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Dos mitos da criação à criação dos mitos
SINOPSE ENREDO 2015

Dos mitos da criação à criação dos mitos

JUSTIFICATIVA

De onde provém a terra? Como se formou o Universo? Muito antes das teorias científicas sobre a origem do mundo, todas as religiões e culturas do planeta, já tinham dado sua própria resposta a estas perguntas.

Conhecer diferentes concepções sobre a origem do mundo a partir dos mitos de diferentes civilizações que habitavam regiões geograficamente distantes entre si, pode revelar a percepção de mundo que estas sociedades antigas possuíam. A valorização dessas narrativas mitológicas é o reconhecimento da importância de se preservar a história e a memória das diferentes culturas, que de alguma maneira continuam a nos influenciar.

"A contemplação converteu-se em espanto, e o espanto em interrogação. (...) Uma resposta chega então ao interrogador; e essa resposta é de tal natureza que não é possível formular outra pergunta; a pergunta anula-se no mesmo instante em que é formulada; a resposta é decisiva. (...) Quando o universo se cria assim para o homem, por pergunta e resposta, tem lugar a forma a que chamamos mito" (JOLLES, André. 1976, p.81 e 82).

 

SINOPSE

No começo, era o nada. Então alguém resolveu contar a origem de tudo. É o momento da criação dos mitos que perdem-se no tempo, pois, tais narrativas remetem sempre ao instante em que algo foi criado e efetivamente passou a fazer parte do cosmo.

E assim nasceu a tentativa do homem de explicar a origem do Universo. As civilizações mais antigas já tinham essa questão existencial. Nestas sociedades o mito não faz parte da história, mas, sim, é a própria história. 

E as religiões, preocupadas em dar respostas a seus fiéis, não poderiam deixar de formular suas respostas. "Como tudo surgiu"? Qual é a origem do planeta, das coisas, do homem? Estas são as primeiras perguntas que o homem faz a si mesmo. E sejam orientais ou ocidentais, indígenas ou africanas, todas as religiões terão suas respostas para isso.

Os mitos foram criados para responder a inevitáveis questionamentos feitos pelo homem, no intuito de esclarecer a origem do mundo que o cerca e estão intrinsecamente ligados à estrutura das sociedades às quais pertencem, pois revelam o sagrado, edificam crenças e consequentemente norteiam pensamentos e atitudes.

De modo geral pode-se dizer que o mito se refere sempre a uma criação, contando como algo veio à existência. Tal como é vivido pelas sociedades, o mito constitui a História dos atos dos Entes Sobrenaturais, portanto é sagrada. Na falta de referências, os homens passaram a utilizar como matéria-prima dos mitos o mundo real para responder essas perguntas transcendentais, por isso o mito é considerado absolutamente verdadeiro (porque se refere à realidade).

Para quem vive em uma cultura mitológica, tudo o que se faz na vida é um ritual, apenas uma repetição de eventos que ocorreram nos mitos; é uma visão cíclica e o tempo cronológico não tem nenhuma importância, uma vez que o "começo" pode ser sempre restabelecido. Com a repetição do ritual, nasce a religião.

 

SETORIZAÇÃO

1º setor: A criação do mundo segundo a Teoria Judaico-Cristã

A Torá e a Bíblia apresentam, nos versículos 1 a 19 do primeiro capítulo do livro de Gênesis, o relato da criação dos céus e da Terra atribuído a Javé, o Deus único e onipotente, que teria criado o mundo em seis dias e descansado no sétimo, tornando-o sagrado.

Reza a Bíblia, que assim surgiu o Universo:

No princípio criou Deus os céus e a terra. Ao Primeiro dia, separou as luzes das trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. No segundo dia Deus criou o firmamento e deu-lhe o nome de céu. E foi a manhã e a tarde do segundo dia. Ao Terceiro dia disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; fez a terra germinar e criou as plantas e os seus frutos. E disse Deus: haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; colocou no céu o sol para reger o dia, a lua e as estrelas para iluminar a noite. E foi a manhã e a tarde do quarto dia. No quinto dia, povoou as águas de peixes e os céus de pássaros. Ao Sexto dia disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi. Ainda disse: eis que faço o homem e a mulher à minha imagem e semelhança. E Deus os abençoou, e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

Ao Sétimo dia, Deus descansou.

