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RECANTO DO BEIJA-FLOR

RECANTO DO BEIJA-FLOR


PRESIDENTE Fabrício Smiderle
CARNAVALESCO  Débora Bressiane
INTÉRPRETE  Marcelo Santos
CORES  Azul e Branco

Mais uma agremiação que fará seu primeiro desfile na LIESV, após conseguir o acesso com a quarta colocação no Grupo de Avaliação da CAESV em 2008.

Ano

Enredo

Colocação

2009 Com muito amor, a Recanto te conquista neste Carnaval

-

2008 O Brilho e os Encantos das Quatro Estações de Vivaldi

4º (CAESV)


SAMBA-ENREDO 2009
 

Enredo: Com muito amor, a Recanto te conquista neste Carnaval
Autor: Luciano Capadócia

Vai Beija-Flor
Voa e espalha pelo ar (bis)
O sentimento mais nobre, o amor
No carnaval a nos contagiar

Viajei no tempo e presenciei
Lágrimas que causaram o dilúvio
Nos mares, com Ulisses naveguei
A mulher que espera da tristeza, eu vi chorar
De saudades do amado
Na fonte do esquecimento mergulhei
Para apagar o meu amor frustrado
Deus nos deu a luz do filho seu
Lavando do mundo nossos pecados

Oh! Cavaleiro busca sua amada
Aprisionada em torres e castelos (bis)
E prometa a ela
Que a sua paixão será eterna

Ciúmes, desconfiança
Bentinho traído ou não
Dúvidas do coração
Flora e seu amor indeciso
Pivô de uma disputa entre irmãos
Dona Flor assume dois maridos
Dando fim à indecisão
Transpira desejo, toda sensual
Com a engraçadinha, vou brincar o carnaval

Clique aqui para baixar o samba

SINOPSE ENREDO 2009

Com muito amor, a Recanto te conquista neste Carnaval

Autor
André Dubois

Justificativa

Falar em amor num mundo de violência e injustiças é sinalizar a esperança. Lembrar como a literatura fez uso de sua arma principal – as letras – para falar desse sentimento tão nobre é lembrar a grandeza que existe no homem. Amores sofridos, com finais felizes ou tristes, amores cínicos, amores em trio, em dupla, amores amigos estiveram e estão a preencher histórias, livros, contos, fazendo-nos conviver com personagens inesquecíveis.

Religar a cultura ao homem é o objetivo da Recanto do Beija-Flor. E esse objetivo vai além em 2009 – passando do objetivo cultural, traremos um pouco de amor, de boas energias, ao coração de cada espectador de nosso desfile, valorizando esse sentimento que faz o mundo caminhar!

Introdução

Frigga e Afrodite são manifestações míticas do mais sublime dos sentimentos: o amor. A história da literatura universal perpassa a temática do amor. Não há cultura que não tenha "adjetivado" e "substanciado" esse sentimento tão afeito ao sentir e tão pouco aprisionado pelas palavras. A peregrinação das letras à Ilha de Citera – Ilha do Amor para os gregos – esteve presente na paciência amorosa da Penélope de Ulisses, na cristã entrega das "damizelas" medievais em seus castelos, na impossibilidade da concretização do amor na Julieta de Shakespeare, nos cinismos dos debates de amor da Capitu do Bentinho machadiano, na impossibilidade da escolha de Flora de Machado e até mesmo na escolha dupla com "gosto de canela" de Dona Flor...

Desenvolvimento – Linhas de amor

Nossa leitura do amor parte da imagem emblemática de um beija flor, magistral, com seu bater de asas apaixonante... de sua linguagem poética de bicos, do cortejo, do néctar. Amor de bailado, amor gracioso, amor de flor. Nosso enredo é um vôo, um vôo de amor através da história!

A leitura do amor através das linhas da literatura mundial começa em “A epopéia de Guilgamesh” – o mais antigo texto literário do mundo. O amor de Guilgamesh por Enkidu fez o herói 1/3 humano chorar pela mortalidade de seu melhor amigo e causar um dilúvio na Terra... Lágrimas de um amor amigo. Duas palavras que têm a mesma sinuosa origem... Amor e imortalidade, dois temas fundamentais para o Homem.

Dos primeiros relatos, nossa peregrinação vai até a origem do Ocidente: as viagens de Homero para o recanto da “alma” humana. “Animas” – alma em grego – que esperam por amor (A alma de Penélope, representando a espera – o “tempo feminino”). Almas que lutam por amor (Ulisses – representando “o vento”, expressão do domínio masculino).

