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![]() ARRANCADA PARA 2010 8 de julho de 2010, nº 6, ano II Pensavam que eu não voltava, né? Bem, depois da maratona
de 18 desfiles do Grupo de Avaliação CAESV, escrevo para o Sambario não só
sobre as performances das candidatas às duas (talvez mais, nunca se sabe) vagas do Grupo de Acesso 2011 da LIESV, mas também
sobre os sambas oficiais dos Grupos Especial e Acesso, que já estão disponíveis
aqui no site, junto a um flagra muito feliz do amigo Thiago do Porto que virou meme da Liga. ~*~ Nos dias 11 e 12 de junho, aconteceram os desfiles do Grupo
de Avaliação. Em cada dia, 9 agremiações puseram a cara na avenida e mostraram
a que vieram. Algumas mais, outras menos empenhadas em pegar a vaga. Segue aí a
Nota da Galera agraciada a cada uma delas: 1º: Amazônia – 9,8 Por
que essas escolas receberam essas notas? Junto aos amigos do Interatividade
LIESV, vamos repassar o clima que as
escolas impuseram na avenida João Jorge Trinta neste último fim de semana. ~*~ O
primeiro dia foi aberto pela Sabugo! É, assim mesmo, com ponto de exclamação. Com um enredo irreverente sobre
a saga e a evolução das favelas do Rio de Janeiro, abriu os trabalhos com
garbo, elegância e bom humor. A graça transbordava inclusive nos nomes das alas
e no samba: “Experimenta, quero ver se tu aguenta!” foi o tom. Retornando
para o segundo ano de Grupo de Avaliação, a Aliança Suburbana apresentou o Positivismo. Pra quem não sabia, foi um banho de história,
começando A Unidos de Vila Madalena (e
não União, como acabei falando no início da transmissão. Falha nossa!) veio na
seqüência, com o enredo sobre reciclagem. O áudio ao vivo foi motivo de bons
comentários: a bateria era um bumbo (carinhosamente reconhecido como um balde)
e um tamborim solista, além, claro, do intérprete, surgindo assim a Bateria
Balde Um (piada com a Surdo Um, da Estação Primeira de Mangueira). O visual
decepcionou, e os críticos a colocaram como carta fora. A Lagoa Azul, uma das mais esperadas da noite, fez bonito ao entrar na avenida
falando sobre o esoterismo. O oculto, aliás, foi um dos temas mais citados
desse Grupo de Avaliação, apesar da escola capixaba ter abordado o assunto de
forma mais genérica. Correu por fora. A Bohêmios Samba Club veio na sequência, seguindo no tema esotérico, mas focando no budismo.
Com suas alegorias em alta resolução, arrancou da audiência opiniões divididas,
mas no fim das contas, ficou mais perto dos favoritos que da parte de baixo da
tabela, e quase surpreendeu. A Estrela Guia veio com um enredo confuso e mal desenvolvido sobre a crise econômica
mundial. Confuso porque os fios de ligação entre a crise de 1929 e a atual
ficaram um tanto quanto fracos. A escola ainda foi infeliz ao enviar seu
material visual em baixa resolução, ficando prejudicada na exibição de suas
imagens. Na
sequência, o esperado retorno da Pantera Negra não foi nada diferente do que o
público esperava. A Mocidade Leopoldense, que veio falando da dinastia monárquica francesa (Luís XIV, XV e XVI),
apresentou um refrão marrento que conquistou o coração dos ouvintes (“Não me
leve a mal, mas a Pantera fez falta no carnaval”). E dá pra dizer que eles
estão errados? A Rosa Negra veio com um excelente e fascinante enredo sobre alquimia e cromática.