 

2º setor: Enuma Elish - o mito Babilônico

A luz de um poema épico e clássico da literatura babilônica, traduz o sentimento de criação do mundo. Uma história de amor e luta entre Deuses que faz emanar a esperança e surgir o homem do sangue derramado por um monstro. Enuma Elish significa "Quando no alto…", que são as primeiras palavras do poema que é dividido em sete tábuas. Os deuses segundo o poema são representações de elementos naturais e pela glorificação do "Deus-Maior" começa a luta pela criação.

No início de tudo, havia apenas o caos, graças a Apsu, Deus das águas doces e Tiamat, Deusa das águas salgadas. Sem terra e céu, nasceu o primeiro casal do mundo: Lahmu e sua companheira, Lahamu, dos quais nada se sabe, mas que constituem, apenas, uma das etapas da Criação. Desse casal, um pouco mais tarde, nascem Anshar e Quísar, a base inicial de céu e da terra, respectivamente. A partir destes surgiu a tríade forte do panteão babilônico: Anu, o Deus dos céus, Enlin, o senhor do ar e Ea, o Deus das águas e do abismo do mundo, mais poderoso entre os três pelo seu poder mágico.

Apsu e Tiamat não estavam contentes com o nascimento da tríade, pois representavam ordem, uma antítese do caos promovido pelos dois. Assim, Apsu e Tiamat resolvem destruir a tríade, mas Ea, o Deus mágico venceu Apsu e o condenou a morte. Tiamat não conseguiu aceitar a morte de seu marido e deu a luz a onze monstros tenebrosos que enfrentaram todos os seus inimigos com força e muita raiva. Quingu, o mais forte entre os onze monstros tornou-se o novo marido de Tiamat. Com o passar do tempo nasceu no seio do abismo o deus mais prodígioso entre todos, Marduc, filho de Ea. Considerado o sábio dos sábios, tendo olhos brilhantes e força insuperável, cresceu como a única esperança para derrotar Tiamat e Quingu, já que todos outros deuses não foram capazes de tal façanha.

Um banquete selou a última chance de derrotar Tiamat. Marduc, o deus dos deuses foi aclamado e bebeu do vinho suculento para ganhar coragem.

"O vinho suculento dissipa seus temores, seu coração se dilata, falam em altas vo­zes..." Propõem, finalmente, que Marduc se apresente como campeão dos deuses; ele consente, mas, tão prudente como o pai, estabelece condições; terá autoridade sobre os demais deuses e ninguém poderá ir ao encontro das suas decisões; os deuses consentem e cada um lhe dá a arma que fazia a sua força e, para lhe provar o poder, surge a prova da veste: "Então os deuses puseram uma veste no meio deles/ E a Marduc, o primeiro nascido, dizem:/ "Ordena que seja destruído ou criado, e assim será feito./ Abre a boca: a veste será destruída;/ Dá nova ordem e a veste se encontrará intacta."/ Marduc, então, falou, e a veste foi destruída./ Falou de novo, e a veste se reformou." (Trecho do Poema Enuma Elish, séc. XII a.C.)

Marduc preparou suas armas: os quatro ventos, o raio, o furacão e uma rede. A batalha começou. A magia de Tiamat não funcionava e Marduc lançou sobre a deusa uma rede. Tiamat abriu a boca para vomitar chamas, porém, Marduc se aproveitou para nela precipitar um dos quatro ventos, atravessando assim o corpo estufado do monstro. Sobre o cadáver de Tiamat, Marduc cantou um hino de vitória, cortando o corpo em duas partes. De uma fez o firmamento e de outra a terra. No firmamento estabeleceu o domínio dos deuses da primeira tríade. Marduc propôs criar um ser que chamou "homem", e lhe deu o destino de servir os Deuses enquanto estes repousam. Porém, a criação do homem exigiu sangue, e Quingu foi sacrificado. Por fim, Marduc separou os Deuses em dois colégios: os deuses do céu e os do mundo subterrâneo.

 

3º setor: A criação do mundo na mitologia Hindu

Conforme a crença hindu, no inicio tudo era escuridão e silêncio. O Universo parecia mergulhado num grande sono até que o Brahman mudou este estado de coisa. Primeiro, fez surgir as "Águas Cósmicas" e nelas depositou uma semente que se transformou num resplandecente "Ovo Dourado". Brahman que não tinha forma passou, então, um "Ano Cósmico" dentro do "Ovo Dourado" e dele emergiu na forma de uma nova divindade: Brahma, o deus da criação. Mal nasceu já começou a cumprir sua tarefa. Conta-se que quando o "Ovo" se quebrou, a casca de cima originou a esfera celeste, enquanto que a inferior formou a esfera terrestre.

