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Quesito Bateria

JULGAMENTO 2012
por Bruno Guedes

2 de abril de 2012, nº 14, ano V

Na última quarta-feira, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA) divulgou as justificativas dos jurados do Carnaval 2012. Para quem não tem intimidade com samba ou não sabe, nelas são explicadas as razões para as quais os jurados deram as notas, com exceção da "nota 10", que não precisa de justificativa.

Pois bem, assim como nos últimos dois anos, volto também a avaliar e dar notas ao desempenho dos jurados, bem como eles fazem conosco. Com base nas justificativas, podemos até ver o quanto estão despreparados alguns jurados.

Julgamento 2012 - De um modo geral foi semelhante aos anteriores, com muitos jurados que ainda não estão 100% por dentro do quesito e até incoerente nas notas atribuídas para as agremiações. Em alguns casos percebe-se até a conhecida "vista grossa" com as escolas de "mais nome", com mais "peso na bandeira", como chamamos.

Os jurados que mais gostei, mesmo ainda não sendo os mais preparados do corpo de juri, foram os do quesito Samba-Enredo. Mas com algumas ressalvas, como a falta de coerência em algumas justificativas. Os que menos gostei foram do quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira, que estão transformando o quesito em uma outra coisa ao invés do bailado do casal. Há exigênciais que fogem totalmente a tradicional dança e apresentação do pavilhão. Outros que também foram mal, ao meu ver, estão no quesito Conjunto. Nesse, há dois pesos e duas medidas.

Especificamente falando do quesito Bateria, houve total falta de coerência entre os jurados e, principalmente, deles mesmos com as escolas. Enquanto um analisava uma coisa, outro julgava algo totalmente diferente. E entre as próprias escolas, um mesmo jurado penalizava uma por motivo X e na outra, não fazia o mesmo.

O sentimento que fica é de que as escolas estão muito profissionais para serem julgadas por jurados amadores. MINHA NOTA: 9 (nota mínima, segundo o julgamento da LIESA)

Claudio Luis Matheus - Para mim, foi o pior jurado do quesito. Todas as escolas penalizadas foram ou por desencontro ritmico ou por "falta de criatividade". Essa última justificativa é totalmente vaga e até injusta, haja vista que não há parâmetros descritos nela para a tal razão. Faltou criatividade em que sentido? O que é criatividade? Por que as outras foram mais criativas que as penalizadas?

Mas o que acho mais complicado nas justificativas é a superficialidade do julgamento. Não houve, segundo o descrito no mapa das notas, problemas como por exemplo de afinação dos instrumentos, desnível de naipes etc que outros jurados viram durante as passagens das agremiações?

Nesse julgador (e nos próximos que vou comentar) fica evidente a falta de coerência entre os júri e o que interpretam segundo o formato atual de julgamento da LIESA: Enquanto Claudio Luis TIROU ponto da Portela por "falta de criatividade", o terceiro julgador, Sérgio Naidim, DEU um décimo de bônus para a mesma escola por causa da bateria. Ou seja, bateram cabeça no que viram. E nem podemos dizer que é critério ou rigidez, pois não há qualquer outra manifestação quanto ao citado.

Foi o jurado que mais distribuiu notas máximas, ao todo foram sete.

MINHA NOTA PARA O JULGADOR: 9

Leandro Osíris - Mesmo com alguns erros e incoerências, foi um dos jurados que mais gostei. Julgou bastante coisa que viu e ouviu, além de apresentar mais claramente as razões e caminhos para soluções. Ainda assim não é o ideal, mas só de colocar detalhadamente os motivos para as penalizações já demonstra que, pelo menos, se preocupou em absorver o quesito por completo.

Mas em algumas nomenclaturas pecou, inclusive que próprios ritmistas e diretores de bateria desconhecem, como "levada rítmica". Usou em diversas justificativas e confundiu no que significava, porque em cada hora era de uma forma apresentada.

MINHA NOTA PARA O JULGADOR: 9,4

Sérgio Naidim - Esse, ao contrário do primeiro, foi o menos pior do quesito. Seu julgamento foi muito parecido com o do Leandro Osíris. Não por coincidência ambos são percussionistas com bandas e grupos rítmicos. Buscou analisar a bateria em vários aspectos e até elogiou outros, como bossas e naipes.

Mas como todos eles, também faltou coerência. Em algumas ele pediu mais ousadia nas bossas, enquanto agraciou com nota máxima outras com baixa "versatilidade das paradinhas", como o próprio apelidou a dificuldade na execução delas.

Também usou nomenclaturas que não são tão utilizadas no meio. No mais, foi o que mais chegou próximo ao que esperam ritmistas e mestres que ensaiam tanto.

PS: Fez um grande favor a todos do quesito Bateria, ao sugerir fantasias mais leves e que não atrapalhem o som dos instrumentos para os carnavalescos, nas observações. Inclusive "deixou no ar" uma ideia de que algumas foram penalizadas ou mal julgadas no som que apresentou por esse motivo.

MINHA NOTA PARA O JULGADOR: 9,6

Xande Figueiredo - Foi o mais rigoroso dos jurados, com apenas três notas 10. Mas seu rigor não foi o mesmo para todas as escolas, penalizando com mais força escolas com menos "peso na bandeira". Percebe-se também que conhece algumas características das agremiações, pois na hora de justificar a nota da Mangueira usou o termo "Maracanã" para falar do surdo principal da escola.

Se não fosse esse "porém" no rigor excessivo com algumas, teria sido a o melhor.

MINHA NOTA PARA O JULGADOR: 9,5