Compacto e direto ao assunto, a escola também surpreendeu ao trazer o monstro
do carnaval paulistano Agnaldo Amaral como seu intérprete principal. Carimbou
sua entrada VIP para o grupo dos favoritos. Encerrando
a noite, a grande decepção da noite, a Cidade Colúmbia veio falando do circo. Com o áudio ao vivo à capela (só a voz, sem
qualquer outro acompanhamento) e uma torcida fanática que atrapalhou a
transmissão a ponto de fazerem o apresentador se perder com o programa de
broadcast, a própria rosa e branco de Mauá se sabotou, e não brigou pelas
vagas. O segundo
dia foi aberto pelos Dragões Lendários, que voltam para o seu segundo ano de desfiles. Mas diferente do
primeiro, corrigiu muitos dos seus erros dos anos anteriores. Mesmo isso não
evitou que o confuso enredo sobre ocultismo e consciência continuasse
exatamente assim: confuso. Destaque para o carisma do intérprete, Ev “el Mono”
Costa (“o Macaco”, em espanhol). A Flor de Lótus trouxe o mar para a JJ30, e num desfile brilhante, recebeu uma boa impressão
da audiência. O destaque, que arrancou suspiros da crítica e dos veteranos da
Liga, foi o tripé: uma bela homenagem a um dos ídolos da LIESV, e personagem
emblemático dos clássicos desfiles da Liga, Clara Nunes, com direito à sereia e
tudo mais. Na
sequência, a Barra Funda Estação Primeira confirmou o bom humor que já anunciava desde o lançamento do seu samba –
uma fusão de quatro obras – e trouxe em seu enredo sobre o sonho de Luiz
Gonzaga sobre a Rússia fantasias bem humoradas que deflagraram a evolução quase
assustadora de Lucas Vagner como figurinista. O Capricho Negro trouxe um enredo sobre máscaras para a avenida. O samba não surpreendeu,
e o desfile, apesar de criativo, foi um pouco desorganizado. Ainda assim,
Leandro Thomaz surpreendeu como intérprete, do alto dos seus 13 anos,
defendendo o samba do cisne negro com bastante competência. A Mocidade Imperiana de
Padre Miguel (comentário do amigo
Lucas Sampaio: “que isso? Uma mistura da Mocidade Independente, Morada do Samba
e Império Serrano?”) trouxe as festas e manifestações populares brasileiras.
Apresentou o feijão-com-arroz que podia, mas com beleza e segurança. E foi aí que apareceu a matadora da noite. A Escola Virtual
da Amazônia apresentou a lenda do guaraná, um enredo que é a sua
cara. Fantasias belíssimas, alegorias em visão frontal e o samba muito bem
defendido por pratas da casa, importados da madrinha, a campeã do Grupo há 2
anos, Acadêmicos do Setor 1, foram o que elevaram a EVA à grande favorita a
levar o caneco. Com um enredo pouco atraente, porém criativo, sobre
portas, a Guerreiros
do Leão teve a infelicidade de pegar as sobras da EVA. Foi infeliz
na digitalização das suas imagens, deixando todo o seu visual muito brilhante,
muito branco, o que irritou as vistas da audiência. Não desfilou bem. Mas dava pra ficar pior. A folclórica e hilária Tradição de Tanguá
veio na sequência. Quem achou que a bandeira feita Encerrando os desfiles, a Floripa do Samba homenageou a União
da Ilha do Governador, em um desfile pouco criativo, dentro das limitações de
um desfile homenageando as glórias de outra escola. Não surpreendeu, e não brigou
pelas vagas. No fim, a voz do povo foi ouvida pelos julgadores, e o
Grupo de Avaliação, com resultado final bem parecido com a Avaliação Popular,
terminou assim: 1º: Amazônia – 48,8 Desclassificadas: Aliança Suburbana, Estrela Guia e Lagoa Azul Parabéns à E.V.A. e à Barra Funda pelo acesso à LIESV! ~*~ Dado o imprevisibilíssimo quádruplo empate entre escolas
do Grupo Especial, a Direção Artística esse ano organizou os sambas em ordem de
desfile nos CDs tanto do Acesso quanto do Especial. Vão aí na sequência os
comentários sobre os 22 sambas que irão desfilar este mês. Assim como ano passado, não dou notas para os sambas, e
sim qual foi minha reação ao ouvi-los. Vou explicar: Eu ouço uma vez inteira
para poder julgar o samba tecnicamente. Depois uma segunda audição livre, que é
quando eu bato o martelo se a obra me agrada ou não. Há sambas que canto junto
e mando repetir; outras, eu não quero nem ouvir de novo. É bem divertido. CD do Grupo Especial Estrela
do Amanhã
No céu uma Estrela me faz tão feliz Com a certeza que o Amanhã virá Nosso parceiro Igor Vianna deu um gás extra no samba
romântico e padrão de autoria de João Pinho. A melodia toda em maior usa
fórmulas já conhecidas, e extensões melódicas típicas do samba paulistano.
