CONJUNTO NOSSO SAMBA
CONJUNTO NOSSO SAMBA
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O
Conjunto Nosso Samba gravou todos os LP’s oficiais de
samba-enredo pela gravadora Top Tape entre 1973 até 1985,
além de várias coletâneas dos discos das escolas de
samba do Rio de Janeiro.
Representante do mais genuíno samba carioca, o Nosso Samba
nasceu no final da década de 1960, no alto do Morro da
Providência, no bairro da Saúde, na zona portuária
do então estado da Guanabara, considerada a primeira favela do
mundo. Os integrantes do grupo, moradores do morro, eram descendentes
de negros e nordestinos, as duas matrizes humanas que se
constituíram como os primeiros favelados (o afrodescendente e o
cabra que veio do Nordeste).
A primeira formação do CNS tinha Carlos Alberto Ferreira dos Santos Barbosa, o Barbosa (reco-reco e voz), Carlos Alberto da Silva Ferreira, o Carlinhos do Cavaco (1933 – 1991, cavaquinho e voz), Genaro Vieira Soalheiro (?? -1997, agogô e voz), Antenor Marques Filho, o Gordinho (1946 – 2021, surdo e voz), Estênio Barcellos, o Stênio (tamborim e voz), Claudionor do Nascimento, o Nô (cuíca, pandeiro e voz), e Renato Ennes
(pandeiro e voz). Renato não permaneceu muito tempo como
integrante fixo do grupo mas seguiu colaborando como compositor, tendo
várias faixas gravadas nos álbuns dos amigos. No
início da década de 80, o percussionista e baterista
carioca Walter Silva de Vasconcellos Chaves, o Cabelinho (1948 - 2016), ritmista da Portela, passou a integrar o grupo.
No começo, o grupo participava às segundas-feiras, das
rodas de sambas do Teatro Opinião, no bairro de Copacabana, onde
que também iam Clara Nunes, Clementina de Jesus, João
Nogueira, Martinho da Vila, Nélson Cavaquinho, Xangô da
Mangueira, entre outros. Através de um convite do radialista
Adelzon Alves, que era produtor de Clara, o conjunto passou a
acompanhar a cantora.
Em 1969, pela gravadora Copacabana, o Nosso Samba lançou o
primeiro álbum, que se chamou “De Onde o Samba Vem”,
cuja capa tem por cenário o alto do Morro da Favela, quando a
maioria de seus componentes viviam lá e tinham por seu principal
fornecedor de sambas o compositor Neném da Favela (“A
Chuva Cai”, “Lenda do Pescador”, “Seu
Diretor”, “Arte de Viver”, entre outros), um dos
fundadores do grupo. Neném também não se tonou
integrante continuo na formação artística do
grupo, mas assim como Renato Ennes, mas foi um dos compositores mais
gravados pelo conjunto nos anos que mais fizeram sucesso na
década de 1970. Ah, uma observação: o
músico Gordinho não está na foto de capa do LP
porque não chegou a tempo no dia que o fotógrafo foi
captar as imagens, mas ele participa do disco.
Em 1970 gravaram e lançaram o disco “De Onde o Samba Vem
Vol. 2”. No mesmo ano tiveram músicas no disco
“Sargentelli e o Sambão”, que foi gravado ao vivo no
programa de mesmo nome comandado por Oswaldo Sargentelli, junto de
outros artistas, como Arlete Maria, grupo Coristas da Madrugada, Dona
Ivone Lara, Germano Batista, Luís Bandeira, Roberto Ribeiro,
Sônia Santos e Trio ABC. Mais tarde gravaram mais seis LP’s.
A partir do início da década de 1970, o Conjunto Nosso
Samba passa a fazer o acompanhamento musical em todos os discos
oficiais de samba-enredo das escolas de samba do Rio de Janeiro. Isso
incluiu os grupos 1 e 2 (atuais Especial e Série A –
primeira e segunda divisões do carnaval carioca) da então
Associação das Escolas de Samba da Guanabara (Aesg).
Quando alguma escola não indicava um cantor (puxador) para
interpretar o samba, o produtor do disco (geralmente o compositor e
produtor Norival Reis) incumbia o próprio Conjunto Nosso Samba a
botar a voz na faixa. Uma das gravações mais
notórias é “Macunaíma”, da
Portela, de autoria de David Corrêa e do próprio Norival
Reis, faixa que abre o LP do carnaval de 1975. Coube a Genaro Soalheiro
cantar o hino no disco oficial, enquanto David fazia os cacos de
empolgação.
