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JOEL TEIXEIRA

JOEL TEIXEIRA

            

          

        Ano de nascimento: 1948

 

 

        Ano de falecimento: 2004

 

 


                                                     

             


Nascido em Campos dos Goytacazes, o sambista Joel Teixeira se revelou como cantor nos programas de calouros da Radio Campista Afonsiana no início dos anos 60. Foi criado em rodas de jongo que a mãe promovia no quintal de casa. Antes de chegar ao rádio cantou em circos e em parques de diversões.

Com 17 anos de idade fugiu para o Rio de Janeiro numa carona de caminhão para tentar a sorte nos concursos de calouros da TV, nos programas do Chacrinha (TV Excelsior) “A Grande Chance”, de Flávio Cavalcante, na TV Tupi.

A primeira gravação aconteceu num pau-de-sebo, disco que reúne vários intérpretes geralmente iniciantes. No LP coletivo “Só Entra Quem Sabe” (1975) interpretou “Bom dia amor”, faixa que viria a batizar seu primeiro disco solo três anos depois. Do disco, também participaram Beth Carvalho, Jurema, Totonho, Jorginho do Império, Rubens da Mangueira, Dicró, e Mano Décio da Viola, entre outros. No ano seguinte foi levado pelo compositor salgueirense Zuzuca para o Bloco Bafo de Bode, de Jacarepaguá (origem da futura escola de samba Renascer de Jacarepaguá), para o qual gravou o samba-enredo “Festa Junina em Dia de Carnaval”, de Luís Antônio e Carlito Cavalcanti. Na mesma época, ingressou na ala de compositores da Acadêmicos do Salgueiro. No carnaval de 1977 junto com o veterano Noel Rosa de Oliveira, conduziu na avenida o samba-enredo “Do Cauim ao Efó, com Moça Branca, Branquinha”, de autoria de Geraldo Babão. O desfile aconteceu na Avenida Presidente Vargas, no Mangue, no sentido Praça XI – Correios.

Logo depois do carnaval, preferiu seguir investindo na carreira de cantor. No entanto, jamais abandonou o carnaval, saindo principalmente nas escolas do bairro da Tijuca, como Salgueiro e Império da Tijuca, sempre desfilando no chão ou no abre-alas.

Contratado pela EMI-Odeon, em 1978 lançou o primeiro disco “Bom dia Amor”, em que a música título, de autoria do próprio intérprete e Pedro Antônio, chegou às paradas de sucesso. O disco foi lançado também no Japão, e abriu as portas daquele país para o cantor que fez temporada de seis meses, com 33 apresentações em 28 cidades.

Desde então foi lançando discos e empilhando sucessos em sequência, como “Amanheceu”, de 1979, que trazia a faixa título com os clássicos versos: “Amanheceu / Vou sair pra minha luta / Mais um dia de labuta / Pra ganhar dinheiro meu / Antes de ir / Acalento os guris / Dou um abraço em minha sogra / Na minha mulher dou um beijo feliz”.

No ano seguinte foi a vez de “Quando o sol brilhar” (Joel Teixeira e Pedro Antônio), uma das músicas mais executadas no carnaval do Rio. No LP “Ciúme da Viola” (1981), constou “Saudação ao Papa”, samba-enredo dos compositores Marcão, Moacir e Marquinhos, do bloco Acadêmicos do Vidigal, sobre a visita que o Papa João Paulo II fez à Vila do Vidigal na primeira vinda de Sua Santidade ao Brasil, em 1980. Na época, os moradores do Vidigal lutavam contra a remoção dos barracos localizados na área.

Em “Um Sorriso Amigo” (1982), Joel Teixeira incluiu “Minha terra”, homenagem à mulher campista, composição feita em parceria com Mauro Silva e Noca da Portela para o Bloco Recreativo Unidos do Capão (Bruc), de Campos. No mesmo álbum, Joel gravou “Hoje sou felicidade”, de Aroldo Melodia e Franco, samba derrotado na disputa da União da Ilha do Governador para o enredo “É hoje”, para o carnaval de 1982.

O sambista costumava desfilar em várias escolas, tendo uma predileção ao Império da Tijuca. No carnaval de 1984, ano da inauguração do sambódromo da Sapucaí, desfilou em cima do carro abre-alas da escola, que lembrava um cassino, no enredo “9215”, número da lei que proibiu os cassinos no Brasil. Joel Teixeira estava ao lado de Virgínia Lane, a eterna vedete do teatro de revista, e de Neguinho da Beija-Flor, convidado especial da escola. Durante a transmissão do desfile pela TV Manchete um repórter da emissora entregou o microfone a Joel, que cantou ao vivo um trecho do samba-enredo dos compositores Ailton do Império e Tibu.

O sucesso na carreira de Joel Teixeira prosseguia. Em 1985, com o LP “Do jeito que o povo gosta”, emplacou o “Pagode do Compadre”, de Flávio Moreira e Jorge Bento: “Ô compadre, a comadre mandou lhe dizer / Que o senhor tá na gandaia / A criança não tem o que comer”. Outro grande disco foi “Bom de Samba e de Pagode”, de 1988, que apresentou o sucesso “Mané Carvoeiro”, de Djalminha e Bicalho.