Preciso ser sincero: o Capo do
Morumbi fez milagre com a sinopse extensa e cansativa da Estrela, composta por Matheus
Schappo. Na hora do desfile, porém, tenho medo que o samba não emplaque, uma
vez que, ao mesmo tempo que o samba escorre mel, não encanta ninguém. Pulei durante a primeira passada. Sereno
de Cachoeiro Este samba é duplamente uma grata surpresa. O primeiro é
ouvir a voz característica de Tico do Gato, velho de guerra do carnaval
carioca. A segunda é perceber que um enredo complexo como uma lenda asteca
rendeu um samba tão gostoso de se ouvir. Não surpreende, uma vez que é de um
dos mestres da Liga, João Marcos, junto a Murilo Duarte. Destaque para o refrão
do meio, que quebra alguns padrões de continuidade. Sacode. Ouvi inteiro. Imperatriz Paulista Dentro do tema Roliúde (que não poderia ser mais direto ao
ponto), a tri-campeã do Virtual aposta num samba mais manjado esse ano, com
direito a refrão do meio de resposta, típico dos sambas da Acadêmicos de Santa
Cruz (“Historias que alegram o...?
Coração / Memórias que fazem chorar...? E sorrir”). Tirando isso, vem com
uma métrica unusual no fim da primeira parte. Na segunda, a escola retoma sua
raiz de samba paulistano, com um tom maior melódico e bem esticado. Destaque
para Anderson Paz mandando muito bem. Ouvi
inteiro. Bandeirante
da Folia Imprevisível como o padrinho Imperial, a Bandeirante
apostou numa fusão ousada para o samba em homenagem ao galo. O samba dá certo
durante toda a primeira parte, que é mescla entre a minha obra, mais a de
Marcus Vinícius e Claudinho Clarão, sobrinho do lendário compositor e
presidente da Viradouro Gusttavo Clarão. O bicho começa a pegar na segunda
parte, que tem um tom maior de melodia indefinida, que não dá tão certo quanto
a primeira parte, que entra num tom menor aguerrido e flutua entre este e um
tom maior melódico que se estende pelo refrão. Destaque negativo para “E aportou num certo Abril / Misturou-se ao
Brasil, despertou o interior / Olha o estandarte do povo”, onde a melodia
não bate tão bem no ouvido. Quem defende o samba com garbo e elegância, porém, é
Guto, revelação de Nova Friburgo, do mesmo berço de Evandro Malandro, nosso
microfone de ouro do ano passado da Liga. Pulei
na segunda passada. Império
do Progresso Com um dos melhores sambas do Especial, a Águia do Norte
Fluminense não abre mão das suas origens, e num samba sobre o Maranhão, traz um
tom menor bem batido, que numa audição mais avulsa pode soar aos ouvidos como
um samba da Beija-Flor, mas muito bem independentemente construído se visto
criteriosamente. A primeira parte é tradicional, e evoca mesmo aos sambas de
Nilópolis – o que não é algo ruim –, e há uma quebra métrica na entrada do
refrão do meio explendidamente bolada pelo professor, João Marcos (“Olha o boi, vai chegar (...) / Nesse auto de
magia e sedução”). A segunda parte, evocando ainda mais aos sambas de
Nilópolis, é toda em tom maior, com direito a uma pegada mais rápida nos
últimos seis versos (“Hoje trago a
poesia...”). Cantei junto, e repeti. Acadêmicos
do Setor 1 Eu preferia um milhão de vezes mais o toadão do Arthur
Macedo do que a versão que foi para o CD (inclusive eu preferi ouvir a versão
concorrente do que a oficial durante a audição livre). A melodia pasteurizada
perdeu completamente o encanto daquela aguerrida e bem variada da original, e
virou um samba que, de impressionante, passou a ser um que seria facilmente
esquecido num carnaval carioca. A primeira parte foi alterada de tal modo que
chega a ser ultrajante, com um tom maior que não combina em absolutamente nada.
