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PARACAMBI IMPERIAL

PARACAMBI IMPERIAL

PRESIDENTE Karine Moreira
CARNAVALESCO Renan Barros
INTÉRPRETE Rafael Faustino
PRESIDENTE DE HONRA Márcia Moreira
CORES  Verde, Azul e Branco
FUNDAÇÃO 07/02/2014
CIDADE-SEDE Paracambi – RJ
SÍMBOLO Curió Imperial

A ideia partiu de um grupo de amigos que amam o carnaval e queriam ter uma participação mais atuante no mesmo, e vimos no já renomado carnaval virtual da LIESV uma oportunidade de mostrar nosso talento e acima de tudo amor ao samba. O nome da escola veio da oportunidade de homenagear a simpática cidade de Paracambi, onde mora um dos fundadores da escola e já que lá não tem uma escola de samba, criamos a GRESV Paracambi Imperial.

Ano

Enredo

Colocação

2022 Laíla: O griô do samba! -º (Especial)
2021 Salve Vovó Maria Joana! De Jongo, reza e Serrinha 13º (Especial)
2020 Resistência 13º (Especial)
2019 Amores em Tempos de Guerra 12º (Especial)
2018 Condomínio Brasil 10º (Especial)
2017 O menino de 47: Um Império de glórias 5º (A)
2016 Escondem-se os rostos para mostrar sua cultura, África vista por de trás de suas máscaras 5º (Acesso)
2015 Vassourinha: Uma Estrela Cadente, O Eterno Adolescente! 11º (CAESV)
2014 Nação Nordeste No Singular! 17º (CAESV)

SINOPSE ENREDO 2022

Laíla: o Griô do Samba!


Morro do Salgueiro. Espaço com suas contradições; organismo vivo e desafiador. A maior parte da população vive na cidade, mas como o percebemos? Como tecemos nossas relações a partir de nossas percepções? São perguntas que acompanharam o jovem Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, nos idos dos anos 1943. Ainda criança aprendeu a se deslocar por entre ruas das cidades e vielas da favela. Este espaço se apresentava como um lugar de encontros, desencontros, de circulação de pessoas e mercadorias, e também, como espaço de segregação. Toda esta desigualdade desde então em cartaz deixou como sequela uma segregação sócio-espacial que desde sempre o foi incomodando, inquietando… Como conviveu sempre com muitas desigualdades sociais, elas sempre estiveram presentes em sua realidade, forjando o homem sério e de poucos sorrisos. Não há como fugir desse encontro Laíla e realidade. Ou seja, a busca dessa vivacidade da temática no silêncio do preconceito em torno da favela sempre foi algo que precisava ser lapidado… Laíla não conseguia ser feliz com seu povo massacrado.

As brincadeiras libertavam o jovem Luiz de seus espaços imediatos e os levava ao convívio em outros espaços da favela. Essa possibilidade de diversão é capaz de resignificar os espaços de violências. A vioplência de não poder ser criança uma vez que, desde seus 7 anos teve que aprender a ganhar a vida lavando galinheiros, carregando compras de outros moradores, trabalhando num armazém. O trabalho é o que garantia seu caminhar. Por isso sempre sonhou em ter sua carteira de trabalho assinada…

Sim, para cada indivíduo, para cada grupo humano, existe uma visão do mundo, que se expressa através das suas atitudes e valores para com o quadro ambiente. Como negar o reflexo do mundo externo no interno, da interação da criança com a realidade?

Atravessando sua primeira encruzilhada, ainda no Morro do Salgueiro, viu no samba sua salvação. Mas também de tantas crianças… A Unidos da Ladeira foi uma das primeiras escolas de samba mirins da história. Espaço de lazer e cultura, tirava as crianças da rua e as propunha a mesma salvação que viveu. A Escola de Samba o salvou! Chegou atér a dormir nos chãos de barracões para finalizar carnavais…

Pioneirismo sempre foi sua marca, bem como sua voz potente e firme… Sempre enxergou o samba como uma espécie de espaço para a reprodução da vida. Reflexo dos cotidianos. Sua história e o olhar atento para o mundo que o cercava serviram de base para muitos carnavais; habitante-identidade-lugar. O samba se tornou um espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido por cada componente…

Vivendo os anos de ouro do Acadêmicos do Salgueiro, atravessou outra encruzilhada pelas mãos do professor Fernando Pamplona, que também trouxera, à mesma época, Arlindo, João, Maria Augusta e Rosa. Todos se fizeram grandes no carnaval. E com Laíla não foi diferente. Foram grandes desfiles com três títulos… Havia um Zum-zum-zum-zum-zum-zum pelo ar… a força temática e a beleza das apresentações marcaram época… Dentre tantas, como se esquecer daquela festa pro Rei Negro, pegando no ganzê? Um dos sambas de enredo mais executados da história do gênero, rompendo fronteiras e chegando até os campos de futebol… Realidade e imaginação aproximou dois gênios: João Trinta e Laíla. Em O Rei da França na Ilha da Assombração, o primeiro grande delírio carnavalesco característico de João confirmou seu favoritismo. Como não se encantar… Era a Escola de Samba se reinventando…

“Contam que o rei criança
Viu o reino de França no Maranhão.
Das matas fez o salão dos espelhos
Em candelabros palmeirais,
Da gente índia a corte real,
De ouro e prata um mundo irreal.”

