NEGUINHO DA BEIJA-FLOR
NEGUINHO
DA BEIJA-FLOR
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Nome Original: Luís Antônio Feliciano Marcondes
Ano de nascimento: 1949
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O
público presente à passarela instalada no Mangue na noite
de 29 de fevereiro de 1976 assistiu surpreso e estupefato a uma
semidesconhecida escola de samba oriunda da Baixada Fluminense que
apresentava um enredo sobre o jogo do bicho. O povão nas
arquibancadas ficou mais surpreso ainda com um jovem de pouco mais de
25 anos e, com uma voz potente, cantava “Sonhar com Rei Dá
Leão”, um animado samba de sua autoria e, volta e meia,
gritava ao microfone, como se apresentasse sua até então
quase anônima agremiação de pequeno porte ao
público, insistindo: “olha a Beija-Flor aí,
gente”!
Bem, depois daquele desfile, a escola de pequeno porte se agigantou e
se transformou na gigante Beija-Flor de Nilópolis, conhecida no
Brasil e no mundo inteiro e floriu para o carnaval grande parte de seus
componentes, como a destaque Pinah, o patrono Aniz Abrahão
David, recuperou o nome do ex-salgueirense Joãosinho Trinta (que
inventou a profissão de “carnavalesco”) e apresentou
para o grande público o ex-soldado do Corpo de Bombeiros,
Luís Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da Beija-Flor.
Antes de ser “Da Beija-Flor”, Luis Antônio –
nascido no bairro de Vila Isabel – foi Neguinho da Vala, no
início da década de 70, época em que cantava no
então bloco carnavalesco Leão de Nova Iguaçu. Em
1975, mudou-se para Nilópolis, entrou para a Beija-Flor levado
pelo compositor Cabana e ganhou o concurso de samba-enredo para o
carnaval do ano seguinte. Neguinho substituíra o compositor Bira
Quininho, que ocupava o posto de puxador da agremiação
nilopolitana, falecido precocemente logo após o carnaval de 1975.
Antes de ingressar na BF, Neguinho entrou no Cordão da Bola
Preta em 1971. Nessa época, o sambista já fazia parte do
bloco Leão de Iguaçu onde ficou até 1975. A partir
daí a Beija-Flor emplacou um tricampeonato (1976-77-78) e
Neguinho se tornou uma das marcas da escola.
Além de samba-enredo, Neguinho também compõe
sambas românticos, partido alto e pagode. Lançou o
primeiro disco em 1980, Vida no Peito, produzido por Laila, ao qual se
seguiram outros, com sucessos como “Ângela” (Serginho
Meriti e Alexandre), “Vi” (Michael Sullivan e Paulo
Massadas) e “Recomeçar” (Wilson Ney). Também
emplacou sambas de sua autoria como “Malandro é Malandro,
Mané é Mané”, “Gamação
Danada” (com Almir Guineto), “Bem melhor que
você”, “Mulher, Mulher, Mulher (Ideia Fixa)”, o
samba-exaltação “Deusa da Passarela” e
“O Campeão”, lançado em compacto, até
hoje executado e entoado nas arquibancadas dos estádios de
futebol. De lá para cá, já gravou dezenas de
discos e se firmou como um grande intérprete e compositor da MPB.
Em 1993, participou da coleção Escolas de Samba Enredo,
produzida por Rildo Hora, para a gravadora Sony. No CD dedicado
à Beija-Flor, colocou voz em todas as faixas, às vezes
dividindo os vocais com os cantores de apoio da escola. Logo depois do
carnaval de 1994, gravou a coletânea Os Melhores Sambas Enredo,
dividindo as faixas com o então novato Wander Pires,
intérprete da Mocidade Independente. Ainda em 1994, dedicou seu
disco de carreira Da Vila e da Viola
(e que marcou sua estreia na Polygram) à obra de Martinho da
Vila e Paulinho da Viola, dois compositores que são suas
referências no samba.
Neguinho é um caso raro de puxador de samba que permanece na
mesma escola. São quase cinco décadas carnavais
ininterruptos pela BF. Pequenas exceções foram feitas em
1980, quando puxou o samba “Delmiro Gouveia” pela Unidos da
Tijuca; em 1998, quando cantou o samba da Mocidade Alegre, em
São Paulo, junto com Nilson Valentin; e em 2005, no fim de
fevereiro (num desfile fora de época), quando foi o
intérprete da escola Os Rouxinóis, de Uruguaiana,
interior do Rio Grande do Sul.