A segunda, então, tem erros grotescos de métrica. Um dos piores sambas do ano. Nem deixei começar. Rainha
Negra Apesar da obra ser minha, duas coisas me desagradam na
versão oficial. Uma foi a adição de três versos que quebraram a métrica do
início da segunda parte. A outra foi o uso de uma bateria em velocidade
“normal” – o que nos anos 2000 tem sido bem rápido – para um samba que fora
composto para soar meio 1980. No mais, gostei de como ficou, e sou agradecido
ao presidente Ewerton Fintelman e ao carnavalesco Rodrigo Dula por darem o
espaço para esse samba que foi propositalmente gravado lento para conquistar os
ouvintes (é tudo o marketing, hehehe). Destaco o refrão do meio, e a
interpretação indefectível de Leonardo Bessa. Ouvi inteiro, cantei junto e repeti (é meu, né?). Falcões
da Serra Fiz questão de pegar o trecho mais trash do samba inteiro
para dar uma imagem do nível do samba. Apesar de ser uma boa tentativa do amigo
Luís Butti para o tema complexo e anti-carnavalizável que é a morte, o samba,
que é uma tentativa de bem-humorado, acabou não encantando tanto. Há versos
confusos, como a seqüência “Se a mente
não cansa, o corpo padece / No purgatório, o paraíso me aquece”
(normalmente, no caso do primeiro verso, não é o contrário?). Porém, tem suas
partes altas, e não é nem de longe parte do rol dos sambas ruins. A segunda
parte conta, porém, com um apelo justo e bem bolado (“Não quero ver mais um adeus / Sob o clamor da voz do Pai / Vidas
perdidas dos filhos teus / Quando ao anoitecer o corpo cai”). O refrão
principal, então, apesar do trocadilho esperado, é bem bolado (“Falcões da Serra é... Amor de verdade / Se é
pra morrer, que seja de felicidade”). Mas não é um samba pra se morrer de
amores. Ouvi inteiro. Imperiais
do Samba Thiago de Xangô simplesmente “quebrou tudo” e (como no
grito de guerra) não marcou bobeira nesse samba valente, como é de hábito da
Tricolor das Laranjeiras. Há quebras melódicas e trechos poéticos como é
esperado das escolas do Imperial. Os compositores sabem disso, e foi assim que Murilo
Duarte e João Marcos chegaram lá dessa vez, quebrando minha sequência de
vitórias consecutivas. Tenho poucas ressalvas quanto a esse samba: o refrão
principal, apesar da abertura linda, falta explosão; e o segundo refrão não me
agrada. A segunda parte do samba, porém, é genialidade pura: abre num tom menor
linear, muda de tom, vira maior, e tem uma métrica e sequência melódicas
apaixonantes (“Que faça o amor emergir em
cada coração / Em telas e cores, acordes, canção / Que fale de flores e de
inclusão”). Junto com Progresso e Rainha, um dos sambas do ano. Ouvi inteiro, e mandei repetir. Amigos
do Samba Pingo Sargento apareceu gripado e desesperado ao gravar
esse samba sobre a mentira. Mas mesmo assim mandou muito bem. O samba, bem
humorado, lembrando, em partes, os clássicos de crítica social da São Clemente,
perde o brilho por ser baixo nível e pop demais em certas partes, com direito a
gírias e trocadilhos obscuros na primeira parte (“Deus muito ‘loki’ trapaceia ate Odin”, referência à lenda nórdica
dos deuses Odin e Loki). A repetição de palavras é às vezes bem empregada,
vezes um tiro no pé, o que fica claro no refrão do meio. A métrica também é
meio prejudicada na entrada da segunda (como em “Chega ‘bebum’ e lá vem a ladainha”). Além disso, o samba é
politicamente incorreto em inúmeros níveis, como no refrão do meio (referência
sexual, com direito a um sonoro “CRÉU!” do intérprete) e no fim da segunda
parte e entrada do refrão principal. Mas ainda assim, o samba consegue ser
extremamente divertido. Ouvi inteiro. Ponte
Aérea Antônio Carlos, que é quem dá a voz para o samba da Bambas
Sambario, empresta-a também para esse samba delicioso da Ponte sobre a
malandragem carioca. As sacadas começam logo no refrão principal, com a
referência a Zé Carioca e sua escola, Unidos de Vila Xurupita (“Olha eu aí, sou o Zé da Xurupita”),
ícone internacional da malandragem brasileira. O samba é todo uma delícia de se
ouvir, mas bate mal no ouvido no começo da primeira parte pelas palavras que
quebram a linearidade do samba (“No verde
da minha terra, obra-prima emplumada / É sacrificada em prol da beleza”) e