O CNS era formado por excelentes instrumentistas. Os que mais se
destacaram eram, sem dúvida, Carlinhos do Cavaco, Genaro e
Gordinho.
Carlinhos até hoje é muito respeitado pelo seu trabalho
instrumental. Paralelo ao Nosso Samba, ainda no início da
década de 70, o cavaquinhista começou a ser chamado para
tomar parte em várias gravações nos
estúdios para realização dos discos e compactos de
vários artistas do samba. Isso se deve ao um único fato:
Carlinhos tinha uma grande diferença de outros cavaquinhistas da
época. Seu instrumento não usava a afinação
tradicional ré-si-sol-ré, mas usava o cavaquinho com
afinação de bandolim, a afinação
mi-lá-ré-sol. Além disso, a técnica de
batida de mão direita era algo até então
não visto em outros cavaquinhistas. Era uma espécie de
uma levada de foxtrote adaptada ao compasso 2/4 utilizado no samba com
o “molho de swing” que o Carlinhos desenvolveu. Isso chamou
a atenção de maestros, arranjadores e produtores, que
passaram a convocá-lo para inúmeras
gravações feitas durante a década de 70, 80
até 1991 quando o mestre nos deixou, aos 58 anos de idade.
Carlinhos do Cavaco gravou com inúmeros artistas do samba como
Bezerra da Silva, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, João Nogueira,
Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Candeia, Agepê, Xangô
da Mangueira, Nadinho da Ilha, Elza Soares, Sônia Lemos, Beth
Carvalho, Gonzaguinha, Wilson Moreira e Nei Lopes entre outros.
Gordinho também teve vida própria além do Conjunto
Nosso Samba. O ritmista desempenhou papel tão referencial no
toque do surdo que ficou conhecido no meio musical como “Gordinho
do Surdo”. Com a visibilidade alcançada no CNS, Gordinho
se tornou um dos músicos mais requisitados para
gravações em estúdio. Prestigiado também
pela notória humildade e pelo temperamento dócil, o
percussionista pôs o toque do surdo em discos dos maiores nomes
da música brasileira, incluindo estrelas da MPB como Caetano
Veloso, Gilberto Gil e Simone. A partir dos anos 1970, ter Gordinho na
ficha técnica de um disco de samba ou pagode ficou imperativo.
Após ter deixado o Nosso Samba (e mesmo antes de sua
saída), foi músico de palco nos shows de nomes como Beth
Carvalho, Dudu Nobre, Fundo de Quintal, Maria Rita, Martinho da Vila,
Zeca Pagodinho e Exaltasamba. Desde 2003, Gordinho tocava com o cantor
Thiaguinho (artista que sempre o valorizava em shows). O percussionista
faleceu na manhã do dia 23 de janeiro de 2021, aos 75 anos,
vítima de infecção pelo covid-19.
Genaro Soalheiro personificava a liderança do Nosso Samba. O
músico se dedicou, especialmente nos últimos anos de
vida, à produção de discos de samba e dos
álbuns com as gravações dos sambas enredo das
escolas de samba do Rio de Janeiro. Trabalhou muitos anos na gravadora
Top Tape como produtor executivo. Genaro produziu a maioria dos discos
de Bezerra da Silva e volta e meia dava uma canja fazendo um dueto com
o cantor, formando com Bezerra a dupla 5 + 5. Juntos, gravaram a
série de cinco volumes de “Partido Alto Nota 10 (entre
1977 e 1984). Bezerra dedicou o disco “Eu tô de
pé” (1998) ao amigo e produtor, falecido antes da
conclusão do álbum. Também produziu discos de Dona
Ivone Lara, Grupo Favela, Exportasamba e os primeiros trabalhos de
Almir Guineto.
A partir de metade da década de 80 o Conjunto Nosso Samba passou
a se dedicar mais às gravações como músicos
de estúdio e participação nos trabalhos de outros
artistas e lançou pouco material autoral. Em 1994, o grupo
gravou a música “História do Carnaval
Carioca” no CD Escolas de Samba Enredos - Salgueiro (Sony Music).
O último trabalho foi lançado em 1999, com uma
coletânea de sambas-enredo. Da formação original do
Conjunto Nosso Samba, o ritmista Stenio é o único
remanescente ainda vivo.
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INÍCIO: Final da década de 60.
