LAÍLA
LAÍLA
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Nome Completo: Luiz Fernando
Ribeiro do Carmo
Ano de nascimento: 1943
Ano de falecimento: 2021
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Eis
aí uma das personalidades mais conhecidas, respeitadas e
emblemáticas do carnaval do Rio de Janeiro. Laíla foi um
verdadeiro prodígio, fazendo de tudo um pouco no carnaval.
Pode-se enumerar as funções exercidas na folia: ritmista,
carnavalesco, diretor geral de carnaval, diretor de harmonia, produtor
musical, compositor e... cantor! Ou seja, intérprete de
samba enredo.
A origem do apelido surgiu quando o menino Luiz Fernando era bem
menininho, molequinho mesmo. O garoto gostava muito de laranja.
Só que ele falava que queria “laíla” em vez
de laranja, aí o pessoal da família começou a
chama-lo de Laíla.
Laíla é cria do bairro da Tijuca, zona norte da cidade do
Rio de Janeiro, onde nasceu e, aos sete anos de idade, passou a
integrar a escola mirim Independente da Ladeira, na qual comandou a
bateria durante vários anos. A agremiação
desfilava pelas ruas Francisco Graça, General Rocca e na
Praça Saens Peña. Aos dez anos, levado pela mãe,
destaque da pequena escola de samba da Tijuca Depois Eu digo, ingressou
no Grêmio Recreativo e Escola de Samba Acadêmicos do
Salgueiro, onde, três anos depois, passou a atuar na bateria. Aos
14 anos, ingressou na Ala dos Compositores do Salgueiro, sendo o mais
jovem integrante da ala.
Concorreu pela primeira vez com um samba de sua autoria para o carnaval
de 1960, com o tema “Palmares”. Dois anos depois, voltou a
concorrer, desta vez para o enredo “Descobrimento do
Brasil”. Sua composição classificou-se em segundo
lugar, perdendo para a obra de Geraldo Babão.
Tudo o que ficou sabendo em termos de carnaval Laíla aprendeu no
Salgueiro. Em 1967 assumiu o cargo de diretor geral de Carnaval da
escola. Dono de uma voz potente, grave, de barítono, em 1974,
gravou o samba “Rei de França na Ilha da
Assombração” no LP dos sambas enredo para o
carnaval daquele ano. Na avenida, cantou o hino ao lado do autor do
samba, Zé Di, e de Noel Rosa de Oliveira, o puxador oficial da
escola, levando o Salgueiro ao título. No ano seguinte,
também no Salgueiro e já na condição de
diretor de harmonia, Laíla criou um artifício que viria a
se tornar comum entre as escolas. Na final do concurso de samba enredo,
pairava uma dúvida sobre qual seria o melhor samba entre os dois
finalistas. Dono de um conhecimento musical acima da média
(mesmo sendo um autodidata), Laíla resolveu então unir as
melhores partes de cada samba concorrente, criando assim a
junção (também chamada de fusão). Assim
surgiu “As minas do Rei Salomão”, com trechos dos
sambas finalistas dos compositores Nininha Rossi, Dauro Ribeiro,
Zé Pinto e Mário Pedra. Pelo segundo ano consecutivo
Laíla gravou o samba no disco oficial e também cantou na
avenida junto com Noel Rosa de Oliveira e a cantora Sônia Santos.
Resultado: o Sal foi bicampeão.
O sucesso do Salgueiro tornou o nome de Laíla conhecido e
respeitado. Um ano depois, querendo ampliar a sua área de
atuação e tentar em outra escola tudo o que havia
conquistado na vermelho e branco, surge o convite dos irmãos
Aniz (Anízio) e Nelson Abrahão David para que fosse para
uma então emergente escola de samba da cidade de
Nilópolis chamada Beija-Flor. Transferiu-se para o
município da Baixada Fluminense, formou com o carnavalesco
Joãosinho Trinta uma dupla imbatível em termos de
criação e ainda foi o descobridor de um cantor que
também estava chegando à escola cujo apelido era Neguinho
da Beija-Flor. Laíla então sagrou-se tricampeão
(1976/77/78).
