Nadinho
da Ilha foi um homenzarrão de 1,90m de altura e um
intérprete da linhagem dos cantores negros de voz
encorpada, como Jamelão, Abílio Martins e Monsueto
Menezes, com quem, aliás, já foi diversas vezes
comparado, graças à impressionante semelhança física.
Cantor e compositor, consegue brincar e usar sua voz,
indo da nota mais alta a mais baixa com muita facilidade.
Iniciou
na música muito cedo, sob influência familiar, já que
seu tio, Nilo Chagas, foi integrante do famoso Trio de
Ouro, ao lado de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira.
Criado no Morro do Borel, no bairro da Tijuca, no Rio de
Janeiro, Nadinho começou na música aos 12 anos,
através do mítico compositor Geraldo Pereira, que o
levou para tocar tamborim em seu programa de radio. O
contato com os sambas sincopados de Geraldo ajudou-o a
desenvolver um apurado senso rítmico.
Ainda
jovem, atuou como cantor no grupo de Heitor dos Prazeres,
ao lado de nomes ilustres do samba como Mestre Marçal.
Logo em seguida, ingressou na ala de compositores da
Unidos da Tijuca. Antes de viver de música, Nadinho
trabalhou também como soldador elétrico e serralheiro
na White Martins.
Além
do vozeirão intenso, Nadinho da Ilha teve outras
qualidades que o tornaram um artista completo, como
eloqüência, presença de palco marcante, elegância e
suingue, além de uma maneira muito particular e bem
humorada de interpretar o samba. Graças a estas várias
performances, logo foi convidado para fazer trabalhos
como ator e humorista no teatro e na televisão.
Nos
anos 70, atuou no programa Buzina do Chacrinha. Como
ator, esteve nos espetáculos teatrais “Deus lhe
pague”, de Procópio Ferreira, e “Ópera do
malandro”, de Chico Buarque. Na televisão,
participou do programa “Tem criança no samba”,
de Augusto Cesar Vannucci, com Chico Anísio e Agildo
Ribeiro, e do humorístico “Balança mas não
cai”. No cinema, atuou no filme “Loucuras
cariocas”, de Carlos Imperial.
Em sua
discografia, Nadinho da Ilha possui dez compactos e onze
LPs gravados e diversas participações em discos e shows
de bambas como Monarco, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara,
Delcio Carvalho, entre muitos outros. Em 1977, com
produção do mago do violão afro João de Aquino,
Nadinho grava a obra-prima “Cabeça feita”,
elogiadíssimo trabalho relançado em CD em 2003, na
série Odeon 100 anos de música no Brasil. No carnaval,
pôs sua voz num disco de samba enredo pela primeira vez
em 1980, ao gravar o samba “Delmiro Gouveia”,
pela sua escola do coração Unidos da Tijuca. Na
avenida, o mesmo samba foi defendido por Neguinho da
Beija-Flor e a escola se tornou campeã do Grupo 1B,
conquistando o direito de desfilar pelo Grupo Especial no
ano seguinte. Em 1984, também pelo Grupo 1B só que
desta vez pela Lins Imperial, gravou o samba “Só
vale quem tem dinheiro”.
Aos
poucos, inexplicavelmente, Nadinho da Ilha foi se
afastando da música e suas gravações tornam-se
bissextas. Em 1999, com produção de Henrique Cazes,
grava o CD “O Samba bem humorado de Nadinho da
Ilha” (RGE), com arranjos de Paulão 7 Cordas e
Henrique Cazes. No repertorio, clássicos e inéditos de
Geraldo Pereira, Ismael Silva, e um samba feito
especialmente para o disco por Aldir Blanc “Volante
de contenção”. No mesmo ano, interpreta junto com
a cantora Maria Carolina, a parte cantada no livro com CD
“Mestre Pixinguinha para Crianças”, organizado
por Carlos Alberto Rabaça e produzido por Henrique
Cazes.
Em 2005,
Nadinho da Ilha presta uma homenagem a seu mentor Geraldo Pereira ao
lançar o CD “Meu amigo Geraldo Pereira”. Apesar de
ter sofrido de problemas de saúde, o artista continuou fazendo
shows. Faleceu em 4 de agosto de 2009, vítima de
complicações com diabetes e um câncer no
abdômen.
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