Nas encruzilhadas da vida-samba, a dupla chegou em Nilópolis. Um marco na história do carnaval carioca e da então novata entre as grandes escolas, Beija-Flor. Suas mãos ajudaram a fazer nascer a “Deusa da Passarela”, “Maravilhosa e soberana”. Em cinco carnavais, quatro títulos. Em “Sonhar com rei dá leão”, exaltou o jogo do bicho e indiretamente, homenageou os padrinhos do samba. Com “Vovó e o Rei da Saturnália”, desfilaram os antigos carnavais. E a negritude ganhou foco com a “Criação do mundo na tradição nagô”. Um tri-campeonato de fato! Seguido de um vice e mais um título “O sol da meia noite: uma viagem ao país das maravilhas”.

Tranversalizando mais e novas envruzilhadas, alcou novos voos, em diferentes espaços do carnaval e até revisitando suas escolas… Por aqui e por acolá, vivenciou experiências das mais diversas. Observador e estudioso do carnaval, arquitetou, rascunhou e estruturou sua maios encruzilhada…

Quando retornou à Beija –Flor de Nilópolis, em 1994, Nasceu o que muitos condenaram: a comissão de carnaval multicampeã! Foram nove títulos! Mas mais dfo que títulos, instituiu um padrão de qualidade e excelência nos desfiles poucas vezes visto. A comunidade nilopolitana ganhou corpo ensaio pós ensaio, incansavelmente. Ninguém tinha dúvidas de que rasgariam o asfalto cantando seu orgulho. A cor local, a negritude elementos culturais e históricos do nosso país foram supervalorizados nos enredos de então.

Seu primeiro título valorizou os saberes da mata por meio do “Mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-anu”. Vitória inesperada mas inconteste, dividida com a Mangueira de Chico buarque. Mantendo estas características, Durante os anos 2000 a escola se manteve sempre nas primeiras colocações, sendo que no período 2003/2005 conquistou seu segundo tri campeonato.

Em 2007, a agremiação desfilou as inesquecíveis “Áfricas”, com uma revoada de beija-flores e uma savana inigualáveis e que não deram chances às demais escolas. Campeonato tranquilo e inconteste tamanha sua superioridade diante dasd rivais. No ano seguinte, novo campeonato, desta vez cantando o enredo “Macapaba: Equinócio Solar, viagem fantástica ao meio do mundo”. Em 2011 o tema escolhido para o carnaval foi uma homenagem ao cantor Roberto Carlos, que se declarara torcedor da agremiação, e promoveu um desfile de astros que se propuseram a homenagear o Rei, fao qu8e manteve a energia em alta, varrendo toda a pista de emoção. Já em 2015, a Beija-Flor levou para a Sapucaí o enredo “Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”, que abordou a cultura e história da Guiné Equatorial. A escola foi a terceira a desfilar na segunda-feira de carnaval. Venceu o campeonato com um desfile quase perfeito, sob o olhar dos jurados. O enredo resgatou o tema africano que lhe rendeu vários títulos inclusive o primeiro título. Aliás, falando em enredos afros, A Saga de Agotime merece referência especial… E como esuqecer do desfile discurso “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos da pátria que os pariu.” Que provocou um verdadeiro arrastão de alegria ao final do desfile, entoando versos antológicos…

“Ganância veste terno e gravata
Onde a esperança sucumbiu
Vejo a liberdade aprisionada
Teu livro eu não sei ler, Brasil!
Mas o samba faz
Essa dor dentro do peito ir embora
Feito um arrastão de alegria e emoção, o pranto rola
Meu canto é resistência
No ecoar de um tambor
Vem ver brilhar
Mais um menino que você abandonou”

2018 foi seu último título. Ano sofrido, com grandes dificuldades para colocar o carnaval na rua, mas dificuldades redimidas pelo desfile. Muito estranhamento por uma estética propositalmente mais pobre, trabalhando a ideia do grotesco associado ao tema formulando um discurso inquestionável. Sua despedida da Beija Flor…

Este enredo iniciou uma série de enredos críticos que retomavam a história de Laíla. Unidos da Tijuca e União da Ilha foram palco de enredos engajados e reveladores de um olhar atento para seu povo. Fome, Falta de programas de habitação, vida nas favelas… sua infância voltava e se reencontrava com o espaço samba.

Sua última encruzilhada, a da vida, em nada diminuiu sua obra, marcada e consagrada. Como um bom homem de fé, filho de Xangô, pessoa forte! Senhor der si e de suas qualidades, sempre defendera suas opiniões. Respeitado, um dos reis das escolas de samba, agora será coroado no carnaval virtual, pela Paracambi Imperial.

Seu nome, eternizado em qualquer manual sobre as Escolas de samba são a prova de que nos caminhos da vida-samba, Laíla salvou e foi salvo, provocou e foi provocado superando todas as encruzilhadas… Venceu!

Autor do enredo: Elídio Fernandes Júnior