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Do Feitiço à Redenção: o Caminhar da Humanidade Entrelaçado pelo Fascinante Fruto Proibido
ENREDO 2013

Do Feitiço à Redenção: o Caminhar da Humanidade Entrelaçado pelo Fascinante Fruto Proibido

É com imenso prazer e orgulho que a Camisa 10 apresenta a todos s sinopse do seu enredo para 2013, com o objetivo de abrilhantar ainda mais o espetáculo carnavalesco da Liesv, a escola mergulha na história e avança no futuro para mostrar todos os víeis entrelaçados no simbolismo do fruto proibido.

As serpentes e o "veneno" do fruto proibido

Aos nossos olhos, tanto na mitologia, nas histórias infantis, na religião cristã a idéia da maçã é usada como metáfora ideológica dualista. Um dos mitos mais conhecidos do mundo ocidental cristão é o mito da maçã no jardim do Éden em que dentre tantos frutos apenas este seria proibido pelo deus do cristianismo. Nesse sentido a maçã muitas das vezes fora usada pra simbolizar o pecado, a destruição, a morte, o infortunio, a ruína, a ganância e a inveja, isso pode ser claramente visto na estória da Branca de Neve e os Sete Anões, na qual, a protagonista foi seduzida pela maçã e enganada pela madrasta transfigurada numa velhinha. Essa parte da estória é uma analogia do mito do jardim do Éden, donde a velhinha seria a própria serpente que faz uso do fruto para causar o mal.

Nos dois casos a maçã é o caminho para o pecado e/ou para a morte. Essa representação do pecado margeou todo o imaginário medieval.  Além disso, nesse período a mulher teve sua imagem diabolizada, pois ela significa para seus infelizes descendentes a "expulsão do paraíso terrestre", atraia os homens por meio de chamarizes mentirosos afim de melhor arrastá-los para o abismo da sensualidade e muitas delas seriam bruxas inclinadas à luxúria e ao demônio, indícios de bruxaria.

A redenção histórica e mitológica da Maçã

A maça é o fruto mais antigo do mundo, já na época Neolítica, os homens consumiam a maçã, a qual, incontestavelmente é o fruto mais velho do mundo. Desde que começou a ser cultivada pelo homem, a maçã transformou-se em um dos mais conhecidos símbolos do amor. Mas sua imagem sempre esteve igualmente associada à saúde. Reza uma lenda que o mítico Hércules, famoso por sua incrível força, alcançou a imortalidade após comer uma maçã sagrada. E conta-se que os pais da medicina antiga, os gregos Hipócrates e Galeno, atribuíam à maçã grandes qualidades digestivas, fazendo nascer assim o costume até hoje arraigado de ingerir frutas frescas ao final das refeições. Na mitologia nórdica, a maçã significa a imortalidade, representada pela deusa Idun, que guardava uma maçã numa taça e quando os deuses ficavam velhos mordiam a maçã e encontravam a juventude. Nas tradições celtas, a maçã é um fruto de ciência, de magia e de revelação, por isso, no festival celta de Shamhaim - que deu origem ao Halloween - elas eram enterradas durante a noite para que renascessem na primavera.

Na mitologia do povo celta, a maçã está ligada a um espaço específico: a Ilha dos Bem-Aventurados, Avalon, local de abundância e imortalidade. Avalon, a Ilha das Maçãs era, de acordo com as descrições da Vita Merlini de Geoffroy de Monmouth (século XII) uma ilha tão abundante que ao invés de grama o chão era coberto por frutos. Essa ilha era governada por Morgana e suas nove irmãs, que também possuíam o dom da imortalidade.

Mas, desde a maçã de Adão e Eva até o pomo da Discórdia, passando pelo pomo de ouro do jardim das Hespérides, encontramos, em todas as circunstâncias, a maçã como um meio de conhecimento. Ela está carregada de duplicidade pois, ora é o fruto da Árvore da Vida que está no meio do Paraíso e ora é o fruto da Árvore da Ciência do bem e do mal.

A Fruta do Conhecimento

Ao analisar o seu simbolismo do ponto de vista de sua estrutura física, ela é símbolo do conhecimento, pois um corte feito perpendicularmente ao eixo do pedúnculo revela que, no seu íntimo, está um pentagrama, símbolo tradicional do saber, desenhado pela própria disposição das sementes. Os Pitagóricos utilizavam-no até como uma das formas de se reconhecerem e numa das chaves pode ser visto como símbolo do Homem perfeito, eis porque surge na representação do homem Vitrúvio, de Leonardo da Vinci.

Avançando na História, temos a maçã de William Tell, o lutador da liberdade. Neste caso, o fruto simboliza o imperativo da conquista da liberdade e, ao mesmo tempo, a tragédia de falhar. Will Tell sentiu isso mesmo quando para conquistar a vida e a liberdade teve de apontar a flecha à maçã colocada na cabeça do seu filho. Tal ideologia sobre a liberdade que influenciou os abolicionistas europeus.

