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Coluna do Mestre Sambinha

Coluna do Mestre Sambinha

SAMBA-ENREDO

Considerado gênero musical. O primeiro samba-enredo a fazer sucesso no Brasil inteiro foi "O mundo encantado de Monteiro Lobato", graças a uma gravação de Eliana Pitman. Logo outros tantos cantores gravaram grandes sambas do nosso carnaval. Beth Carvalho, por exemplo, teve seu talento reconhecido graças à gravação de um samba-enredo da Estácio de Sá: "Rio Grande do Sul na festa do preto-forro". Os sambas eram cantados em todo o período pré-carnavalesco, chegando ao ponto de o samba de Zuzuca para o enredo "Festa para um rei negro" ser um sucesso em todo o Rio de Janeiro, cantado no Maracanãzinho e em todos os bailes pré-carnavalescos, sem, ao menos, ter vencido a disputa de samba-enredo do Acadêmicos do Salgueiro. O clamor popular praticamente decidiu a disputa a favor de Zuzuca contra o samba de Bala. Este samba é considerado o de maior sucesso de todos os tempos. Os "discos" das escolas chegavam a vender milhões de cópias.

Porém, um dia, ao que parece, a fonte secou. Os CD's com os sambas-enredo já não vendiam nem perto dos que já venderam um dia. Os sambas-enredo perderam espaço na mídia para outros ritmos como axé, pagode paulista, entre outros ritmos. Praticamente ficou restrito a um público segmentado, àqueles que ainda tem simpatia pelo carnaval. O que houve? Como reverter esse quadro? Por incrível que pareça, não acredito que o samba-enredo seja um gênero musical esgotado. Atingiu seu apogeu, dificilmente veremos obras inspiradas como os sambas dos anos 60, mas acredito que se reerguerá, rejuvenescido. O samba-enredo sofreu diversas mudanças com o decorrer do tempo. Eram longos, de melodia arrastada nos anos 60.

No final dos 60, recebeu Martinho da Vila e um jeito novo de fazer samba, trazendo influências de outros ritmos até mesmo de sua cidade natal: Duas Barras. No início dos 70, percebeu sua primeira grande transformação com o sucesso nacional de "Festa para um rei negro", o "pega no ganzê, pega no ganzá", um samba de embalo, curtíssimo para os padrões formais. Com o passar do tempo, o samba foi perdendo aquelas características que o consagraram, para se transformar no que ouvimos hoje: sambas acelerados, sem poesia alguma, servindo unicamente como elemento auxiliar de passagem para a escola. O que era a essência, passou a ser secundário. O principal, hoje em dia, é a preocupação com o visual. O samba tem que ser adequado, não bom, para que não comprometa a harmonia da escola, segundo dizem. O fato é que a cada ano o samba não consegue angariar novos adeptos, perdendo, sim, aqueles que por ele tinham algum apreço.

Para resgatar aqueles que desistiram do samba-enredo e, quem sabe, ganhar novos fãs, sugiro mudanças. Novamente. É fato que ainda os sambas são por demais extensos e que, para torná-los populares novamente, é essencial que "encurtem de tamanho". Outro problema é o comprometimento demasiado dos compositores com a sinopse entregue pelos carnavalescos. Seria melhor, acredito, que os compositores apenas se inspirassem no enredo para produzirem suas obras, como era no passado. Samba é samba, marcha é marcha, axé é axé. Portanto, samba tem que ter andamento de samba e não de outro ritmo. Se o espetáculo não suporta sambas dessa natureza, que ele se adapte ao ritmo e não o inverso. Para torná-lo sucesso popular novamente, é muito importante que a LIESA tenha entre seus funcionários pessoal qualificado na área de marketing, produção musical e, por que não, administração. A gerência do espetáculo ainda tem alguma coisa de amadora, não alcançando, nem perto, o imenso potencial que ele tem a desenvolver, mas isso é outro assunto. Um exemplo: se vários ritmos se tornam sucesso nacional graças ao famoso "jabá", por que não usá-lo? Afinal, se até ritmos como funk, calipso e sertanejo encontraram espaço na mídia, graças ao jabaculê, por que o samba-enredo não teria espaço, alcançando novamente o sucesso devido? Poderíamos, certamente, enumerar "n" ações para resgatar o samba-enredo, eu, você e tantas outras pessoas. O que resta agora é agir, demonstrar vontade de mudar, tentar sensibilizar a quem de direito, porque do jeito que está, não pode ficar.

Mestre Sambinha
jrenatoramos@yahoo.com.br