pela indefinição melódica logo na seqüência (“Seu Caminha, quando lá aportou / De "papagaios" o meu lar
batizou / Enquanto outro "portuga" lindas damas desfrutou”),
apesar de tudo ser coeso. A rota melódica da segunda parte é bem sacada, e só
ajuda. Marco Maciel caprichou. Ouvi
inteiro. Camisa
Dez De início, eu pensei que um enredo sobre descobertas da
humanidade não renderia um samba bom, e Arthur Macedo calou minha boca. O
intérprete, Léo do Cavaco, compositor campeão da X-9 Paulistana, traz uma voz
jovem e promissora para a Liga. O samba remete inteiro aos sambas paulistanos,
e tem uma pegada bem Tom Maior nele inteiro, por ter um tom maior melodioso,
mas uma letra direta (como em “Do fogo,
se molda o metal / É o primeiro passo ancestral / Mas a sabedoria vai em frente
/ Novas descobertas / E o vento leva essa semente”). O refrão do meio é
genial, e dá a impressão de uma escalada melódica muito agradável (“A genial evolução / Faz "renascer"
a cada idade”). O refrão do meio, marrento e com um desenho tipicamente São
Paulo, é o cartão de visitas. Ouvi
inteiro. Princesa
da Zona Norte Parceria entre João Marcos e Will Tadeu é sinal de que vem
sacode por aí. Uma das campeãs do ano passado, a Princesa mantém a tradição de
trazer um samba sacode puro, sem medo de ousar, e sempre mudando sua identidade
radicalmente. Se ano passado, o samba foi “macumba pura”, esse ano é um tom
maior “prá cima”, com direito a repetições inteligentes de versos (“No reino que um dia eu sonhei”) e
corridas métricas bem feitas, que dão certo. Douglinhas, da Pérola Negra, que
dá a voz ao samba, só deixa as coisas ainda melhores. O samba só não é perfeito
pelo uso obscuro de “interior” no refrão do meio (“Fantasiada enfim revelou / O sentimento interior” – não pegou
tãaaaao bem) e pela indefinição melódica pontual no último verso, que é o que
prepara a mudança de tom para o refrão da cabeça (“Quero te ouvir cantar”). De resto, o samba é um clássico
instantâneo. Cantei junto. União
do Samba Brasileiro A primeira bi-campeã consecutiva da Liga traz um samba que
se contradiz. Em “Poemas Para a Eternidade”, a União traz um samba com letra e
melodia clássicos, mas com uma bateria que vem como um carro de Fórmula 1. As
cordas foram gravadas num volume muito baixo, o que prejudica com força o entendimento
da melodia em certos trechos, mas pelo que se entende, a melodia é em sua
maioria em tom menor, daqueles valentes, assim como o samba que é poético e
denso, como habitual da parceria entre Guilherme Dourado e Imperial. A
construção da letra não ajuda a entender o enredo nas primeiras audições. Pulei. Altaneiros
do Samba O samba sobre a cultura nórdica é uma grata surpresa, e prova que a Altaneiros não tem medo da ousadia, também! Evandro Malandro, nosso canário de ouro, retorna com o Cisne Maranhaense, cantando um samba com melodia aguerrida e fluida, cortesia da equipe de Wilson Bizzar, Rodrigo Pires e Ezequiel. A ligação com o Brasil é, para quem não sabe, Sílvia Renata de Toledo, braso-alemã casada com o Rei da Suécia Carl Gustav. Não consigo encontrar problemas nesse samba, que, apesar da escolha de palavras típica dos sambas do Rio quando o assunto é cultura em geral, é redondo e promete um sacode, com direito a Papai Noel e balé clássico. Mandei repetir. LINK PARA BAIXAR DO CD: http://www.4shared.com/file/vl_eKrNu/LIESV__Especial2010.html ~*~ CD do Grupo de Acesso Colibris O samba que abre o carnaval de 2010 não ajuda. Mesmo a
formação de quadrilha (15 compositores, de uma fusão de 6 sambas) que foi
armada na construção da obra não foi o suficiente para dar à Guerreira um samba
que preste. Ainda mais com esse tal de Rodrigo Raposa cantando. A melodia flui
entre maior e menor de modo agradável, se o ouvinte ignorar a letra. A segunda
parte possui uma divisão melódica que remete aos sambas paulistanos, mas também
possui uma sequência poética que não faz muito sentido. O fato de ter três
refrões também deixa a audição cansativa. Prevejo esse samba afundando na
avenida. Pulei. Raízes A cidade da noite foi agraciada com um samba em tom menor
épico de Murilo Duarte, e tinha tudo para ser o grande samba do Acesso, não
fosse a performance atrapalhada de Thiago do Porto, que se embananou no refrão