Em Roma, paramos no recanto do esquecimento: ao lado do templo de Vênus havia um sacrário do “Amor Lethaeus” – para aqueles que desejavam esquecer seus amores. O local tinha fama de prover eficiente esquecimento se uma amada indigna ou um amante canalha não merecesse mais amor. Diz Schiller sobre o esquecimento do amor:

Bebe a bebida de alívio.
E esquece a grande dor!
Magnífico é o dom de Baco,
Bálsamo para o coração dilacerado

Na Roma dos “sanguinários césares”, nasceu o amor do Deus-Homem que tem sua própria escrita: o novo testamento bíblico. Palavra de amor. Sacrificar-se de amor pelo outro. Um recanto de paz e um amor que “religa” – não é que a palavra religião significa originalmente “ligação de amor entre céu e Terra?” – a aliança de Deus e os homens.

Tristes damas... Duelos de amor. Amor distante... Amor de “damizela” e Lancelot, Tristão e Isolda. Recanto da torre de um castelo de esperas.

Amor veneno. Recanto das oposições... É goiabada com queijo! É Romeu e Julieta! Consagração da pureza do amor na morte.

Amor em linhas verdes e amarelas. Amor “capitulino”. Amor com traição? Amor baiano, amor “muderno”... Cheiro de cravo, gosto de canela. Lá vem Dona Flor e pasmem... Seus dois maridos! É... E se demorar, como dizem as letras contemporâneas, “a fila anda!”.

Amor malandro... Amor sambista! Amor carioca... Amor com cheiro de praia. Recanto do Sol. Amor Nelson Rodrigues.

Falando em amor carioca, falamos do amor ao samba! Samba, Carnaval, páginas de amor escritas na história ao longo dos anos pelo cantar rouco do sambista, pelo suor e graça da passista, pela devoção de milhares de amantes anônimos ao seu pavilhão, pelo bailar da porta bandeira e de seu mestre sala, pela emoção de todos os componentes e torcedores. Amor que não pede nada em troca, amor puro, sublime!
ANEXO CULTURAL
Obras citadas e relevância das mesmas para o enredo:

A equipe de enredistas da Recanto do Beija-flor preparou este anexo com a finalidade de facilitar a compreensão das obras citadas no enredo por parte dos compositores.

1. A Epopéia de Guilgamesh

- Do que se trata?
Conta a história do encontro entre o Rei Guilgamesh – 1/3 humano e 2/3 divino – e Enkidu. Os dois travam uma batalha de gigantes, mas tamanha equivalência de forças não gerou nenhum vencedor. Os deuses retiram a vida de Enkidu para se vingarem de Guilgamesh. O amigo vivo jura “chorar” até que seu amigo tenha a vida restabelecida. O choro de Guilgamesh gera um dilúvio.

- Relevância:
A obra fala das relações entre as palavras “amizade” e “amor”. O amor-amigo. A primeira obra da literatura mundial lembra-nos que não há amor sem amizade. E que a palavra amizade origina a palavra amor. A beleza da narrativa possibilita uma linda plástica para a entrada de uma escola. Entrada que deve ser suntuosa como é magnífica a cultura da Mesopotâmia, que nasce no encontro de amor de dois rios: Eufrates e Tigre.

2. Odisséia

- Do que se trata?
Relata a “saga” do retorno de Ulisses à sua família, à sua memória, à sua amada Penélope. Ali certamente estava um dos primeiros grandes heróis das narrativas de viagens gregas.

- Relevância:
A obra fala-nos da esperança do reencontro, da angústia da espera que tece o tempo nas habilidosas mãos de Penélope. Mostra-nos a superação de um amor que se efetiva na distância.

3. Amor Lathaeus

- Do que se trata?
Os poetas romanos deram bastante destaque à questão do “esquecimento do objeto amado”. Ovídio foi o que mais tratou da questão. Principalmente na obra “Amor Lathaeus”.

- Relevância:
O rio Lethes – Oblivionis fluvis ou flumen – era o rio do esquecimento. Quando as pessoas morriam dizia o mito que esqueciam sua existência anterior ao banharem-se no Rio. Os poetas romanos defendiam a idéia de que banhar-se na fonte do esquecimento far-nos-ia esquecer o(a) amado(a) rude, infiel, objeto de dor. A dor do amor “judiado” é o tema deste momento.