Em 1980, ainda na Beija-Flor, colaborou com a Unidos da Tijuca e
conquistou o título do Grupo 1-B. No ano seguinte, aceitou o
desafio de trocar a escola de Nilópolis para ser o diretor de
harmonia da escola do Morro do Borel. Retornou ao Salgueiro em 1984,
mas ficou apenas um ano, quando resolveu aceitar o convite para ser o
“faz tudo” na Arco-Íris, escola de samba de
Belém, no Pará. Acabou ficando por lá durante
três anos. Em 1986 e 1987 teve uma rápida passagem na Vila
Isabel.
A partir da década de 80, junto com o diretor artístico
da Gravasamba, Zacarias Siqueira de Oliveira (1932 – 2020), e o
engenheiro de som Mário Jorge Bruno, passou a comandar a
produção do disco de sambas enredo das escolas do grupo
especial do Rio de Janeiro.
Em 1988 Laíla regressou para o ninho azul e branco de
Nilópolis, para comandar a escola no ano do legendário e
emblemático desfile “Ratos e urubus, larguem minha
fantasia” (1989). Permaneceu na “Deusa da Passarela”
até o carnaval de 1992. Após o desfile, desligou-se da
escola, junto com Joãosinho Trinta.
Laíla foi convidado para ser o diretor de harmonia de uma outra
escola de samba emergente oriunda da Baixada: Acadêmicos do
Grande Rio, no segundo grupo. A escola ascendeu ao Grupo Especial e
Laíla desenvolveu seu trabalho lá por três anos,
retornando novamente à Beija-Flor em 1995. Para o ano de 1998
criou a Comissão de Carnaval, grupo de profissionais que tinha o
mesmo peso na produção de um desfile, deixando de lado o
personalismo de apenas um carnavalesco. Com a comissão, a escola
conquistou vários títulos. A equipe de 1998 era formada
por Cid Carvalho, Amarildo de Mello, Anderson Müller, Fran
Sérgio, Nélson Ricardo, Paulo Führo, Ubiratan Silva
e Victor Santos.
Deixaria Nilópolis em definitivo em 2018, logo depois da
conquista de mais um título, após 23 anos, em
consequência da nova filosofia implementada por Gabriel David,
filho de Anízio Abraão David e novo administrador da
escola. Retornou à Unidos da Tijuca para o carnaval de 2019,
juntamente com o carnavalesco Fran Sérgio. No mesmo ano, assina
o carnaval como diretor da escola de samba da paulista Águia de
Ouro.
Já para o carnaval de 2020, após a saída da Unidos
da Tijuca, Laíla atuou como diretor de carnaval da União
da Ilha do Governador, ainda que permanecesse na Águia de Ouro.
No carnaval paulistano foi campeão do Grupo Especial, dando
à Águia seu primeiro título, ao lado do
carnavalesco Sidney França. Já no carnaval carioca, foi
rebaixado pela primeira vez com a União da Ilha.
Ao todo Laíla colecionou 28 títulos do carnaval, sendo 21
pelo grupo especial do Rio de janeiro, 1 no grupo especial de
São Paulo, 4 no carnaval de Belém, 1 no grupo especial de
Porto Alegre e 2 títulos no grupo de acesso do carnaval carioca.
Laíla dizia que das 24 horas do dia, mais da metade passava
dentro do barracão da Beija-Flor, só se retirando para
comandar os ensaios técnicos na quadra e ruas de
Nilópolis. Homem de poucos sorrisos e muitas guias, o baixinho
Laíla sempre foi extremamente franco, e dono de um comando
firme, calcado na experiência de muitos carnavais. “Meu
negócio é trabalho e não ficar distribuindo
sorrisos aqui e ali. Gosto de resultados e não sou muito chegado
a qualquer jogada política!”, dizia.
O velho mestre do carnaval faleceu em 18 de junho de 2021 por
complicações da Covid-19, após três dias de
internação no Hospital Israelita Albert Sabin, deixando
um imenso legado e uma legião de admiradores que o viram
revolucionar o espetáculo da Marquês de Sapucaí ao
longo de mais de 50 anos de trabalho.
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Início: Escola mirim Independente da Ladeira, aos sete anos de idade. Aos 10
anos, ingressou no GRES Acadêmicos do Salgueiro.