principal e acabou mudando a melodia do trecho mais explosivo do samba. No
mais, a métrica dessa obra tem uma pegada mais rápida, o que o torna único
dentro de um grupo tão fraco. O estribilho (não é um refrão por que não repete
– “Ôôôô, é cidade de luz onde a noite
resolveu morar / Ôôôô, é cidade do morro onde o dia não pode raiar / é cidade
da noite que canta pro amor sambar”) é genial e apaixonante. Mandei repetir. Pavão
de Osasco O enredo de Imperial na agremiação paulistana recebeu um
samba em tom maior puxado pra anos 80, com direito a crítica social estilo os
bons tempos da Caprichosos de Pilares da época (“O Rei Mandou / Mas foi a folia que caiu / Não tem mais ritmo quente / Foi
mandado simplesmente para a ponte que partiu / Onde é que foi parar o carnaval
do meu Brasil?”), o que parece ser a especialidade de Victor Raphael e
Aílson Picanço, crias da Setor 1. Uma das minhas ressalvas desse samba é o
trecho “É Macobeba / Devorador de
samba-enredo”, que me faz lembrar do samba da União do Parque Curicica
sobre a cultura GLS (“É nova era / Vou
embarcar nessa viagem”). Além disso, o ciclo repetitivo do último verso do
refrão é perigoso e não impõe sentido (“Êta
loucura louca de se loucurar”). No mais, um samba extremamente agradável e
divertido. Ouvi inteiro. Camarões
dos Pampas Assim como no samba da Camisa Dez, o enredo não atraiu
minha simpatia de início, mas no final das contas, o samba saiu decente. Com
uma pegada tradicional dos sambas cariocas dos anos 2000, o samba não
impressiona o colunista carioca que vos escreve, e acaba sendo mais do mesmo. A
letra é factual e em partes perde o fio da meada. A interpretação de Pixulé,
porém, é algo a mais. O intérprete da Império da Tijuca dá uma força incomum ao
samba, e o torna uma delícia de se ouvir. Justamente por isso, ouvi inteiro. Gaviões
Imperiais Um dos meus sambas do ano, a Gaviões traz na voz de
Evandro Malandro os Contos da Carochinha – clássicos da literatura como A Gata
Borralheira, Dona Baratinha e por aí vai. A idéia foi um samba clássico de
melodia flutuante. O refrão do meio remete aos sambas antigos. O único trecho
do samba do qual me arrependo é o verso “Tô
maluquinho, tô morrendo de prazer”, que é vazio, e só serve como estepe
para a rima do verso seguinte (“Vem com a
Gaviões pra VER”). Vale lembrar que a concordância em “Já pedi, minha fada-madrinha / Ilumina
a passarela que é pra eu passar”, apesar de unusual, é correta. O colega
Willian Tadeu deve se lembrar do “Faz eu
viajar” do samba da Consulado, que foi apedrejado a toa. Cantei junto. Bambas
Sambario Outro samba meu no ano, e dessa vez o da casa. A idéia foi
um samba bem-humorado, com referências propositalmente obscuras em certos
trechos, como no refrão do meio (referências a Tamagochi e aos antigos jogos de
arcades, onde o jogador, via de regra, era abordado por moleques que insistiam
no golpe da “lua pra frente”) e em clones (“Vendo
dobrado, que loucura”). Como a temática de desastres e apocalipses não me
agrada, dei um tom alegre ao fim do samba (“Tá
tudo aí! Chega mais e vê que maravilha / Viva o hoje cheio de alegria / Pra
amanhã ser só sorrir”), e acredito que tenha dado certo. Antônio Carlos dá
um plus, provando que não está de bobeira, “de volta na pista” pela Tricolor
Gaúcha. Ouvi inteiro. Tigres
de Niterói O samba do Acesso, sem mais. O indefectível samba da Tigres de Niterói, elogiado até pelo intérprete, Wantuir, é o único do ano que transmite força e não peca em qualquer aspecto. As quatro repetições, curtíssimas, são bem pegadas e são no tom certo. Até as puxadas melódicas dão liberdade para uma brincadeira a mais (“Clamor iorubá”, “O filho de Xangô”, “Temor não há”...). O samba não cansa, e explode nos momentos certos. Tem um apelo popular forte e prova que a coalizão que criou a laranja e preto de Niterói não foi formada de bobeira. Cantei junto e repeti várias vezes. LINK PARA BAIXAR O CD: http://www.4shared.com/file/v7Zs-G-k/liesv_acesso2010.html ~*~ Concorda? Discorda? Tem algo a mais a dizer que eu não
citei aqui? Fique a vontade para mandar um e-mail para mim. Respondo a todos com
todo o prazer. Aquele abraço! |
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