O primeiro ato do Deus Criador foi dar forma ao Céu. Na sequência, criou os seres humanos, os animais, os vegetais e tudo mais que há no Universo. Por estes feitos, BRAHMA ganhou destaque no panteão hindu e passou a integrar a TRIMURTI, parte que manifesta a tripla divindade suprema, no intuito de liderar os diferentes estados do universo. A Trimurti é composta pelos três principais deuses do hinduismo, que simbolizam: Brahma, a criação; Vishnu, a conservação e; Shiva, a destruição.

 

4º setor: O Mito Egípcio

Como em todas as civilizações antigas, a cosmogonia ocupa a primeira parte dos textos sagrados egípcios, tentando explicar com a fantasia e o relato milagroso tudo quanto se escapa do reduzido âmbito do conhecimento humano. Para os egípcios, a criação do Universo faz-se de um único ato da vontade suprema, a partir do nada, da escuridão, do caos original.

O seu criador chama-se Nun e era o espírito primordial, o indefinido ser que tinha tomado o aspecto do barro. Por isso o barro Nun foi o berço espiritual, a primeira força em que ia tomando forma o novo espírito da luz, Ra - o sol, pai de tudo o que habita sob os seus raios. Da vontade de Ra vão nascer os dois primeiros filhos diferenciados da divindade: são Tefnet a deusa das águas que caem na terra e, Chu, o deus do ar, e os dois filhos estarão com o grande pai Ra no firmamento, compartilhando a sua glória e o seu poder e ajudando-o na longa e eterna viagem.

Mas também Chu e Tefnet vão continuar a obra iniciada por Ra, criando da sua união outros dois novos filhos, os dois sucessores da última geração celestial: o deus da terra Geb, e a sua irmã e esposa, a deusa do céu Nut, para que eles relevem à primeira geração e criem a terceira, a que vai estar na terra do Egito.

Os quatro filhos do Céu e da Terra, dois homens e duas mulheres, formam a primeira geração de seres que vivem no solo do Egito, os quatro primeiros deuses que se ocupam dessa terra escolhida e que velam por ela, ou que entram no mundo egípcio para completar o binômio do bem e do mal, da vida e da morte. O primeiro dos homens e o mais velho dos quatro, Osiris, é o deus da fecundidade, a divindade que representa e sustenta a continuidade da natureza; ele é quem faz nascer a semente, quem a amadurece e quem fecunda os campos; Osiris é o princípio da própria vida. Ísis, a sua irmã e esposa, reina em igualdade sobre o extenso domínio do Nilo, em perfeita harmonia com o seu irmão, formando o casal positivo do binômio.

Seth, o segundo homem e o terceiro dos filhos, é a criatura que pressagiou o seu destino ao nascer prematuramente, dado que abriu o ventre da sua mãe Nut, fazendo-a sofrer cruelmente; Seth é o deus da maldade, o espírito negativo e o representante do deserto sem vida, a personificação da morte. Neftis, a segunda irmã e a mais pequena de todos ficou à margem da felicidade; também por isso era a representação das terras menos felizes, as terras secas junto dos campos de cultivo. Osíris, o irmão mais velho governou a terra do Egito, tendo ensinado aos seres humanos as técnicas necessárias à civilização, como a agricultura e a domesticação de animais.

 

5º setor: Do caos à ordem na mitologia Grega

Na mitologia grega, o princípio de todas as coisas está associado a um Caos Primordial, num tempo em que a Ordem não tinha sido ainda imposta aos elementos do mundo. Do Caos nasceu Gaia (a Terra) e depois Eros (o Amor). Posteriormente, Caos engendrou o dia, a noite e o éter. Gaia engendrou o céu, as montanhas e o mar. De Gea, nome também atribuído a Gaia, nasceram também os Deuses, os Titãs, os Gigantes e as Ninfas dos Bosques.

