A trajetória do nilopolitano Jovaci no carnaval é bastante
peculiar. Ele não começou na música através do samba. Junto com familiares,
Jovaci tocava num grupo de música pop. Foi o amigo Ciano, salgueirense, que o
fez ingressar nas lides carnavalescas. “Ciano inscreveu um samba para o enredo
‘No reino do faz-de-conta’ e eu fui convidado a defender a obra. Quem venceu a
disputa daquele ano foi o Zé Di, mas eu tomei gosto pela coisa. No ano
seguinte, eu já estava cantando no Império Serrano”, conta.
O Império Serrano é, segundo suas palavras, tudo para
Jovaci. “Muito do que aprendi foi representando a escola, onde também fiz
inúmeras amizades. Estou satisfeito demais com o jeito respeitoso com que sou
tratado pelos imperianos”, ressalta. Na Serrinha, participava das rodas de
samba do Grupo Botequim, liderado pelo mítico Natalino do Butiquim do Império.
Foi quando foi convidado a integrar o carro de som da escola, na única vez liderado
por Ney Vianna, em 1984, com o enredo “Foi malandro é”. “A diretoria do Império
tinha contratado o Ney, que tinha saído da Mocidade Independente de Padre
Miguel. Formei o grupo de apoio junto com ele, Paulo Samara e Valtencir. Foi a
minha estreia em um carro de som na Sapucaí”, conta.
Depois daquele desfile, Ney Vianna voltou para Padre
Miguel e Quinzinho – que tinha saído do Império para assumir o microfone da
União da Ilha do Governador, já que Aroldo Melodia estava cantando na Mocidade
– retornava com seu grupo de apoio para a Serrinha. Assim, Jovaci ficava apenas
fazendo shows no palco da quadra do Império. Numa dessas apresentações, o
cantor chamou a atenção de um dirigente da Lins Imperial, que o convidou para
cantar na escola. Na verde e rosa de Lins de Vasconcellos, Jovaci ficou cinco
anos, na ascensão da agremiação desde o terceiro grupo até o Grupo Especial. Em
1990, teve sua primeira grande chance. Gravou o samba “Madame Satã” (Homero
Guinéno, J. Mercadante, Neguinho Andrade e Russo) no disco e foi o intérprete
principal da Lins na Marquês de Sapucaí. “Até o ano anterior, o Celino Dias era
o puxador principal. Fiquei muito feliz ao receber a chance quando a Lins
subiu, depois de uma espera de quase 15 anos”,
revela. Paralelamente a isso, Jovaci não abandonara o Império Serrano,
onde defendia sambas e concorria nas disputas.
Em 1992, veio o convite para formar o grupo de apoio da
Unidos da Ponte. Foram quatro carnavais da época áurea da escola, que sempre
lutava para permanecer no Grupo Especial. Em 1996, retorna para o Império
Serrano em grande estilo: acompanha Jorginho do Império no belo samba “E verás
que um filho teu não foge à luta” (Aluísio Machado, Lula, Beto Pernada, Arlindo
Cruz e Índio do Império). Desde então, tem vaga garantida no carro de som da
Serrinha, além de vencer várias disputas, defendendo sambas.
Logo após a escolha do samba do Império Serrano para 2010, a diretoria da escola
desligou Anderson Paz e decidiu apostar nos talentos que têm em casa: Bira
Silva, André Moreno, Clemilson Silva e Jovaci, os quatros experientes na função,
e na agremiação há alguns anos.
Jovaci também é procurado por escolas de outras divisões
do carnaval carioca e também de fora do Rio de Janeiro. Passou pela Unidos de
Vila Kennedy e Unidos da Vila Santa Tereza. Há mais de 15 anos anima o carnaval
de Juiz de Fora (MG), representando a Unidos de Guarani, Turunas do Humaitá e
Bela Vista. O cantor destaca seus parceiros William Ferreira, Serginho do Porto
e Paulo Samara como as figuras que lhe prestaram apoio na sua carreira. “São
pessoas fantásticas”, exclama. Em 2016, será o cantor principal da Unidos da Vila Santa Tereza.
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Início: início da década de 1980, nas disputas de samba no
Salgueiro
Primeiro ano como intérprete: 1990, na Lins Imperial
1984 – Império Serrano (apoio de Ney Vianna)
1986
a
1989 – Lins Imperial (apoio de Celino Dias)
1990 – Lins Imperial (cantor principal)
1993
a
1995 – Ponte (apoio de Geraldão e Serginho do Porto)
1996
a
2009 – Império Serrano (apoio de Jorginho do Império, Carlinhos da Paz,
Wantuir, Nêgo e Gonzaguinha)
2003 e 2004 – Unidos de Vila Kennedy (cantor principal)
2009 – Unidos da Vila Santa Tereza (cantor principal)
2010 – Império Serrano (junto com Bira Silva, André Moreno
e Clemilson Silva)
2016 – Unidos da Vila Santa Tereza (cantor principal)
GRITO DE GUERRA: “Alô
povão da Lins Imperial! Chegou pra ficar!” (proferido em 1990. Atualmente,
não possui um grito de guerra específico)
GRITOS DE EMPOLGAÇÃO: “vamos que vamos”; “assim
tá certo”; “diz aí”; “eu falei”; “roda, minhas baianas”
SAMBAS DE SUA AUTORIA: “Hei de torcer, torcer, torcer...
América, 100 anos de paixão” (Ponte/2004, com Willian Ferreira); “Que rei sou
eu?” (Vila Kennedy/2004, com Serginho Pinho e Toinho da Chatuba).
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