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Cerveja, o Combustível da Alegria (Embalo do Engenho Novo - 2019)
Cerveja, o Combustível da Alegria (Embalo do Engenho Novo - 2019)

Carnavalescos: Cristiano Prado e Adriano Chandon

No mundo inteiro, a cerveja nos dias atuais está sempre atrelada a momentos festivos. Homens, mulheres, jovens e maduros apreciam cotidianamente uma boa « loura gelada » para relaxar, aliviar o estresse ou mesmo refrescar-se em um dia de sol e calor. Nos fins de semana, assistindo a mais uma partida de futebol, reunindo-se com amigos para um churrasco ou à mesa de um bar de esquina, a cerveja torna-se fio condutor da diversão e da alegria. Gelada, com ou sem colarinho, encorpada, nacional ou importada, produzida por grandes cervejarias ou artesanal, ela é, indiscutivelmente, uma paixão (inter)nacional. Brasileiros, irlandeses, belgas, alemães e até mesmo tchecos recorrem à cerveja quando o assunto é « curtição ».

Historicamente, a notícia mais antiga sobre a cerveja remonta aos Sumérios, povo ancestral que habitava o sul da Mesopotâmia. Segundo relatos arqueológicos, estes povos primitivos já produziam uma espécie de bebida fermentada por volta de 2600 a 2350 a.C.. Extremamente organizados e habilidosos, os sumérios beneficiaram-se de suas vastas plantações de cereais para desenvolver uma bebida produzida à base de fermentação, hoje, chamada cerveja. A cerveja tal qual a conhecemos atualmente, passou por incontáveis processos de aprimoramento, desde a sua criação. Para os sumérios, a sua fabricação era caseira e ficava exclusivamente a cargo das mulheres, uma vez que o papel do homem, naquela sociedade, correspondia a atividades braçais, tais como a caça, o plantio e a participação em guerras. Dada a atuação primordial da mulher nos métodos de elaboração da cerveja, a divindade suméria, em homenagem a essa bebida, era feminina e intitulava-se Ninkasi, que literalmente significa « aquela que enche a boca ».

Com a queda do Império Sumério, surge uma nova civilização na Mesopotâmia, mais avançada cultural e tecnologicamente. Essa nova civilização, chamada Babilônia, contribuiu fundamentalmente para o aperfeiçoamento das técnicas de manufaturação da cerveja. Para os babilônios, a fabricação da cerveja era uma profissão altamente valorizada e respeitada, igualmente executada por mulheres. Havia inclusive, entre os babilônios, um código de regras relacionadas com a cerveja, chamado Código Hammurabi, que estabelecia rígidas leis para o controle de qualidade e de fornecimento da bebida.

No que diz respeito à cerveja, não se pode deixar de mencionar a China, que desde os primórdios, já desenvolvia técnicas de preparação de bebidas, obtidas a partir de grãos de cereais. A Samshu fabricada com grãos de arroz e a Kim já eram produzidas pelos chineses desde 2300 a. C..

Ao longo da Era Faraônica, no Egito Antigo, a cerveja fazia parte da dieta diária de nobres e camponeses. Além de alimentar, era também utilizada como remédio para certas doenças. Um documento médico, datado de aproximadamente 1600 a.C., descreve cerca de 700 prescrições médicas, das quais 100 contêm a palavra cerveja. Na seara religiosa, a cerveja era utilizada tanto como provisão em túmulos como em oferendas a divindades, em caso de calamidade ou desastre natural, para apaziguar a ira dos deuses.

Na Idade Média, a produção e o consumo da cerveja tiveram grande impulso, graças à influência dos mosteiros locais, onde este produto era não apenas tecnicamente apurado, mas também preparado e vendido. Deste modo, a cerveja avança por toda a Europa Medieval e atual, conquistando países como a Irlanda, a Bélgica, a Alemanha e a República Tcheca, nações tradicionalmente cervejeiras.

Na Bélgica de hoje, temos o Belgian Beer Weekend; na Alemanha, a Oktoberfest; na Irlanda, o Saint Patrick’s Day e na República Tcheca, o Pilsner Fest. Todos esses festivais organizados para celebrar a vida através do consumo e da degustação da cerveja.

A chegada da cerveja ao Brasil data do período colonial e sua introdução em terras tupiniquins deve-se ao conquistador holandês Maurício de Nassau, que desembarcou em Recife, por volta de 1637, trazendo a bordo de sua nau, o cervejeiro Dick Dirx e um projeto de uma cervejaria. Em 1640, eles inauguraram a primeira fábrica de cerveja das Américas, na residência La Fontaine. Entretanto, a cerveja só se popularizou, no Brasil, ao longo do século XIX, graças ao costume de Dom João VI de bebê-la de vez em quando.

Na esteira do século seguinte, começam a surgir no Brasil as grandes cervejarias, responsáveis pela fabricação e distribuição em massa da bebida em todo o território brasileiro, solidificando a sua reputação de paixão nacional. As micro-cervejarias, especializadas na produção das chamadas cervejas artesanais, no entanto, só se consolidam, no Brasil, a partir da primeira década do século XXI, apontando para um refinamento do paladar cervejeiro do brasileiro. No Rio de Janeiro, por exemplo, foi fundada a Associação dos Cervejeiros Artesanais da Região Serrana, cuja missão é estimular a produção e a difusão de bebidas fabricadas artesanalmente, preocupando-se, acima de tudo, com a qualidade do produto e sua adequação ao paladar cada vez mais acurado do consumidor carioca. Em Petrópolis, importante polo do circuito cervejeiro do estado do Rio de Janeiro, há um consagrado festival – Bauernfest – voltado especificamente para os apreciadores de cerveja de alta qualidade, tanto produtores quanto consumidores.

No Brasil dos dias atuais, a cerveja desempenha uma função social. Ela representa a fuga de uma difícil realidade brasileira. O consumo de cerveja está intimamente ligado a toda e qualquer manifestação nacional do prazer de viver. Do carnaval ao futebol, passando pelas grandes festas populares, a cerveja tornou-se símbolo da ruptura da monotonia do dia a dia do brasileiro.

Na agremiação Embalo do Engenho Novo, especialmente para o carnaval 2019, a cerveja torna-se o fio condutor e motor da alegria.