O Céu (Urano) detestava os filhos, e escondia-os na Terra; até que ela, atulhada, criou uma foice e deu-a a seus filhos, para que castrassem o pai. Todos ficaram com medo, mas Cronos aceitou a missão, e, ao entardecer, quando o Céu se deitava junto com a Terra, a cumpriu. [...] A partir daí começa o domínio da segunda geração de deuses, encabeçados por Cronos. Cronos sabia que ia ter um destino semelhante ao do seu pai, ser destronado por um de seus filhos; então os engolia à medida que iam nascendo do ventre de Réia. Foi assim com Hera, Deméter, Héstia, Hades e Posêidon; quando Zeus nasceu, Réia deu uma pedra para Cronos engolir e escondeu o filho, que cresceu e cumpriu o destino de destronar o pai, fazendo com que Cronos vomitasse seus irmãos. Ele então repartiu o mundo com seus irmãos. Posêidon ficou com os mares, Hades com o mundo inferior, e a ele próprio coube o céu.

Posteriormente, Prometeu, filho do titã Jápeto, criou artesanalmente a raça humana - homens e mulheres - moldando-os com argila e água. E então Atena, deusa da sabedoria, ao ver essas criaturas, insuflou em seu interior alma e vida. O domínio de Zeus marca a terceira geração de deuses. Essa geração também teve muitos filhos, os quais estão junto a Zeus no panteão de deuses do Monte Olimpo.

 

6º setor: O despertar dos deuses Nórdicos

No início, antes do despertar dos deuses, havia somente o mundo de gelo e névoas, Niflheim e o mundo de fogo, Musphelhein, e entre eles havia o Ginungagap, um grande abismo sem fundo e um mundo de vapor, no qual flutuava uma fonte. Dessa fonte fluíam doze rios que, conforme estes afastavam-se de sua fonte até as bordas do Ginnungagap, o frio congelou suas águas transformando-as em gelo e neve. Ao sul o fogo eterno de Musphelhein era muito forte e aos poucos foi derretendo o gelo que havia se formado. Os vapores originados desse derretimento, ao elevarem-se no ar, formaram nuvens e destas surgiu o gigante Ymir, que dormiu durante muitas eras. O seu suor deu origem aos primeiros gigantes. E do gelo também surgiu uma vaca gigante, Audumbla, cujo leite jorrava de suas tetas primordiais em forma de 4 grandes rios que alimentavam o gigante. Certo dia, quando a vaca lambia o gelo, surgiu o deus Borr, que por sua vez foi pai do primeiro Aesir, Odin, e seus irmãos, Vili e Ve, que mataram o gigante Ymir. Com o corpo do gigante morto, fizeram a terra, com o sangue, os mares, com os ossos ergueram as montanhas, dos cabelos fizeram as árvores, com o crânio fizeram o céu e o cérebro tornou-se as nuvens carregadas de neve e granizo. A moradia dos homens foi formada pela testa de Ymir e ficou conhecida como Midgard ou terra média.

Odin criou os períodos do dia e da noite e as estações, colocando o Sol e a Lua no céu e definindo seus cursos. Tão logo o Sol lançou seus raios sobre a Terra, fez-lhe nascerem os vegetais. Logo após a criação do mundo, os deuses passearam junto ao mar, satisfeitos pela obra realizada, mas que ainda faltavam os seres humanos. Assim, pegaram um freixo (grande árvore) e criaram o homem, chamando-o de Aske e de um amieiro (árvore ornamental) fizeram a mulher e lhe chamaram de Embla. Odin deu-lhes a vida e a alma, Vili, a razão e o movimento e Ve, os sentidos, a fisionomia expressiva e o dom da palavra. A Midgard foi dada a eles e assim, se tornaram os progenitores da raça humana.

Asgard se tornou a morada dos deuses e, para se chegar lá, é necessário atravessar a ponte Bifrost (arco-íris). O lugar consiste de palácios de ouro e prata, mas o mais belo de todos é o Valhala, moradia de Odin, de onde ele avista todo o céu e toda a Terra. Sobre seus ombros ficam os corvos Hugin e Munin que voam sobre a Terra durante todo o dia e, à noite contam a ele tudo que viram e ouviram. Odin foi o criador dos caracteres rúnicos, com os quais as Norns gravam os destinos.

