, beijim, beijim
encanta a Mocidade assim…”(7)

Para o carnaval de 1988, imaginei um Brasil diferente da realidade, dividindo-o em sete Brasiléias encantadas, dando ”bye bye” para os seus problemas. Mas este não foi o único enredo de minha autoria que não pude ver na Sapucaí, isso porque dois anos após meu falecimento, a Mangueira levou para a avenida a história de Sinhá Olímpia, cujo tema era de minha autoria.
Quis o destino que quem tanto exaltou o Brasil viesse a falecer justamente na avenida de mesmo nome, a Avenida Brasil. Parece que os anjos estavam preparando um grande desfile no céu naquele ano de 1987, e para tal resolveram chamar nossa estrela maior para realizar esse grande espetáculo. Anjos se vestiram com frutas e cocar na cabeça para receber esse grande gênio que eternizou seu nome na passarela.

Texto: Fernando Constâncio
Carnavalescos: Fernando Constâncio e Maurício Ferreira
Presidente: Christian Gonçalves Fonseca
Vice Presidente: Caio Souza

Glossário:
1- Leão do Norte é como o estado de Pernambuco é conhecido, onde Fernando Pinto nasceu.
2- Samba Enredo do Império Serrano de 1972, composto por Heitor Achiles, Maneco e Wilson Dias.
3- Compositor e sambista, figura ilustre do Império Serrano, autor de sambas como Aquarela Brasileira (1964), Os Cinco Bailes da História do Rio (1965) e ‘Heróis da Liberdade (1969).
4- Um dos fundadores do Império Serrano e compositor de diversos sambas da escola.
5- Sambista carioca e considerada uma das matriarcas do samba. Ivone Lara foi a primeira mulher a compor um samba enredo, Os cinco bailes da história do Rio em 1965.
6- Samba Enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel de 1987, composto por Gibi, Nino Bateria, Chico Cabelera e J, Muinhos
7- Samba Enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel de 1988, composto por João das Rosas, Ferreira e J. Muinhos.

Bibliografia:
– Fernando Pinto (Carnavalesco) – Wikipédia, a enciclopédia livre:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pinto_(carnavalesco)
– Pernambuco Cultural:
http://www.pernambucocultural.com/site/
– Sambódromo em 30 Atos: 1990 Mocidade Virou o jogo e todo o povo aplaudiu:
– Império Serrano – Wikipédia, a enciclopédia livre:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Serrano
– Mocidade Independente de Padre Miguel – Wikipédia, a enciclopédia livre:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mocidade_Independente_de_Padre_Miguel