1974 – Salgueiro (cantor
principal, com Zé Di e Noel Rosa
de Oliveira)
1975 – Salgueiro (cantor
principal, com Noel Rosa de Oliveira)
GRITO DE
GUERRA: Não tinha.
CACOS
CARACTERÍSTICOS: “segura, Salgueiro”,
“simbora Salgueiro”.
PREMIAÇÕES:
- Estandarte de Ouro como Destaque Masculino (1973);
- Prêmio Sambanet de Personalidade (2018)
CURIOSIDADES:
-
Laíla instituiu a Comissão de Carnaval implantada
originalmente na Beija-Flor em 1998 e nela permaneceu até o
carnaval de 2018. Após disso, a iniciativa deixou de vigorar na
escola.
- Foi criador da
junção de samba enredo, Laíla utilizou o
dispositivo em todas as escolas que passou: Salgueiro (1975),
Beija-Flor (1978, 2002, 2005, 2012), Unidos da Tijuca (1981), Grande
Rio (1993), Inocentes de Belford Roxo (2014, como consultor de
carnaval) e Águia de Ouro (2019).
- Laíla teve
rápidas passagens pela Unidos de Vila Isabel (1986 e 1987),
Unidos do Peruche (São Paulo - 1992) e Estado Maior da Restinga
(Porto Alegre - 1999).
- Na década de 1980, participou da transmissão dos desfiles do Grupo Especial pela Rede Globo de Televisão.
- Em 2014,
além de continuar como diretor de carnaval-harmonia da
Beija-Flor, Laíla atuou na GRES Inocentes de Belfort Roxo, onde
foi uma espécie de “consultor de carnaval”, tendo
inclusive supervisionando os sambas-enredo que disputaram na
agremiação e sugerido a junção da obra
vencedora.
- Na década
de 80, junto com Zacarias Siqueira de Oliveira e Mário Jorge
Bruno, Laíla passou a comandar a produção do disco
de sambas enredo das escolas do grupo especial do Rio de Janeiro.
Promoveu mudanças na gravação: contratou maestros
para reger os músicos de base nas sessões de
gravação e colocou as baterias e os coros com os
componentes das escolas para serem gravados em estúdio. Nos
tempos da gravadora Top Tape, entre 1972 e 1985, as bases
rítmicas dos sambas eram todas feitas pelo Conjunto Nosso Samba
e o coral pelas cantoras do grupo As Gatas. Entre 1993 e 1998 realizou
a gravação do disco do grupo especial na Cidade de Lona,
no Rio de Janeiro. Em 2014, produziu um DVD com a
gravação dos sambas em formato de videoclipes. Sua
última produção se deu em 2020.
DISCOGRAFIA DE CARNAVAL
- LP Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval 1974
– faixa Acadêmicos do Salgueiro (AESCRJ/Top Tape, 1973)
- LP Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval 1975
– faixa Acadêmicos do Salgueiro (AESCRJ/Top Tape, 1974)
- Produção dos LPs e CDs de Sambas de Enredo das Escolas
de Samba do Grupo Especial a partir do fim da década de 70
até o ano de 2020
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OUTRAS
FOTOS DE LAÍLA
Laíla (de barba, à esq)
nos anos 70, com componentes da então emergente Beija-Flor
Laíla durante o
desfile da Beija Flor em 2013
Com um só gesto,
Laíla "rege" o desfile da "deusa da passarela"
Temido e respeitado,
sempre com suas guias, Laíla não faz questão de
esconder sua fé
Laíla e Joãosinho Trinta
(à esq.): dois mitos na história dos carnavais da
Beija-Flor
Laíla e a "cinderela negra" Pinah
Laíla (centro) com Roberto Carlos e a comissão de
carnaval da BF no carnaval de 2011
Pouco afeito a sorrisos, Laíla num raro momento de
descontração
Laíla, ao lado de Mario Jorge Bruno e Zacarias Siqueira de
Oliveira (sentado, segurando o CD), que por décadas estiveram
à frente da produção dos discos de samba-enredo do
grupo especial do Rio de Janeiro
Laíla e Joãosinho Trinta em janeiro de 1979 - FOTO: Otavio Magalhães (Agência O Globo)
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