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Nas Histórias de Antigos Carnavais da Vovó, Vista a sua Fantasia e Caia na Folia (Corações Unidos do Amarelinho - 2017)
Nas Histórias de Antigos Carnavais da Vovó, Vista a sua Fantasia e Caia na Folia (Corações Unidos do Amarelinho - 2017)

O TEMA “Criança: Carnaval, fantasia e alegria no tempo da Vovó”, por si já remete a ideia de descontração e brincadeira, que são marcas essenciais do carnaval, fazendo com que essa mistura resulte numa grande festa recheada de cores, sonhos e fantasias, onde o mais importante é aproveitar cada minuto desse espetáculo feito por uma comunidade que, com o dia a dia, acaba esquecendo-se de sonhar, viver e ter esperanças de uma vida melhor, como fazem as crianças. Para elas um dia é sempre pouco e um minutinho a mais é sempre bem-vindo para continuar mergulhando nesse mundo, onde a seriedade e o mau humor não têm vez.

O Rio de Janeiro pelo espírito do carnaval, muito antes da data de sua realização, pois a cultura do carnaval que se mistura com acultura do país tropical, é de grande seriedade e grandeza.

O carnaval tem a função de festa popular como marca indissociável de um povo generoso, capaz de abrir-se para a alegria, ainda que em meio a enormes dificuldades de uma tão disparata realidade social. A festa pertence ao povo e é preciso que todos contribuam para que exista realmente diversão e alegria, sem excessos, sem abusos, sem comportamentos agressivos ao bem estar do tempo de cantorias e alegorias. Para isso, o carnaval não deve se esgotar no desfile das escolas de samba.

O povo é que verdadeiramente faz o carnaval, e responsável pelo bom samba no pé e pela pura alegria. O desfile agora está mais para o espetáculo do que para espontaneidade da explosão carioca. Sendo essa a realidade, seria muito bom que o carnaval ganhasse novamente as ruas com as festas populares, com desfiles dos blocos e com fantasias populares. E tudo isso espalhado pelos bairros, rasgada a concentração de modo que todos tivessem a oportunidade de participar sem pagar ingresso.

Assim a proposta de enredo “Criança: Carnaval, fantasia e alegria no tempo da Vovó”, busca justamente homenagear essa época em que o cantar, o dançar fantasiam parte do imaginário e do espírito de toda a gente. Carnaval é cultura, é cultura brasileira, é cultura do povo brasileiro.

Só quando chegou o carnaval do “Zé Pereira” – período que marcou época no carnaval do Rio de Janeiro – quando um sapateiro português conhecido como “Zé Pereira” em passeata pelas ruas animava folia carnavalesca – é que o som dos “zabumbas e tambores” animou os foliões por aqui. Essa abertura permitida deixou o samba a vontade para invadir as ruas e avenidas do Rio. Cuícas, tamborins, tambores, pandeiros e até frigideiras (espécie de panelas) – e com essa mistura de sons e ritmos o G. R. E. S. CORAÇÕES UNIDOS fazem uma grande homenagem as baterias de escolas de samba.

FANTASIAS

Desde que o mundo é mundo a humanidade se fantasia. Até no mundo animal vemos os pavões, que já nascem com suas alegorias a tira colo para impressionar a fêmea. Em todas as sociedades os homens criaram os mais variados enfeites para ir a guerra, homenagear seus deuses, para encenar ou por pura farra. O carnaval aqui no Brasil deu seus primeiros passos com os “entrudos” e os “Zé Pereiras” e as pessoas já se fantasiavam e saiam pelas ruas se divertindo, mas sem música. Com o tempo carnaval passou a servir também como manifestação artística, quando surgiram os ranchos. Mais foi graças as nossas camadas populares que o carnaval carioca adquiriu traços muito particulares. Incorporou o batuque africano e toda uma nova roupagem vinda da nossa memoriável África. Os trajes também ganharam novas características, hoje, nas ruas e passarelas do Rio encontramos colombinas, pierrôs e baianinhas, turbantes coloridos e fantasias das mais variadas origens. Nas escolas de samba fica centralizado na figura do carnavalesco, cujo trabalho exige pesquisa criteriosa sobre todos os tipos de adornos e G. R. E. S. CORAÇÕES UNIDOS vêm com todo o brilho homenagear os nossos carnavalescos.