 

7º setor: A criação do mundo na mitologia Iorubá

Na mitologia de Iorubá, o processo de criação envolve várias divindades. Uma das versões dessa mitologia diz que Olorum - Senhor Deus Universal - criou primeiramente todos os Orixás (divindades) para habitar Orun (o Céu, mundo espiritual), com o objetivo de usá-los como auxiliares para executar todas as tarefas que estariam relacionadas com a própria criação e o posterior governo do mundo. Como elemento de ligação entre todos os orixás com Olorum, foi criado Exu. Então, Olorum encarregou Oxalá de criar o mundo; mas este, com pressa, não rendeu a Exu os tributos devidos e, durante sua caminhada, parou para beber vinho de palmeira e, embriagando-se, adormeceu. Nanã, foi ao encontro de Oxalá e, ao vê-lo adormecido, pegou os elementos da criação.

Ao saber que Oxalá havia falhado em sua missão, Olorum ordenou que a própria Nanã - a Divina Senhora prosseguisse naquela tarefa com a ajuda de todos os orixás. E assim foi feito. Nanã pegou o saco da criação e começou a formação física da terra; enviou a galinha d’angola com cinco dedos para espalhar a imensa quantidade de terra; então soltou os pombos brancos - símbolo de Oxalá - e assim nasceram os céus. Por fim do camaleão ela fez surgir o fogo e, com caracóis criou o mar.

Quando Oxalá acordou, viu que a Terra já havia sido criada, e não o fora por ele, correu desesperado até Olorum e, arrependido, implorou o perdão. Olorum, sempre magnânimo, deu-lhe uma nova e importantíssima tarefa, que seria a de criar todos os seres que habitariam a Terra. Desta vez ele não poderia falhar! Usando a mesma lama que criou a Terra, Oxalá modelou todos os seres, e, insuflando-lhes seu hálito sagrado, deu-lhes a vida.

Desta forma, Nanã e Oxalá desempenharam tarefas igualmente importantes, juntamente com a valiosa ajuda de todos os orixás, que possibilitaram o surgimento deste mundo que habitamos.

 

8º setor: Um mito Brasileiro - a terra de Tupã

Diz o mito dos índios Tupinambás que no início de todas as coisas, Tupã criou o infinito cheio de beleza e perfeição. Povoou de seres luminosos o vasto céu e as alturas celestes, onde está seu reino. Criou então, a formosa deusa Jaci, a Lua, para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e encanto para a vida dos homens. Mais tarde, ele mesmo sucumbe ao seu feitiço e a toma como esposa. Jaci era irmã de Iara, a deusa dos lagos serenos. Criou ainda, o forte Guaraci, deus do Sol, irmão de Jaci, o qual dá vida a todas as criaturas e preside o Dia.

Formou um lugar de delícias para os bons e um lugar tenebroso, no mundo subterrâneo, para os maus. Neste lugar vagam as almas sem vida e os espíritos dos guerreiros sem glórias ou fugidos das tribos. Tupã, após uma batalha, lançou para este lugar sombrio, seu temível e poderoso inimigo Anhangá: deus dos Infernos, chamando este lugar de regiões infernais.

No alto dos céus, sentado em seu trono, Tupã criou milhares de criaturas celestes que executavam suas ordens e o louvavam. Fez nascer sobre os verdejantes mares os Sete Espíritos e os gênios que sob as ordens do Boto, deus dos abismos dos mares, governavam os oceanos e habitavam a sagrada Loca no fundo das águas.

Colocou nas densas florestas o Curupira, protetor das casas e dos animais; criou Aruanã, o deus da alegria e protetor dos Carajás e faz germinar no norte do Brasil as ricas e belas carnaubeiras, chamadas de árvores da vida.

Para concluir sua obra, Tupã veio ao mundo e fez o homem e deu-lhe como companheira a mulher e logo eles se multiplicaram e encheram toda a terra. O poderoso deus tomou então das suas criaturas e ensinou-lhes a arte de tirar do seio da terra, ricos legumes e frutas, trabalhar com barro e argila e do férreo Ubiratã, fazerem as mais fortes lanças e armas de guerra. Depois transmitiu aos homens todo o conhecimento sobre os remédios para todas as doenças. Finalmente, ensinou-lhes as artes que tornam a vida mais suave a amena. Abençoou o sagrado Ibiapaba, Monte Sagrado dos Deuses Brasileiros e nele permitiu a permanência das Parajás, do bondoso Inoquiué, das Parés, de Solfã e de outros deuses imortais. Até ele próprio lá comparecia, vez por outra.

 

BIBLIOGRAFIA

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