O último e (talvez) mais importante trabalho da carreira de Joel Teixeira, foi o show “Samba Sim Sinhô”, dirigido por Paulo Moura. Lançado em 1990, o espetáculo percorreu várias cidades brasileiras. A pesquisa e escolha do repertório foram feitas por Ricardo Cravo Albim. O disco teve a participação de Zezé Motta na faixa “Não quero saber mais dela”, composição de autoria de José Barbosa da Silva, o Sinhô. Seu último trabalho foi o CD “Luz do Samba”. Este álbum presenteia os fãs de Joel com um repertório que reuniu sambas inéditos e regravações, além de contar com as participações especiais de Beth Carvalho, Pique Novo e Grupo Mestiço.

Joel Teixeira morreu vítima de câncer, em 28 de abril de 2004, no Rio de Janeiro. O apresentador de TV Flávio Cavalcanti (1923 - 1986) deu-lhe o título de “defensor das mulheres”, por causa das composições “O homem que bate em mulher é covarde” (Joel Teixeira e B. Barbosa), “A mulher merece perdão” (Joel e Pedro Antônio) e “Mulher boa é a de casa” (Jorge Bento e Pedro Antônio). Em suas músicas, Joel dava um destaque especial ao carinho e o respeito à família, como nos versos de “Amanhecer” e em “Um Novo Amanhecer”, de Pedro Antônio e Joel, praticamente uma sequência da música do disco de 1979: “Quanta alegria / Quando a noite vem / É o fim do dia / Vou rever meu bem / Sempre todo dia me levanto / Dou um beijo em meu amor / E parto pro meu labor ô ô / Trago em meu semblante um sorriso / Ao voltar pro paraíso / Que é o meu doce lar”.

Apesar de interpretar sambas dolentes com romantismo ao estilo de seresta, o sambista também era craque no partido alto com irreverência e malícia, esbanjando duplo sentido em algumas letras, como no caso de “Minha Vizinha” (Joel Teixeira e Pedro Antônio): “Minha vizinha / me empresta a sua enxada / que eu quero tirar o toco / encravado na calçada”, e o supracitado sucesso “Mané Carvoeiro”: “Trabalho bom / Eu já disse que é do Mane Carvoeiro / Anda sujo o dia todo / E cheira pó o ano inteiro / (...) Diz que pó de carvão suja / Mas o pó não é sujeira”.

Joel Teixeira foi um dos homenageados na exposição “Ícones do Samba Campista”, realizada pelo Museu Histórico de Campos em fevereiro de 2020. A mostra reuniu uma breve biografia de 14 sambistas da região, que deixaram seu legado na música brasileira nacional e local. Além de Joel, nomes como Wilson Baptista (1913 - 1968), Roberto Ribeiro (1940 - 1996), Aluízio Machado (1939), Jurandir da Mangueira (1939 - 2007), Délcio Carvalho (1939 - 2013) e Sebastião Motta (1916 - ???), campista que teve sua composição “Fechei a Porta” (com Ferreira dos Santos) gravada por mais de 80 músicos, entre eles, Jamelão, Elza Soares, Beth Carvalho e Simone.

Início: No carnaval, começou no Bloco Carnavalesco Bafo de Bode, de Jacarepaguá, em meados dos anos 70.
1975 – Bafo do Bode
1977 – Salgueiro (intérprete junto com Noel Rosa de Oliveira)

GRITO DE GUERRA: Não tinha

CACOS DE EMPOLGAÇÃO: (bordões muito usados ao cantar os sambas): “vai machucando que o preto gosta”; “vamos explodir rapaziada”; “isso é Brasil, meu povo”; “e agora”; “quero ouvir, quero ouvir”.

DISCOGRAFIA SOLO:

- LP Bom Dia, Amor (Odeon, 1978)
- LP Amanheceu ‎(Odeon, 1979)
- LP Ciúme de Viola ‎(EMI-Odeon, 1981)
- LP Quando o Sol Brilhar ‎(EMI-Odeon, 1981)
- LP Um Sorriso Amigo ‎(EMI-Odeon, 1982)
- LP Eta Vida Boa ‎(EMI-Odeon, 1983)
- LP Do Jeito que o Povo Gosta ‎(Arca Som, 1985)
- LP Bom de Samba e de Pagode (Arca Som, 1986)
- LP Samba Sim “Sinhô” (Copacabana, 1990)
- CD Coisa Bem Brasileira (BMG Brasil, 1996)
- CD Série Pagodes Vol. 1 (Sondise Produções, 1998)
- CD Luz do Samba (CID, 2002)

DISCOGRAFIA DE CARNAVAL / COLETÂNEAS

- LP Blocos de Enredo RJ 1975 – faixa Bafo do Bode (Tapecar, 1974)

MAIS FOTOS DE JOEL TEIXEIRA


Capa do primeiro LP, lançado em 1978


Contracapa do excelente disco "Ciúme de Viola" (1981)


Joel Teixeira, com microfone, ao lado de Virginia Lane, no desfile da Império da Tijuca em 1984, ano da inauguração do sambódromo do Rio, durante transmissão da TV Manchete. Crédito: Canal Daniel Marques/Youtube


Capa do LP "Do Jeito que o Povo Gosta" ‎(1985)


Em suas músicas, Joel dava um destaque especial ao carinho e o respeito à família. O apresentador de TV Flávio Cavalcanti deu-lhe o título de “defensor das mulheres”


O CD "Luz do Samba", lançado em 2002, foi o último trabalho fonográfico de Joel


Joel Teixeira foi um dos homenageados na exposição “Ícones do Samba Campista”, feita pelo Museu Histórico de Campos, em 2020 (quadro à esquerda)


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