A maçã está também presente em Charles Fourier, filósofo francês do socialismo utópico, que formulou uma das filosofias mais criativas do século XIX, foi um acérrimo crítico das desigualdades sociais e teve sempre como meta a busca da harmonia na justiça. Terá sido a grande diferença de preços da maçã, em regiões da França com condições climáticas idênticas, que o levou a desconfiar de uma desordem fundamental no mecanismo industrial e a buscar uma nova teoria societária. A maçã surge aqui como o símbolo da procura da justiça e da igualdade entre os seres humanos

Por fim, quando se fala na figura da maça, não pode-se deixar de falar de Isaac Newton que ao formular a lei da gravidade, supostamente devido à queda de uma maçã, quando se encontrava a observar a Lua, contribuiu largamente para a construção da ciência experimental. A lei da gravidade tornou possível os aviões, foguetes, satélites e a chegada do homem a Lua.

Maçã, a musa inspiradora

O simbolismo da Maça vai além, inspirou e ainda inspira pessoas ao longo da história, tanto nas artes como no comportamento, quem nunca viu uma criança dar uma maça ao professor (a) como símbolo de carinho? Qual Parque de Diversão não teria as deliciosas Maças do Amor? Quem nunca teve vontade de saborear as famosas tortas de maça (apple pie) americanas?

No campo artístico pode-se encontrar inúmeras obras inspiradas nesse simbolismo, na literatura, o romance "A Maça no Escuro" de Clarice Lispector, mostra de forma gradativa o pecado, ato impensado, e a redenção, o surgimento de um outro, como elementos primordiais de evolução do ser. No cinema, o filme "A Maçã" retrata a vida de uma família onde o pai priva suas duas filhas do convívio com outras pessoas deixando-as presas em casa com a mãe que é deficiente visual. Durante todo tempo a maçã é uma figura presente, ela representa o desejo e atração que influenciou e levou as meninas para longe de casa, vivendo novas experiências e descobertas.

Na música, nos anos de ditadura brasileira, os artistas buscavam se expressar através da arte, Raul Seixas, grande compositor e cantor nacional escreve nesse momento uma musica intitulada "A Maça", isso porque tem representação do proibido no sentido político e também da sensualidade da mulher, a qual, também serviu de inspiração para a marchinha de carnaval de Jorge Veiga intitulada "História da Maçã".

Em 1968, os Beatles surpreenderam lançando os discos da Apple Records com a belíssima maçã verde impressa nos selos dos Lps. A reação positiva foi imediata. Novamente os Beatles se superavam e deixavam os concorrentes ainda mais distantes. Quando a imprensa quis saber qual a razão da maçã verde, Paul explicou que sempre foi fascinado pela arte moderna da 1ª metade do século e que tinha uma especial admiração pela obra do pintor belga Renè Magritte. Com o sucesso alcançado pelos Beatles, adquriu várias obras do artista. Assim, por influência dessa obra prima do modernismo surrelista, todos os discos lançados pela gravadora, viriam estampados com o famoso logotipo da maçã verde.

A "Big Apple"

Big Apple é um dos mais famosos apelidos de Nova York, isso se deu ao longo de anos, começou no início dos anos 20, quando "apple" (maçã) era uma palavra usada em relação a corridas de cavalos em New York City. "Apple" seriam os prêmios concedidos nas corridas, jockeys e treinadores de todo o país aspiravam em participar das corridas de Nova York, referindo-se a "Big Apple". No final dos anos 20 e início dos anos 30, os músicos de jazz começaram a referir a Nova York como "The Big Apple".

Um ditado antigo do show business dizia "There are many apples on the tree, but only one Big Apple" (Há muitas maçãs na árvore, mas somente uma grande maçã). Em 1971 uma campanha para aumentar o turismo em Nova York adotou "The Big Apple" como uma expressão oficial para a cidade. A campanha mostrava maçãs vermelhas num esforço de atrair visitantes para New York.

 Essa cidade encanta pessoas do mundo inteiro, além dos seus pontos turísticos, a "Big Apple" tem um ritmo de vida agitado, vai e vem de pessoas de vários países do mundo, o Central Parque no coração de Manhattan, os restaurantes, os teatros e suas peças e musicais maravilhosos, e a belíssima Estátua da Liberdade. Além disso, a cidade exerce um impacto significativo sobre o comércio, finanças, mídia, arte, moda, pesquisa, tecnologia, educação e entretenimento de todo o planeta.

A Maçã do Futuro

O poder representativo da maçã é algo admirável, permeou o passado, o presente e também vem para permear o futuro da humanidade sendo símbolo de uma das maiores inovações tecnológicas. O fruto do conhecimento que inspirou Issac Newton a romper as barreiras da inovação, inspirou também o grande nome da era tecnológica: Steve Jobs, que junto com seu colega de faculdade cria a Apple Computers Inc. O que era um sonho hippie, acabou se transformando na maior promessa da tecnologia e, mais que isso, em um culto.

A inspiração para que Steve Jobs usasse a maçã como símbolo da empresa é o fechamento perfeito para enredo, pois a escolha sofreu influências de como esse fruto se entrelaçou na história da humanidade, como o verdadeiro fruto do conhecimento.

Alguns historiados propõem que a Idade Contemporânea terminou com a criação do primeiro computador. Cada dia mais os avanços tecnológicos ocupam espaços em nossas vidas, séries de produtos e inovações são criadas, qual será o limite do poder criativo do homem? O que o futuro nos reserva? Um novo capítulo da história está sendo escrito e mais uma vez a maçã é uma das grandes protagonistas...

"Como será o amanhã
Responda quem puder (bis)
O que irá me acontecer
O meu destino será como Deus quiser"
(União da Ilha, 1978)

Alison MacMoraes e Jhony Saldanha
Carnavalescos