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A Coroa Imperiana nos Braços da Nação Acariense (União do Parque Acari - 2022)

A Coroa Imperiana nos Braços da Nação Acariense (União do Parque Acari - 2022)

 

Sinopse

1º Setor – Negritude da Serrinha

No início a Serrinha era mais um pedaço da grande fazenda de Madureira. O morro era todo de barro, e mato fechado, e foi sendo povoado por negros com laços de parentesco e amizade descendentes de ex-escravos africanos. Tudo era uma grande família. Pura felicidade todos com origem “Banto”, que pertenciam às nações do Kongo e Angola.

A vida dos moradores aqui da Serrinha continuou bem parecida com a dos tempos de além-mar da África – mãe. Tanto que me recordo que lá encima tinham muitas cachoeiras, minas d’água, matas, animais selvagens, pássaros cantando… E tinha uma trilhazinha também. Casas de pau-a-pique, o candeeiro e o ferro a brasa que continuaram a fazer parte do dia-a- dia do Morro por muitos anos. Era a herança africana que nos deixou a força de suas raízes.

Entre as árvores ouvia-se, tambores batucando, sentia o pulsar de uma África renascida! A roda, o batuque, palmas e suor. Um casal descalços batendo os pés na terra, era o Jongo da Tia Maria, que ritmavam as rodas dos velhos jongueiros.

No jongo dos bantos, quanto o canto e dança têm sempre fundamento, os versos improvisados em charadas desafiam os que não conhecem as tradições. O jongo é pai de muitas outras músicas.

Na Serrinha era quase uma família só. Eram todos por um, um por todos. Pelas ruas as mulheres vendiam cajus, melancias, galinhas. Outras tantas carregavam imensos balaios de palha na cabeça enfeitada com coloridos laços; outras e muitas doceiras com seus tabuleiros de quitutes. Já os homens, prestando vários tipos de serviços; Vendedores ambulantes, alfaiates, pedreiros, sapateiros, bilheteiros, pintores, etc.

Setor 2 – Prazer, eu sou a Serrinha

O tempo se passou e, nos quintais do morro, surgiu à escola de samba Prazer da Serrinha. Era uma vez o desejo de construir alegria em permanente transformação. Um desejo que carregasse o samba popular e trouxesse notícias do Brasil e de sua gente.

Em meados de 1946, através de desistência de alguns diretores não conformados com o andamento que a escola de samba Prazer da Serrinha, nascia em 23 de março de 1947 uma nova escola chamada Império Serrano, que seria por vir, uma escola democrática.

Foi na casa da Dona Eulália, no coração do morro da Serrinha, que a ideia de Molequinho se tornou realidade: O nome foi sugerido por ele, mas na escolha das cores ele foi voto vencido – era, enfim, a democracia que chegava – e prevaleceu a sugestão do compositor Antenor, pintando de verde e branco o morro da Serrinha, o subúrbio de Madureira e o carnaval carioca.

O símbolo da escola é a Coroa Imperial Brasileira, ou Coroa do Segundo Império.

A escola tem como cores o verde e o branco. Sebastião Molequinho propôs as cores; azul e amarelo ouro, mas não foram aprovadas. As cores; verde e branco foram escolhidas por Antenor Rodrigues de Oliveira que, na ocasião, compôs o primeiro samba da escola (“O branco é paz / O verde é esperança / Diz o ditado / Quem espera alcança / Eu esperei e alcancei / Império, tudo por ti farei”).

Para a existência da nova escola foi fundamental o apoio e a experiência de Elói Antero Dias, líder comunitário de grande importância para a consolidação da cultura brasileira em nossa cidade. Como seu genro João de Oliveira, conhecido como João Gradim, irmão de Molequinho e D. Eulália, foi o primeiro presidente da nova agremiação, o Mano Elói, como era chamado, não poupou esforços para que o Império Serrano se impusesse, desde o primeiro momento, como algo novo e diferente.

A Portela foi escolhida para batizar o Império Serrano. Porém, a derrota da mesma para o novato Império, em 1948, interrompeu a seqüência de sete conquistas consecutivas da azul e branco de Madureira, criando uma rivalidade com a escola da Serrinha. Como o batismo não foi realizado, o Império Serrano ficou sem escola-madrinha, tendo apenas São Jorge como padroeiro.

Setor 3 – O Esplendor da Serrinha!