Em 2009, viveu um momento especial. Mesmo tratando de um câncer
no intestino, Neguinho puxou a Beija-Flor na avenida com uma
performance irrepreensível, motivada principalmente por seu
casamento, realizado minutos antes do começo do desfile na
concentração da Marquês de Sapucaí,
centralizando todas as atenções e motivando um dos
acontecimentos mais marcantes dos últimos anos no
Sambódromo.
Até 2018, Neguinho conquistou 14 campeonatos no Grupo Especial
junto com a Beija-Flor e incontáveis vices. Em seis
oportunidades a escola desfilou com sambas de sua autoria.
O intérprete alterou o seu nome de registro em seus documentos
oficiais para poder incluir também o seu nome artístico,
uma maneira de expressar o tamanho de seu amor e gratidão pela
escola de samba nilopolitana. É dele o grito de guerra mais
famoso do Carnaval: “Olha a Beija-Flor aí, gente!”.
Cantor, compositor e intérprete premiadíssimo, foi
homenageado ainda em enredos de quatro Escolas de Samba coirmãs:
Unidos de Manguinhos (1991), Independentes de Cordovil (1992),
Leão de Nova Iguaçu e Juventude Imperial (2010).
Neguinho lançou em 2020 durante a pandemia da Covid-19 o projeto Sambas Memoráveis,
com 12 sambas-enredo que se destacaram nos anos 60. Trata-se de o
primeiro de uma trilogia. É o primeiro trabalho de Neguinho
voltado exclusivamente para serviços de streaming. O artista
anunciou que o projeto tem continuidade, com lançamentos futuros
de obras históricas do gênero dos anos 1970 e 1980.
Outro sonho concretizado por Neguinho da Beija-Flor foi ter criado a
sua própria escola de samba, a Império de Nova
Iguaçu. A nova agremiação foi fundada em 20 de
dezembro de 2020 e está filiada à Liga Independente das
Escolas de Samba do Brasil (Liesb), que organiza o desfile na Estrada
Intendente Magalhães, em Campinho. A estreia no Grupo E (de
avaliação) ocorreu no carnaval de 2022, com o enredo
“De Neguinho da Vala a Neguinho da Beija-Flor… Nasce o
Império, Raiz da Voz que não se Cala”. A escola
obteve o 13º lugar. Neguinho é o presidente de honra da
agremiação. A presidência administrativa é
gerida por seu filho JR Beija-Flor.
Em 2025, Neguinho da Beija-Flor cantará pela última vez
no Carnaval depois de 50 anos. O histórico intérprete
anunciou a decisão de parar em 20 de novembro, em entrevista
para o RJTV na Globo.
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INÍCIO: Bloco Carnavalesco Leão de Nova Iguaçu e Cordão da Bola Preta (1970)
De 1970 a 1975 – Leão de Nova Iguaçu
De 1976 até hoje – Beija-Flor de Nilópolis
1980 – Unidos da Tijuca (cantor principal)
1998 – Mocidade Alegre (SP), com Nilson Valentin
2000 – X-9 (Santos)
2005 – Os Rouxinóis (Uruguaiana-RS)
2014 – Tradição (participação especial no CD)
2016 – Tatuapé (SP - participação especial no CD)
GRITO DE GUERRA: Olha a Beija-Flor aí, gente!
CACOS DE EMPOLGAÇÃO: “chora,
cavaco”; “boniiito”; “alô,
Nilópolis”; “o que que tem”; “o couro
tá comendo”; “beleza, beleza, beleza”;
“alô papai, a família Beija-Flor te ama”;
“vaaaaaaaaai”; “vai morrer o pagode!”;
“em cima gente”; “alô minha comunidade”;
“alô Brasil, alô mundo”; "oba, lá vem
pedrada".
SAMBAS DE SUA AUTORIA:
“Sonhar Com Rei Dá Leão” (Beija-Flor/1976);
“A Criação do Mundo na Tradição
Nagô” (Beija-Flor/1978, com Gilson Dr. e Mazinho);
“Carnaval do Brasil, a Oitava das Sete Maravilhas do Mundo”
(Beija-Flor/1981, com Dicró, Nego e Picolé) e “A
Grande Constelação das Estrelas Negras”
(Beija-Flor/1983, com Nego); “O Gigante em Berço
Esplêndido” (Beija-Flor/1984, com Nego); “Há
um Ponto de Luz na Imensidão” (Beija-Flor/1992, com Dinoel
Sampaio e Itinho).