MARCHINHAS

Desde os tempos de “o abre alas”, que Chiquinha Gonzaga fez nos idos 1890, para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, muito som já rolou nas liras que compõe para o carnaval.

Em 1928, Lamartine Babo despontou com as marchinhas título da revista “os calças largas” que satirizava a moda das calças boca de sino. “O teu cabelo não nega”, também de Lama, provavelmente a mais conhecida de todas as marchinhas carnavalesca, foi um estrondo em 1932. O ritmo teve sua glória dos anos 20 aos 60 e começou a decair no início dos anos 70, cedendo espaço de música oficial do carnaval para os sambas de enredo. Carmem Miranda, Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Jorge Vegas e Blecaute, passearam pelo ritmo e Marlene e Emilinha Borba foram musas do Brasil.

Mais recente, João Roberto Kelly compôs sucesso como “a cabeleira do Zezé”, “Multa Bossa Nova” e “Bota a camisinha” e acredita na divulgação boca a boca, na música que a criançada aprende nos bailinhos infantis nos blocos dos jovens como o cordão do boi tatá e o monobloco além dos tradicionais Bola Preta e Cacique de Ramos. Na verdade, isso é que manifestação popular, os novos sambas das escolas passam as marchinhas permanecem.

HOMENAGENS

J. CARLOS

Cartunista e ilustrador, J. Carlos nasceu no Rio de Janeiro e soube retratar a vida carioca como ninguém colaborou em diversas revistas, como “A avenida”, “O malho” e “Para todos”. Em 1908, trabalhou para a revista “Careta”. Dirigiu a ilustração brasileira, Leitura Para Todos, O malho e Para Todos. Voltou a Careta em 1935, e lá ficou até falecer na prancheta de trabalho em 1950. Criou personagens típicos do Rio de Janeiro como o almofadinha e a melindrosa. Retratou o carnaval, as praias, a moda, os modismos e os costumes num verdadeiro retrato ameno da época. Fez capas e personagens para a revista infantil “o tico-tico, como lamparina, Juquinha e outros”. Colaborou com o Walt Disney quando da visita deste ao Brasil durante a segunda guerra mundial desenhando um papagaio tipicamente brasileiro. Chegou a fazer uma charge do papagaio preparando as malas para ir a Hollywood para onde J. CARLOS havia sido convidado a trabalhar pelo criador de Mickey. Mas desistiu e permaneceu no Brasil. Joe carioca, criado pela equipe de Disney voltou para ser produzido no Brasil como Zé Carioca.

LAN

Lanfranco Aldo Riccardo Vaselli Corteline Rossi Rossini, nasceu na Itália em Monte Varchi, perto de Florença, em fevereiro de 1952, foi para o Uruguai, com a família, aos 4 anos de idade e chegou ao Brasil em 1952. Aqui, é simplesmente Lan, carioca torcedor do Flamengo e da Portela. Ainda no Uruguai, Lan estudou arquitetura, mas largou tudo ao perceber, como diz outro profissional da área, o cartunista Carlos Amorim, “que réguas e cálculos não eram sua praia”.

Reconhecido por seu traço de personalidade inconfundível, Lan é tido, na capital nacional do cartunismo, como o “mais carioca dos caricaturistas”. Cariocas como Jaguar e Sérgio Cabral atestam, sem hesitar, que o italiano criado no Uruguai – e que estreou profissionalmente na Argentina – conseguiu melhor que ninguém sintetizar a alma do povo e da cidade do Rio de janeiro. Seus traços escorregam saborosamente no papel as ideias marotas e é por isso que suas mulatas são as mais sinuosas, as mais – mais.

O G. R. E. S. CORAÇÕES UNIDOS, nesse carnaval de 2017, vai apresentar esse mundo mágico e fantástico, onde baianas se transformarão em vovós, numa ala cheia de magia e alegria fazendo parte de um desfile, cujo espetáculo estará de acordo com a imaginação das crianças.

Sidiney Rocha – Carnavalesco