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Coluna do Marco

Coluna do Marco

“UM MAGO DO CARNAVAL”. 

Essa é a primeira vez que escrevo uma coluna para o Sambario e resolvi começar hoje falando daquele que foi e ainda é um dos maiores carnavalescos do grande carnaval do Rio de Janeiro e do Brasil, com certeza. Trata-se de Joãosinho Trinta, carnavalesco sempre vitorioso por onde passou: Acadêmicos do Salgueiro, Beija Flor de Nilópolis, Unidos do Viradouro, Acadêmicos do Grande Rio e Acadêmicos da Rocinha no Rio de Janeiro e também com boa passagem em São Paulo, obtendo dois vice campeonatos com a Unidos do Peruche, além de uma breve passagem pela Nenê de Vila Matilde. Mas agora, ele será da Unidos de Vila Isabel, que deverá, assim esperamos, retomar seu caminho vitorioso pelas mãos desse grande artista. 

Lendo um capítulo do livro de Haroldo Costa sobre os 50 anos da Acadêmicos do Salgueiro, podemos conhecer o início da carreira de J30, somente por curiosidade, em 1971, trabalhando junto com Rosa Magalhães, Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues e Maria Augusta, ele foi o primeiro artista a utilizar o isopor na confecção de alegorias e adereços, uma inovação, coisa que poucas pessoas sabem. Por sinal, o desfile de 1971 do Salgueiro foi vitorioso e um dos marcos do carnaval carioca, tanto que a escola tijucana foi campeã com uma diferença de 12 pontos em relação a Portela ( a 2a colocada ). 

Com a saída de Arlindo e Pamplona em 1972 do Salgueiro, J30 é convidado para assumir a escola junto com Maria Augusta e elaboram o enredo “Eneida, Amor e Fantasia”, enredo que não era o preferido de João, mas com um belo desfile, o Salgueiro recupera-se da má apresentação de 1972 e Joãosinho é convidado para permanecer na escola, onde consegue seus dois primeiros títulos – 1974 e 1975, por sinal, o único bi-campeonato da escola da Tijuca.

Joãosinho é sondado pela Unidos de Vila Isabel, mas acaba aceitando ir para a Beija Flor em 1976 para realizar um trabalho que não conseguia realizar no Salgueiro – um trabalho social também. Lá, ele é bem mais vitorioso, 5 títulos nos 8 primeiros anos na escola – sendo até hoje, o único carnavalesco penta-campeão seguido no Brasil - enredos magníficos e cheios de idéias mirabolantes, coisa que faltam a muitos dos nossos atuais e previsíveis carnavalescos. Autor de enredos magníficos e desfiles inesquecíveis em Nilópolis como: “Vovó e o Rei da Satunália na Corte Egipciana” em 1977, “A Criação do Mundo na Tradição Nagô” em 1978, “O Sol da Meia Noite – Uma Viagem ao País das Maravilhas” em 1980, “A Lapa de Adão e Eva” em 1985, “O Mundo é uma Bola” em 1986, “Sou Negro do Egito a Liberdade” de 1988, seus maravilhosos mendigos em 1989 com o enredo “Ratos e Urubus, Larguem minha fantasia” – um dos melhores desfiles da era Sambódromo, inesquecível até hoje para quem o viu naquela manhã de terça feira de carnaval. Mesmo no confuso “Todo Mundo Nasceu Nu” de 1990, deixou sua marca no abre alas colocando um grande Dinossauro com um componente no interior da boca do bicho e teve a ousadia de colocar Jorge Lafond em cima de um vulcão com um tapa sexo, coisas de J30. Sua era na Beija Flor acabou em 1992 e ele ficou um ano afastado do nosso carnaval, uma pena.

Mas em 1994, ele retorna a Unidos do Viradouro e começa a dar a cara vitoriosa que a escola do Barreto tem hoje, a Unidos do Viradouro já vinha ensaiando um campeonato em 1992 com um belo desfile, mas foi com J30, o vencedor dos vencedores, que ela conseguiria, desbancando a poderosa e a favorita Mocidade Independente com um grande impacto visual logo no abre alas. Nesse ano, J30 calou a boca de muita gente que o chamou de decadente após os desfiles de 1995 e de 1996 quando a Unidos do Viradouro quase foi rebaixada ao grupo de acesso. Depois, sempre bons desfiles como em 1998, 1999 e 2000 e a Unidos do Viradouro sempre ficando nas cinco primeiras colocações. Mais um show foi o desfile de 1999 com Anita Garibaldi, um grande passeio de Joãosinho 30 na Ilha da Magia.

Acadêmicos do Grande Rio, uma nova fase de J30, não foi campeão nos seus 4 anos em Caxias, mas a escola conseguiu suas melhores colocações ( um 3o lugar e uma presença inédita no desfile das campeãs, um 6o lugar e um 7o lugar ), até então, apenas uma vez com Max Lopes em 1999, a escola de Caxias havia ficado em 6o lugar. Deixou sua marca com o homem voador em 2001 e 2002 e engrandeceu a Grande Rio com sua presença. Foi mal em 2004, isso é fato, mas sua passagem por lá foi vitoriosa.

Na Acadêmicos da Rocinha, levou a escola da Intendente Magalhães até a Marques de Sapucaí com 3 títulos e recebeu desta uma justa homenagem esse ano, além da homenagem que a União da Ilha fez a ele em 1990. Em São Paulo, dois segundos lugares com a Unidos do Peruche – 1989 e 1990 com “Deuses Africanos” e “De Roma Pagã ao Esplendor da Paulicéia”, sendo estas as melhores colocações da Unidos do Peruche desde a década de 60 quando foi tri-campeã. Teve uma breve passagem pela Nenê de Vila Matilde em 1996.

Na Unidos de Vila Isabel, esperamos que ele possa calar aqueles que ainda insistem em aposenta-lo e em chama-lo de decadente.

A pergunta que fica é: “COM TANTOS CARNAVALESCOS PREVISÍVEIS NO GRUPO ESPECIAL DO DESFILE DO RIO DE JANEIRO, JOÃOSINHO TRINTA AINDA TEM VEZ?”.  Por tudo que escrevi acima, a minha resposta já foi dada, aposenta-lo significaria esquecer uma parte gloriosa do nosso carnaval.

Apenas para registrar, J30 recebeu a colaboração de muitos figurinistas também competentes por todas as escolas que passou, entre eles Maria Augusta, Viriato Ferreira, Wany Araújo, José Félix, Aelson Trindade e Augusto de Oliveira ( hoje em São Paulo ), entre outros.    

E para finalizar, gostaria de agradecer ao Mestre Maciel pelo convite para fazer parte da equipe de colaboradores do Sambario. 

Até a próxima!

Marco

marcorjilha@uol.com.br