PREMIAÇÕES:
Estandarte de Ouro: Melhor Intérprete (1985, 2002, 2003, 2009, 2013) e Personalidade (2009)
Estrela do Carnaval: Melhor Intérprete (2009 e 2016)
Prêmio SRzd: Melhor Intérprete (2022)
Tamborim de Ouro: “A Voz da Avenida” (2002, 2005, 2006,
2013, 2014 e 2018), “Intérprete da Década”
(2007), “Eu Sou o Samba: Personalidade” (2010),
Prêmio Sharp Melhor Cantor de Samba 1991
Prêmio Atabaque de Ouro 2014 “Padrinho dos curimbeiros”
Troféu Sambario: 2009 (personalidade) e 2011 (intérprete)
DISCOGRAFIA DE CARNAVAL:
LP Sambas Enredo Grupo 1 1976 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1978 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1979 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1980 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1981 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1982 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1983 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1984 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1985 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1986 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1987 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1988 (faixa Beija-Flor)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1989 (faixa Beija-Flor)
LP/CD Sambas Enredo Grupo Especial 1990 (faixa Beija-Flor)
LP/CD Sambas Enredo Grupo Especial 1991 (faixa Beija-Flor)
LP/CD Sambas Enredo Grupo Especial 1992 (faixa Beija-Flor)
LP/CD Sambas Enredo Grupo Especial 1993 (faixa Beija-Flor)
LP/CD Sambas Enredo Grupo Especial 1994 (faixa Beija-Flor)
LP/CD Sambas Enredo Grupo Especial 1995 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1996 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1997 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1998 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1999 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2000 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2001 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2002 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2003 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2004 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2005 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2006 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2007 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2008 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2009 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2010 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2011 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2012 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2013 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2014 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Série A 2014 (faixa Tradição)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2015 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2016 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo São Paulo 2016 (faixa Acadêmicos de Tatuapé)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2017 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2018 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2019 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2020 (faixa Beija-Flor)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2022 (faixa Beija-Flor)
DISCOGRAFIA SOLO:
LP A Fina Flor do Partido-Alto (Odeon, 1977)
Compacto duplo Minhas Amizades (Odeon, 1978)
Compacto simples O Campeão (TopTape, 1979)
LP Vida no Peito (Top Tape, 1980)
LP É Melhor Sorrir (CBS, 1982)
LP Meu Mundo Novo (CBS, 1983)
LP Ofício de Puxador (CBS, 1985)
LP A Voz da Massa (CBS, 1986)
LP Meu Sorriso (CBS, 1987)
LP Festejo (CBS, 1988)
LP Carente de Afeto (CBS, 1989)
LP Felicidade (CBS/Columbia, 1990)
LP Poetas de Calçada (CBS/Columbia, 1991)
LP Sou Seu Fã (CBS/Columbia, 1992)
CD Escolas de Sambas-Enredo Beija-Flor (Coletânea Sony, 1993)
LP/CD Os Melhores Sambas Enredo – com Wander Pires (coletânea, Polygram, 1994)
LP/CD Da Vila & da Viola (Polygram, 1994)
CD Quem Te Ama Sou Eu (Polygram, 1995)
CD Reencontro (Polygram, 1997)
CD Essência Pura (Polygram, 1998)
CD Ao Vivo – 25 Anos de Fé e Raiz (Indie Records, 2000)
CD Duetos (Indie Records, 2003)
CD/DVD Nos Braços da Comunidade (Indie Records, 2005)
CD Guerreiro, Brasileiro e Sonhador (2010)
CD História do Sorriso Negro (Som Livre, 2013)
CD/DVD Resumo (2018)
CD Sambas de Enredo Memoráveis: Anos 60 (Movieplay, 2020)
CD Tudo de Bom (2020)
CD Sambas de Enredo Memoráveis: Anos 70 (Movieplay, 2022)
CD Sambas de Enredo Memoráveis: Anos 80 (Movieplay, data a definir)
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MAIS FOTOS DE NEGUINHO DA
BEIJA-FLOR
Neguinho da Beija-Flor soltando o gogó na quadra da "maravilhosa e soberana"
Em 2011, com o carro de som nilopolitano
Em 2009, defendendo a
Beija-Flor em pleno tratamento contra o câncer, com a esposa (com
quem casara em plena Sapucaí minutos antes) ao fundo
Com o irmão, Nêgo, no começo da
década de 80
Com Paulinho Mocidade (foto cedida por Igor Munarim)
O abraço dos irmãos
Nos anos 70, com Aniz Abraão David (C)
Após quase 20 anos sendo
intérprete exclusivo da Beija-Flor, Neguinho abriu uma
exceção no carnaval de 1998, quando também
participou do carnaval de São Paulo, defendendo a Mocidade
Alegre. Ao lado, de cabelo descolorido, o saudoso puxador Nilson
Valentim
Neguinho da Beija-Flor canta o samba enredo d'Os Rouxinóis, no carnaval fora de época de Uruguaiana em 2005
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