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Coluna do Ostelino

AVANTE, VINGADORES!

1º de março de 2013, nº 18, ano IX

Estava lá a logomarca da Rede Globo, com mais outros nove enredos que, se não eram patrocinados, tinham a forte intenção de ser. A questão não está necessariamente no modo como a Liesa e as escolas tratam o assunto, mas como o marketing no samba passar a significar somente fonte de renda e não de apropriação cultural.

Num ano de enredo pífios no Grupo Especial, de águia aqui e uma Ilha acolá, não poderia haver melhor resultado do que uma Vila Isabel caipira, com samba no pé e preparada por gênios como Rosa, Martinho, Arlindo Cruz e uma legião de anônimos que já mereciam reconhecimento no ano de Angola. Eita povo de Noel, já subiu pra ficar e brilhar - “rumo a vitória a navegar!”.

Como em toda relação, Rosa e Vila, sempre haverá opiniões diferentes... Aliás, Rosa Magalhães casou bem com a Vila e é mestre em articular enredo com patrocínio – registre o brilhantismo de “Mais Vale Um Jegue Que Me Carregue, Que Um Camelo Que Me Derrube...”, o melhor exemplo de enredo bem desenvolvido com patrocínio e não se fala mais nisso.

De um iogurte azedado se fez o cenho da festa momesca. Um brilhantismo raro, uma maquiagem contínua, o fato que sobrou patrocínio em 2012 e faltou samba. Fica a questão: a cultura pode ser tratada como produto? O patrocínio chegou como um branco escravizador, se desenvolveu aceleradamente a cada ano, fica de olho na associação entre marcas e desfiles, com investimentos cada vez maiores e atento em mercados-alvo.

As escolas de samba estão deixando seu caráter predominantemente artístico cultural e dão espaço às ações mercadológicas. As agremiações surgem como ferramentas prósperas e ascendente dos negócio empresariais. Mas como devem articular isto? Até onde o capital dita as regras?

Um assunto extremamente contemporâneo que tem muito a ser analisado, debatido e tratado na prática. Vamos logo com isso, antes que a porta-bandeira venha de coca-cola e os destaques começam a receber aplausos ao saltarem de grandes telas de Iphones, vestidos de Capitão América.


Alessandro Ostelino
ostelino@hotmail.com