O ourives Amaury de Paula trabalhava numa empresa de jóias de diamantes, no Rio de
Janeiro, quando, freqüentemente, seu patrão o incomodava:
“Ô, preto. Cadê a jóia? Ô, preto.
Cadê a jóia?”. O apelido pegou entre os colegas e
Amaury passou a ser o Preto Jóia.
O início no
samba se deu no bairro de Ramos, quando freqüentava os ensaios da
Imperatriz Leopoldinense. Ingressou na ala de compositores da escola e
teve sua primeira chance como puxador oficial em 1985, com o samba
“Adolã, a cidade-mistério”. Naquele ano, por
falta de energia elétrica no Sambódromo, o desfile
atrasou seis horas. A performance da Imperatriz foi prejudicada,
já que a escola deveria entrar na Marquês de
Sapucaí à meia-noite da Segunda-feira de Carnaval, e, no
entanto, começou a apresentação pela manhã,
já com os primeiros raios solares. O fato quase comprometeu a
carreira do jovem sambista.
Uma nova chance
surgiu em 1989. No ano anterior, a escola obteve o último lugar
e, se não fosse uma virada de mesa na Liesa, teria sido
rebaixada ao Grupo A. A volta por cima de Preto Jóia
começou com a escolha do belíssimo samba
“Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós”,
feito em parceria com Guga, Jurandir e Niltinho Tristeza. Não
foram poucas as vezes que Preto Jóia teve que levar o samba na
quadra, devido aos compromissos profissionais do puxador oficial,
Dominguinhos do Estácio. Isso lhe deu cancha e experiência
para o desenvolvimento de seu canto.
“Liberdade,
liberdade...” foi a composição mais elogiada e
comentada do ano, ganhou todos os prêmios de carnaval e foi
essencial para a conquista do título da Imperatriz naquele ano,
apesar da escolha popular recair no desfile da Beija-Flor.
Com a
transferência de Dominguinhos do Estácio para a Grande
Rio, após o carnaval de 1990, Preto Jóia foi naturalmente
alçado à condição de intérprete da
escola de Ramos. Foram 10 anos defendendo o samba da Imperatriz, o que
lhe rendeu um Estandarte de Ouro como melhor intérprete em 1993.
Em 2000, Preto Jóia troca o carnaval do Rio pelo de São
Paulo e vai defender o samba da Acadêmicos do Tucuruvi. Em 2001,
assiste o carnaval pela televisão.
O
retorno se dá em 2002, quando a Unidos do Porto da Pedra
ascendeu ao Grupo Especial com o tema “Serra acima, rumo à
terra dos coroados”. Preto Jóia retorna ao carnaval mais
maduro, mais técnico e mais vibrante do que nunca. O
intérprete destaca que suas principais influências
são Jamelão (pelo timbre de voz) e Neguinho da Beija-Flor
(pela empolgação). Também integrou o projeto
Puxadores de Samba, junto com Dominguinhos do Estácio, Jackson
Martins, Serginho do Porto e Wantuir, em 2000. Após três
carnavais na Porto da Pedra, aliada a uma passagem pela
Tradição em 2005, Preto Jóia voltou à sua
antiga casa em 2007, depois de oito anos. Foi a voz oficial da
Imperatriz Leopoldinense por dois carnavais, sendo dispensado
após o carnaval de 2008. Em 2009, chegou a acertar com a
escola porto-alegrense Academia de Samba Praiana, mas acabou não
desfilando. Antes
do carnaval 2010, acertou com a Inocentes de Belford Roxo e gravou o
samba-enredo da escola para o CD oficial. Porém, foi dispensado
pela agremiação ainda em 2009. No carnaval 2011, defendeu
a Acadêmicos do Tatuapé, retornando ao carnaval
paulistano depois de 11 anos. No Carnaval Virtual, estreou pela
Águia do Estácio, ajudando a escola a conquistar o
título do Grupo de Avaliação (CAESV) em 2012.
A
poucos dias do
desfile de 2014, acertou seu retorno ao carro de som da Imperatriz
Leopoldinense, como cantor de apoio de Wander Pires. Em 2015, foi
titular da Acadêmicos do Cubango. Costuma compor e cantar jingles
políticos, tendo participado das campanhas eleitorais de
Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Pezão no Rio de Janeiro.
Retornou à Imperatriz em 2020, sendo o
intérprete da reedição do samba de 1981 "Só
dá Lalá" ao lado de Arthur Franco, conquistando a
Série A e o direito de retornar com sua escola do
coração ao Grupo Especial. No entanto, um pouco antes da
gravação da faixa de 2022 pro CD oficial, Preto
Jóia deixou a agremiação alegando dificuldades em
honrar os compromissos profissionais, em virtude da distância de
113km de onde mora (Saquarema) do Rio.
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INÍCIO: Imperatriz Leopoldinense, na década
de 70.
Primeiro ano
como intérprete oficial: 1985, na Imperatriz Leopoldinense. Logo
depois, integrou o grupo de cantores de apoio da escola.
1991 a 1999
– Imperatriz (intérprete principal)
2000 –
Acadêmicos do Tucuruvi (SP)
2002 a 2004
– Unidos do Porto da Pedra
2005 -
Tradição
2007 e 2008 - Imperatriz
2010 - Inocentes de Belford Roxo (gravou o
samba no CD)
2011 - Acadêmicos do Tatuapé
(SP)
2012 - Águia do Estácio
(carnaval virtual)
2014 - Imperatriz (apoio de Wander
Pires)
2015 - Cubango
2020 - Imperatriz (ao lado de Arthur Franco)
GRITO DE GUERRA: Ih,
gente! Vamos chegando! Dá
licença! Alô nação (lugar de
origem da escola – leopoldinense/gonçalense)!
Chegou a hora!
GRITOS DE EMPOLGAÇÃO: “ih, gente”;
“eu gosto assim”;
“no gogó”;
“vem comigo”;
“é!”
(seguido de um acorde de cavaquinho); “alegria, alegria”;
“obrigado, meu Deus”;
“fui, hein?”.
Sambas-enredo de sua autoria: “Liberdade, liberdade, abre as asas
sobre nós” (89, com Guga, Jurandir e Niltinho Tristeza),
“Terra Brasilis, o que se plantou deu” (90, com Baianinho,
Jorginho da Barreira, Tuninho Petróleo e Zé Catimba),
“O que é que a banana tem?” (91, com Flavinho,
Guará da Empresa, Guga, Niltinho Tristeza e Zé Catimba),
“Quase no ano 2000” (98, com Darcy do Nascimento, Flavinho
e Guga), “Xuxa e seu reino encantado no carnaval da
imaginação” (Caprichosos de Pilares/2004, com Nei
Negrone, Riquinho Gremião e Sílvio Araújo),
“Rainha de Ramos” (samba de quadra).
Estandartes de Ouro: 1989 (melhor samba enredo) e 1993 (melhor
intérprete).
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