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![]() HOJE O SAMBA CAIU...
pra lembrar de esquecer 28 de setembro de 2013, nº 11, ano III
Durante
muito tempo
de minha vida nesse mundo que é o do samba, me dediquei a
repelir o período em
que estamos: o concurso de sambas de enredo das escolas de samba, em
todos os
grupos, era abominado por minha pessoa, que sempre fez questão
de não escutar
concorrentes e nem acompanhar o andamento da safra das escolas, salvo
exceções
de ouvir e manifestar opiniões quanto a samba de amigos. O
motivo disso era bem
simples: um concurso no qual o objeto da disputa é o menos
levado em
consideração na hora de decidir não merece nenhum
crédito. Eis que
chega a
disputa de 2014 e me sinto tentado a repensar a minha decisão.
Chega aos
ouvidos uma verdadeira leva de sambas diferenciados, elementos novos,
disputas
de nível mais elevado, muitas delas impulsionadas pelo efeito
causado pelos
últimos sambas, sobretudo de escolas como Portela e Vila Isabel,
que saíram da
receita de bolo que insistia em perdurar no carnaval carioca. Melodias
mais
trabalhadas e fugas do lugar-comum invadiam as
agremiações e seria uma certeza
do melhor CD do Grupo Especial do Rio em anos. Imagine você
conseguir
diferenciar as escolas no CD a partir da melodia dos sambas, das
características diferentes entre elas... Era o prenuncio de uma
nova ordem no gênero
do Samba-Enredo, assim pensei. À
medida que as
disputas foram se desenrolando, cheguei a uma conclusão triste:
na mesma medida
em que compositores se atentaram para ousarem mais nas suas obras, eles
também
estão aprimorando a política de bastidores nas escolas, e
geralmente, quem
aprimora essa política não é o mesmo que ousa. A grande
verdade é
que, aos olhos de todos, a impressão (que se confirma) é
de que o samba é o que
menos interessa. Qualquer final de disputa de samba (repito e dou caixa
alta,
QUALQUER), tem em sua maioria gente que entrou de graça. E se
engana que isso é
um ato de benevolência das diretorias, das quadras... são
as parcerias que
pagam os ingressos, com direito a cervejinha já combinada no bar
da escola, ou
nas barracas do lado de fora. Não é só isso,
já temos profissionais
especializados em angariar ônibus de torcidas para a parceria que
quiser: o
pessoal já vem ensaiadinho pra cantar, gritar, balançar
bandeiras e tudo mais
na hora do seu samba, e ficar calado, matando a quadra, na hora das
outras
parcerias. Outro
dia, num
grupo do Facebook, alegaram que o despencar de certas obras em escolas
de samba
do Grupo Especial se deu porque o samba “não aconteceu na
quadra”. É a grande
mentira que a diretoria usa pra cortar um samba que não
está gerando lucro nas
etapas da disputa, a despeito da obra ser boa ou não – os cidadãos não levam
torcida, não deixam
pagas as cervejinhas, não fecham barracas, então
não servem. Trata-se do
capitalismo selvagem do carnaval. E ouso, desafio qualquer um a dizer
que eu
estou errado. Tem
mais.
Tristemente tem mais. Os bastidores invadem as presidências em
diretorias. Já
teve samba que levou porque abdicou da premiação, samba
que veio com ordem de
cima, samba que foi encomendado e fizeram um concurso onde as parcerias
foram
trouxas de participar, dentre outros casos ridículos que, se
colocados em
xeque, seria uma verdadeira mancha para o carnaval carioca, como se ele
já não
se visse às voltas com as suas manchas históricas, de
resultados a financiamentos. Pra ser bem sincero, ultimamente, a gente só não vê o samba ganhar por ele ser bom. Até os bons têm toda uma historia por trás. Arrependi-me desde já a acompanhar as disputas, prefiro esperar o CD pronto, pois não crio expectativas. As que tinha pelo CD de 2014 já estão caindo por terra, tomara que eu pague com a língua. E que exista uma “primavera” para esse gênero que não morre, mas que insistem em fazer agonizar. Victor
Raphael
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