Mas ninguém poderia prever naquele instante que a escola que nascia iria ser nove vezes campeã do carnaval carioca e assumir uma importância cultural bem maior do que simples resultados de desfiles.

Depois que eu parti, fiquei observando de longe a evolução chegar à minha gente. Com os olhos de um menino de quarenta e sete, vi o meu lugar se consagrar como um autêntico reduto do samba.

A Serrinha entrou para a história através de livros, filmes, peças de teatro entre outros. Não podemos esquecer de nomes importantíssimos como Tia Eulália a fundadora e portadora da carteirinha número um da escola. Arte e cultura. E mais, o Império levou o nome da Serrinha para lugares nunca antes imaginados! Escreveu uma nova história, e consagrou quatro sambas enredos entre os dez mais importantes da história
do carnaval! Também imortalizou um conceito novo com o enredo Bumbum Paticumbum Prugurundum, que ficou até hoje nas nossas lembranças.

Com maestria os compositores escreveram a poesia do morro no asfalto. Inesquecíveis composições que ganharam vida marejaram os olhos e emocionaram os corações; transformaram-se em lindos sambas que são cantados até hoje, por qualquer mortal que pisar no chão de estrelas que é o Reizinho de Madureira.

Nesta maravilha de cenário, a apoteose do meu coração é um episódio relicário. No palco dessa Avenida vamos festejar com os nobres imperianos da minha Serrinha: Molequinho, Mano Décio, Eulália, Fuleiro, Aniceto, a nossa tradicional velha guarda e todos os torcedores que hoje estão espalhados pelo mundo afora! Nas ondas do infinito mar verde e branco e no céu prateado da minha constelação, hoje consagramos o Carnaval dos Baluartes.

Sua Ala de Compositores é uma das mais respeitadas, tendo em sua história nomes como Silas de Oliveira, Mano Décio, Aniceto do Império, Molequinho, Dona Ivone Lara (primeira mulher a fazer parte de uma ala de compositores de escola de samba), Beto sem Braço, Aluízio Machado, Arlindo Cruz, só para citar alguns dentre tantos. Sua história é coroada por belíssimos sambas, verdadeiros clássicos do samba enredo como Aquarela Brasileira (1964), Exaltação a Tiradentes (1949), Os Cinco Bailes da História do Rio (1965), Heróis da Liberdade (1969), Bumbum Paticumbum Prugurundum (1982), entre outros. Em 1982, a cantora Clara Nunes gravou o Serrinha (samba em homenagem à escola), escrito por Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, A Lenda das Sereias, Rainha do Mar (1976). Também na década de 80, a escola teve grandes momentos com enredos criados por Fernando Pamplona, desenvolvidos por outros carnavalescos, como Mãe Baiana Mãe (1983), Eu Quero (1986) e Para com isso, dá cá o meu (1988), “Alô, Alô, Tai Carmem Miranda” ( 1972 ) e entre outros que marcaram época, além dos mais recentes “E verás que um filho teu não foge à luta”, de 1996, e o “Império do Divino” de 2006.

A escola é uma das maiores vencedoras do prêmio Estandarte de Ouro, conhecido como “Oscar do carnaval”. Entre os carnavalescos com passagens marcantes pela escola estão como Fernando Pinto, Rosa Magalhães e Renato Lage. Entre as contribuições do Império Serrano ao carnaval estão a introdução de instrumentos como o prato, o reco-reco, a frigideira e o agogô de quatro bocas na bateria; e a criação dos destaques de luxo. A bateria da escola é denominada “Sinfônica do Samba” e tem como marca registrada a ala de agogôs. O Império também é responsável pela primeira escola de samba mirim da história, o Império do Futuro, criado em 1983.

Então não podemos esquecer de artistas anônimos quer fizeram a ligação do morro com asfalto, que hoje são personalidades ilustres que representa, a escola da serrinha como: Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Jorginho do Império, Pretinho da Serrinha entre outros.

E o G.R.E.S. UNIÃO DO PARQUE ACARI apresenta como enredo, tocado pelo espírito de império-serranidade e pelo desejo de justiça e liberdade imperiana, revive encantado a “história de títulos e glórias” da verde e branco de Madureira.

Prazer… Reizinho de Madureira! Sou um menino de quarenta e sete, e nos braços da nação acariense rumo à vitória eu vou!

André Tabuquine

(Carnavalesco)