DISCOGRAFIA:
LP De Onde o Samba Vem (Discos Copacabana, 1969)
LP De Onde o Samba Vem 2 (Discos Copacabana, 1970)
LP Sargentelli e o Sambão (Discos Copacabana, 1970)
LP De Onde o Samba Vem Volume 3 (Discos Copacabana, 1971)
Compacto Duplo (1971)
Compacto Duplo (1973)
LP Samba Pra 100 Milhôes (Selo Oba, 1974)
LP Escrete do Samba - É Samba no Pé (1974)
Compacto O Ouro e a Madeira / Festa do Círio de Nazaré (CID Odeon 1974)
LP Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 - Carnaval de 1975 (Top Tape Selo Aseg1975)
Compacto Duplo (1975)
LP Conjunto Nosso Samba (Odeon 1975)
LP Nosso Samba (Odeon 1976)
LP Nosso Samba (Odeon 1978)
LP De Feitio de um Bamba (Odeon 1978)
LP Andança Pelo Mundo (Continental 1985)
CD Nosso Samba Enredo (CID 1999)
DISCOGRAFIA DE SAMBA ENREDO:
O Conjunto Nosso Samba foi responsável pelo acompanhamento
musical e coral nas gravações das faixas de todos os
discos de sambas-enredo das escolas de samba do Rio de Janeiro pela
gravadora Top Tape de 1973 a 1985. O grupo também gravou
diversas coletâneas do gênero ao longo de 40 anos de
carreira.
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MAIS
FOTOS DO CONJUNTO NOSSO SAMBA
Capa
do 1º LP "De onde o samba vem" (1969), com os rapazes no alto do
Morro da Providência, considerada a primeira favela. Gordinho do
Surdo não aparece porque não chegou a tempo no dia que o
fotógrafo foi fazer as fotos, mas o músico participa do
disco
Capa do 2º LP, também no Morro da Previdência. Desta vez Gordinho aparece na foto, ao fundo, com seu surdo
Capa do LP lançado em 1975, que traz o clássico "O Ouro e a Madeira"
Em
estúdio: Carlinhos do Cavaco (à esq), Darly Louzada
(violão), João Donato (de barba, ao piano) e Dona Ivone
Lara mandando ver no cavaquinho
Clementina
de Jesus (ao microfone), Nelson Cavaquinho (ao centro da foto) e
Conjunto Nosso Samba (em cima do palco), na Noitada de Samba do Teatro
Opinião, às segundas-feiras. Foto tirada provavelmente em
1968
Clara Nunes e Conjunto Nosso Samba nas areias de Côte D’Azur, em Cannes (1974). Acervo Revista Manchete
Conjunto
Nosso Samba e Jorge do Violão (pai do intérprete Gilsinho
da Portela) acompanhando Mestre Fuleiro e Dona Ivone Lara em programa
de TV, provavelmente em 1969
Conjunto
Nosso Samba, Cartola (ao fundo, com os tradicionais óculos
escuros) e a musa Clara Nunes, em show em 1971. Acervo Arquivo Nacional
Conjunto
Nosso Samba, Cartola (óculos escuros), Clementina de Jesus
(centro da foto), Nelson Cavaquinho (casaco escuro) e o jovem
Aluízio Machado (de bigode, atrás de Nelson) - Revista
Fatos e Fotos 1972
A
rapaziada do CNS e Nelson Cavaquinho (ao violâo). Quem
está segurando o microfone para Nelson é o grande
músico Cabelinho, e que anos depois viria a ser integrante do
próprio Conjunto Nosso Samba. Data provável da foto: 1978
Capa do compacto duplo gravado com sambas enredo para o carnaval de 1973
Formação clássica do Conjunto Nosso Samba: Stenio, Genaro, Carlinhos, Barbosa, Nô e Gordinho
Formação clássica do Conjunto Nosso Samba
Formação clássica do Conjunto Nosso Samba em 1976
Capa
do LP "Andanças pelo mundo", lançado em 1985. Cabelinho
já havia substituído Nô no pandeiro
Último
disco lançado pelo Conjunto Nosso Samba, em 1999. Dos
remanescentes da formação original aparecem na foto
Gordinho (de camisa listrada, no surdo), Stenio (tamborim) e Barbosa
(reco-reco)
Genaro produziu vários discos de Bezerra da Silva desde a década de 70
Carlinhos encantava com a sonoridade de seu cavaquinho com afinação de bandolim
Gordinho tocou por duas décadas com o cantor Thiaguinho e o artista sempre reverenciava o velho ritmista nos shows
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