4. Bíblia

- Do que se trata?
O livro mais conhecido do ocidente, o mais publicado também relata-nos a história de aliança e amor entre UM Deus – e o único segundo o cristianismo – e o homem. É o Deus da aliança e do amor. Deus que confirmou seu amor enviando seu amoroso filho. O Novo Testamento conta-nos a história de Jesus, um deus-homem de amor incondicional ao próximo.

- Relevância:
Por ser o livro mais influente da história ocidental e que gerou diversos debates sobre os significados do amor verdadeiro não poderia deixar de ser citado num enredo que fala de amor.

5. Romances da Távola Redonda

- Do que se trata?
Os “Romances da Távola Redonda” contam as histórias de Eric e Enide, Cliges, Lancelot e Ivain. Cavalheiros que levavam como armas os seus amores.

- Relevância:
A literatura medieval enfatiza o amor entre “damizelas encasteladas” e nobres “cavalheiros”. O amor é um sentimento tão forte que vale o “cavalgar” do coração pulsante do cavalheiro que trava duelos e tem nas damas o troféu de sua vitória. A luta pelo amor é o tema central dessa literatura.

6. Tristão e Isolda

- Do que se trata?
Tristão e Isolda é a versão escrita de uma lenda celta cujas origens remontam ao século IX. Conta a história de um jovem casal que, após encontrar-se de forma inusitada, apaixona-se, mas se depara com diversos obstáculos políticos e sociais para permanecer juntos.

- Relevância:
A literatura medieval enfatiza o amor entre “damizelas encasteladas” e nobres “cavalheiros”. O amor é um sentimento tão forte que vale o “cavalgar” do coração pulsante do cavalheiro que trava duelos e tem nas damas o troféu de sua vitória. A luta pelo amor é o tema central dessa literatura.

7. Romeu e Julieta

- Do que se trata?
Talvez essa seja a história mais famosa de Shakespeare. Conta-nos a história de dois amantes de famílias rivais.

- Relevância:
O amor maior que as pressões sociais! Esse enfoque extremamente envolvente da obra de Shakespeare não poderia ser esquecido. Amor valente, amor teimoso. Escolher alguém para se amar foi uma grande novidade trazida pela obra de Shakespeare. Amor de vida e amor de morte!

8. Dom Casmurro

- Do que se trata?
Uma das obras mais polêmicas de Machado de Assis conta-nos a versão de Bentinho sobre a sua própria vida. Versão casmurra de sua história. Teria Capitu traído Bentinho?

- Relevância:
Palco de debates e julgamentos, a obra de Machado de Assis abre-nos a perspectiva para discutirmos a faceta “Capitu” do amor. Relações de desconfiança, ciúmes, culpas, todos esses sentimentos inerentes à arte de amar.

9. Esaú e Jacó

- Do que se trata?
A obra conta a história dos irmãos Pedro e Paulo. Um era monarquista e o outro republicano. Um era advogado e o outro médico. Assim como os gêmeos bíblicos e rivais também brigam desde o ventre de sua mãe. Também disputam o amor indeciso de Flora.

- Relevância:
Este momento do enredo pretende discutir a dúvida da escolha do objeto de amor. Indecisa entre Pedro e Paulo, a “quase” covarde Flora prefere morrer a escolher um dos dois. Corações indecisos fazem parte das letras na busca pela temática do amor.

10. Dona Flor e seus Dois Maridos

- Do que se trata?
A obra mais famosa de Jorge Amado conta-nos a história recheada de “cravo” e “canela” da baiana Flor. A Flor oficial e a Flor oficiosa. A “dona Flor” e a “Flor do outro”. História de conciliação entre um Brasil da casa e a pátria da rua.

- Relevância:
Dona Flor em nenhum momento se deparou com a indecisão de Flora. Se ficou em dúvida optou pelos dois maridos. Melhor dizendo, optou pelo marido e pelo amante. A obra representa o amor moderno em que sempre cabe lugar para mais um!

11. Engraçadinha

- Do que se trata?
A “Lolita” da literatura brasileira, concebida por Nelson Rodrigues, é o arquétipo do desejo! Do demônio que há nas mulheres sensuais. Uma história de tragédias em verde e amarelo.

- Relevância:
A ousadia do amor malandro na figura de uma mulher. De uma carioca da gema. O amor ao estilo Nelson Rodrigues não poderia ser esquecido como recanto dos pecados.