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Luiz Felipe nasceu em dia de eliminatória de samba. Era 21 de agosto de 1994, os nove meses de gestação já haviam se passado, mas sua mãe não podia perder o ensaio. Da quadra da Vai-Vai todos foram direto para o hospital e o futuro intérprete então veio ao mundo.

Sua família materna é toda ligada à preto e branco da Saracura. O avô, Seu Demã, foi um dos fundadores e presidentes da Velha Guarda da maior campeã do carnaval paulistano, com 15 títulos. No entanto, o garoto teve que esperar o momento certo para entrar no mundo do samba. O pequeno Luiz Felipe nasceu com um sopro no coração e o médico disse para Dona Roseli, sua mãe, que o filho não poderia sentir muita emoção. Ele não podia jogar bola, nem brincar, nem correr e a família optou por mantê-lo longe da escola de samba, pois a magia do Carnaval fazia com que seu coração acelerasse.

Aos onze anos, em 2005, Luiz Felipe foi liberado para frequentar a Vai-Vai, onde ingressou como ritmista da bateria mirim. Encantado ao ver Thobias da Vai-Vai cantando no palco da quadra, seu sonho passou a ser um dos puxadores da escola. Sua ambição nem era ser o intérprete oficial, mas queria estar entre as vozes que faziam o Carnaval.

Em 2006 fez seu primeiro desfile na ala das crianças. Em 2007 e 2008 esteve na ala de compositores. De 2009 a 2014 fez parte da bateria Pegada de Macaco, tocando surdo e sendo comandado por Mestre Tadeu. A partir de 2015 passou a integrar a ala musical. A sua vontade de cantar fez com que ele aprendesse a letra de todos os sambas da Escola. Isso o levou a comandar o microfone cada vez mais vezes nos shows da Vai-Vai e de Thobias.

Luiz Felipe foi apoio de grandes intérpretes que passaram pelo microfone da escola da Saracura. Estreou como apoio de Gilsinho no carnaval de 2015, quando a escola se sagrou campeã com a homenagem a Elis Regina. Nos dois anos seguintes, esteve na equipe de canto de Wander Pires. Em 2018 integrou o carro de som da Vai-Vai que levou para o Anhembi um supertime de intérpretes: Gilsinho, Grazzi Brasil e o cantor Belo, na homenagem que a escola fez ao cantor e compositor baiano Gilberto Gil. Em 2019 esteve no desfile que amargou o rebaixamento da Vai-Vai para o grupo de acesso.

Logo após o fracassado desfile de 2019, a ala de compositores e a diretoria se reuniram e escolheram Luiz Felipe para ser o intérprete oficial da Vai-Vai, ao lado do experiente Washington Castro, função que ele recebeu com naturalidade e segurança, pois já vinha se preparando desde 2015 para um dia assumir o cargo. Assim, Luiz Felipe e Washington conduziram a comunidade do Bixiga, conquistando o título do acesso com o samba-enredo “De Corpo e Álamo”, de Afonsinho, Ronaldinho, Koke, Damatta, Dani Almeida e KZ, e obtendo o direito de voltar ao grupo especial.

Nesse meio tempo, circulou por outras agremiações também. LF já foi intérprete da Lavapés, entre 2015 e 2017, e da TUP – Torcida Unida Palmeirense em 2018 e 2019, mas precisou sair, pois os dias dos ensaios coincidiam com os do Vai-Vai.

O estilo de canto de Luiz Felipe é empolgado, colocando o samba sempre pra cima. Seu timbre de voz é parecido com o do intérprete Carlos Júnior. LF inclusive utiliza muito o caco “tira o pé do chão, tira o pé do chão”, um dos característicos de Carlão.

INÍCIO: Começou como ritmista da bateria mirim da Vai-Vai em 2005