Quem via aquele negro alto, magro, de bigode e com uma
voz grave e levemente anasalada empunhando um microfone
não tinha dúvidas de que se tratava de um dos mais
talentosos intérpretes de samba enredo da história do
Rio. Ney Vianna é daqueles que viveu a transição do
“puxador de samba” para
“intérprete”. Nascido em 2 de abril de 1942, começou a cantar no final
da década de 60, na tradicional Em Cima da Hora, do
bairro de Cavalcante.
Um divisor de águas aconteceu no ano de 1973, quando Ney
Vianna defendeu “O saber poético da literatura de
cordel”, de autoria de Baianinho. A composição,
elogiadíssima pela crítica e opinião pública,
conquistou o Estandarte de Ouro de melhor samba, e Ney
chamou a atenção da diretoria da Mocidade Independente
pela sua performance na avenida. A mudança de escola de
samba não tardou a acontecer. Nos três carnavais
seguintes, Ney Vianna fez dupla com Elza Soares na
condução do samba da verde-e-branco de Padre Miguel.
Ney só se afastou da Mocidade em 1984, quando teve uma
passagem relâmpago pelo Império Serrano. Em 1987,
ganhou seu o Estandarte de Ouro de melhor intérprete.
Na
noite de 15 de outubro de 1989, durante a final da
escolha do samba que contaria o enredo “Vira, virou,
a Mocidade chegou”, Ney Vianna teve um enfarte
fulminante, morrendo em plena quadra. Os produtores do
disco do carnaval de 1990 lhe renderam uma homenagem,
colocando uma gravação antiga de seu grito de guerra,
na abertura da faixa da escola. No desfile, vencido pela
Mocidade de Padre Miguel, os carnavalescos Renato Lage e
Lílian Rabello também homenagearam o grande intérprete
numa alegoria que representava a Vila Vintém, com a
reprodução da sua carteira de identidade com uma foto,
numa alusão à música “Cartão de
identidade”, que Ney Vianna cantava antes de cantar
o samba-enredo. Os versos eram a sua cara: mostrando a
minha identidade/ eu posso falar a verdade/ a essa gente/
como eu sou/ da Mocidade Independente.
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INÍCIO: Em Cima da Hora, no final dos
anos 60.
1970 a 1973 – Em Cima da Hora
1974 a 1983 – Mocidade
Independente de Padre Miguel
1984 – Império Serrano
1985 a 1989 – Mocidade
Independente de Padre Miguel
GRITO DE
GUERRA: Alô,
meu povão de Padre Miguel! Vamos lá!
GRITOS DE EMPOLGAÇÃO: “em cima agora”;
“pela madrugada”; “minha
bateria!”
Samba-enredo
de sua autoria:
“Abram alas que chegou a Mocidade” (81, com
Nezinho).
Estandarte de
Ouro: 1987
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MAIS
FOTOS DE NEY VIANNA
Cantando com Jamelão em 1978
Puxando com David do Pandeiro (E) a Mocidade em 1987 (fotos enviadas por Juca Tatu)
Ney Vianna desfilando com a Mocidade em 1986, junto com David do Pandeiro (E) (fotos enviadas por Juca Tatu)
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